"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

domingo, 1 de abril de 2012

31 de março, 48 anos após o golpe - A serviço do imperialismo, contra o povo brasileiro

O golpe, apesar de organizado pelo Sr. Vernon Walters e outros “assessores” norte-americanos, com larga experiência golpista, quase fracassa devido à covardia e à falta de resolução dos generais golpistas. Quem resolveu o impasse foi o notório, feroz e folclórico general Olympyo Mourão, que decidiu colocar as tropas nas ruas em Minas Gerais, forçando os demais golpista a agir.
O medo era justificado. A esmagadora maioria da população estava contra os militares. As greves, movimentos de luta, inclusive rebeliões dentro das Forças Armadas haviam se multiplicado nos últimos meses levando o governo nacionalista de João Goulart ao esgotamento. Os operários de São Paulo realizaram em outubro e novembro de 63 a maior greve da história, conhecida como a greve dos 600 mil, a custo contida pela ação dos burocratas do PCB e do PTB. Uma semana antes do golpe, em 25 de março, os marinheiros da Marinha de Guerra do Brasil, no Rio de Janeiro, amotinaram-se e desceram a terra unindo-se aos metalúrgicos para exigir suas reivindicações, sinalizando que as Forças Armadas ingressavam claramente em um etapa de dissolução. Outros movimentos semelhantes no Exército e na Aeronáutica haviam se realizado um pouco antes. Era preciso agir antes que as Forças Armadas, último recurso do Estado dos exploradores, se vissem varridas pela onda revolucionária.
O golpe do imperialismo
A historiografia recente é arte de desconsiderar a realidade. Há uma ampla discussão sobre se o golpe de 64 teria sido organizado ou influenciado pelo governo norte-americano. As evidências são esmagadora nesse sentido. No entanto, mais importante ainda, é que o golpe brasileiro faz parte de uma sequência de golpes de Estado, organizados pelo governo e pelos monopólios norte-americanos e dos demais países imperialistas para derrubar governos que, de um modo ou de outro, opunham obstáculos à pilhagem dos seus países, mas, acima de tudo, que estavam sendo ultrapassados pelas massas revolucionárias em função da sua indecisão política, típica de governos burgueses.
O golpe brasileiro foi, hoje sabemos acima de qualquer dúvida, organizado e financiado pelo governo norte-americano, naquele momento dirigido por John F. Kennedy, e apoiado pelos demais países imperialistas, com a intervenção direta do embaixador norte-americano, Lincoln Gordon e do assessor militar Vernon Walters que, anos depois, declarou que os EUA “não podiam permitir que o Brasil se transformasse em outra China”. A intervenção norte-americana foi não apenas em grande escala como efetivamente decisiva para criar o clima artificial de apoio ao golpe e para organizar a própria quartelada. Enormes somas de dinheiro foram canalizada através do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) para eleger políticos de direita e corromper a imprensa.
A realidade é que o golpe de 64 foi, de fato, uma ação do imperialismo feita sob a fachada dos seus testas de ferro na política brasileira e nas forças armadas com o apoio de uma minoria do país pertencente à burguesia e aos latifundiários.
A função do golpe foi a de reorganizar o Estado para proceder a uma enorme intervenção econômica imperialista e à espoliação do país e das massas. O golpe tinha como alvo derrotar as tendências revolucionárias das massas para impor um regime de características fascistas que controlasse a situação por um longo período.
A traição do nacionalismo burguês e do stalinismo 
Um dos mitos dos fascistas de 1964 é o de que o golpe vinha  para combater o “comunismo”. Na realidade, o golpe derrubou um governo nacionalista, famoso pelo seu anticomunismo (Jango, herdeiro de Getúlio, era parte da tradição trabalhista do Estado Novo, de origem mussoliniana e aliada do integralismo brasileiro) e contou com a omissão deliberada desse governo e do seu principal aliado no interior do movimento de massas, o Partido Comunista.
Os dois partidos aliados contavam com amplo domínio das organizações populares e inclusive no interior da baixa oficialidade das forças armadas. No entanto, foram fator fundamental em conter a luta de todos esses setores, impedindo o seu desenvolvimento revolucionário. Com outra política, os golpistas teriam sido derrotados com relativa facilidade.
Pouco antes do golpe, Luís Carlos Prestes, secretário-geral do PCB, chamava os operários a confiar no governo e deixava claro que não havia possibilidade de golpe porque... as próprias forças armadas o impediriam!
Essa gigantesca traição política levou à completa dissolução desses dois partidos que contavam com total domínio sobre o movimento de massas no Brasil. 
Um reino de terror
Os militares a soldo do imperialismo estrangeiro estabeleceram no país, desde o início, um reino de terror. As torturas e assassinatos começaram no dia seguinte ao golpe. A lista de vítimas é imensa. Depois da crise do regime em 68, colocado em xeque pela mobilização estudantil e operária, o terror se acentuou com a intensificação da tortura e dos assassinatos. Organizaram-se os tenebrosos DOI-CODI que, ao lado do DOPS e de organizações clandestinas paramilitares como a Operação Bandeirantes em São Paulo.
Suas vítimas, martirizadas pelos mais desumanos procedimentos, contam-se aos milhares. Até hoje, não se sabe o número exato de torturados e mortos pelo regime, sendo conhecidos principalmente aqueles em maior evidência como parlamentares, intelectuais e parte da militância da esquerda. Massacres como o de Osasco e Betim em 1968, que deixaram um número desconhecido de vítimas, sequer são computados.
Até hoje, dada a covardia da esquerda pequeno-burguesa e do encobrimento feito pela burguesia “democrática”, os próprios fatos do regime tenebroso não foram revelados em sua verdadeira extensão.
O mito do milagre econômico
Muitos dos apoiadores do regime militar que continuam em grande contingente ativos na política nacional com grande influência apregoam que o regime militar foi um período de grande desenvolvimento econômico. Nada poderia estar mais distante da realidade.
O golpe de 64 marca, na realidade, o fim das tentativas de desenvolvimento nacional que tomam impulso com a Revolução de 1930. Todo o crescimento econômico que vem do período anterior é canalizado para a criação de monopólios parasitários (Bradesco, Globo, empreiteiras etc.) em detrimento de um crescimento real da indústria. A crise financeira internacional, que prenuncia a crise capitalista mundial da década de 1970, fez com que o Brasil, assim como muitos outros países, entrasse em um período de endividamento forçado, em grande medida tendo desperdiçado o seu capital, o que levaria, em todo o período posterior até hoje, a um controle absoluto do Estado pelos bancos, desviando a poupança nacional do investimento para a especulação parasitária.
Na realidade, o regime militar significa o mais duro golpe às fortes tendências de desenvolvimento capitalista presentes na economia brasileira desde o início do século. Esse comprometimento será acentuado nos governos posteriores, ditos “democráticos”, de Sarney a Lula e Dilma. 
A permanência da ditadura
A burguesia não abre mão das suas conquistas. O regime dito democrático que sucedeu à ditadura teve, desde o seu primeiro dia, a função de manter as conquistas dos grandes capitalistas e do imperialismo contra a
s massas e a economia brasileira.
O aparelho militar foi não apenas preservado, como mantido intocado. As manifestações recentes contra dizer a verdade ao povo brasileiro sobre a sua própria história o provam de maneira inconteste. Os grandes capitalistas que aumentaram suas fortunas sob o reino de terror continuam mandando na economia nacional. O regime político manteve-se praticamente intocado, com algumas encenações democráticas que, na realidade, somente sobreviveram enquanto este regime teve medo das massas, como o direito de greve e a liberdade de expressão. Os partidos que estão aí são na sua maioria a continuidade direita do sistema de partidos da ditadura. A imprensa que apoiou o golpe continua fabricando a seu gosto a “opinião pública”.
A continuidade é tão evidente que a luta contra a ditadura de hoje se confunde no panorama político com a luta contra a sobrevivência da ditadura de hoje.
Para o Brasil não há saída democrática que não seja a conquista do poder pelo próprio povo, isto é, pela classe operária e as massas, instaurando o seu próprio regime e derrubando a ditadura do imperialismo e dos grandes capitalistas através da liquidação do próprio capitalismo.

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