"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Pará - União vai pagar R$ 21 milhões para latifundiário que mantinha trabalho escravo

Desapropriação do Incra garante ao menos R$ 21 milhões de indenização a fazendeiro onde foram encontrados 82 trabalhadores em condições de escravidão

Considerada por entidades que defendem os direitos humanos uma vitória histórica, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) desapropriou de uma área onde foram encontrado trabalhadores em condições de escravidão, mas pagará ao proprietário da fazenda uma indenização de pelo menos R$ 21 milhões.

A isso, o governo chama “punição”.A fazenda Cabaceiras, que tem 10 mil hectares, fica em Marabá (PA) e é da família Mutran, tradicional no meio rural paraense. Entre 2002 e 2004, três ações do grupo móvel do Ministério do Trabalho resgataram 82 trabalhadores em situação tida como degradante.
A área está ocupada há cerca de dez anos por famílias do MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), e a desapropriação foi considerado pela direção do movimento uma verdadeira "conquista". É o primeiro caso de desapropriação de terra por motivo de escravidão, porém, quem saiu ganhando foi o próprio latifundiário que, além de ter explorado dezenas de trabalhadores, ainda receberá milhões por uma terra que já está toda degradada e improdutiva.
Enquanto isso, o Incra e a direção do MST iludem os trabalhadores com a falsa idéia de uma conquista histórica do movimento social, ao invés de lutar por uma verdadeira reforma agrária e bater de frente com os interesses dos latifundiários, o que encobre a maioria dos casos de trabalho escravo no País.Os trabalhadores devem se organizar e exigir a expropriação do latifúndio e lutar pela reforma agrária com seus próprios métodos e não esperar nada dos órgãos do governo como o INCRA que têm no governo Lula superado o governo FHC no impedimento aos assentamentos de terra.

Somente a destruição completa do latifúndio, uma revolução no campo, garantirá o fim do trabalho escravo e terra para os trabalhadores rurais.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

CSN anuncia demissões em massa


A Companhia Siderúrgica Nacional anunciou hoje, 17, que pretende demitir cerca de 400 trabalhadores até o final desta semana na Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda. A empresa confirmou estar antecipando demissões que seriam realizadas em dezembro e janeiro, mas não informou o total de cortes.
A empresa anunciou cinicamente em um comunicado oficial que as demissões não estão ligadas à crise financeira, uma completa farsa, já que é justamente por causa da crise econômica que grandes empresas abriram o processo de férias coletivas, PDV´s e demissões em massa.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Indústria paulista demitiu 34 mil só em novembro

Dados divulgados no início da tarde pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) mostram que o índice de demissões em novembro no estado de São Paulo explodiu. Nada menos que 34 mil trabalhadores foram demitidos, quase quatro vezes mais que o mês anterior.
As demissões acumuladas neste mês mostram que a crise que abate o País está cada vez se aprofundando mais e que os patrões estão descarregando cada vez mais a crise nas costas dos trabalhadores.

Para o capitalismo não há nem direitos, nem humanos


Sessenta anos depois, não é possível encontrar na Declaração Universal dos Direitos Humanos nada que esteja assegurado à maioria da população sob o domínio do capitalismo em agonia


A ideologia dos direitos humanos tornou-se uma coisa de senso comum entre a maioria das pessoas que não se dão conta do seu caráter profundamente reacionário e imperialista.
As revoluções francesa e norte-americana instituíram a ideologia dos direitos do homem e do cidadão, ideologia burguesa que se voltava contra o reino de arbitrariedade do feudalismo, mas também, ao mesmo tempo, para a defesa dos interesses de classe exploradora da burguesia. Com a evolução da sociedade burguesa em um sentido franca e completamente reacionário, a ideologia dos direitos do homem e do cidadão foi substituída pela ideologia dos direitos humanos, buscando eliminar o caráter progressista da ideologia burguesa em sua fase de ascensão.
A essência do problema é explicada com clareza por Marx em um dos seus primeiros escritos:
“Detenhamo-nos, um momento, a examinar os chamados direitos humanos em sua forma autêntica, sob a forma que lhes deram seus descobridores norte-americanos e franceses. Em parte, estes direitos são direitos políticos, direitos que só podem ser exercidos em comunidade com outros homens. Seu conteúdo é a participação na comunidade e, concretamente, na comunidade política, no Estado. Estes direitos se inserem na categoria de liberdade política, na categoria dos direitos civis, que não pressupõem, como já vimos, a supressão absoluta e positiva da religião nem, tampouco, portanto e por exemplo, do judaísmo. Resta considerar a outra parte dos direitos humanos, os droits de l'homme, e como se distinguem dos droits du citoyen.
(...)
“A religião, longe de se constituir incompatível com o conceito dos direitos humanos, inclui-se expressamente entre eles. Os direitos humanos proclamam o direito de ser religioso, sê-lo como achar melhor e de praticar o culto que julgar conveniente. O privilégio da fé é um direito humano geral.
“Os droits de l'homme, os direitos humanos, distinguem-se, como tais, dos droits du citoyen, dos direitos civis. Qual o homme que aqui se distingue do citoyen? Simplesmente, o membro da sociedade burguesa. Por que se chama o membro da sociedade burguesa de "homem", homem por antonomásia, e dá-se a seus direitos o nome de direitos humanos? Como explicar o fato? Pelas relações entre o Estado político e a sociedade burguesa, pela essência da emancipação política.
(...)
“Nenhum dos chamados direitos humanos ultrapassa, portanto, o egoísmo do homem, do homem como membro da sociedade burguesa, isto é, do indivíduo voltado para si mesmo, para seu interesse particular, em sua arbitrariedade privada e dissociado da comunidade. Longe de conceber o homem como um ser genérico, esses direitos, pelo contrário, fazem da própria vida genérica, da sociedade, um marco exterior aos indivíduos, uma limitação de sua independência primitiva. O único nexo que os mantém em coesão é a necessidade natural, a necessidade e o interesse particular, a conservação de suas propriedades e de suas individualidades egoístas.
“É um pouco estranho que um povo que começa precisamente a libertar-se, que começa a derrubar as barreiras entre os distintos membros que o compõe, a criar uma consciência política, que este povo proclame solenemente a legitimidade do homem egoísta, dissociado de seus semelhantes e da comunidade (Déclaration de 1791); e, ainda mais, que, repita esta mesma proclamação no momento em que só a mais heróica abnegação pode salvar o país e é, portanto, imperiosamente exigida, no momento em que se coloca na ordem do dia o sacrifício de todos os interesses no altar da sociedade burguesa, em que o egoísmo deve ser castigado como um crime (Déclaration des droits de l'homme, etc. de 1795). Mas este fato torna-se ainda mais estranho quando verificamos que os emancipadores políticos rebaixam até mesmo a cidadania, a comunidade política ao papel de simples meio para a conservação dos chamados direitos humanos; que, por conseguinte, o citoyen é declarado servo do homme egoísta; degrada-se a esfera comunitária em que atua o homem em detrimento da esfera em que o homem atua como ser parcial; que, finalmente, não se considera como homem verdadeiro e autêntico o homem enquanto cidadão, senão enquanto burguês” (A questão judaica).
Esta contradição não pode, como Marx vai assinalar depois, ser resolvida no marco do regime burguês, da sociedade capitalista e somente poderá ser resolvido no socialismo, com a extinção do Estado.
Na era imperialista, a burguesia, depois de lançar fascismo bestial contra as massas, apresenta a sua face democrática de modo reacionária em uma defesa dos direitos civis que subordinam completamente aos interesses capitalistas, os direitos do citoyen são dissolvidos nos direitos do homme, do burguês, do capitalista para serem utilizados a fundo contra toda a luta coletiva e revolucionária da classe operária.

Origens da declaração

Depois da mais violenta e destrutiva guerra de todos os tempos, conseqüência da decomposição econômica e social provocada pela agonia do capitalismo que enfrentava aquele que foi, até recentemente, o período de maior crise de sua história, no qual as forças produtivas da humanidade pararam de crescer, provocando uma brutal crise social de todo o sistema, impondo fome, desemprego, miséria e outros flagelos em todo o mundo, o imperialismo, ou seja, o capitalismo mundial representado pelos chefes das principais potências capitalistas, responsável por toda a chacina e destruição realizada ao logo da II Guerra, resolveu adotar, em cooperação com a burocracia stalinista da ex-União Soviética (então sob o comando do próprio Stálin) que lhes assegurasse seus interesses contra-revolucionários diante da maior onda revolucionária da história.
Esta onda que varreu toda a Europa, que permitiu a vitória da revolução no país mais populoso do mundo, a China (1949) e que só pôde ser contida pela colaboração do stalinismo se estabeleceu numa série de encontros de cúpulas internacionais, lideradas por URSS e EUA, iniciadas na conferência de Yalta, na Ucrânia, no Palácio Livadia, em 1945. Que foram continuadas pelas reuniões de Teerã e Potsdam.
Estas cúpulas e os acordos contra-revolucionários delas emanados, disfarçados de “acordos de paz”, deram lugar à definição de áreas de influência das potências bem como à criação de uma organização reunindo dezenas de países, que servisse de instrumento da política do imperialismo sob a aparência de neutralidade, a Organização das Nações Unidas – ONU. A principal tarefa os “três grandes” era a de conter a revolução proletária na Europa para dar ao capitalismo tempo para se recurar do colapso que havia sofrido.
Foi a ONU que em 10 de dezembro de 1948 aprovou em sua Assembléia Geral a Declaração Universal dos Direitos Humanos, cujo esboço teria sido elaborado pelo canadense John Peters Humphrey, com a participação de pessoas de diversos países, com inspiração formal na declaração francesa dos direitos humanos e do cidadão, de 1789, e na declaração de Independência dos Estados Unidos, de 1776.

Palavras e nada mais

Formalmente o documento não tem caráter de obrigatoriedade legal para nenhum de seus signatários que hoje abrange a quase totalidade dos países do mundo, embora tenha servido de base para os dois tratados internacionais sobre direitos humanos da ONU, os quais teriam força legal: o Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos, e o Tratado Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
De acordo com o Guinness Book, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento traduzido no maior número de línguas, tendo alcançado a marca de 330 traduções em 2004.
Em seu preâmbulo lê-se que a mesma foi proclamada “como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações” e teria como objetivo que seus preceitos fossem cumpridos “pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição”. Trata-se, portanto de uma diretriz ideológica, assinada pelos maiores carniceiros da II Guerra e pelo regime totalitário da burocracia stalinista.
De modo algum seria correto afirmar – como fazem em todo o mundo nestes dias, políticos burgueses e analistas, inclusive da “esquerda” – que seus objetivos não se realizaram, uma vez que suas palavras nada tinham a ver com as reais intenções dos seus signatários e de tantos que a proclamam.
Como todas as declarações de boas intenções feitas pelos chefes imperialistas elas não são mais do que um instrumento para disseminar a ilusão de que a humanidade pode alcançar qualquer tipo de progresso humano e social sob o putrefato regime do capitalismo.
Da mesma forma, seria parcial repetir a Anistia Internacional e outras organizações que condenam '60 anos de fracasso' em direitos humanos. Não pode ter fracassado aquilo que de forma alguma foi buscado pelos senhores e chefes do mundo capitalista.
Muito mais do que um balanço da efetivação de seus propósitos, os 60 anos da Declaração são uma oportunidade de evidenciar, a partir da análise dos fatos, da realidade, e não de palavras e discursos a verdadeira política de agressão permanente aos direitos humanos estabelecidas pelo imperialismo ao longo destas últimas seis décadas e, mais particularmente, na etapa atual em que a crise capitalista, que não cessou, mas cresceu geometricamente nos últimos anos – como a onda atual começa a evidenciar para todo o mundo – ameaça levar a uma nova etapa de degradação, destruição e retrocesso o conjunto da humanidade, pisoteando ainda mais severamente todos os direitos estabelecidos na Declaração.

Direito nenhum

O imperialismo mundial “defensor” dos direitos humanos submete, em todo o mundo, inclusive nos países ainda ricos, mais de um bilhão de pessoas à fome (segundo dados da ONU) e dois bilhões “vivendo” com menos de dois dólares por dia, ou seja, sobrevivem com menos de R$ 130 por mês.
De acordo com organizações internacionais de direitos humanos, mais da metade dos habitantes do planeta – cerca de 4 bilhões – não tem sequer qualquer acesso à justiça, a não ser para sofrer as conseqüências de sua ação quase sempre contra o povo.
Estão em crescente retrocesso ou em processo de eliminação os direitos mais elementares das crianças (cujos raptos e seqüestros não param de crescer), mulheres (vítimas de todo tipo de violência, assédio, com salários menores e duplas jornadas etc.) e não para de crescer opressão dos povos negros, só para citar alguns setores fundamentais.
Os chefes das potências imperialistas “promotoras” dos direitos humanos são os campeões mundiais de violações, dentro e fora de seus territórios. A começar pelos Estados Unidos, onde nos últimos anos se violaram até mesmo os direitos individuais de privacidade, liberdade de expressão e organização etc.
A maior potência imperialista e seus aliados, a pretexto de combaterem o terrorismo e visando, de fato, defender os sórdidos interesses de seus monopólios financeiros e industriais, impuseram às mais diversas regiões do planeta guerras, morte e destruição em escala que já supera a II Grande Guerra: bombardeio de civis e mais de um milhão de mortos por privações causadas pela guerra no Iraque; tortura em larga escala, uso de armas químicas, prisão e tortura de centenas de pessoas em suas bases militares – como Guantánamo (Cuba) e Bagram (Afeganistão), sem terem sido sequer acusadas formalmente ou sem direito a processo devido; mais de 25 mil pessoas detidas pelos invasores do Iraque; manutenção do programa de detenções e de interrogatórios secretos da CIA (agência de inteligência americana) e a da pena de morte, nos Estados Unidos e fora dele, só para citar alguns exemplos.
O agravamento da crise capitalista serve de pretexto para uma gigantesca intensificação dos ataques aos direitos da maioria da população em todo o mundo. A verdadeira ditadura mundial dos banqueiros e grandes monopólios vem assegurando que praticamente todos os Estados do planeta despejem trilhões roubados da classe operária na "salvação" de seus lucros, enquanto fazem crescer o desemprego, a fome e todo tipo de violação dos direitos humanos.

A farsa "humanitária" do capitalismo

Em meio às comemorações dos 60 anos da Declaração não para de crescer, entretanto, a demagogia em torno do assunto. O presidente italiano, Giorgio Napolitano, ex-PCI stalinista, por exemplo, defendeu até mesmo alterações no documento sexagenário, em mensagem enviada ao parlamento daquele País.
Segundo Napolitano, "a declaração tem que abordar novas ameaças aos direitos, relacionadas ao terrorismo, às mudanças climáticas, às lesões de privacidade, aos impactos da crise econômica e às condições de vida das pessoas" (Ansa, Roma, 09/12/08).
Para ser fiel ao seu cinismo sem limites a revisão da Declaração redigida sob a supervisão dos chefes reacionários das potências pós-guerra, poderia - agora - (acatada a proposta de Napolitano) ser redigida diretamente por grandes "chefes" defensores dos direitos humanos, tais como George Bush (responsável pelos genocídios no Iraque, Afeganistão etc.), Joseph Ratzinger (Bento XVI) que canonizou centenas de religiosos que lutaram ao lado da ditadura espanhola e das forças de Hitler e Mussolini, contra as massas rebeladas; por Lula (responsável pela invasão do Haiti e pelo reforço do aparato de repressão contra a população pobre no País), entre outros. Não há dúvida de que se trata de um esforço para atualizar a declaração em sua função ideológica de defender os interesses dos grandes capitalistas.
Em regime social baseado na exploração da maioria da humanidade por um punhado de capitalistas, não é possível outra coisa que não seja a eliminação crescente de direitos dessa maioria em favor dos parasitas que buscam, a todo custo, deter a evolução da humanidade, na defesa de seus privilégios que lhes asseguram "direitos sem deveres".
Para fazer valer a realidade de que "somos iguais todos os seres", é necessário muito mais do que os discursos da "esquerda" parlamentar e pequeno burguesa e sua política de colaboração com a burguesia, inclusive, com os seus setores mais direitistas e reacionários que violaram (como os torturadores e assassinos da ditadura militar acobertados pelo governo Lula) e continuam a violar em todo o mundo os direitos da maioria da população.
Só a classe operária através da sua luta revolucionária, pelos meios que sejam necessários e a ditadura do proletariado - como ficou comprovado historicamente - pode impor em todos os países o respeito aos direitos reais da maioria, dos produtivos, dos humanos contra a bárbarie estabelecida pelos "parasitas" capitalistas, para quem os homens, mulheres e crianças e todos os seus não são mais do que mercadorias a serem compradas, vendidas e até destruídas como carne de canhão em guerras de rapina, de acordo com os interesses do capital.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Grécia - Uma semana de protestos contra o governo

No seu sétimo dia, o levante popular grego demonstra mais força. Ao mesmo tempo, o governo recrudesce a repressão e agora pede apoio das polícias de Israel e da Alemanha

Novos confrontos entre manifestantes e policiais foram registrados em Atenas nesta sexta-feira (12), em uma semana de protestos iniciado após o assassinato do jovem de 15 anos, Alexis Grigoropoulos, vítima de um tiro no tórax disparado por um policial. Desde então, manifestações se espalharam por todo o país e agora ameaçam o governo direitista e corrupto do primeiro-ministro Costas Karamanlis. Estas já são consideradas as maiores mobilizações na Grécia desde a queda do regime militar em 1974.
Pelo sétimo dia seguido, novamente jovens lançaram paus, pedras e coquetéis molotov contra a Guarda Especial da Polícia. Os manifestantes traziam faixas com os dizeres "o Estado mata" e "o governo é culpado de homicídio". Centenas de pessoas foram feridas e presas desde o início dos protestos e o prejuízo causado para o governo já soma centenas de milhões de euros.
Os confrontos são tão intensos que a polícia começa a ter problemas de estoque de bombas de gás lacrimogêneo, a principal arma usada contra os manifestantes, apesar dos policiais estarem usando também armas de verdade para dispersar a multidão. Cerca de cinco mil bombas deste tipo foram usadas contra jovens e adolescentes, homens e mulheres. O governo grego pediu ainda ajuda da polícia de Israel e da Alemanha para reprimir o maior levante popular em pelo menos 35 anos.
Várias faculdades e colégios estão ocupados contra o corte de verba do ensino público. Instituições bancárias e veículos são apedrejados e incendiados. Os manifestantes reivindicam também a renúncia do premiê e a libertação de todos os militantes presos.
A crise na Grécia, país localizado na pobre e conturbada região dos Bálcãs, teve como estopim o assassinato de um adolescente, mas o levante é muito mais que isso, é fruto de um acúmulo das contradições de um capitalismo que só trouxe crescimento para os banqueiros e grandes empresários, enquanto que para o povo - sobretudo para a juventude - a perspectiva de crescimento foi zero.
Afogado em escândalos de corrupção, o premiê Costas Karamanlis (do partido pró-imperialista Nova Democracia) está cada vez mais isolado. A própria burguesia parece estar articulando a sua queda, uma manobra estratégica para levar, provavelmente, a frente popular ao poder. O pseudo Partido Socialista, que sempre fez uma oposição oficialista, se prepara para assumir as rédeas da crise e conter qualquer demonstração de mobilizações independentes e revolucionárias contra o regime capitalista. Querem levar as manifestações pela via institucional e, principalmente, impedir que estas mobilizações contaminem toda a classe operária grega.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Ocupar as fábricas!

Correios, montadoras, autopeças, siderúrgicas...

As demissões já fazem parte definitivamente da vida dos trabalhadores brasileiros, demissões em massa foram anunciadas. Para combater o ataque dos patrões, ocupação das fábricas, controle operário da produção

O governo negou, os patrões negaram, a burocracia negou, mas agora não é mais possível. Os capitalistas demitiram milhares nas últimas semanas e dizem que vem mais por aí, o governo anuncia números alarmantes e desemprego em massa para o ano que vem e a burocracia sindical prepara sua demagogia com os trabalhadores. No mês de outubro foram 10 mil desempregados apenas na cidade de São Paulo.
O governo anunciou que está fazendo um estudo para avaliar a possibilidade de aumento do seguro desemprego. O Ministro do trabalho e Emprego, Carlos Lupi, declarou à Folha de São Paulo que "O primeiro trimestre [de 2009] será brabo” (14/12/08). O tom da declaração nada mais tem a ver com o falso otimismo que o governo e o próprio ministro vinham alardeando.

Metalúrgicas

O primeiro sinal mais claro de que as demissões eram uma questão de tempo no Brasil foram os constantes anúncios de férias coletivas nas montadoras em todo o País. Primeiro foi a GM, depois Fiat, Volks, até que todas as montadoras em todas as regiões estão passando por um fim de ano de diminuição do ritmo e até paralisação da produção. Para se ter uma idéia, a fábrica da GM em Gravataí (RS) funcionou por apenas um dia no mês de novembro, os trabalhadores retornaram essa semana à fábrica, mas na semana que já estão programadas novas férias coletivas até 2 de janeiro. No total, 50 mil metalúrgicos foram atingidos pelas férias coletivas em todo o Brasil.
Na GM de São José dos Campos, os operários enfrentaram dois PDVs nos dois últimos meses, com a conivência do PSTU/Conlutas, que anunciava no site do sindicato da região os “benefícios” oferecidos pela empresa para quem aderisse.
Foi em decorrência das férias coletivas que a corda já estourou do lado mais fraco da categoria. As fábricas das autopeças anunciaram essa semana a previsão de cortar 8.200 postos de trabalho até o fim do ano. O setor já iniciou uma série de demissões e até dezembro deve contar com 223,7 mil trabalhadores, contra 231,9 mil que empregava no mês de setembro.
As férias coletivas são um prenúncio das montadoras, que passam por enorme crise de mercado, para começarem a demitir. Estão preparando o terreno, pois sabem que, apesar de contar com o apoio amigo de toda a burocracia sindical (PT/CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Conlutas, Intersindical etc.) a categoria metalúrgica não vai aceitar as demissões.
A Volvo do Brasil, que fabrica caminhões é a primeira montadora a demitir, suas duas unidades, uma em Pederneiras, no interior de São Paulo e outra em Curitiba. Na fábrica paulista, que contava com 700 funcionários, 102 trabalhadores serão demitidos. Em Curitiba, a unidade, com 2.840 operários, vai demitir 430 funcionários. Não é coincidência que nos dois casos os sindicatos dos metalúrgicos sejam dominados pela “central” patronal Força Sindical, que não se preocupou sequer em fazer falatório demagógico sobre o ocorrido.
Ainda entre os metalúrgicos, o setor de eletro-eletrônicos também deu férias coletivas nas principais empresas na Zona Franca de Manaus e outras localidades. Agora, a unidade de Taubaté da LG Eletronics vai demitir 300 trabalhadores. O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, que é dominado pela Articulação PT/CUT limitou-se a pedir uma boa “justificativa” à empresa.

Siderurgia

Maior exportadora brasileira, a Vale do Rio Doce confirmou, na última quarta-feira (3), a demissão de 1.300 trabalhadores e colocou outros 5.500 em férias coletivas. A maior parte das demissões acontecem em Minas Gerais, 20% dos demitidos e 80% dos que entraram em férias coletivas. No Espírito Santo, no porto de Tubarão, 500 funcionários foram dispensados e na sede da empresa, no Rio de Janeiro, departamentos administrativos inteiros estão sendo extintos.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração do Ferro e Metais Básicos (Metabase) de Itabira (MG) e região afirma que a Vale tem programados mais cortes, que devem chegar a 10 mil trabalhadores.
Outra siderúrgica, a ArcelorMittal, a maior do mundo no ramo, anunciou que vai demitir 9.000 em todo o mundo, o Brasil está nos planos. A ArcelorMittal Brasil é uma das maiores siderúrgicas da América Latina e conta, ao todo, com 16.200 funcionários.

Bancários

Nos últimos três meses, mais de mil bancários foram dispensados somente na região de São Paulo e Osasco. Inicialmente, as demissões começaram pelos bancos pequenos, com dispensa de funcionários temporários. No entanto, o próprio sindicato afirma que, nas últimas semanas, alguns bancos maiores iniciaram demissões.
O Banco Safra, nono do País, demitiu 200 funcionários. No período de setembro a novembro as demissões nos bancários representaram um aumento de 133% em relação ao mesmo período do ano passado. A região de abrangência do sindicato da região atinge 120 mil bancários.

Correios

Na ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) anunciou, na semana passada, o regulamento do PDV com a previsão oficial de demitir quase 6 mil funcionários. No entanto, esse primeiro anúncio de demissões é apenas uma preparação para ataques mais profundos contra a categoria.
Quer se livrar desses trabalhadores como peso morto, deixando para trás todo o serviço prestado à empresa e as doenças acumuladas no serviço. Tudo isso para economizar na folha de pagamento, aumentando a carga de trabalho daqueles que irão permanecer. O objetivo central da empresa, no entanto, é institucionalizar a terceirização, acabando de vez com os direitos dos trabalhadores.
A idéia é botar no olho da rua trabalhadores com tempo de trabalho próximo à aposentadoria e com salários mais altos. Segundo a própria empresa, os principais objetivos são: a redução de despesas com pessoal e redução do perfil etário, “considerando o aumento de doenças ocupacionais e queda de produtividade”.
O Bando dos Quatro (PT-PcdoB-PSTU-Psol) que domina a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores do Correios) simplesmente escondem o anúncio da empresa para os trabalhadores, com o objetivo de não ter que fazer absolutamente nada sobre o caso, já que estão em total acordo com a direção da empresa em todos os ataques desferidos por esta.

Construção Civil

O Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo) publicou um cálculo que aponta que serão 100 mil funcionários do setor que devem perder o emprego até o fim desse ano. As construtoras e outras empresas do ramo empregavam, até outubro, 2,1 milhões de pessoas. Em 2008, o setor foi o que mais empregou no País.

Ocupar as fábricas!

Todas as categorias devem se organizar para lutar contra as demissões. Uma campanha sistemática de “nenhuma demissão!” deve ser feita entre os trabalhadores. Nos casos em que a empresa vem com o “disfarce” do PDV, como nos Correios, a campanha deve ser de Boicote ao PDV! O PDV serve para desarmar os trabalhadores para a luta contra as demissões, impedindo que se organizem e se unifiquem contra o dos patrões.
Por isso, a Corrente de Oposição Nacional nos Correios do PCO, Ecetistas em Luta, está lançando desde já uma campanha contra o PDV e chama os trabalhadores a não aceitarem a chantagem da empresa. O chamado deve ser estendido a todas as categorias.
A luta contra as demissões está colocada em primeiro plano nesse momento. Os patrões querem utilizar a crise para explorar ainda mais os trabalhadores, que devem se preparar para enfrentar esses ataques.
A luta virá de maneira completamente independente de toda a burocracia sindical, Nem CUT, nem Conlutas, nem Força Sindical estão comprometidos com os trabalhadores e sim com os patrões, como está provado pelo histórico de traições.
A única maneira de enfrentar as demissões em massa que virão é o controle da produção pelos trabalhadores. Os verdadeiros interessados na produção e na riqueza do País são os trabalhadores, que são roubados diariamente pelos patrões. Diante de qualquer ameaça de demissão os trabalhadores devem ocupar as fábricas e locais de trabalho. Se os patrões não dão conta da empresa, esta deve ser controlada pelos trabalhadores, todos têm o direito de trabalhar!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Empresas privadas dos EUA demitem 250 mil em novembro


Relatório divulgado sobre a economia norte-americana apresenta queda nas vendas e grande alta no desemprego, somente o setor privado demitiu 250 mil trabalhadores no mês passado



Em relatório divulgado na última quarta-feira, dia três, o banco central norte-americano, Fed (Federal Reserve), divulgou diversos dados negativos da economia norte-americana avaliados entre os dias 15 de outubro a 24 de novembro, entre eles, a demissão de 250 mil trabalhadores do setor privado no mês de novembro.Além das demissões, também foi constatada queda no índice que mede o nível de atividade no setor de serviços. Este índice, o ISM, registrou 37,3 pontos diante do resultado de outubro, 44,4 pontos.A base para a queda do índice foram os resultados negativos da produção, do emprego e de novas encomendas.A queda nas vendas no setor de serviços acarreta um grande prejuízo para a economia norte-americana, pois este setor emprega mais da metade dos norte-americanos, 75% da força de trabalho e compõe 80% das riquezas produzidas. Juntamente com o setor de serviços está também o setor industrial que teve forte redução na produção no último mês, a menor em 26 anos, desde 1982.A recessão está em ascensão e sem hora para acabar, para um especialista econômico norte-americano, "O naufrágio da atividade de serviços em novembro serve como uma nova e mórbida lembrança das conseqüências potencialmente devastadoras da dolorosa e longa recessão que enfrentamos" (Associated France Press, 3/12/2008). Esta situação está diretamente ligada à redução do crédito que está provocando uma diminuição sistemática no consumo e conseqüentemente gerando queda na produção e desemprego.A desaceleração econômica nos Estados Unidos é generalizada, a produção está diminuindo em diversos setores econômicos, automotivo, manufatureiro, turismo, setor varejista etc.Um dos principais reflexos da crise, o desemprego, também teve forte elevação no último mês.Somente no setor privado foram 250 mil demissões em novembro, uma perda de quase 100 mil postos de trabalho a mais que o registrado em outubro onde foram demitidos, 179 mil trabalhadores. Em relação ao mês de setembro, a diferença é maior ainda, 26 mil desempregados. O corte de empregos em novembro é o maior registrado em um mês, desde 2002, quando houve 399 mil demissões devido à crise do setor aéreo afetado pelo atentado de 11 de setembro.As demissões provocadas pela recessão provocada pela crise financeira já deixaram este ano, mais de um milhão de norte-americanos desempregados.Este quadro da economia norte-americana, tende a ser pior, pois ainda não foi publicado o relatório mensal do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos que a rigor é mais realista que este relatório do Fed. O relatório será divulgado nesta sexta-feira, dia cinco.Esta situação demonstra que as centenas de bilhões de dólares que o governo Bush despejou no mercado supostamente para recuperar a economia estão enchendo os bolsos dos banqueiros e capitalistas e não aliviando a vida dos trabalhadores, pois o que mais tem ocorrido são demissões em diversos setores.Diante das demissões, os trabalhadores devem rejeitar o plano de salvação dos capitalistas. Ocupar as fábricas e controle operário da produção. Que os capitalistas paguem pela crise e não os trabalhadores.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Falência de lojas varejistas na Inglaterra vai demitir mais de 30.000

As duas maiores lojas de departamentos britânicas, a MFI e a Woolworths, esta com mais de 100 anos de existência, abriram falência e vão cortar mais de 30.000 empregos

A recessão na Europa que tem provocado um crescimento quase que ínfimo do PIB (Produto Interno Bruto) da região, próximo a zero, que está provocando uma diminuição bastante grande do consumo em praticamente todos os 27 países que compõem a União Européia (UE).

A crise atingiu agora duas das maiores e mais populares redes varejistas da Grã-Bretanha, a MFI e Woolworths. As redes entraram em colapso terminal na última quinta-feira, dia 27, quando foram colocadas sob gestão judicial, pois não possuem mais condições financeiras de se manterem.
Por serem redes bastante populares, a falência destas lojas expõe a queda vertiginosa do consumo na Inglaterra.
Estas são duas tradicionais redes varejistas da Inglaterra. A MFI é uma similar da loja brasileira Casas Bahia, vende móveis e artigos para casa. Com a queda no crédito, muitos produtos, principalmente os mais caros, deixaram de ser vendidos por falta de financiamento. A rede conta com cerca de 1.500 funcionários que vão perder o emprego devido à falência.
Já a Woolworths vende praticamente qualquer artigo, utensílios de cozinha, brinquedos etc. uma espécie de hipermercado. Tem mais de 100 anos de existência e pode fechar 800 lojas e demitir 30.000 funcionários.
A falência da Woolworths e da MFI é um processo de longa data, pois as redes já estavam apresentando prejuízos. A Woolworths, por exemplo, teve, no primeiro semestre, dívidas de mais de 400 milhões de euros e perdas de 120 milhões de euros no primeiro semestre deste ano.
Estas duas seriam apenas as primeiras de uma série de lojas de consumo popular que devem fechar na Grã-Bretanha. Outras já apresentaram prejuízos este ano e devem seguir pelo mesmo caminho da falência, como a Kingfisher, proprietária de duas redes varejistas francesas, a Brico Dépôt e a Castorama, prejuízo de 20% nos lucros, há também o prejuízo de 29,8 milhões de libras das redes PC World e Currys que vendem produtos eletrônicos.
A situação das redes é tão grave que o governo anunciou medidas para aliviar o caixa das empresas, como por exemplo, o corte no imposto sobre valor agregado, conhecido como TVA, que reduziu de 17,5% para 15%, mas que só entrará em vigor em uma semana.
Depois de arrasar o setor financeiro, a crise se espalha, com velocidade, no setor de consumo popular que é base da economia industrial. Isso vai acarretar mais falências, fechamento de fábricas, desemprego etc.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Operação Satiagraha: o novo “mensalão” - Aprofundamento da crise institucional do Estado burguês

Por trás de um dos maiores casos de corrupção da história do País, envolvendo juízes do STF, a Polícia Federal, deputados, os órgãos de inteligência e uma campanha de desinformação da imprensa está uma disputa entre setores dos capitalistas da telefonia e o agravamento da crise do regime político

O caso Satiagraha ou a "Crise dos Grampos" é uma das maiores crises institucionais do governo Lula, sendo esta a pauta principal dos jornais da burguesia em suas últimas edições tratando a crise política nacional. Esta, no entanto, ocorre em meio a uma campanha de desinformação da imprensa burguesa sobre qual é o fundo da crise, apegando-se a fatos secundários, e que se desenvolve claramente como uma disputa de interesses que permeia a Justiça e outras instituições e órgãos do governo. A imprensa burguesa procura colocar uma cortina de fumaça para impedir que venham à tona claramente quais são as duas alas em concorrência e a profundidade que a disputa tem no interior das instituições do Estado.
A imprensa capitalista, cujo papel fundamental é expressar os interesses de seus financiadores, os grandes empresários e bancos, tem sido, logicamente uma ferramenta desta disputa desenfreada assim como ocorre com todos os escândalos de corrupção.
A briga se dá fundamentalmente entre os setores empresariais da telefonia, do qual faz parte o banqueiro Daniel Dantas, sócio majoritário da então Brasil Telecom, fundida agora por um decreto assinado por Lula no último dia 14 com a empresa de telefonia Oi.
Dantas foi preso em uma operação teatral da Polícia Federal em junho, ao lado de outro banqueiro, Naji Nahas, e tubarão da especulação, e ao ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PP). Os banqueiros foram acusados na operação por evasão de divisas e formação de quadrilha. A partir desta prisão, amplamente noticiada na imprensa que estava no local no momento das prisões, uma cena previamente preparada, veio à tona uma intrincada rede de ligações do empresário com o governo e os mais altos escalões do estado, em particular os ministros do STF, assim como ficou claro uma ala que por meio da Polícia Federal e órgãos que participaram da operação, como a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) realiza uma pressão contra a ala do banqueiro Dantas.


Quem são os capitalistas que estão na briga pelas agências de telefonia

A fusão da Brasil Telecom com a Oi, fundando a BrOi, um negócio de R$ 13 bilhões, coloca em pólos opostos empresas de telefonia internacional e nacional que participaram da imensa privatização do setor no governo FHC e durante o governo Lula. A disputa em curso atualmente partiu da entrega generalizada de um dos mais importantes serviços públicos à população para capitalistas em sua maioria internacionais. As empresas buscam superar a dispersão do mercado e criar grandes monopólios para melhor explorar o setor, o que acarretará enorme prejuízo para toda a população.
A fusão da BrT com a Oi concorre com os interesses de empresas européias. De um lado está a espanhola Telefonica e a Telecom Itália contrárias ao acordo por liderarem o mercado da telefonia. A Telefonica dominou as privatizações na parte mais importante do País, como São Paulo e a Telecom Itália, mais conhecida como TIM que conseguiu do ex-ministro Luiz Gushiken as licenças para atuar no Brasil, mesmo sofrendo inúmeros processos por corrupção na Europa.
A BrOi, portanto, disputa um dos maiores monopólios do País, o monopólio dos capitalistas internacionais sobre a telefonia em um país de cerca de 200 milhões de habitantes, um enorme mercado, em um período de grande crise econômica.
Segundo os últimos números da Agência Nacional de Telefonia (Anatel) sobre a dominação dos grupos no setor, a participação da Oi no mercado de telefonia móvel atingiu 15,24% em junho.
A líder no setor, a Vivo, da espanhola Telefonica e da Portugal Telecom, terminou o mês de junho com 30,36% de participação no mercado de telefonia móvel. Esta acaba de comprar a Telemig Celular. A segunda maior líder é a TIM, da Telecom Itália, que tinha 25,4% do mercado em junho. A terceira é a Claro, da empresa mexicana América Móvil, com 24,87%. A Oi, que tem como sócios inúmeras holdings nacionais e estrangeiras inclusive o próprio BNDES, só chega em quarto lugar com 15,24% em junho e a Brasil Telecom possui 3,77%.
O império de Daniel Dantas foi formado a partir dos governos Collor, Itamar Franco, Lula e FHC com os quais o banqueiro está profundamente envolvido. Por isto este teria tanta influência entre as figuras de cúpula do estado, sendo um dos grupos que dominam o poder político em décadas no país.
Não obstante tenham sido feitos empréstimos gigantescos tanto pelo BNDES como pelo Banco do Brasil para favorecer o negócio. O Banco do Brasil doou à BrOi mais de R$ 4 bilhões, um recorde, e o BNDES, cerca de R$ 2,5 bilhões.
Dantas ficou conhecido inclusive como o segundo homem do "mensalão", acusado de ser o principal financiador das contas de Marcos Valério que distribuía verbas para vários partidos teve origem no PFL, onde era homem próximo de Antônio Carlos Magalhães e chegando a ser conselheiro do partido e do governo federal.
As investigações da CPI dos Correios mostraram que o banco Opportunity, que controla cerca de R$ 20 bilhões, foi uma das principais fontes de recursos do "mensalão" e que Daniel Dantas como gestor da Brasil Telecom, que possuía a Telemig e a Amazônia Telecom, teria injetado R$ 127 milhões nas contas de Marcos Valério, por meio da empresa DNA Propaganda.
Dantas chegou a ser indicado para ministro da Fazenda no governo Fernando Collor no qual se enriqueceu enormemente, investindo em café, soja e exportação.
Este fundou o banco Opportunity que começou a operar em 1996 e enriqueceu de fato controlando fundos de pensão públicos e fundos de pensão de sócios estrangeiros da Telecom Itália e do grupo canadense TIW com os quais concorre. As divergências teriam começado em 1999 com a Telecom Itália que via os negócios de Daniel Dantas como um prejuízo.
Em 1998, durante o governo do PSDB, Dantas foi homem-chave na privatização de empresas do Sistema Telebrás.
Dantas também tinha sócios internacionais e é acusado de pagar propina à Anatel para se favorecer na aquisição de empresas.


A crise institucional no governo dos capitalistas

A crise política da Satiagraha se transforma em uma aberta crise institucional, ou seja, na crise entre as instituições do regime político, tais como a Justiça, os órgãos de inteligência do governo, a Câmara dos deputados e o Senado. A crise entre os poderes e dentro dos podres, crise das ferramentas de poder do Estado, se dá de acordo com as ligações de figuras do alto escalão do governo com a manipulação operada nas negociações para a privatização do setor telefônico.
Esta crise partiu da própria cúpula do governo Lula. Alas do governo ligadas à telefonia se digladiaram, sendo fator importante na eclosão da crise.
Luiz Eduardo Greenhalg, ex-deputado petista participou do lobby de Daniel Dantas pela fusão da Brasil Telecom com a Oi, sendo um dos principais assessores de Daniel Dantas previamente à crise, uma figura importante na influência das negociações do setor de telefonia para favorecer a diretoria de Dantas. Este, como sócio majoritário, recebeu com a venda e a fusão mais de R$ 1 bilhão.
Ainda na cúpula do governo, no campo oposto dos capitalistas telefônicos, estava Luiz Gushiken, ex -ministro das Comunicações do governo Lula da ala que favoreceu a entrada da Telecom Itália no Brasil, empresa de telefonia acusada na Itália de inúmeros esquemas de corrupção. Este incentivou as investigações contra a Kroll, empresa norte-americana contratada por Daniel Dantas para atuar contra outras empresas de telefonia.
Outra figura, no caso da disputa da telefonia que apareceu durante a Operação Satiagraha como defensor de uma das alas foi Gilmar Mendes, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), que deu habeas corpus por duas vezes em favor de Daniel Dantas preso pela Polícia Federal, entrando em conflito aberto com esta instituição.
Gilmar Mendes foi uma figura indicada em 2002 pelo governo FHC e possui profundas ligações com o PSDB, do governo que entregou à Brasil Telecom e outras empresas de telefonia uma imensa fatia do bolo com a privatização.
Durante o período como ministro do STF, assumiu o cargo de vice-presidente no mandato da ministra Ellen Gracie. Antes de assumir como presidente do STF determinou o arquivamento de duas ações de improbidade administrativa contra dois dos ex-ministros do governo Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan e José Serra. Mendes foi subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil no governo FHC, entre 1996 e 2000, e advogado-geral da União, entre 2000 e 2002.
O STF, que vem sendo cada vez mais exposto na imprensa sofre inclusive com disputas entre a Polícia Federal, a Abin e outras instâncias da Justiça. Mendes sofreu ultimamente protestos de membros da Polícia Federal, do presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT), de diversos juízes, da OAB, entre outras instituições.
O STF tem a função de trava de segurança em favor do regime político diante da crise do Congresso, e de ferramenta que quase restritamente age com fins de evitar crises políticas, deixando impune um número imenso de parlamentares corruptos, legislando em questões polêmicas como no caso do aborto e das células tronco, além de outros que ameacem a ordem do Estado burguês.
A crise, no entanto, expõe o tráfico de influência no mais alto escalão do governo e faz com que o STF perca força e abra caminho para uma crise que pode ter inúmeros desdobramentos.
Ficou claro também a participação direta do governo Lula por meio da Abin, ex-órgão de inteligência da ditadura militar no escândalo e a favor de uma das alas das máfias capitalistas.
O diretor interino da Abin, indicado por Lula para substituir Paulo Lacerda, como tentativa de abafar a crise dos grampos é Wilson Trezza, ex-funcionário de FHC no Ministério da Educação e secretário de Previdência Complementar também naquele governo. Este foi funcionário do banqueiro Daniel Dantas. Entre fevereiro de 2002 e março de 2003, foi diretor de Seguridade da Fundação Brtprev, ligada à empresa Brasil Telecom.
Não por coincidência, a tentativa de ataque de uma das alas da burguesia parece resultar em favor do próprio banqueiro Daniel Dantas que reforça suas ligações com a cúpula do Estado e acaba voltando-se contra uma ala da Polícia Federal. Este foi o caso do comandante da Operação Satiagraha, o delegado Protógenes Queiroz, que comandou a prisão de Daniel Dantas.
Este foi retirado do cargo de maior importância da Polícia federal. Foi informado pelo diretor de inteligência da PF que será desligado da divisão, a mais importante da Polícia Federal no setor de inteligência.
Protógenes comandou a operação pelos meios mais espúrios possíveis, claramente financiado por parcela das telefônicas estrangeiras, e utilizando uma verba próxima de R$ 466 mil na mais cara operação da história da Polícia Federal, na qual este utilizou nada menos que 80 arapongas da Abin. Este agora leva um troco do governo e da ala de Dantas.


Satiagraha: "mensalão" 2?

A operação Satiagraha remonta às últimas crises institucionais do governo como o próprio caso do "mensalão". Dantas é uma figura que pode ser considerado um dos maiores financiadores do chamado valerioduto, do empresário mineiro Marcos Valério.
O "mensalão", que envolveu todos os partidos e especialmente o PT e o PSDB parece ser por onde passa ainda a crise institucional do governo. O PSDB ficou conhecido por ter relações com Marcos Valério, que em Minas Gerais financiou o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo em eleições mesmo anteriores à na qual foi conhecido o mensalão do PT.
Para a indicação do cargo de diretoria da Anatel foi aprovado o nome de Emília Maria Silva Ribeiro, do PMDB, esta que aprovou a alteração nas leis de outorga do setor de telefonia, lei esta que foi apenas referendada por Lula. Esta lei favoreceu a que empresas com domínios de certas regiões do País possam se fundir, o que abre um precedente para uma luta ainda mais encarniçada no setor.
O PT, PSDB e o PMDB entraram em um acordo comum para indicar a diretora.
Não por acaso, um dos diretores da Brasil Telecom também era Carlos Jereissati, irmão do senador Tasso Jereissati, ex-presidente do PSDB
A crise política está vinculada, portanto, uma tentativa da burguesia de transformar o PT e o PSDB em partidos de proa do regime por meio de um mar de corrupção e financiamentos ilícitos, crise esta que mostrou ter acabado com a derrocada da tentativa de estabelecer uma melhoria no quadro partidário da burguesia.
Ao contrário, a crise política se desenvolve cada vez mais em uma crise institucional mais profunda.


Uma radiografia da podridão do regime político burguês

O grande mérito da crise está em que oferece uma radiografia do corpo em decomposição do regime político da burguesia, das suas instituições e dos partidos políticos burgueses.
Todas as personagens da política burguesa, de Lula e do STF até o desastrado sherloque Protógenes, aparecem claramente como atores em defesa de um poder detrás do Estado, de uma iminência parda que são os grandes monopólios capitalistas. Revela o balcão de negócios e de corrupão que é o funcionamento deste estado nos diversos níveis e faz cair por terra a farsa, alimentada até mesmo pela esquerda, da "neutralidade" e "insenção" destas instituições.
A discussão desta crise é de fundamental importância no interior da classe operária para educá-la sobre o verdadeiro caráter do regime político burguês e da sua decomposição interna.
É preciso levantar claramente a reivindicação do afastamento de todos os envolvidos dos cargos públicos de ambos os bandos e condenação dos criminosos de terno e gravata que dirigem estas enormes empresas e corrompem os funcionários do governo para colocar o estado a serviço dos seus interesses particulares em detrimento da esmagadora maioria da população.


Divisão da burguesia e crise política do governo

A briga entre setores da Polícia Federal, a Abin e os tribunais federais depois da Operação Satiagraha expôs claramente uma crise institucional como já dissemos, trazendo à tona a podridão do regime apoiado nos piores parasitas, dos bancos e monopólios nacionais e estrangeiros, especuladores que vivem de migrar de mercado em mercado.
A interligação do PT, do PSDB e do PMDB entre todas as operações que se deram neste caso, onde ficou comprovado o tráfico de influência de Daniel Dantas, bem como dos juízes do STF e o Congresso Nacional, sendo este um apadrinhado do governo FHC e financiador do "mensalão", já é uma política de crise dos partidos burgueses no último período.
O plano de uma máquina imensa de corrupção eleitoral usado tanto por petistas como por tucanos não mostra apenas as relações sólidas destes partidos com os maiores parasitas.
Tratou-se de uma tentativa de erguer partidos que tentassem concentrar o poder político com força suficiente para centralizar a burguesia em torno de seus interesses. A tentativa cada vez mais desesperada de os governos manterem sugando as contas públicas o Estado só demonstra a incapacidade da burguesia de controlar a sua crise partidária e o caráter completamente corrupto do regime político burguês.
O maior exemplo disto é que o plano de reformas no funcionamento do regime político bem como os esforços para evitar uma crise parlamentar foram por água abaixo. A crise institucional atual passa por esta crise.
A falência generalizada dos partidos burgueses tradicionais e da política dita neoliberal, fez com que setores da burguesia empreendessem um grande esforço para criar novos mecanismos políticos para controlar a situação.
O caso do "mensalão" foi uma tentativa frustrada de transformação do PT em um partido que mantivesse a estabilidade da burguesia nacional através de um financiamento sem par na história partidária de eleições por meios corruptos. Esta manobra não foi apenas mal sucedida como a abertura da maior era de crises políticas de corrupção do período dito democrático no País e senão da história.
Da mesma forma a tentativa de criar um bipartidarismo nacional mais estável como sonhava a burguesia brasileira afundou, já que o que se viu pelos próprios resultados eleitorais com a falência completa da direita.
A derrota do neoliberalismo do governo tucano, graças às imediatas contra-indicações das privatizações em massa fez com que o governo Lula assumisse como o único governo capaz de levar à frente as reformas necessárias para a burguesia. A completa divisão da burguesia e falência do quadro político tradicional fez necessária no País para a burguesia o apoio a um governo de frente-popular, com fachada de esquerda e acordos com banqueiros e empresários, utilizando-se do controle do movimento operário nos sindicatos para conter a luta operária.
As crises freqüentes entre setores da burguesia como foi o próprio caso do "mensalão" e da Satiagraha, mostram que a unidade do bloco burguês que domina o estado tende a ingressar em um período de crise e divisão, impulsionado pela crise capitalista.


A esquerda da frente popular: ajudando a jogar a cortina de fumaça para defender o regime

Se a política da burguesia busca evitar uma eclosão da crise para manter seu roubo da população, a falsa esquerda que tenta amenizar esta crise não cumpre senão o mesmo papel, com o agravante de que esta tenta aparecer com autoridade de suposta oposição à esquerda do governo.
A esquerda parlamentar da frente popular, que em sua política tem se mostrado uma verdadeira direita, como é o caso do Psol, diante de uma crise desta importância se coloca inteiramente em defesa não só do regime como de uma das alas em luta.
O Psol vem defendendo o delegado Protógenes Queiroz, mandante da operação Satiagraha como indivíduo progressista e paladino da ética, exaltando que este sofreria uma perseguição interna na Polícia Federal, que seria um indivíduo isolado e que aí residiria toda a contradição do regime político: entre a corrupção e a ética.
No caso do Psol, o ocultamento da crise chega a níveis extremos. Este ignora que a operação de Protógenes foi a mais dispendiosa da história das operações da Polícia, com gastos de R$ 466 mil, em média dez vezes mais que as operações do mesmo porte.
Esta política além de típica dos direitistas, que apelam moralmente para o combate à corrupção nos restritos objetos da justiça burguesa como forma de demagogia de direita para envolver a classe média na ausência de qualquer defesa das suas reivindicações reais, políticas e econômicas, e utilizando esta para defender um endurecimento da lei burguesa, também é uma política de completo alinhamento com o regime, apoiando um dos lados das máfias capitalistas, e não apenas isto, defendendo todos os mecanismos policiais e de inteligência que sobreviveram como um resquício da ditadura militar no País, que promovem a maior ditadura de escutas telefônicas da história, o que é uma ditadura militar ampliada.
Confirma-se outra tese do PCO de que a esquerda da frente popular foi desde o início, com o surgimento do novo partido e do Psol, uma tentativa de criar um step para a crise.
Este plano, no entanto, está paralisado graças a sua própria falência já que o Psol se transforma já em uma ferramenta de direita para políticos burgueses de carreira fugidos dos partidos em crise, e não em mecanismo de controle e de inserção dentre a classe operária.
As eleições marcaram um esgotamento do Psol como partido capaz de canalizar as expectativa da militância progressista nas organizações de massa, evidenciando o seu caráter profundamente direitista, inclusive recebendo dinheiro do grande capital. Este fato é outro sinal da desagregação interna da burguesia.


O papel da classe operária

A crise da frente popular, do governo Lula, que ainda possui pela frente um longo caminho até que sature totalmente seu papel de principal mecanismo de controle da classe trabalhadora, o que vem se dando com a retomada gradual das mobilizações operárias, com um aumento do número de greves. Sua saturação só poderá ser fruto da mobilização independente dos trabalhadores que se avizinha com a crise.
No entanto, mesmo com uma razoável calmaria das mobilizações, o que se mantém apesar de sua que se avizinha uma imensa crise e já se ameaçam no país com inúmeras demissões (vide as montadoras), o regime político capitalista nacional. Há importantes sinais de que a divisão interna da burguesia tende a se precipitar, o que acontecerá sob a pressão das massas.
Esta não é uma crise de passagem mas, como mostra a própria crise econômica, é apenas o começo da crise. A luta econômica e política entre os capitalistas e a classe trabalhadora em meio à crise estará totalmente atrelada à luta política e a necessidade colocar abaixo todo o regime político.

sábado, 29 de novembro de 2008

José Saramago diz que Bíblia é um "desastre", cheia de "maus conselhos".

Durante a sabatina (Folha de São Paulo), ao ser questionado se a doença mudou a sua percepção de Deus, o escritor perguntou "por que mudaria?", acrescentando que foram os médicos e a sua mulher que o salvaram. Veja o trecho no vídeo a seguir.


"Por que precisamos de Deus? Nós o vimos? A Bíblia demorou 2000 anos para ser escrita e foi redigida por homens", disse o escritor. Para ele, a Bíblia é um "desastre", cheia de "maus conselhos, como incestos, matanças". Ele ainda voltou a criticar a Igreja, afirmando que ela inventou o pecado para controlar o corpo humano. "O sonho da Igreja é transformar todos em eunucos, quer dizer, os homens, porque as mulheres não podem ser eunucas".

A bíblia prega o anti-prazer humano, prega a infelicidade entre os seres humanos, a eunucidade humana...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Conflito Permanente - Sul da Ásia: um dos eixos mais importantes na crise da dominação do imperialismo mundial

A convulsão social e política se estende do Oriente Médio até o cordão de países do Sul da Ásia. Os governos do Afeganistão, Paquistão, Índia, Nepal, Butão, Bangladesh e Mianmar enfrentam seus dias mais difíceis e evidenciam a crise política mundial do imperialismo

A invasão do Afeganistão e depois do Iraque pelo imperialismo norte-americano em 2002-2003 e, em particular, o seu fracasso, desencadeou um processo revolucionário que vem levantando a população de todos os países da região e se expande pelos países do Sul Asiático com extrema velocidade.

A atual crise em países como o Paquistão, tem conexão direta com a desestabilização dos regimes do Oriente Médio, e a situação de guerra civil desencadeada a partir da intervenção dirigida pelos EUA, sendo em certa medida um subproduto desta ação. No entanto, os regimes políticos de todos os países do Sul Asiático possuem um eixo próprio de crise e revelam que é impossível sustentar o mito de que a democracia se estabeleceu como regime de paz, estabilidade e prosperidade.

Os governos dos países que constituem o Sul Asiático são todos regimes autoritários e alinhados com o imperialismo norte-americano. A situação social na maioria destes países é calamitosa.

A história de crise de cada país se confunde com a do vizinho e estão entrelaçadas por disputas territoriais e pela divisão imposta de fora, na sua maioria, pelo imperialismo britânico que, para conter a crise que levou à desagregação de sua dominação sobre o baixo Oriente, impôs a divisão dos países à medida de sua conveniência. Os países mais profundamente dependentes do imperialismo norte-americano, hoje, são os que enfrentam as maiores crises.

O único país islâmico que possui armas nucleares, controlado desde 1999 pelo Exército e o general reformado, Pervez Musharraf, que acaba de deixar o poder, atua como uma espécie de regulador da pressão na região, a serviço do imperialismo norte-americano.

O Paquistão é um produto do separatismo islâmico existente no interior da Índia desde o início do século XX e impulsionado pelo imperialismo para dividir a população local desde o início do século e concretizado após crise da segunda guerra mundial, em 1947, com o fim da dominação britânica e a revolução que levou à independência do país.

Desde a década de 1970, o país viu uma sucessão de golpes que derrubaram sucessivamente o primeiro-ministro, Zulfiqar Ali Bhutto - pai de Benazir Bhutto - derrubado e executado pela brutal ditadura do general Zia ul-Haq em 1978-79. O governo militar só se encerrou dez anos depois em um misterioso acidente aéreo que tirou a vida do general, do embaixador norte-americano e de oficiais de alta patente do exército paquistanês.

A filha de Zulfiqar Bhutto, Benazir Bhutto, assumiu o governo após eleições gerais em 1988. Foi demitida do cargo de primeira ministra dois anos depois, sendo substituída por Nawaz Sharif, que iniciou um programa de liberalização da economia e incorporou a lei islâmica, a Shariah, ao código civil do país.

Pressões dos militares fizeram com que tanto o presidente Khan quanto o premiê Sharif abandonassem o governo em 1993. Eleições gerais trouxeram Benazir Bhutto de volta ao governo. Bhutto foi demitida novamente três anos depois, sob acusações de corrupção. No ano seguinte, Nawaz Sharif volta ao poder após as eleições, até ser derrubado novamente em 1999.

Após os atentados de 11 de setembro nos EUA, o governo paquistanês recebeu como missão - sob ameaça de ser bombardeado caso recusasse - a tarefa de combater a organização das milícias tribais ligadas à Al Qaeda na fronteira com o Afeganistão, a região denominada Uaziristão. A ofensiva, no entanto, apenas intensificou os conflitos entre militantes islâmicos e a população se revoltou contra o governo.

Na fronteira com a Índia, a região da Caxemira é outro foco de conflito e a disputa permanente pela posse da região com seu país vizinho funciona como um regulador da tensão entre os dois países mais importantes da região. O conflito pela Caxemira é, de longe, a maior, em extensão, e mais militarizada disputa territorial do mundo, com regiões controladas de facto pela Índia, China e Paquistão. A disputa se concentra em torno de terras entregues pelo Paquistão à China, contestadas pela Índia, e por uma área cercada e militarizada pela Índia para a construção de uma represa no rio Indo.

Em crise, a ditadura de Musharraf se viu pressionada a ceder o poder a um governo dito democrático, ou que não tenha ligações tão evidentes com aparato repressivo odiado pela população. Os EUA não podem prescindir de um governo estável para controlar a situação no país mais importante no Sul asiático, e o descontentamento crescente da população faz com que qualquer que seja a configuração do governo, o principal obstáculo para a dominação do imperialismo e a desestabilização do país é a profunda revolta popular, cuja base é a miséria da população que o governo procura ocultar com seus índices de crescimento e que a guerrilha talibã tende a expressar. Apoiada na insurgência da população miserável, contida violentamente pelo governo atual e impulsionada pela oposição mulçumana contra o governo, a guerrilha oferece uma perspectiva à população revoltada.

domingo, 23 de novembro de 2008

Brasil: País registra diminuição de 221,4 mil vagas oferecidas no mercado de trabalho


Dados do Ministério do Trabalho e do Emprego apresentam forte queda na criação de vagas de emprego em outubro em relação ao mês de setembro, de 282,8 mil para 61,4 mil vagas

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, apresentou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que mostram uma queda no número de vagas de emprego com carteira assinada em outubro em relação a setembro.
A queda foi muito significativa e é um efeito da crise econômica internacional, que vem causando demissões nas principais economias do mundo. Só na Europa já são cerca de 10 mil novos desempregados por dia.
No mês de setembro, foram criadas 282,8 mil vagas de emprego enquanto que em outubro foram registradas pelo Caged a criação de apenas 61,4 mil vagas. Uma queda de 79%.
A enorme queda é mais uma evidência, que o governo quer esconder insistentemente, de que a crise na economia real já chegou ao Brasil e que a partir de agora as demissões farão parte da rotina dos milhões de trabalhadores brasileiros. Os novos dados coincidem com a recente notícia de que somente em São Paulo foram 10 mil desempregados no mês de outubro.
Apesar disso, o governo ainda tenta passar um artificial ar otimista. No próprio site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a notícia é dada da seguinte maneira: “Brasil gerou mais de 2,14 milhões de vagas com carteira assinada até outubro” (Portal do Ministério do Trabalho e Emprego, 20/11/08), uma grotesca manipulação da realidade. A justificativa é que a “diminuição do ritmo” – como o governo prefere chamar a queda – é natural nessa época devido a “motivos sazonais”. A desculpa, no entanto, cai por terra, ao observar que em outubro do ano passado foram criadas 205,2 mil vagas.
Todo o malabarismo do governo não é capaz de esconder a onda de desemprego que o País enfrenta e que vai crescer em 2009 com o maior aprofundamento da crise. O governo e os patrões contam com a ajuda de toda a burocracia sindical que a todo o momento divulga em seus órgãos de imprensa a propaganda enganosa do crescimento brasileiro e da imunidade do Brasil diante da crise.
Toda a campanha visa a confundir os trabalhadores para enfraquecer sua luta contra as demissões em massa que virão. Por desde já toda a classe trabalhadora deve se organizar para enfrentar os ataques dos patrões que tentarão fazer os custos da crise cair sobre suas costas.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A catástrofe econômica chinesa

Recessão vai fechar 9.000 fábricas e colocar 2,7 milhões na rua

Cerca de 9.000 fábricas do sul da China podem fechar as portas com os efeitos da recessão mundial e provocar a demissão de 2,7 milhões de chineses

A tão propalada força da economia Chinesa, um dos sustentáculos da economia mundial dos últimos anos, que para os especialistas econômicos da burguesia estava firme e forte em meio à recessão mundial, está tão frágil quanto os Estados Unidos e a Europa. A queda no consumo nos principais países do mundo já está afetando, como era de se esperar, a economia chinesa provocando o fechamento de dezenas de fábricas e a demissão de milhares de trabalhadores.
As economias dos países atrasados – ditos emergentes –, como Brasil, China, Índia, Rússia é extremamente dependente das exportações para os países imperialistas e a deflação e a recessão mundial tendema promover uma devastação nas contas destes países e nas suas grandes empresas exportadoras.
A redução nas exportações para países estratégicos como Estados Unidos e os países europeus vai fechar um quinto das fábricas da região Sul da China. Serão 9.000 fábricas que vão fechar as portas nas regiões de Donguan, Cantão e Shenzhen. Estas regiões possuem hoje cerca de 45.000 fábricas que trabalham com artigos para exportação. A maioria destas empresas que irão fechar são empresas estrangeiras que atuam em território chinês.
Segundo levantamento feito pelas próprias empresas, houve queda de 30% na demanda por produtos.
Uma importante fábrica de brinquedos que fornecia para a Disney e a Mattel fechou a fábrica nas últimas semanas, a Smart Union, provocando a demissão de milhares de trabalhadores. O fechamento desta fábrica indica que a crise está atingindo grandes empresas e não somente as pequenas manufaturas, como queriam apresentar os analistas econômicos. Uma importante empresa de metalurgia chinesa, a Mansfield Manufacturing, que fornece produtos para carros, impressoras, aparelhos eletrônicos das marcas Epson, Toshiba, Fuji-Xerox, Canon entre outras está temendo a recessão, pois já teve várias encomendas vindas da Europa e do Japão canceladas. A empresa emprega pelo menos 8.500 trabalhadores.
As estimativas são de que o fechamento destas fábricas provocaria a demissão de quase três milhões de trabalhadores chineses, por volta de 2,7 milhões de demissões. Mas há indícios de que o número de fechamento de fábricas e de postos de trabalho seja maior que este.
Claramente a economia chinesa está sofrendo drasticamente os efeitos da crise, o PIB (Produto Interno Bruto) para este ano já foi estimado em 9%, bem abaixo dos 11,8% de 2007. A queda nas exportações mundialmente vai está afetando em cheio a economia chinesa, pois está depende basicamente deste mercado para sobreviver. Os efeitos da recessão na China tendem a ser mais assustadores que em outros países, pois este é o maior país do mundo com mais de um trilhão de habitantes e uma classe operária gigantesca. A recessão vai demitir centenas de milhares de trabalhadores provocando um confronto direto da classe trabalhadora chinesa colocando em cheque o regime burguês no País.
A China, em função de uma mão-de-obra extremamente barata, beirando o trabalho escravo foi um dos sustentáculos do último período de baixa inflação e altíssima especulação financeira, abrindo caminho para os investimentos especiais que constituem a base de toda a enorme engrenagem financeira internacional. Esta situação chegou ao fim e deverá trazer uma maior aprofundamento da crise mundial capitalista.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O próximo capítulo da crise: recessão geral

Não tardou até que o desmoronamento do sistema financeiro internacional se refletisse na chamada “economia real”, ou seja, afetasse diretamente a produção e o emprego. O mundo está em recessão. E esta é a mais generalizada recessão de todos os tempos.

O anúncio da situação falimentar da gigante automobilística norte-americana General Motors, acompanhado do fechamento de unidades de outra gigante, a Ford, além de demissões em outras empresas ao redor do mundo como a japonesa Nissan, deram um sinal claro do esgotamento cada vez mais próximo de todo um ramo da economia.
A GM reivindica algo entre 25 e 50 bilhões de dólares para cobrir o buraco em seu caixa e manter-se em níveis “normais” de operação. Os argumentos contrários a um plano de resgate patrocinado pelo governo norte-americano apareceram ao longo da semana na imprensa especializada. O próprio presidente eleito Barack Obama reuniu-se com George W. Bush a fim de encontrar uma solução para a falência e a conseqüente demissão em massa na empresa.
A falência das três grandes companhias norte-americanas, GM, Ford e Chrysler poria de imediato entre dois e três milhões de trabalhadores na rua, e outros um milhão nas indústrias que estão associadas às montadoras, como autopeças e serviços.
O ocorrido na última semana na Espanha, onde 1.680 trabalhadores foram demitidos da Nissan e em uma manifestação à frente à sede comercial da empresa em Barcelona investiram agressivamente contra o edifício, sendo dispersados pela burocracia sindical enquanto a polícia de choque se manteve dentro do prédio durante toda a manifestação, deu uma mostra do tipo de perigo que os Democratas norte-americanos querem evitar: as demissões e a falência das montadoras colocam em pauta a ocupação das fábricas e o controle operário da produção.


A crise em Detroit


As vendas das montadoras norte-americanas vêm caindo sistematicamente. Perderam 30% em relação ao ano passado em 12 meses consecutivos de queda. A GM teve queda de 45% nas suas vendas, a Chrysler perdeu 35% e a Ford 30%.
Esta última entregou na sexta-feira, dia 7, os números do seu mais recente balanço. São mais de três bilhões de dólares perdidos nas operações do terceiro trimestre deste ano. A GM conseguiu ser ainda pior, perdendo 4,2 bilhões no mesmo período.
Os preços das ações de cada uma das duas companhias também despencaram ao longo do último ano. A GM perdeu 82% do seu valor, enquanto a Ford caiu 70% em 2008.
As comparações entre a situação atual e a crise por que passaram as empresas trinta anos atrás surgiram em praticamente todos os jornais econômicos. A Chrysler foi posta de joelhos pela crise do petróleo no final dos anos 70, quando produzia carros com alto consumo de combustível. Recebeu do governo 1,5 bilhão de dólares, cortou empregos e deu prejuízo a investidores.
A perda de valor das empresas é, na realidade, um ajuste inevitável entre o capital fictício que se criou e a realidade.
Os argumentos contrários a um resgate giram em torno à máxima “Detroit não é Wall Street”, cunhada pelo periódico britânico Financial Times, daqueles que defendem que apenas os banqueiros e especuladores deveriam receber dinheiro do governo por ter uma importância para o funcionamento geral do sistema financeiro, ou mais especificamente, porque poderiam derrubar todo o sistema com a sua queda.
As companhias automobilísticas já são pesadamente subsidiadas há muito pelo governo norte-americano. Com tarifas pesadas impostas à importação de veículos estrangeiros – particularmente os japoneses – subsídios bilionários dados diretamente às empresas norte-americanas, isenções fiscais etc. e apesar de todo o esforço a indústria norte-americana está perdendo espaço (de 41% do mercado em 1985 para 25% hoje). No mesmo período, as ações da GM despencaram e as da Honda e da Toyota subiram 600% e 800% respectivamente.
Atrelada diretamente às oscilações do dólar e dos preços do petróleo, a GM viu uma breve recuperação entre 1997 e 2000, quando o dólar estava caro e os combustíveis baratos.
A situação atual, em meio à maior crise financeira e a incerteza que tomou conta dos mercados internacionalmente, lança sobre as montadoras o temor da falência, enquanto o governo tem muito pouco a fazer. Um subsídio bilionário dado diretamente à produção, ou um empréstimo feito a seus ramos financeiros, todas as medidas que possam ter que consumir os recursos do governo têm sobre si um freio imposto pelo temor de estar colocando o dinheiro em um saco sem fundo.


Desemprego em massa


Como dissemos acima, o receio do governo norte-americano não é propriamente lidar com a falência das três grandes companhias de Detroit que, embora possam representar uma perda considerável para a economia norte-americana – são responsáveis por cerca de 4% do PIB – têm à espera de sua falência outras tantas empresas estrangeiras ansiosas por tomar conta do mercado.
Não será a falta de carros com a “tradição” e o “estilo” norte-americanos o maior dos problemas a ser enfrentado em meio à crise, mas a onda de protestos e manifestações contra as demissões causadas pelas falências que o governo tenta evitar.


A economia européia vem a baixo


Com a economia da Zona do Euro tendo oficialmente entrado em recessão na última semana, com o PIB de 15 países tendo encolhido 0,2% no terceiro trimestre, repetindo o trimestre anterior em função do aperto de crédito, a redução do consumo, investimentos e exportações, o temor de falências e demissões se espalha por praticamente todo o mundo capitalista desenvolvido.
Segundo o Valor Econômico, “a Alemanha, que não teve uma bolha imobiliária e cujos consumidores não exageraram nos gastos a crédito, está se transformando numa das maiores vítimas da desaceleração mundial. Sua economia, a quarta maior do mundo, teve uma contração maior que a esperada, de 0,5%, no terceiro trimestre, depois de uma queda de 0,4% no segundo. As encomendas industriais estão em queda livre, e pesquisas com as empresas mostram que o problema mal começou: o país está diante do que pode ser a sua mais longa recessão desde a fundação da República Federal da Alemanha, em 1948”.
A Alemanha é o país central da economia européia em seu conjunto e vai, com certeza, arrastar os demais países da região, como já se vem aunciando.
Uma avaliação OCDE revela que as 30 economias mais industrializadas do mundo terão crescimento negativo no conjunto.
A recente crise financeira, empurrando para o precipício as empresas e empreendimentos da chamada “economia real”, já deixou mais sombrias as perspectivas para o próximo período. Nos EUA, as montadoras prevêm o fechamento de fábricas, como duas unidades da GM e a demissão de cerca de três mil funcionários. A Ford norte-americana terá demitido ao menos 700 funcionários até o final deste ano.
Na Europa, segundo a própria imprensa capitalista, particularmente no Reino Unido, o nível de desemprego da população é o maior em 16 anos. Somente neste ano, 1,8 milhão de pessoas perderam seus empregos. A taxa cresce a um ritmo de 10 mil novos desempregados por dia. Os anúncios de novas demissões sucedem uns aos outros. Empresas como a British Telecom, Continental, Opel e BMW já anunciaram novas demissões, férias coletivas e o fechamento de fábricas no velho continente até o final do ano. Calcula-se que desemprego dos maiores países industrializados atingirá a marca de 250 milhões de desocupados.
Entre agosto e outubro, o desemprego cresceu sobre uma base de 1,5 mil postos de trabalho fechados por dia. Os números são semelhantes na França, com 1,2 mil demitidos por dia. A Espanha teve 192 mil novos desempregados apenas em outubro. Uma estimativa da Organização Internacional do Trabalho concluiu que pelo menos 20 milhões de pessoas serão diretamente atingidas pela crise até o final do ano que vem. A recessão está varrendo 10 mil postos de trabalho por dia na Europa!
Em oposição aos beatos do capitalismo que diziam que a crise não tinha importância ou era passageira, o mundo revela todo o enorme ataque capitalista às condições de vida das massas e isso nos principais países capitalistas do mundo.
As taxas de desemprego atingem 5,8% no Reino Unido, 7,5% na Zona do Euro e uma perspectiva de que atinja a marca dos 9% em 2009.
No Brasil, a onda de choque desencadeada pela crise nos EUA e na Europa atingiu a indústria paulista causando 10 mil demissões em outubro. A FIESP estimou uma retração de 0,41% nas contratações no último mês, o pior resultado desde 2003. As demissões em outubro contrastam com a situação recorrente de aumento da produção às vésperas das vendas de natal e seguem uma tendência que já se manifestava em setembro.
Como era inevitável, também a General Motors do Brasil fechará postos de trabalho em função da crise que já tomou conta da matriz em Detroit. O Programa de Demissões Voluntárias (PDV) foi anunciado na primeira semana de novembro na unidade de São José dos Campos e em São Caetano do Sul (SP). Sem divulgar, no entanto, quantos pretende demitir, a GM de São José, por exemplo, conta com 9,4 mil funcionários e já teve neste ano três períodos de férias coletivas.
Outras indústrias também já sinalizaram com o fechamento de unidades e possivelmente demissões como “solução” para a crise. O setor de celulose e papel, representado no Brasil por empresas como a Aracruz, Votorantim e Klabin, abaladas pela variação do dólar – a Aracruz perdeu R$ 2 bilhões, a Klabin, mais de R$ 250 milhões – já anunciaram a redução de suas operações e o cancelamento de planos de expansão.


Nova etapa da crise?


Tendo passado pela maior onda de falências de bancos e empresas do sistema financeiro dos últimos tempos, a crise do crédito e o início da recessão e seus impactos sobre a economia real, alguns economistas e políticos burgueses avaliam que o mundo está se aproximando de uma nova etapa da crise, a “terceira etapa” como chamaram, aquela na qual a crise econômica se transforma em crise social.
O receio de que a rapidamente crescente onda de demissões, aliada à incapacidade de sustentação da economia por parte dos bancos centrais, se transforme em cataclismo social se justifica por si próprio. Que capitalista vai querer lidar com multidões enfurecidas pelas demissões, a recessão e uma perspectiva de miséria iminente diante da crise?
Diante da nova etapa, em que a produção começa a ser afetada drasticamente pela crise, o que fica expresso através das inúmeras falências, reestruturações e demissões que tomam conta do panorama, a política dos governos capitalistas continua a mesma: investimento estatal para financiar os prejuízos. Os governos de dois dos três estados mais desenvolvidos do Brasil, em total sintonia com o governo federal, anunciaram uma ajuda financeira de R$ 5,5 bilhões às montadoras.
Os cofres públicos estarão à disposição das multinacionais em meio à crise, mas não há qualquer alternativa capitalista para a população trabalhadora e o crescente desemprego.
A crise avançou de um ramo a outro no mercado financeiro, afetou os bancos e a disponibilidade de crédito comprometendo o funcionamento das empresas e negócios da “economia real”, como previmos inúmeras vezes. Estamos diante do seu desenvolvimento lógico: falências, fábricas fechando, demissões e uma situação de profunda recessão tomando conta da economia mundial. Trata-se de um colapso generalizado que vai atingir todos os ramos da economia capitalista em todos os países.
É importante acrescentar que esta nova onda da crise está atingindo uma economia mundial que não cresce de fato há 30 anos, economias debilitadas pela crise prolongada e massas de trabalhadores que perderam muito nestes 30 anos, como se pode ver pelo brutal agravamento da situação social nos EUA e vários outros exemplos.


Um programa revolucionário diante da crise


Os militantes e organizações do movimento operário e o proletariado em geral devem levantar um programa econômico e político como resposta de classe e revolucionária à crise. Não se trata apenas de lutar por medidas de defesa parcial dos salários ou do emprego, dos quais não se deve abrir mão em nenhuma circunstância, mas colocar esta luta como parte de um programa econômico radical, profundo, que impeça a destruição operada pela ditadura dos banqueiros e aponte uma verdadeira saída para os trabalhadores em todas as questões centrais levantadas pela crise neste momento, um programa de reivindicações transitórias cujo sentido é colocar em pauta a luta pelo governo operário em todos os países e não obter reformas sociais.
Diante dos argumentos insistentes dos capitalistas de que “não há outra solução” e que “todos” (na realidade, a classe operária) devem se sacrificar para salvar o “bem comum” (na verdade, a propriedade capitalista), a classe operária deve lutar para impedir que o peso da crise caia sobre seus ombros na forma do desemprego, do arrocho salarial, da miséria e da fome como querem os que ganharam durante tanto tempo com a sua exploração e, ao contrário, para que sejam os próprios capitalistas que paguem pela sua própria crise.
Os capitalistas devem pagar pela crise que eles mesmos criaram. Neste sentido, a classe operária precisa de um programa que, entre outras coisas, promova o confisco do sistema financeiro privado e a criação de um banco estatal único que coloque sob o controle dos trabalhadores o acesso ao crédito. Da mesma forma, apenas a estatização do comércio exterior e a centralização do câmbio pode por um fim à especulação com a moeda estrangeira e garantir que os subsídios hoje dados aos exportadores possam ser revertidos ao atendimento de necessidades populares como saúde, educação, aposentadoria etc.
Os trabalhadores não devem se intimidar diante da pressão por maior produtividade e das demissões provocadas pela crise financeira. Diante da ameaça do desemprego em massa e das “falências” arquitetadas para preservar as propriedades dos empresários e banqueiros, os trabalhadores devem lutar pela redução da jornada de trabalho e a criação de milhares de novos empregos públicos para atender à demanda da população por serviços essenciais.
Contra as demissões em massa, ocupar as fábricas e colocar a produção sob o controle da classe operária.
É preciso levantar, contra o desemprego e a miséria da superexploração em meio à crise, a palavra-de-ordem de escala móvel das horas de trabalho, ou seja, garantir emprego para todos, aliada à redução da jornada para 35 horas semanais em todos os ramos da produção, com o dia de trabalho de, no máximo, sete horas, sem redução dos salários; eliminar os bancos de horas, os contratos temporários e a terceirização. Embora a economia neste momento caminhe claramente para uma deflação, é preciso diante da instabilidade geral levantar a reivindicação de escala móvel de salários.
A crise econômica tem como conseqüências inevitáveis a inflação, a alta dos preços, que deve ser combatida com a exigência de que os patrões paguem as perdas através de uma escala móvel de salários, reajustados automaticamente de acordo com a inflação. O salário mínimo deve ser o suficiente para atender às necessidades básicas de uma família trabalhadora e não deve ser inferior a R$ 2.500,00.
É preciso colocar na ordem do dia, também, como uma questão central, a expropriação do latifúndio a uma reforma agrária real com a distribuição geral da terra e confisco das grandes empresas agrárias.
Em meio às turbulências que tomaram conta da economia mundial nestes últimos anos, o governo Lula arquitetou, como fiel representante dos interesses do capital estrangeiro no País, um plano para a entrega das riquezas naturais como o petróleo e os recursos da Amazônia às empresas estrangeiras. Estes não devem ter outro destino que não seja a garantia do desenvolvimento nacional e o atendimento das necessidades do povo brasileiro. É preciso estatizar todo o petróleo nacional em todas as etapas de sua produção sob o controle dos trabalhadores, cancelando os leilões e os contratos para exploração das reservas nacionais pelos abutres estrangeiros. Assim como a Cia. Vale do Rio Doce, a Petrobrás deve ser reestatizada e reorganizada de acordo com os interesses da classe operária. São ramos fundamentais da economia do país que devem ser voltados a atender as necessidades do seu desenvolvimento.
Estas medidas, aliadas à suspensão de qualquer pagamento das dívidas externa e interna, o fim das privatizações e o cancelamento das já realizadas sem indenização colocarão um fim à sustentação do parasitismo das economias imperialistas sobre o País e abrirão um caminho para o desenvolvimento, até então bloqueado, da economia nacional.
Somente um governo dos trabalhadores da cidade e do campo pode colocar em funcionamento este programa. Somente a mobilização massiva, consciente de amplos setores da classe operária e dos demais explorados pode sustentar este governo em oposição aos governos dos exploradores do povo nas mãos das organizações e partidos oportunistas da esquerda burguesa e pequeno-burguesa.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mega protesto em Roma contra o governo Berlusconi

Centenas de milhares de pessoas protestaram em Roma contra o governo direitista de Silvio Berlusconi.

O Circus Maximus, no centro de Roma, foi ocupado pela manifestação organizada pelo Partido Democrata no último sábado. Walter Veltroni, líder da oposição qualificada pela imprensa burguesa internacional como sendo de “centro-esquerda” ao governo, assumiu a dianteira no ataque ao governo durante a manifestação, em um discurso no qual criticou a política do governo do social ao econômico.
A manifestação não se dirigia exclusivamente contra nenhuma política do governo. A oposição pretende descontar o revés obtido nas últimas eleições na qual foi esmagada pela maioria formada pela coalizão entre o partido de Berlusconi e os dois principais partidos da direita no Parlamento.
O eixo central da intervenção de Veltroni se dirigiu a criticar o caráter direitista do governo, que segundo o líder do Partido Democrata estaria transformando a Itália “mais fascista” sob o governo Berlusconi.
Veltroni criticou a política segregacionista do governo, que pretende expulsar imigrantes e discriminar as crianças estrangeiras nas escolas. “A Itália, senhor presidente do Conselho de Ministros, é um país antifascista", disse.
A política econômica do governo também foi escrutinizada pela liderança da oposição burguesa: “Há uma crise. Certamente chegará aos Estados Unidos, mas ninguém tem álibi nem desculpa. Principalmente a direita", a qual Veltroni condenou por que esta considera "qualquer regra um obstáculo". "O governo de Berlusconi é totalmente inadequado para enfrentar a crise econômica porque se ocupa apenas de dar conforto aos mais poderosos", disse (EFE, 25/10/2008).
A recente avalanche de medidas direitistas, que ressaltaram o caráter fascista e racista do imperialismo em crise, como as medidas contra a entrada de imigrantes no país, parece ter atingido uma barreira com a resistência da população organizada no protesto no último dia 25.
Reunindo pessoas vindas de todo o país, a oposição chegou a anunciar que teria trazido 2,5 milhões de pessoas. Estimativas da polícia local apontam que 200 mil pessoas teriam se reunido.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Camponeses são atacados por pistoleiros no Município de Redenção

Pistoleiros invadem, torturam e incendeiam barracos de trabalhadores da LCP

O ataque ocorreu no dia 16 de outubro, por volta das sete horas da manhã, quando dez homens encapuzados chegaram o Acampamento Sardinha, organizado na Fazenda Vaca Branca, conhecida também por Fazenda Santa Maria, no Município de Redenção Sul do Pará.
Oito deles entraram no acampamento armados, humilhando os trabalhadores com coronhadas e chutes, e ameaçando de morte os líderes do acampamento. Eles estavam encapuzados e fortemente armados, com pistolas, revolveres e espingardas, dispararam vários tiros, e incendiaram os barracos com tudo o que tinham dentro, inclusive mantimentos e expulsaram as 27 famílias ali presentes. Um dos barracos abrigava três crianças, a mais velha de quatro anos de idade, que foram tiradas às pressas de dentro antes que se queimassem.
Apavoradas, as famílias se refugiaram na cidade de Redenção, na casa de familiares e amigos.
O crime foi comunicado à DECA (Delegacia de Conflitos Agrários), que limitou-se a registrá-lo como ameaça, quando está configurado o porte ilegal de arma, disparos de arma de fogo, incêndio e formação de quadrilha ou bando.
Suspeita-se que o crime tenha sido encomendado pela a fazendeira Maria de Fátima Gomes Ferreira Marques, que já obteve na justiça uma decisão liminar de manutenção de posse, desde o dia 17 de setembro do ano passado.
O Acampamento é formado por aproximadamente 70 famílias que há mais de um ano ocupam a área e esperam por regularização das terras por parte do governo.

Mais trabalhadores enfrentando trabalhadores.

domingo, 19 de outubro de 2008

Fim da farsa - Brasil é um dos mais afetados pela crise financeira.

Ao contrário da "ilha da fantasia" criada pelo governo Lula que apresenta o Brasil a parte da crise financeira, uma pesquisa da BBC coloca o País entre os mais afetados pela crise mundial.

O Brasil não está nem um pouco imune aos efeitos da crise financeira mundial. Muito pelo contrário, é um dos mais afetados, segundo uma pesquisa divulgada pela rede de notícias BBC. Nesta pesquisa, são relacionados os principais países que estão sendo afetados pela hecatombe financeira que tomou conta do mundo há mais de um ano. O Brasil aparece ao lado dos imperialistas, Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Japão etc. A conclusão da pesquisa é óbvia, o Brasil está seriamente ligado às principais economias do mundo e possui um mercado financeiro bastante desenvolvido que não tem como ficar isolado da crise financeira que afeta primordialmente os Estados Unidos e a Europa.
Outros fatores devem ser levados em consideração. A economia brasileira se sustenta na venda de commodities, as quais serão profundamente afetadas pela recessão geral, como já se pode ver na queda dos preços do petróleo que os especuladores abandonam celeremente em busca de outras fontes de lucratividade.
A maioria das empresas e bancos brasileiros está envidada em dólar e, por isso, a escalada incontível do dólar elevará estas dívidas ao ponto de impossibilitar seu pagamento. A subida do dólar, que o governo Lula faz esforços frenéticos para conter, é o resultado inevitável da fuga do capital especulativo, mas também da fuga do capital das próprias empresas brasileiras, que buscam refúgio no exterior ou em outros ativos fora do mercado financeiro.
A situação social do Brasil, elogiada pelos governos, é de uma desigualdade social terrível, ou seja, extremamente vulnerável a qualquer abalo econômico, como, por exemplo, a inflação, tornando o país uma bomba relógio. Este dado também é uma herança dos anos anteriores da crise, onde o povo pagou para empresas falidas não falirem.A situação brasileira é, ao contrário do que apregoa o governo, extremante crítica e exige um programa de emergência para enfrentá-la.

Mercado financeiro

Diante do fato de o Brasil estar participando da crise, é fácil constatar como isso acontece. Um dos primeiros fatores a serem destacados deve ser o mercado financeiro do Brasil. A Bovespa, Bolsa de Valores de São Paulo, é a maior da América Latina e movimenta cerca de 70% de todos os negócios desta região. Com a crise financeira, as ações da Bovespa tiveram queda livre, algumas sendo desvalorizadas mais de 50%. A saída de dólares ultrapassou os US$ 3,5 bilhões até meados de setembro. Esta saída reflete diretamente no funcionamento da Bovespa, pois os recursos estrangeiros correspondem, em média, a 30% de tudo que a bolsa movimenta. Em setembro, por exemplo, os investidores estrangeiros foram responsáveis por 36,6% de tudo o que foi negociado na bolsa paulista.

Queda vertiginosa das commodities

Outro fator que está levando o Brasil para o furacão da crise econômica é a desvalorização dos preços das commodities ou matérias-primas. Isso porque a Bovespa tem um grande número de empresas que trabalham e especulam em torno de commodities. O índice da Bolsa de São Paulo, o Ibovespa, é formado por 48,37% de empresas de matérias-primas agrícolas e metálicas.
Sendo que as empresas de commodities metálicas compõem 42,89% do índice. É praticamente a metade de todos os negócios da Bovespa. Entre as principais, ou mesmo as mais importantes da bolsa brasileira, estão a Vale do Rio Doce, que trabalha, por exemplo, com o minério de ferro, matéria-prima largamente exportada, e a Petrobrás, com o petróleo. Com a desvalorização generalizada das ações destas empresas a bolsa registrou perdas gigantescas no último período, pois as ações da Vale e da Petrobrás correspondem a 33,29% de toda a movimentação do índice Ibovespa. Para se ter uma idéia dos efeitos da crise sobre estas ações, basta saber que nos nove primeiros meses deste ano, os títulos da Vale desvalorizaram 33,74% e os da Petrobrás, 34,45%. O baixo valor das commodites também está afetando a balança comercial do Brasil e que são uma das principais fontes de arrecadação de fundos feita pelo País. Desde o começo do ano, as exportações brasileiras estão em queda, mas apresentam resultados superiores às importações, pois o valor das matérias-primas teve cotação alta durante boa parte do ano. Agora, com a queda brusca dos preços e o agravamento da crise que está diminuindo a produção industrial dos países, como os Estados Unidos e a China, o Brasil exportará menos ainda, com o agravante de que o preço está bem menor.

Empréstimo de dólares

Apesar de não haver crise, como diz o governo Lula, várias medidas já foram tomadas para contê-la. Uma delas é a venda de dólares para o mercado financeiro a fim de impedir a supervalorização da moeda norte-americana que teve um aumento bastante expressivo nas últimas semanas, chegando a valer R$ 2,40. Lula já emprestou, em dólar, mais de US$ 3 bilhões para que o valor da moeda norte-americana baixasse frente ao real, pois assim não afetaria as importações e a alta da inflação. Estes efeitos sentidos estão afetando em cheio a economia brasileira, principalmente no mercado financeiro, mas os problemas também serão direcionados para a indústria, o comércio etc. afetando o desemprego, os aumentos salariais, a inflação, ou seja, o País inteiro.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Belinati (PP) e Hauly (PSDB) disputarão o segundo turno para a prefeitura em Londrina. A tendência das pessoas com quem tenho conversado, e cujas opiniões levo em consideração, é de votar em Hauly sob a alegação de que Belinati não pode ganhar (ou seja, porque ele não merece, porque seria um grande retrocesso político, porque ele é um político desonesto, porque ele é populista, por isso, por aquilo ...).
E Hauly merece ganhar a eleição?
Eu não vejo boas razões naqueles que criticam o voto nulo no segundo turno destas eleições municipais em Londrina.
Votar nulo, a meu ver, deve sempre ser uma escolha feita a partir de ponderações circunstanciais. Não julgo razoável a idéia de voto nulo por princípio. Mas também não acho nem um pouco razoável o repúdio por princípio do voto nulo. Quer dizer, tampouco me parece atraente a tese de que sempre se deve escolher o mal menor, pois do contrário estaríamos sendo coniventes com a eleição do mal maior. De fato, toda eleição permite uma possível escala de indesejabilidade dos candidatos. É possível fazer uma lista de defeitos, vamos supor de 15 defeitos, e perceber que o candidato A tem 14 defeitos, o B 12, o C 9. E, assim, deveríamos votar no candidato C.
O problema, evidentemente, está em saber como deve ser composta esta lista. Quais seriam os 15 defeitos listados? Também precisaríamos de gradações dos defeitos em casos de empate (mas isso poderia ser resolvido). Se a tese for de que sempre devo escolher o mal menor numa eleição, o voto nulo, necessariamente, não teria nenhuma procedência. Ora, eu penso que o voto nulo é procedente, pois ele pode significar a atitude de desprezo das supostas diferenças em benefício da tese de que elas não são realmente diferenças geradoras de um relevante desequilíbrio entre os candidatos. É justamente isso que penso de Hauly e Belinati. Há desequilíbrio entre os dois? Certamente. Hauly é um mal menor que Belinati. Já no primeiro turno acreditava que Hauly era um mal menor que todos os demais candidatos. Mas o que há de relevante nesse desequilíbrio? A meu ver, pouca coisa. Trata-se de dois candidatos que, comparados, não apresentam diferenças substantivas.
Se Belinati ganhar não sofreremos imensas dores, do mesmo modo que se Hauly ganhar, não gozaremos de intensos prazeres. Em outras (e menos hedonistas) palavras, os malefícios com Belinati não serão tão consideráveis e os benefícios com Hauly não serão tão expressivos. E notem que eu não me preocupo com coisas inexistentes como, por exemplo, "o bem de Londrina". Interessa-me os malefícios e benefícios à liberdade dos indivíduos. Hauly possui um grande defeito: ele flerta irresponsavelmente com teses hostis à idéia de um autêntico estado laico. Ele é um papa-hóstias e seu conservadorismo religioso é erva daninha na política.
Se, para a infelicidade geral da nação, Belinati e Hauly fossem candidatos à presidência da república, provavelmente votaria em Hauly. A razão é que nesse caso os danos de uma provável eleição de Belinati seriam muito mais sensíveis do que ele sendo eleito prefeito.

Eu votaria nulo até se os 2 tivessem disputando a presidência...