"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Conflito Permanente - Sul da Ásia: um dos eixos mais importantes na crise da dominação do imperialismo mundial

A convulsão social e política se estende do Oriente Médio até o cordão de países do Sul da Ásia. Os governos do Afeganistão, Paquistão, Índia, Nepal, Butão, Bangladesh e Mianmar enfrentam seus dias mais difíceis e evidenciam a crise política mundial do imperialismo

A invasão do Afeganistão e depois do Iraque pelo imperialismo norte-americano em 2002-2003 e, em particular, o seu fracasso, desencadeou um processo revolucionário que vem levantando a população de todos os países da região e se expande pelos países do Sul Asiático com extrema velocidade.

A atual crise em países como o Paquistão, tem conexão direta com a desestabilização dos regimes do Oriente Médio, e a situação de guerra civil desencadeada a partir da intervenção dirigida pelos EUA, sendo em certa medida um subproduto desta ação. No entanto, os regimes políticos de todos os países do Sul Asiático possuem um eixo próprio de crise e revelam que é impossível sustentar o mito de que a democracia se estabeleceu como regime de paz, estabilidade e prosperidade.

Os governos dos países que constituem o Sul Asiático são todos regimes autoritários e alinhados com o imperialismo norte-americano. A situação social na maioria destes países é calamitosa.

A história de crise de cada país se confunde com a do vizinho e estão entrelaçadas por disputas territoriais e pela divisão imposta de fora, na sua maioria, pelo imperialismo britânico que, para conter a crise que levou à desagregação de sua dominação sobre o baixo Oriente, impôs a divisão dos países à medida de sua conveniência. Os países mais profundamente dependentes do imperialismo norte-americano, hoje, são os que enfrentam as maiores crises.

O único país islâmico que possui armas nucleares, controlado desde 1999 pelo Exército e o general reformado, Pervez Musharraf, que acaba de deixar o poder, atua como uma espécie de regulador da pressão na região, a serviço do imperialismo norte-americano.

O Paquistão é um produto do separatismo islâmico existente no interior da Índia desde o início do século XX e impulsionado pelo imperialismo para dividir a população local desde o início do século e concretizado após crise da segunda guerra mundial, em 1947, com o fim da dominação britânica e a revolução que levou à independência do país.

Desde a década de 1970, o país viu uma sucessão de golpes que derrubaram sucessivamente o primeiro-ministro, Zulfiqar Ali Bhutto - pai de Benazir Bhutto - derrubado e executado pela brutal ditadura do general Zia ul-Haq em 1978-79. O governo militar só se encerrou dez anos depois em um misterioso acidente aéreo que tirou a vida do general, do embaixador norte-americano e de oficiais de alta patente do exército paquistanês.

A filha de Zulfiqar Bhutto, Benazir Bhutto, assumiu o governo após eleições gerais em 1988. Foi demitida do cargo de primeira ministra dois anos depois, sendo substituída por Nawaz Sharif, que iniciou um programa de liberalização da economia e incorporou a lei islâmica, a Shariah, ao código civil do país.

Pressões dos militares fizeram com que tanto o presidente Khan quanto o premiê Sharif abandonassem o governo em 1993. Eleições gerais trouxeram Benazir Bhutto de volta ao governo. Bhutto foi demitida novamente três anos depois, sob acusações de corrupção. No ano seguinte, Nawaz Sharif volta ao poder após as eleições, até ser derrubado novamente em 1999.

Após os atentados de 11 de setembro nos EUA, o governo paquistanês recebeu como missão - sob ameaça de ser bombardeado caso recusasse - a tarefa de combater a organização das milícias tribais ligadas à Al Qaeda na fronteira com o Afeganistão, a região denominada Uaziristão. A ofensiva, no entanto, apenas intensificou os conflitos entre militantes islâmicos e a população se revoltou contra o governo.

Na fronteira com a Índia, a região da Caxemira é outro foco de conflito e a disputa permanente pela posse da região com seu país vizinho funciona como um regulador da tensão entre os dois países mais importantes da região. O conflito pela Caxemira é, de longe, a maior, em extensão, e mais militarizada disputa territorial do mundo, com regiões controladas de facto pela Índia, China e Paquistão. A disputa se concentra em torno de terras entregues pelo Paquistão à China, contestadas pela Índia, e por uma área cercada e militarizada pela Índia para a construção de uma represa no rio Indo.

Em crise, a ditadura de Musharraf se viu pressionada a ceder o poder a um governo dito democrático, ou que não tenha ligações tão evidentes com aparato repressivo odiado pela população. Os EUA não podem prescindir de um governo estável para controlar a situação no país mais importante no Sul asiático, e o descontentamento crescente da população faz com que qualquer que seja a configuração do governo, o principal obstáculo para a dominação do imperialismo e a desestabilização do país é a profunda revolta popular, cuja base é a miséria da população que o governo procura ocultar com seus índices de crescimento e que a guerrilha talibã tende a expressar. Apoiada na insurgência da população miserável, contida violentamente pelo governo atual e impulsionada pela oposição mulçumana contra o governo, a guerrilha oferece uma perspectiva à população revoltada.

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