"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A morte de mais um torturador impune

A morte do senador Romeu Tuma (PTB-SP), no dia 26 de outubro, trouxe à tona manifestações de pesar de vários políticos, que lamentaram a perda. Para organizações de direitos humanos, no entanto, ele passa para a história como mais um torturador da ditadura civil-militar (1964-1985) que ficou impune no Brasil.

Tuma faleceu aos 79 anos no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), depois de 56 dias de internação. De acordo com nota divulgada pela instituição, a morte se deu em "decorrência de falência de múltiplos órgãos".

Mesmo doente, ele concorreu à reeleição no dia 3 de outubro, quando obteve 3,97 milhões de votos, ficando em quinto lugar na lista de senadores. Seu lugar será ocupado por Alfredo Cotait (DEM-SP), seu primeiro suplente, atual secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo.

Carreira

A vida política de Tuma começou em 1994, quando foi eleito senador pelo Partido Liberal (PL). Em 2000, foi candidato à Prefeitura de São Paulo, quando terminou em quarto lugar. Nas eleições de 2002, foi eleito para um novo mandato de senador, com vigência até 2011.

Sua atuação mais destacada, no entanto, ocorreu como policial, carreira que iniciou aos 20 anos de idade, quando se tornou investigador por concurso público. Em 1967, passou a ser delegado de polícia, depois de se graduar em direito. Nesse período, alcançou o posto de diretor de Polícia Especializada, na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

A partir de 1969, começou a trabalhar com o delegado Sérgio Paranhos Fleury – considerado um dos maiores torturadores do regime civil-militar – no Serviço de Inteligência do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops), que passou a dirigir em 1975. Apesar do cargo que ocupou, Tuma afirmava desconhecer a existência de práticas de tortura na unidade. Da mesma forma, garantia ignorar detalhes sobre desaparecimentos e assassinatos.

Repressão

A “inocência” de Tuma, no entanto, é rebatida por ex-presos políticos, que recordam bem de sua atuação enquanto diretor do Dops. O integrante do Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo, Ivan Seixas, lembra que a sala ocupada por Tuma no prédio do Dops se localizava um andar acima de onde ocorriam os interrogatórios e as torturas. “Não tinha isolamento acústico. Nós [presos] ouvíamos as torturas durante noite e dia”.

Só esse detalhe, segundo Seixas, seria suficiente para provar o conhecimento de Tuma sobre a situação. No entanto, ele lembra que existe uma série de documentos que comprovam a participação de Tuma na orientação dos interrogatórios. “[Tuma] Não era um funcionário qualquer, era o orientador. E ele também era frequentador assíduo do DOI-Codi [Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna], que era outro centro de tortura”.

O escritor e jornalista Alipio Freire, também ex-preso político, reitera o envolvimento de Tuma nas torturas. “O Dops foi o centro da repressão até a criação da Oban [Operação Bandeirante]. Ele sabia de sobra o que aconteceu no Brasil”, afirma.

Fraude

Já a integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, Suzana Lisboa, acusa Tuma de omitir informações sobre crimes cometidos durante sua gestão no Dops.

Como exemplo, a militante utiliza o caso de seu marido, Luiz Eurico Tejera Lisboa. Preso em 1972, ele constou na lista de desaparecidos até 1979, quando seu corpo foi encontrado no cemitério de Perus, em São Paulo, sob o nome falso de Nelson Bueno.

O inquérito sobre sua morte, que “apareceu” depois da descoberta do seu corpo e com o falso nome, indicava que Luiz Eurico teria cometido suicídio em uma pensão do bairro da Liberdade, no centro de São Paulo. O inquérito, entretanto, apresentava uma série de falhas, o que possibilitou a reabertura do caso.

Questionado por um juiz, que solicitou ao Dops informações sobre Lisboa, Tuma afirmou que não havia registros em nome de Nelson Bueno. Em 1991, porém, quando Suzana teve acesso aos arquivos do Dops, ela encontrou uma lista de 1978, endereçada a Tuma, onde constava o nome de Luiz Eurico e a informação de que havia morrido em setembro de 1972. “Tuma mentiu sobre meu marido, dizendo que não tinha informações sobre ele”.

Para Suzana, ao não responder por seus crimes, Tuma leva consigo segredos e informações valiosas sobre mortos e desaparecidos. “Ele fazia de conta que não teve envolvimento [com a ditadura]. Ele conseguiu ficar impune e leva, com ele, um pedaço da nossa história e dados sobre nossos desaparecidos políticos”.

Polícia Federal

Em março de 1983, com a extinção do Dops, Tuma assumiu o cargo de superintendente regional da Polícia Federal em São Paulo, para onde levou os arquivos do órgão que comandava. O objetivo, segundo Suzana, era “evitar que a esquerda ou que nós [familiares e organizações de direitos humanos] tivéssemos acesso”.

Mais tarde, Tuma passou a ser acusado, com mais força, de alterar os arquivos do Dops e omitir uma série de documentos importantes para a elucidação de crimes. As fraudes teriam ocorrido quando o ex-presidente Fernando Collor de Mello se propôs a entregar, ao governo de São Paulo, os arquivos do Dops.

Dom Paulo Evaristo Arns, na época, afirmou ter recebido denúncias de que os arquivos estariam sendo esvaziados, o que motivou uma vigília de vítimas da repressão e familiares em frente à sede da Polícia Federal, na capital paulista.

Segundo Suzana, não há como calcular a extensão do material retirado, mas arquivos inteiros referentes a “colaboradores” e à “Guerrilha do Araguaia” estavam vazios. Mesmo assim, reitera a militante, sobraram documentos que provam a participação do Tuma nos crimes.

Crítica

Apesar de seu histórico, o ex-delegado e senador cultivava boas relações com o governo federal e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 1980, quando Lula e outros sindicalistas estavam presos no Dops depois de uma intervenção federal no Sindicato dos Metalúrgicos, Tuma liberou o atual mandatário para ir ao velório e enterro de sua mãe, Eurídice Ferreira Mello, dona Lindu. Na época, Lula chegou a afirmar que recebia um bom tratamento na prisão.

Sobre a morte de Tuma, Lula afirmou, em nota, que o senador merece o reconhecimento dos brasileiros, pois “dedicou grande parte da vida à causa pública, atuando de forma coerente com a visão que tinha do mundo”.

Para Suzana, é inaceitável a postura de Lula em relação a Tuma. “Lamento que o presidente Lula o defenda. Acho que é uma relação que não deveria ficar, em memória de milhares de presos”.

Freire, da mesma forma, critica o trânsito de Tuma junto ao governo. “Ele se tornou uma pessoa 'inocente' depois [da ditadura]. É lamentável que ele tenha se tornado uma figura de circulação mais do que permitida, mas, também, querida, por um governo democrático”.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Denúncia: Eleições

A denúncia do leitor Fernando

Sou morador de São Paulo do bairro Santa Cecília, que fica próximo a avenida São João, e ontem ouvi duas pessoas em um bar que fui nesta avenida, falando baixinho ( até certo ponto ), sobre a armação que tá sendo criada para o dia 29 de outubro.

Segundo estas pessoas um número x de camisas foi mandada ser feita com a insignia do PT, a estrelinha, e muitas pessoas vão estar na passeata que FHC promove neste dia, o 29 de outubro, criando um badernaço sem igual e que terá grande mídia cobrindo, com estas camisas sempre aparecendo.

Falavam as duas pessoas que toda a grande mídia já sabe deste fato, e que isso quer fazer as pessoas pelo JN dar cobertura, e outras mídias também, de isso fazer o voto mudar, por sentimentalismo das imagens demonstradas, como eles falavam, de total vandalismo no centro de São Paulo, por parte de petistas. Serão apresentadas muitas pessoas ensanguentadas.

Escrevi para o Blog do Altamiro Borges, e estou escrevendo para quem pode fazer alguma coisa, no sentido de nos reunirmos e fazermos uma vigilia pública em local também público de São Paulo, por que o PSDB vai querer colocar fogo nas eleições, desacreditando a Dilma. Desacreditando no PT.

E preciso que alguém me ajude nisso.

Temos que colocar um local no centro de São Paulo, permanentemente visivel para todos, para que possamos fazer o que precisa ser feito, nesta reta final de eleições. escrevi para o Altamiro Borges no sentido do mesmo fazer um novo encontro pela liberdade de expressão, e em local público para que isso possa ser contido.

Não podemos dar bobeira alguma.

Eu ouvi estas pessoas conversando no bar e fiquei bastante preocupado, por causa de como elas tratavam disso, e pareciam saber demais para não ser verdade o que falavam.

Meu cel é: (11) 8606 XXXX

Me chamo Fernando e estou a disposição.

Abraços

domingo, 24 de outubro de 2010

Banco dos Estados Unidos vai despejar mais de 100 mil famílias


A crise no setor imobiliário norte-americano ainda é uma das principais fontes de declínio na economia norte-americana.

Na última semana um dos maiores bancos dos Estados Unidos, o Bank of America, anunciou que pretende executar 102 mil hipotecas em 23 estados norte-americanos.
Com a execução destas hipotecas o banco vai expulsar as famílias de suas casas e recolocar os imóveis a venda no mercado.
Os principais afetados com a crise imobiliária são os latinos americanos que moram no País. Cerca de 40% dos latinos que adquiriram imóveis antes do rombo da crise no final de 2007 estão endividados e podem ter suas casas perdidas.
A execução anunciada pelo Bank of America é resultado dos bilhões que foram injetados nos bancos para garantir os lucros dos especuladores do setor imobiliário dos Estados Unidos.
O Bank of America apresentou no terceiro trimestre de 2010 um prejuízo de 7,3 bilhões de dólares referente aos investimentos do banco no setor de cartões de crédito e de débito que foi afetado por uma reforma feita pelo governo norte-americano.
O resultado do terceiro trimestre demonstra uma queda nos ganhos do banco, pois registrou lucro de 6,3 bilhões de dólares no primeiro trimestre deste ano.
Diante das atuais perdas o banco disse, "Nós estamos nos adaptando a um ambiente regulador e melhorando a qualidade do crédito" (EFE, 23/10/2010).
A execução das 102 mil hipotecas está sendo justificada pelo banco devido este rombo. Mas o banco recebeu dos cofres públicos norte-americanos 5,4 bilhões de dólares para ter liquidez e evitar a execução de imóveis.
Isto fez com que o governo norte-americano suspendesse as execuções do Bank of America, pois estava executando hipotecas de maneira desenfreada e colocando na rua milhares de famílias, o que gerou protestos contra o banco e o governo Obama.
Mas o recente anúncio de novas execuções feitas pelo Bank of America ainda vai ter que passar por aprovação judicial, pois o governo teme nova represália da população.
Este pacote anunciado pelo banco para a execução de hipotecas revela o tamanho da crise econômica que ainda não foi superada.

sábado, 23 de outubro de 2010

Ocupação militar no Iraque provoca 106 mil mortes

A publicação de 400 mil documentos confidenciais pelo site WikiLeaks, revela a carnificina provocada pelo imperialismo mundial.

Os documentos apontam que os Estados Unidos e os países que promovem a ocupação cometeram abusos, execuções sumárias e atos de tortura no Iraque.

Os dados secretos confirmam a morte de cerca 109 mil pessoas, sendo cerca de 66 civis. “Segundo os documentos, autoridades americanas não investigaram denúncias de abusos, torturas, estupros e outros crimes que teriam sido cometidos por policiais e soldados iraquianos, e tais oficiais tiveram permissão para continuar atuando sem qualquer punição” (Folha Online, 22/10/10).

A investida dos países imperialistas contra a população iraquiana expressa a crise política do imperialismo, que usa a opressão militar para defender seus interesses (petróleo), através de o enorme banho de sangue promovido contra a população iraquiana.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Romênia: Crise na saúde, educação e manifestações por causa do plano de austeridade

A aplicação do plano de austeridade acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) tem gerado um verdadeiro caos nos serviços públicos, como saúde e educação na Romênia.

No sistema de saúde falta pessoal, os que trabalham sofrem com excesso de trabalho e faltam medicamentos e equipamentos. Na última semana, três crianças morreram na Maternidade de Giulesti, Bucareste por falta de atendimento adequado.

No país com 22 milhões de pessoas, a grande maioria depende do rede de saúde pública. Apenas 400 mil pessoas tiveram acesso a planos e seguros de saúde, desde que a saúde privada foi autorizada no país em 1989.

Segundo o noticiário internacional, médicos e profissionais de saúde estariam se evadindo do país por causa dos cortes nos salários e nas condições de trabalho.

Segundo especialistas, para o sistema funcionar seria necessário o dobro do pessoal, mas contratações estão impedidas, como uma das medidas de “contenção de gastos” impostas pelo acordo com o FMI.

Na educação a crise é a mesma. Isto porque o plano do FMI prevê o corte de 25% nos salários de todos os funcionários públicos. Salários de médicos e professores podem chegar a 300 euros com essa medida. Este é, segundo agencias de notícias internacionais, o maior corte de toda Europa.

E assim como a França, Grécia, Bélgica, manifestações tomam conta do país e exigem “a demissão do primeiro-ministro Boc e do seu governo”, e o fim do acordo com o FMI para a aplicação do plano de austeridade no País.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

DF: Metroviários entram em greve

Nesta quarta-feira, os metroviários do DF entraram em greve por aumento efetivo dos salários, redução da jornada de trabalho dos pilotos de 40 para 30 horas semanais e um plano de carreira para a categoria.

Apenas 30% dos condutores de trem trabalharam nesta quarta-feira devido à lei de greve.

Esta é a segunda greve da categoria este ano. Os metroviários se concentraram nesta quarta-feira, às 6hs da manhã, na Praça do Relógio em Taguatinga para assembleia geral.

Após três reuniões com a empresa, não há acordo, a greve continua.

Na primeira greve da categoria deste ano, a empresa se comprometeu em atender uma pauta de reivindicações da categoria, no entanto, descumpriu o acordo.

A companhia havia se comprometido a convocar os concursados aprovados até a data limite do edital, reduzir a jornada de trabalho dos pilotos para 30 horas e ainda com redução de 25% dos salários, a empresa também não fez nada em relação aos trabalhadores que foram demitidos, entre outras pautas.

Os metroviários denunciam que o quadro de trabalhadores está defasado, com poucos trabalhadores e muito serviço devido aos baixos salários. Os metroviários querem a contratação de todos os aprovados no último concurso e não apenas do que estão no cadastro de reserva do concurso de 2009. Exigem também um novo concurso urgente para a categoria para evitar a terceirização.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Protestos se radicalizam na França

O confronto entre a polícia e os estudantes foi bem mais violentos no sétimo dia de protestos em toda a França. Os confrontos se deram na segunda-feira, dia 18, principalmente na periferia de Paris, em Nanterre, onde os estudantes que foram atacados pela polícia com balas de borracha revidaram com pedras e o que mais encontrassem pelo caminho. Foram montadas também diversas barricadas para conter o avanço dos policiais.

Mais de 200 estudantes foram presos. Mesmo assim, a ação policial não foi o suficiente para paralisar os estudantes que prometeram não parar e aumentar ainda mais os protestos na terça-feira, um dia antes da votação da lei da aposentadoria no Senado.

Já os trabalhadores de diversos setores se uniram, como garis, professores e caminhoneiros. Somente na segunda-feira mais de 290 protestos planejados ocorreram. Até mesmo caminhões blindados foram levados pelos trabalhadores do transporte para fazer barricadas.

A greve já atingiu 10 mil postos de gasolina que já estão com seus estoques praticamente esgotados. Mesmo assim Sarkozy diz que não pretende voltar atrás da proposta de aumento da idade mínima para a aposentadoria de 62 para 65 anos afirmando. “Essa reforma é essencial e a França irá implementá-la”, afirmou (BBC, 19/10/2010)

Mesmo com 72% da população aprovando a greve, Sarkozy se diz o arauto dos franceses. A insistência de Sarkozy no aumento da aposentadoria e nos demais planos que fazem parte de seu pacote de “austeridade”. Com a recessão européia a pleno vapor e o crescente endividamento estatal da França, a única preocupação do governo é repor o dinheiro gasto para salvar as diversas empresas que quase faliram na primeira etapa da crise em 2008 e 2009.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

RS: Funai sai em defesa dos latifundiários e condena índios que usam armas para se defender

A campanha da burguesia contra a população e os movimentos sociais está se intensificando a cada dia e conta com a ajuda não só da imprensa capitalista e da Justiça, como principalmente dos órgãos que teoricamente deveriam estar na defesa dos movimentos.

Nessa semana, a Fundação Nacional do Índio (Funai) deu mais uma demonstração de que, longe de defender os interesses dos indígenas, está em completa sintonia com os interesses dos latifundiários e da Justiça, ou seja, da burguesia. Além de não ter saído na defesa dos índios da reserva de Bananeiras, em Gramado dos Loureiros, Rio Grande do Sul, que estão sendo amplamente atacados pelos latifundiários, a Funai ainda se aliou com a Justiça para atacar os índios.

Na segunda-feira, 11, o cacique da aldeia e seu filho foram presos durante uma operação realizada pela Polícia Federal e Polícia Civil, com apoio da Brigada Militar. Os índios foram acusados de terem articulado o assalto ao posto avançado do Banrisul, na cidade. As prisões foram realizadas depois que a polícia recebeu uma suposta denuncia de que havia armas na reserva. Logo em seguida, os policiais invadiram a aldeia e fizeram uma busca na área, onde foram encontradas oitos armas, que não por acaso foram deixadas na reserva um dia antes da operação policial por caçadores que invadiram ilegalmente na região.

Depois de ser liberado da prisão, o cacique José Orestes do Nascimento confirmou em entrevista que de fato os índios mantêm armas na reserva para se proteger dos ataques e das invasões de caçadores e latifundiários. De acordo com Orestes, a reserva Bananeiras que possui 3,2 mil índios, é protegida por uma guarda de índios composta por 18 pessoas. “Temos 18 índios que atuam como guardas em toda a região para garantir a segurança da reserva e das comunidades, coibindo o roubo de madeira, as caças clandestinas e outros crimes. Nenhum índio vai sem arma para o mato fazer guarda. Eles usam a arma para proteger o local e a si mesmos” (Zero Hora, 14/10/2010).

A declaração do cacique foi a gota d’água para colocar a Funai e o Ministério Público Federal abertamente contra os índios, pelo simples fato de que os mesmos estão se armando para se defender da polícia e dos jagunços dos latifundiários, que armados até os dentes estão promovendo o verdadeiro extermínio no campo contra índios e sem-terra.

O coordenador da Funai no Estado, Adir Reginato, não só se colocou contra os índios como afirmou que irá tomar medidas, o que significa dizer que a Funai irá se unir com a burguesia para criminalizar os indígenas que estão na busca de sua sobrevivência. “A Funai desaprova o uso de armas e está surpresa com o fato. Protegemos a cultura indígena e somos contra a prática de crimes. Vamos averiguar a situação e tomar providências” (Zero Hora, 15/10/2010).

A fala do coordenador da Funai foi complementada pelo procurador Michael von Mühlen de Barros Gonçalves que revelou quais seriam as medidas que a burguesia pretende tomar contra os índios da reserva de Bananeiras. De acordo com Gonçalves, entre as supostas ações a serem adotadas estaria o desarmamento dos índios e a ampliação da “segurança” na reserva. Ou seja, a direita pretender retirar as armas dos índios, retirando com isso sua autodefesa, e ainda por cima ampliar a repressão, enviando mais policiais para controlar os indígenas.

É obvio que esse “acordo” entre o Ministério Público e a Funai visa apenas e tão somente aumentar o massacre contra os indígenas, retirando seu poder de defesa para facilitar a investida dos latifundiários. Esse ataque brutal deve ser amplamente denunciado. Os índios e sem-terra devem não apenas se colocar contra a medida, como está colocado como uma necessidade imediata que as organizações operárias e populares levantem a bandeira do direito de autodefesa dos trabalhadores do campo. Somente dessa forma é que os camponeses e indígenas poderão se defender dessa ofensiva da burguesia.


domingo, 17 de outubro de 2010

Os educadores nada têm a ganhar com candidatos que defendem o piso de R$ 1000, a destruição do ensino público e o plano de austeridade do FMI


Uma análise daquilo que está por detrás da propaganda eleitoral deixa claro uma coisa: o próximo governo, independentemente de quem esteja à frente dele, assumirá com o compromisso de fazer determinadas reformas exigidas pelo FMI, ou seja, pelos governos estrangeiros e grandes empresas capitalistas internacionais, que vem adotando medidas chamadas de “planos de austeridade” diante do agravamento da crise capitalista em todo o mundo.

Nas campanhas eles prometem mundos e fundos para a população, mas estão preparando a adoção de medidas para tentar conter a crise, que é uma expressão do colapso do capitalismo em todo o mundo, resultado de um regime no qual quem trabalha e produz a riqueza não pode dela tirar proveito.

Por detrás da propaganda enganosa das campanhas de que "a economia brasileira está indo muito bem e o ambiente é favorável em termos de comércio e investimentos internacionais” e que “este é o momento para reformas estruturais" (EFE, 7/10/2010), estão negociando pelas costas da população, um conjunto de medidas para esfolar a população trabalhadora para garantir que os banqueiros continuem recebendo um terço do PIB brasileiro, como ocorreu nos governos Lula e FHC.

Trata-se de um golpe, um estelionato eleitoral, em que o povo é levado a “comprar gato por lebre”. Os candidatos fazem propostas de melhorias, mas o verdadeiro programa que será colocado em prática não será o que foi divulgado pelos candidatos, mas o que foi exigido pelo FMI.

Querem que o próximo governo complete o serviço que FHC e Lula não conseguiram: a reforma trabalhista, sindical e a privatização das empresas estatais restantes e novos cortes em serviços essenciais à população como é o caso da educação e saúde.

Esse tipo de plano esta sendo implementado em diversos países, enfrentando uma enorme resistência dos trabalhadores, como se ve recentemente nas greves gerais e grandes mobilizações em países como a Grécia, França e Espanha.

Os banqueiros e grandes especuladores internacionais que receberam bilhões do atual governo, para serem “salvos” da crise, precisam sempre de mais, pois a crise piora a cada dia. Para eles, é preciso um governo que esteja completamente a serviço do imperialismo e que aja ferozmente contra a população.

Ao mesmo tempo em que setores da direita da burguesia agem para manipular a situação em favor de do tucano, os manda-chuvas capitalistas também negociam com a frente popular (PT-PMDB-PCdoB-PSB-PP etc.) articulada em torno de Dilma Roussef, que se mostra plenamente disposta a adotar os planos exigidos pelos grandes capitalistas internacionais.

Se Serra ganhasse as eleições, certamente seria necessário um governo em conjunto com o PT para realizar o plano. Da mesma forma, um governo PT-PMDB vai contar com a “pressão” e o apoio do PSDB e seus aliados para implementar o plano contra a população.

A capitulação do PT diante dessa política é absolutamente evidente. Por isso mesmo, não faz sentido apoiar a eleição de quem vai agir como carrasco da população trabalhadora.

Diante dessa situação, a corrente Educadores em Luta, chama os professores e a todos os trabalhadores a não depositar nenhuma confiança no próximo governo e se colocar desde já contra o plano de austeridade do imperialismo.

Não ao golpe eleitoral

Fora Serra e a direita golpista

Mais verbas para a Educação. Verbas públicas somente para o ensino público.

Contra os governos dos banqueiros e privatizadores, lutar um governo dos trabalhadores da cidade e do campo


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Estudantes mostram sua força na greve contra a reforma de Sarkozy


A participação de estudantes nas greves dos trabalhadores franceses aumenta a cada dia. Segundo os dados dos sindicatos e da polícia francesa, 500 instituições de ensinos foram paralisadas, entre escolas e universidades, nesta quinta-feira.

Ontem, 8.000 estudantes marcharam em protestos somente na Universidade de Rennes, mostrando a força do movimento estudantil e sua importância como um indicativo da radicalização do movimento dos trabalhadores.

Na cidade de Toulouse, milhares de estudantes marcharam junto com funcionários públicos de companhias aéreas como Airbus e a Air France.

Já na cidade de Montpellier foram cerca de 3.000 estudantes. Em Marselha, os protestos se espalharam por várias outras localidades. As escolas foram bloqueadas por secundaristas com barragens que impediam a entrada de quem não fosse estudante ou simpático à greve.

Na comuna francesa de Montreuil, houve reação violenta da polícia. Um estudante de apenas 16 anos foi ferido no rosto após ter sido atingido por um tiro de bala de borracha. A violência da polícia em Montreuil foi condenada pelo próprio prefeito, que acabou prendendo alguns policiais que agiram violentamente contra os estudantes.

A participação de estudantes nas greves acontece em várias localidades na França, o número total de estudantes que saíram às ruas nesta quinta-feira foi estimado em 50 mil.

Segundo alguns analistas, a entrada dos estudantes seria um ponto de mudança na qualidade da greve. Além disso, a participação dos estudantes na mobilização nacional contra a reforma das aposentadorias pode exercer grande influência na opinião de uma parcela dos trabalhadores que ainda estão em uma posição neutra e que podem aderir à greve.

A participação dos estudantes, das escolas e universidades, em solidariedade com a classe operária francesa é um sinal do profundo desgaste do governo Sarkozy e do seu virtual fracasso na tentativa de impor uma derrota aos trabalhadores.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fome na América Latina não diminui em 2010


Dados divulgados hoje pela FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) mostraram que, com relação à diminuição da fome, a América Latina e o Caribe são a única região no mundo onde as estatísticas permanecem inalteradas em comparação com o pico registrado em 2009. Ou seja, a população pobre continua passando fome. Segundo os dados da FAO serão cerca de 52,5 milhões de pessoas desnutridas na região.

Os próprios dados do estudo da FAO apontam que o aumento dos preços dos alimentos internacionais a partir de 2006 e a crise financeira e econômica em 2009 são os principais fatores que explicam não só a não diminuição como o aumento do quadro na região nos últimos anos. “Embora a América Latina seja classificada para enfrentá-la, a crise econômica foi mais profunda do que inicialmente previsto e teve graves conseqüências no emprego e na renda das famílias mais vulneráveis, o que prolongou a crise alimentícia” disse o representante regional da FAO, José Graziano (Agência EFE, 13/10).

Os efeitos da crise são tão graves que parte da população que se encontravam na linha da pobreza, depois da crise foram considerados miserável e o estudo aponta como principal responsável os próprios governos e a falta de recursos financeiros investidos nesta área.

Os relatórios dos órgãos internacionais não deixam mentir o que a população trabalhadora bem sabe, mas que os governos e a mídia tentam esconder: enquanto milhões foram dados para os banqueiros e empresários, a população trabalhadora ficou e continuará na miséria.

domingo, 10 de outubro de 2010

Uruguai realiza primeira greve geral sob governo Mujica

O Uruguai viveu um dia de greve geral no último dia 7 de outubro. Trabalhadores das empresas públicas, dos bancos, indústrias, educação e saúde paralisaram quase totalmente suas funções por 24 horas. Já a paralisação no transporte foi parcial, enquanto que no comércio teve pouca adesão. A adesão ao protesto foi considerada grande, sobretudo em Montevidéu, capital do país.

A greve foi a primeira paralisação geral contra o governo de Frente Ampla encabeçado por Mujica, e foi produto da intransigência do governo na aplicação da “Reforma de Estado”, que inclui a Lei Orçamentária e o rebaixamento dos salários. A Reforma de Estado significa um ataque às conquistas históricas dos trabalhadores, onde se pretende liquidar a estabilidade no emprego e sucatear serviços públicos.

A Izquierda Unida de los Trabajadores, organização simpatizante da LIT-QI, deu todo seu apoio à greve e defendeu como bandeira o aumento geral do salário mínimo e das aposentadorias, além de chamar a luta contra a Reforma de Estado. Também chamou a construção de uma nova direção sindical para os trabalhadores.

A trava das direções
O protesto é sem dúvida alguma um passo adiante para um setor dos trabalhadores que vinham reivindicando a necessidade de unificar todas as lutas em uma só, reunindo assim os trabalhadores do setor público e privado.

No entanto, a direção majoritária do sindicalismo uruguaio tentou fazer de tudo para impedir que o protesto se enfrentasse diretamente com o governo. Por isso, a greve se realizou sob a vazia palavra de ordem de “redistribuição de riquezas”, sem atacar o plano econômico aplicado pelo governo em prol dos empresários – responsável pela concentração de renda no país. Tampouco se realizou a greve geral em um marco de plano de lutas nacional, que pudesse dar continuidade a luta dos trabalhadores.

O setor majoritário da na direção da PIT-CNT (Central Sindical uruguaia) buscou de todas as formas desmontar a greve na direção da central. Chegou a sair em defesa explicita de Mujica e da Frente Ampla, inclusive na imprensa uruguaia.

Contudo, diante do aumento crescente das lutas dos trabalhadores do país, expresso em inumeráveis conflitos, greves, ocupações etc., os sindicalistas pró-governo foram forçados a chamar a greve, mesmo que ainda tentasse salvar as aparências do governo.

No entanto, o próprio processo de luta dos trabalhadores dirá se a greve geral do dia 7 será apenas um abrir de válvula para a crescente insatisfação social (manobra realizada pelo sindicalismo governista) ou se será um ponto de inflexão para as lutas operárias no Uruguai.

A continuidade da luta é fundamental. Por isso, como afirma aIzquierda Unida de los Trabajadores, “é uma tarefa importante construir uma nova direção que consulte a base de forma permanente e leve adiante as medidas que forem decidas pelos trabalhadores.” .

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

43,6 milhões na pobreza - Um em cada sete norte-americanos são pobres

A crise que abala os EUA desde 2008 não pára de se aprofundar. Um sinal deste agravamento da crise é o aumento sistemático do número de pobres no país que tem aumentado aos piores níveis em mais de 50 anos.

O governo realizou um senso no ano passado e divulgou o resultado apresentando os dados com 43,6 milhões de pobres, no ano anterior o número era de 39,8 milhões de pobres, 13,2% da população. Segundo o último levantamento, são 14,3% de pobres nos Estados Unidos. De acordo com o censo, um em cada sete norte-americanos está na pobreza. No caso das crianças o número é maior, uma em cada cinco crianças.

A população dos EUA ficou assim em grande parte por causa da ajuda bilionária que o governo deu aos banqueiros falidos.

Sem perspectiva de melhora, ao contrário, o governo dos EUA se vê em uma situação crescente e desesperadora. Recentemente anunciou investimento de 50 bilhões de dólares para tentar gerar novos empregos.

O maior medo de Obama é o crescimento da insatisfação dos trabalhadores norte-americanos, que podem levar o país a uma crise política sem precedentes.

Há um crescimento constante da pobreza, de 2008 para este ano subiu de 37,8 milhões de pobres para 43,6 milhões. O número de pobres nos Estados Unidos aumentou 5,8 milhões em pouco menos de dois anos.

O levantamento usa como critério para classificar abaixo da linha da pobreza renda anual de US$ 11,2 mil dólares para solteiros e US$ 21,8 mil dólares para famílias de quatro pessoas. Este valor é o mesmo que uma renda mensal inferior a 466 dólares por pessoa.

Diante deste quadro Obama desconversou e disse que vai reverter a situação, “Mesmo antes da recessão, a renda da classe média estava estagnada e o número de pessoas vivendo na pobreza nos Estados Unidos era inaceitavelmente alto. Os números de hoje deixam claro que nosso trabalho está apenas começando" (EFE, 16/9/2010).

Um dos grandes fatores do aumento da pobreza nos Estados Unidos, sem dúvida é o crescimento da taxa de desemprego que subiu 5,8% desde o final de 2007, início oficial da crise econômica. A taxa atualmente está em 9,6% da população economicamente ativa, equivalente a quase 15 milhões de desempregados. Foram 8,8 milhões de pessoas que ficaram sem emprego neste período.

A queda nas condições de vida das famílias norte-americanas é generalizada. Os salários foram desvalorizados em 3,6%. A renda média caiu 1.900 dólares, de uma renda anual de 52.200 dólares para 50.300. Esta é a renda mais baixa em 10 anos. Outros fatores que demonstram como há uma diminuição sistemática na renda dos norte-americanos é o aumento de pessoas sem planos de saúde privados. São 15,4% sem planos privados, um total de 46,3 milhões de pessoas.

A recessão atacou principalmente a população latino americana que concentra mais de 44 milhões de pessoas nos Estados Unidos. De 2007 a 2010 a pobreza entre os latinos subiu de 21,5% para 25,3%. A maior percentagem está entre os negros, 25,8% na linha de pobreza que estava em 24,7% no ano passado. A população asiática teve aumento de 10,2% para 12,5% de pobres. E os brancos foram os menos afetados, a pobreza subiu de 8,2% para 9,4%.

O número de pobres poderia ter sido ainda maior, mas o seguro desemprego tirou da linha da pobreza, três milhões de famílias que recebem o benefício.

Estes dados não deixam dúvida de que há um forte da recessão nos Estados Unidos que se reflete neste nível de pobreza bastante acentuado para um País que é a maior economia do mundo. É a prova de que a crise capitalista esta fazendo ruir o capitalismo nos principais países imperialistas.


sábado, 2 de outubro de 2010

Mais bancários aderem a greve que já atinge um terço das agências

A greve nacional dos bancários que teve início após a aprovação em assembléia realizada na última terça-feira (28), depois de a categoria não concordar com a proposta da Federação Nacional dos Bancos.

Enquanto as reivindicações da categoria não são atendidas a greve acabou se ampliando e nesta sexta-feira atingiu, 6.215 agências em 26 Estados e no Distrito Federal.

Com isso a paralisação já corresponde a cerca de 31,4% da categoria, mostrando que houve uma ampliação significativa em apenas 3 dias.

Segundo o presidente da Contraf, a greve cresceu em resposta ao silêncio dos bancos. Disse ainda que os trabalhadores estão revoltados com o desrespeito dos bancos que tiveram uma ampliação de 32% nos lucros somente no primeiro semestre deste ano.

Diante da situação a assembléia desta terça-feira determinou que greve será por tempo indeterminado.


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

As diferentes faces dos ‘planos de austeridade’ na Europa

A corrida para promover cortes no orçamento dos 16 países da zona do euro está marcada por um objetivo comum a todos eles: reduzir o déficit orçamentário a 3% do PIB até 2013.
França
O governo Sarkozy pretende reduzir em 45 bilhões de euros os gastos dos próximos três anos com medidas de ajuste fiscal e a retirada de fundos destinados ao “estímulo” da economia. As reformas da previdência e tributária são duas das principais medidas tomadas, com a elevação da idade mínima para aposentadoria de 60 para 62 anos e maior tempo de trabalho para a conceção do benefício.
Os sindicatos realizaram duas ondas de greve nacionais em setembro, tendo envolvido pelo menos 1,1 milhão de pessoas na primeira delas.

Espanha
O governo Zapatero aprovou um orçamento de austeridade para 2011 que inclui o aumento de impostos sobre os mais ricos e cortes de 8% dos gastos públicos. O aumento de impostos, no entanto, dificilmente atingirá mais de 200 mil pessoas. O governo espanhol anunciou que pretende reduzir o déficit de 11,1% para 6% até o próximo ano.
Os funcionários públicos já enfrentam um corte de 5% em seus salários e passarão o próximo ano sem reajuste. Outros ataques, como a suspensão do pagamento de auxílio-maternidade, no valor de 2,5 mil euros, foram desferidos contra a população trabalhadora. O desemprego beira os 20%, tendo mais que dobrado desde 2007.
Grécia
Os trabalhadores do serviço público grego também estão na mira dos cortes do orçamento estatal planejados para reduzir o déficit de 13,6% do PIB. O governo espera cortar 30 bilhões de euros do orçamento em três anos com a suspensão do pagamento de bônus e o congelamento de salários e aposentadorias dos funcionários públicos por pelo menos três anos. O aumento de impostos sobre o consumo (de 19% para 23%) e sobre os combustíveis, álcool e tabaco (em 10%) também fazem parte do pacote.
Na Grécia, as medidas já desencadearam um onda de greves e conflitos entre manifestantes e a polícia nas ruas de Atenas, no que foi um prenúncio das mobilizações deste mês em todo o continente.
Romênia
A medida proposta pelo governo romeno foi um corte radical de 25% nos salários e 15% nas aposentadorias em julho, para reduzir o déficit orçamentário nacional.
A economia encolheu mais de 7% no ano passado e precisou da ajuda do FMI para conseguir liquidar sua folha de pagamento.
Tendo se tornado dependente do estímulo financeiro dado pelo FMI, o governo anunciou que pretende implementar novas medidas de “austeridade” para se tornar apto a receber a próxima parcela de 20 bilhões de euros do empréstimo feito pelo FMI.
Os protestos forçaram o ministro do Interior, Vasile Blaga, a renunciar depois de uma greve massiva de funcionários públicos e policiais contra o corte de 25% em seus salários.
Itália
O pacote de austeridade do governo Berlusconi consiste da redução de 24 bilhões de euros do orçamento entre 2011 e 2012 - cerca de 1,6% do PIB italiano.
Apenas os gastos destinados às municipalidades e governos regionais foram reduzidos em 13 bilhões de euros.
O governo já prometeu, inclusive, suspender qualquer reajuste salarial para o setor público nos próximos três anos, bem como reduzir as contratações para uma média de um novo contratado para cada cinco demitidos.
Os trabalhadores que atingirem a idade mínima para aposentadoria em 2011 terão de esperar pelo menos seis meses para poder gozar de seus benefícios.
Reino Unido
O plano de austeridade do novo governo de coalizão britânico pretende economizar 7,2 bilhões de euros do orçamento em 2010-2011, como um primeiro passo para reduzir os mais de 180,9 bilhões de euros em déficit, mais de 11% do PIB.
O governo Cameron espera conseguir uma grande economia, num primeiro momento, atrasando ou suspendendo contratos e projetos do governo envolvendo consultorias e empreiteiras, bem como a redução de gastos com viagens de empregados do setor público.
Ainda que num primeiro momento esteja procurando uma rota alternativa, o plano de austeridade conduzirá ao choque inevitável entre o governo e o poderoso movimento operário britânico.
Alemanha
O governo Merkel propôs um plano para reduzir o déficit orçamentário em 80 bilhões de euros, equivalentes a 3% do PIB, até 2014. O crescimento do déficit projetado para este ano o levaria a 5%. A economia, como nos demais países, será feita sobre a base da retirada de benefícios pagos a famílias trabalhadoras, o fechamento de 10 mil postos de trabalho no setor público nos próximos quatro anos e a sobretaxação da energia nuclear.
República da Irlanda
Recordista no número de planos de austeridade apresentados no último ano - três - o governo irlandês começou reduzindo os gastos previstos para 2010 em 4 bilhões de euros e cortando os pagamentos de todos os funcionários públicos em 5%, além de reduzir os benefícios sociais em 760 milhões de euros.
A taxação das emissões de gás carbônico foi adotada e estabelecida em 15 euros por tonelada de CO2 produzido.
Com um déficit de 12% do PIB, o governo irlandês espera controlá-lo por etapas até chegar a 2,9% em 2014.
As medidas de austeridade já levaram ao encolhimento da economia no segundo trimestre deste ano. O PIB caiu de 1,2%.
Portugal
O governo Sócrates anunciou a intenção de reduzir o déficit orçamentário para 7,3% neste ano e 4,6% em 2011.
Também adotou o corte de 5% dos salários de funcionários públicos e o aumento de impostos sobre os cidadãos com renda superior a 150 mil euros, que devem enfrentar uma taxação de 45% até 2013.
Outras medidas incluem o corte de gastos militares em 40% até 2013 e o adiamento da instalação de duas linhas de trem de alta velocidade ligando a capital, Lisboa, à Cidade do Porto.
Holanda
O governo anunciou um corte de 3,2 bilhões de euros para 2011, dando a entender, no entanto, que a cifra final pode ser muito maior ainda.
Os principais cortes se concentram nos serviços prestados à população, como a assistência médica, e na redução do número de funcionários públicos. A crise econômica desencadeou uma crise política no país que aguarda a definição sobre a composição do governo há meses.