"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

terça-feira, 19 de outubro de 2010

RS: Funai sai em defesa dos latifundiários e condena índios que usam armas para se defender

A campanha da burguesia contra a população e os movimentos sociais está se intensificando a cada dia e conta com a ajuda não só da imprensa capitalista e da Justiça, como principalmente dos órgãos que teoricamente deveriam estar na defesa dos movimentos.

Nessa semana, a Fundação Nacional do Índio (Funai) deu mais uma demonstração de que, longe de defender os interesses dos indígenas, está em completa sintonia com os interesses dos latifundiários e da Justiça, ou seja, da burguesia. Além de não ter saído na defesa dos índios da reserva de Bananeiras, em Gramado dos Loureiros, Rio Grande do Sul, que estão sendo amplamente atacados pelos latifundiários, a Funai ainda se aliou com a Justiça para atacar os índios.

Na segunda-feira, 11, o cacique da aldeia e seu filho foram presos durante uma operação realizada pela Polícia Federal e Polícia Civil, com apoio da Brigada Militar. Os índios foram acusados de terem articulado o assalto ao posto avançado do Banrisul, na cidade. As prisões foram realizadas depois que a polícia recebeu uma suposta denuncia de que havia armas na reserva. Logo em seguida, os policiais invadiram a aldeia e fizeram uma busca na área, onde foram encontradas oitos armas, que não por acaso foram deixadas na reserva um dia antes da operação policial por caçadores que invadiram ilegalmente na região.

Depois de ser liberado da prisão, o cacique José Orestes do Nascimento confirmou em entrevista que de fato os índios mantêm armas na reserva para se proteger dos ataques e das invasões de caçadores e latifundiários. De acordo com Orestes, a reserva Bananeiras que possui 3,2 mil índios, é protegida por uma guarda de índios composta por 18 pessoas. “Temos 18 índios que atuam como guardas em toda a região para garantir a segurança da reserva e das comunidades, coibindo o roubo de madeira, as caças clandestinas e outros crimes. Nenhum índio vai sem arma para o mato fazer guarda. Eles usam a arma para proteger o local e a si mesmos” (Zero Hora, 14/10/2010).

A declaração do cacique foi a gota d’água para colocar a Funai e o Ministério Público Federal abertamente contra os índios, pelo simples fato de que os mesmos estão se armando para se defender da polícia e dos jagunços dos latifundiários, que armados até os dentes estão promovendo o verdadeiro extermínio no campo contra índios e sem-terra.

O coordenador da Funai no Estado, Adir Reginato, não só se colocou contra os índios como afirmou que irá tomar medidas, o que significa dizer que a Funai irá se unir com a burguesia para criminalizar os indígenas que estão na busca de sua sobrevivência. “A Funai desaprova o uso de armas e está surpresa com o fato. Protegemos a cultura indígena e somos contra a prática de crimes. Vamos averiguar a situação e tomar providências” (Zero Hora, 15/10/2010).

A fala do coordenador da Funai foi complementada pelo procurador Michael von Mühlen de Barros Gonçalves que revelou quais seriam as medidas que a burguesia pretende tomar contra os índios da reserva de Bananeiras. De acordo com Gonçalves, entre as supostas ações a serem adotadas estaria o desarmamento dos índios e a ampliação da “segurança” na reserva. Ou seja, a direita pretender retirar as armas dos índios, retirando com isso sua autodefesa, e ainda por cima ampliar a repressão, enviando mais policiais para controlar os indígenas.

É obvio que esse “acordo” entre o Ministério Público e a Funai visa apenas e tão somente aumentar o massacre contra os indígenas, retirando seu poder de defesa para facilitar a investida dos latifundiários. Esse ataque brutal deve ser amplamente denunciado. Os índios e sem-terra devem não apenas se colocar contra a medida, como está colocado como uma necessidade imediata que as organizações operárias e populares levantem a bandeira do direito de autodefesa dos trabalhadores do campo. Somente dessa forma é que os camponeses e indígenas poderão se defender dessa ofensiva da burguesia.


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