"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

terça-feira, 29 de junho de 2010

Estado chileno continúa su ofensiva contra el Pueblo Mapuche




Ayer el Diario Austral "golpeó" con una noticia, la posible muerte de un mapuche en "enfrentamiento" con la policía del régimen. El general de la IX Zona de carabineros, Ero Negrón, confirmó que se produjo "un enfrentamiento" entre efectivos policiales y un grupo de comuneros. El guardian de los intereses de la oligarquía señaló además que encontraron abundante sangre humana en el lugar y que también habrían hallado una escopeta y otras especies.

Lo cierto es que esto era mantenido en completo secreto desde la hora de lo ocurrido (04 AM aprox.) y solo lo informan a la prensa cuando se comienza a hablar de lo encontrado en el lugar. Los comuneros se consultan entre si y señalan que no tienen noticias de lo que se señala, que de haber ocurrido algo así, lo darían a conocer. Se habla entonces de un "posible herido grave".

El Estado que dice entonces desconocer la noticia, señala que buscarán averiguar lo que ocurrió y luego se declaran partidarios de la tesis juridico-policial de que "el herido grave" atacó a los policías y que estaba armado, que quizás tenía participación en los hechos ocurridos en la zona ultimamente y que necesitan detenerlo.

Hoy el diario apéndice de El Mercurio no habla de muerto, habla apenas de un herido pero si señala a pagina completa que la CAM está detrás de todo e "informa" a su manera lo expresado por dicha organización en un comunicado recientemente emitido. Hemos sabido que las policías del régimen se encuentran tramitando las ordenes de allanamiento de varias comunidades, hecho que podría volver a repetir las dramaticas imagenes llegadas desde la zona, luego de los últimos operativos policiales.

Recordemos que estos operativos dejaron a varios mapuche, entre ellos muchos niños, heridos con balines, contusos e intoxicados ya que la bestialidad habitual de los agentes (uniformados y de civil) fue extrema. (noticia en desarrollo)

sábado, 26 de junho de 2010

A Copa do Mundo e a romantização da pobreza

O mundo assiste o continente africano sediar pela primeira vez a Copa do Mundo de
futebol. O berço da humanidade, que teve suas riquezas naturais saqueadas, seus homens e mulheres raptados e transformados em escravos-mercadorias, andava esquecido, submersa nas epidemias de AIDS, até que a África do Sul se tornasse palco do maior espetáculo da Terra.

Muitos duvidaram desse feito, inclusive o atrapalhado (com as palavras) Pelé. Em janeiro desse ano, o ônibus da delegação do Togo, que participava da Copa Africana, sofreu um atentado terrorista realizado por uma organização angolana, o que levou muita desconfiança sobre as reais possibilidades da África do Sul sediar um evento desse porte.

Mas hoje a Copa é uma realidade e África do Sul pavimenta uma estrada que será percorrida amanhã pelo Brasil. O mundo parece redescobrir a África, e a mídia trata de romantizá-la, destacando a euforia de seu povo, suas danças típicas, sua fauna exuberante, seus rituais religiosos obscurantistas e suas “harmoniosas” vuvuzelas.

Os responsáveis pela condição de lumpenização do continente africano, onde as populações esperam cair dos céus os mantimentos para sobreviverem mais um dia, são os mesmos que exaltam a riqueza cultural desse povo sofrido. A pobreza aparece como algo abstrato, vindo quase do além, e é na prática varrida para debaixo do tapete. Para quem não sabe, milhares de famílias foram removidas de suas residências e submetidas a condições ainda piores, em casas de lata de 18m², para não estragar a paisagem no percurso entre os aeroportos e os grandes centros.

Muito se falou das greves da construção civil que ameaçaram o levantamento dos novos estádios meses antes do início da Copa, mas não foi divulgado em que condições trabalhavam esses operários. O salário desses trabalhadores era de 4,50 rands, ou R$1,10 por hora! Esses operários que ergueram verdadeiros santuários do futebol ficarão do lado de fora dos estádios, e assistirão às partidas pela televisão. Ao mesmo tempo tão perto e tão longe do show.

O clima passado pelos repórteres estrangeiros é de como se tivessem vivendo uma aventura, um safári onde, a todo momento, esbarram com o exótico povo africano. O regime do Apartheid, de segregação racial e social, abolido oficialmente em 1990, ganhou uma nova roupagem, muito mais amena, pretensamente mais simpática, mas não menos preconceituosa.

Tratam o racismo como um problema do passado. Antes havia banheiros separados para brancos e para negros. Escolas para brancos e escolas para negros. E hoje todos freqüentam os mesmos lugares. Isso é mentira. Os negros continuam guetizados em seus bairros e ocupam os mais baixos estratos sociais. Enquanto a elite, dona das grandes corporações capitalistas, é branca. Isso é um fato.

Sem dúvida, a revolução democrática que colocou abaixo o regime segregacionista do Apartheid foi uma vitória colossal das massas. No entanto, essa revolução que poderia ganhar um conteúdo também social, foi freada e desviada para dentro da institucionalidade burguesa, através da eleição de Nelson Mandela em 1994. Aí está o motivo pelo qual o imperialismo reverencia tanto a figura de Mandela. Ninguém melhor que o líder negro, que esteve preso por mais de 30 anos, que tinha como lema "Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a ação da massa unida e o martelo que é a luta armada devemos esmagar o apartheid!", para pregar a conciliação e a paz entre as classes historicamente antagônicas.

Terminada a Copa da África os olhos se voltarão para o Brasil. 2014 é logo ali. Aí, mais uma vez, a pobreza será relativizada e ganhará a melodia do samba, da “mulata” e do futebol.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A classe operária chinesa começa a se levantar diante da crise


A greves na China se ampliam e o conflito entre trabalhadores e patrões se torna mais intenso. Um dos maiores contingentes operários do mundo reage ao ataque do imperialismo e do governo chinês

Muitas empresas multinacionais estão paradas devido à onda de greves que está acontecendo na China. Uma delas é a japonesa Honda, que com a greve na fábrica chinesa da Denso, fabricante de peças para a montadora japonesa, acabou paralisando a fabricação de carros.

Semana passada, sexta-feira (18), a empresa de veículos Toyota também foi forçada a parar sua montadora por causa de outra greve em uma fábrica de autopeças na cidade de Tianjin.

Já no ano passado, a tentativa do governo de privatizar uma empresa pública, a siderúrgica Tonghua, e de despedir mais de 30.000 funcionários levou mais os operários da fábrica a espancar o diretor-geral da empresa até a morte. A empresa não foi vendida devido à forte pressão dos trabalhadores.

Outro dado que sinaliza a situação de extrema pressão na indústria é o número crescente de suicídios em alguns ramos da produção. É o caso da empresa Foxconn, que fabrica componentes eletrônicos para empresas norte-americanas de informática como a Apple e a Dell, que teve que aumentar os salários de seus funcionários devido ao índice de suicídios. A empresa teve que dar um reajuste de 73% a mais, fazendo com que o salário passasse de US$ 170 para US$ 293 - o que, em termos internacionais, continua sendo um dos menores salários pagos, se comparados com a média dos operários nos EUA ou na Europa e uma fonte decisiva de lucros para as empresas dos países imperialistas.

A crise internacional do capitalismo desviou boa parte da pressão pela produtividade e pela obtenção de lucros na produção industrial para a China. O quadro geral da situação chinesa aponta para a permanente superexploração da mão-de-obra e o crescimento econômico do país, apoiado em grande medida na circulação internacional do capital que encontra aí um terreno fértil para a aplicação na produção industrial. O embate entre a classe operária chinesa e o governo, os capitalistas locais e, principalmente, o imperialismo, está apenas começando.

domingo, 20 de junho de 2010

Obama apela para países em crise continuarem sustentando capitalistas e banqueiros

Com o clara intenção de manter os interesses econômicos da burguesia, o governo Obama suplica para os países em crise para que continuem tirando dinheiro dos cofres públicos para alimentar os bancos e capitalistas falidos



Na última sexta-feira, Barack Obama fez um chamado aos demais países em crise para que não retirassem os programas econômicos de estímulo implantados para conter a crise.

Obama “aconselhou” os países a manterem os planos econômicos, pois a crise ainda não está no fim, "Nós devemos ser flexíveis ao ajustar o ritmo da consolidação e aprender com os erros do passado, quando estímulos foram retirados muito rapidamente, o que resultou em renovadas dificuldades econômicas e recessão" (BBC, 18/6/2010).

O recado foi dado dias antes da reunião do G20 que está marcada para a próxima semana em Toronto, no Canadá. O apelo de Obama se dirige principalmente para as economias européias, que estão muito endividadas.

Obama ainda disse, "Estou comprometido com o restabelecimento da sustentabilidade fiscal nos Estados Unidos e acredito que todos os países do G20 devem implementar planos confiáveis e favoráveis ao crescimento para restaurar a sustentabilidade de suas finanças públicas" (Idem).

O anúncio de Obama veio no mesmo dia de uma visita do diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, à Espanha, um dos países da zona do euro mais endividados e que aprovou recentemente planos de austeridade para diminuir o déficit orçamentário.

Strauss-Kahn disse que a Espanha está no caminho certo para garantir a recuperação econômica. O plano lançado em maio pelo governo espanhol prevê reduzir o déficit dos atuais 11% do PIB para 6% em 2011.

O déficit norte-americano também é gigantesco. No ano fiscal de 2009 chegou a US$ 1,4 trilhão ou R$ 2,5 trilhões, equivalente a quase 10% do PIB dos Estados Unidos, o maior percentual desde a Segunda Guerra Mundial.

O governo dos Estados Unidos está preocupado que ao reduzir o déficit, os países europeus acabem colocando em risco a recuperação global.

Obama ainda reforçou, "Isso significa que devemos reafirmar nosso propósito de garantir as políticas de apoio necessárias para manter o crescimento econômico forte" (idem).

As políticas de apoio que Obama cita são os bilhões de dólares em dinheiro público que vão para banqueiros e capitalistas se safarem da crise econômica.

O objetivo de Obama é, acima de tudo, manter os privilégios da burguesia mesmo diante de uma das maiores crises capitalistas da história.

sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago

O escritor português José Saramago, que morreu nesta sexta-feira aos 87 anos, era conhecido tanto por seu talento literário como por suas visões polêmicas.
Saramago era um comunista ferrenho e seus desafetos incluíam a Igreja Católica, o governo israelense e o ex-presidente americano George W. Bush.
"Eu sou um comunista hormonal, meu corpo contém hormônios que fazem crescer minha barba e outros que me tornam um comunista. Mudar, para quê? Eu ficaria envergonhado, eu não quero me tornar outra pessoa", disse Saramago ao repórter da BBC Alfonso Daniels, em uma entrevista em junho de 2009.
Recentemente, Saramago fez duras críticas ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, a quem se referia como "vômito".
"Na terra da máfia e da Camorra, o quanto é importante o fato provado de que o primeiro-ministro é um delinquente?", perguntou em O Caderno de Saramago, o blog que escrevia no site da Fundação Saramago.
Desafetos
Em 2002, o escritor comparou a situação nos territórios palestinos com o campo de concentração nazista de Auschwitz.
"Nós precisamos tocar todos os sinos do mundo para falar que o que está ocorrendo na Palestina é um crime, e está em nosso poder parar isso", disse ele, quando uma delegação de membros do Parlamento Internacional de Escritores se encontrou com o líder palestino Yasser Arafat em Ramallah.
"Nós podemos comparar (a situação palestina) com o que aconteceu em Auschwitz", disse.
Saramago também teve desentendimentos com o governo de seu próprio país.
Em 1992, ele se mudou em exílio simbólico para as Ilhas Canárias, depois que o governo português bloqueou a nomeação de seu livro O Evangelho segundo Jesus Cristo para um prêmio literário europeu por ser supostamente herético.
"O ser humano inventou Deus e depois escravizou-se a ele", disse o escritor certa vez.
Fim de Portugal
Mais recentemente, em 2007, Saramago causou polêmica ao sugerir que Portugal um dia se tornaria parte da Espanha.
"Eu acho que nós acabaremos integrando", disse ele ao jornal Diário de Notícias, de Lisboa.
Saramago afirmou acreditar que Portugal se tornaria uma província ou região autônoma do país vizinho.
Segundo o escritor, a Espanha provavelmente mudaria de nome e se chamaria Ibéria, mas os portugueses não virariam espanhóis.
As declarações foram amplamente criticadas por outros escritores e pela imprensa portuguesa.
Em outra entrevista, esta ao jornal português Público, o escritor disse também que "como portugueses estamos cansados de viver".
"Se calhar, a nossa missão histórica acabou", afirmou na entrevista.
Pessimismo
Saramago também era conhecido ainda por seu lendário pessimismo.
"Eu sempre fui uma criança séria, melancólica", disse à BBC.
"Eu sempre tendi a ver o lado negro das coisas, eu acho que as pessoas nascem com isso", afirmou, ao ser perguntado se a criação rural poderia ser responsável pelo pessimismo que, segundo ele, estava cada vez maior.
Em abril de 2009, várias das opiniões polêmicas de Saramago foram incluídas no livro O Carderno, uma coletânea de textos publicados por ele em seu blog.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Nanotecnologia – Para melhor ou para pior?

Por HENRIQUE RATTNER

Introdução

A nanotecnologia, neste limiar do século XXI, está sendo aclamada como uma nova revolução tecnológica por uma onda de marketing, inclusive por parte de alguns centros acadêmicos, cuja produção efetiva pouco tem contribuído para um conhecimento mais exato e confiável sobre o tema.

Afinal, o que está se estudando e o que está se fazendo? Quais são as pesquisas em andamento e suas possíveis aplicações industriais? Mais importante ainda, quem faz as pesquisas e com que objetivos? Quem arcará com os custos? Servirão os resultados para a criação de riquezas (de quem, para quem)? Pretende-se seriamente melhorar a qualidade de vida de todos? Não se pretende parar o desenvolvimento da nanotecnologia, mas é preciso levantar algumas questões fundamentais (aliás, extensivas a todas as tecnologias de ponta) sobre suas relações com a equidade social e a qualidade do meio ambiente. Impõe-se, portanto, um processo de avaliação “ex-ante”, baseado no Princípio de Precaução, mesmo porque o quadro de diretrizes existentes referentes à produção, consumo e fiscalização de alimentos, drogas e cosméticos, bem como as condições de segurança nos locais de trabalho e o meio ambiente em geral são considerados insuficientes e a legislação pertinente arrasta-se por anos nas casas legislativas.

À luz das experiências das últimas décadas, convém esboçar um exercício de prospectiva, passando em revista as promessas e os resultados da nova onda tecnológica.

Inovação Tecnológica e bem-estar social

As inovações de maior impacto, nas últimas décadas, foram derivadas indubitavelmente da introdução da microeletrônica e de suas inúmeras aplicações no campo civil e militar. Não falta literatura sobre os aspectos econômicos e técnicos de computadores e microprocessadores e suas inúmeras aplicações em praticamente todos os setores das atividades humanas. As conseqüências sociais, contudo, não têm merecido a mesma atenção dos pesquisadores e os recursos alocados para incentivar pesquisas e análises críticas sempre foram, e continuam sendo, escassos.

Em 1982, foi publicado um outro estudo do Clube de Roma[1], intitulado “Microelectronicas and Society – for better or for worse” que apresentou uma antevisão do futuro próximo e uma análise da realidade, ao focalizar a problemática dos impactos da microeletrônica sobre o trabalho humano, particularmente os efeitos da automação e da robotização.

Análises semelhantes deveriam elaboradas, mas não foram, referentes à introdução da Revolução Verde de Norman Borlaugh, nos anos sessenta, à biotecnologia e à engenharia genética e, mais recentemente, à polêmica sobre o uso de organismos geneticamente modificados e as sementes e os alimentos transgênicos. É possível extrair dos relatórios anuais do PNUD sobre a evolução do IDH – o Índice de Desenvolvimento Humano – um balanço sumário entre ganhadores e perdedores nesse processo. Esses dados mostram que, apesar dos avanços imensos do conhecimento científico e suas aplicações tecnológicas, paradoxalmente, as condições existenciais de um quinto da humanidade que sobrevive com menos de 1US$ por dia não têm melhorado e as perspectivas para os próximos anos não parecem augurar mudanças significativas.

Contrariamente à mídia sensacionalista que ora aponta para a ameaça de “grey goo”- máquinas que se auto-replicam ou, mais recentemente, evocam o espectro do “green goo” – em que a biologia seria utilizada para criar novos materiais e novas formas artificiais de vida, cabe aos cientistas sociais a tarefa de avaliar os potenciais riscos e benefícios da nanotecnologia.

O estado atual da pesquisa científica e tecnológica não permite afirmar se e até que ponto as nanopartículas ou produtos representam uma real ameaça.

É verdade, já existem numerosos produtos e partículas em circulação, sem que tenha havido uma avaliação ex-ante de seus riscos. Tampouco, seus produtores ou comerciantes estão preocupados com o chamado “princípio de precaução”. Mas, produtos baseados em nanotecnologia possuem propriedades que atraem investidores e prometem benefícios – de melhores produtos a novos caminhos de curar doenças – que acabam deixando os riscos associados à introdução de novas tecnologias em segundo plano.

Há, por exemplo, indicações que nanopartículas são quimicamente mais reativas e, por isso, potencialmente mais tóxicas. Entretanto, poucos estudos toxicológicos existem, por enquanto, sobre a matéria.

Estudos sobre nanotecnologia, em nosso meio, estão apenas na fase inicial. Tais como as pesquisas do Instituto de Química da USP, que desenvolve sensores de raios ultravioletas, com base em tecnologias nanoscópicas. Outro projeto procura aperfeiçoar modelos de células fotoquímicas para a produção de energia com estrutura molecular

Na Universidade Federal de São Carlos foi desenvolvida uma combinação de nanopartículas com outros materiais que permitiu o desenvolvimento de um lápis com grafite mais resistente e, ao mesmo tempo, mais macio. O produto acabou sendo adquirido pela multinacional Faber Castell.

Sobre as aplicações da nanotecnologia

O acompanhamento do noticiário sobre os movimentos de investidores – especuladores na área de nanotecnologia evoca até certo ponto o estouro da “bolha” de especulação em novas tecnologias, cotadas na NASDAQ. A corrida atrás de investimentos em companhias de informática fez a fortuna de poucos e a miséria de muitos incautos, seduzidos pelo marketing inescrupuloso das empresas. Embora a nanotecnologia possa ter aplicações múltiplas, da microeletrônica até a medicina, pouco se sabe quando e onde (ou mesmo se) a NT será aproveitada.

Uma empresa de pesquisa, a Nanosys, nos EUA, anunciou que o lançamento de uma oferta pública das suas ações, até o fim de 2004. Entretanto, a empresa ainda não lançou um único produto e suas atuais receitas se restringem a uma verba de US$ 3,1 milhões provenientes de contratos de pesquisa com o governo dos Estados Unidos. A comparação com o lançamento da Netscape, em 1995, não é válido porque esta já contava, no mesmo ano, com 10 a 15 milhões de usuários. Por outro lado, o clima geral da economia norte-americana e as baixas sucessivas nas cotações das bolsas não favorecem o lançamento de um novo ciclo de investimentos especulativos.

Um levantamento sumário nas publicações que circulam sobre nanotecnologia aponta para os seguintes produtos e serviços que já estariam no mercado:

Tecidos resistentes a manchas e que não amassam;

Raquetes e bolas de tênis;

Capeamento de vidros e aplicações antierosão a metais;

Filtros de proteção solar;

Material para proteção (“screening”) contra raios ultravioleta;

Tratamento tópico de herpes e fungos;

Pó antibactéria;

Diversas aplicações na medicina como cateteres, válvulas cardíacas, marca-passo, implantes ortopédicos;

Produtos para limpar materiais tóxicos;

Produtos cosméticos;

Sistemas de filtração do ar e da água.

Mapeando os riscos e as promessas da nanotecnologia

Nanotecnologia se refere a partículas na dimensão de nanômetros (10-9 = 0,000.000.001 m = a um nanômetro, ou, nm). A interação da física clássica com mecânica quântica – facilitou a emergência de outras tecnologias, o que levou à preocupação com NPs produzidas e liberadas (residuais) via tecnologias convencionais (ex. resíduos de combustão suspensos no ar). Por outro lado, alimentam-se grandes expectativas de benefícios para a computação, a medicina, materiais diversos e o meio ambiente, ao combinar conhecimentos de física, química, genética, tecnologias de informação e comunicação e ciências cognitivas com a nanotecnologia. Estimativas variadas sobre os gastos futuros do nanomercado oscilam de US$ 700 bilhões em 2008 e mais de um trilhão, em 2015.

Na discussão de nanotecnologias distingue-se a fabricação controlada de nanosistemas funcionais, ou nanoestruturas de pelo menos 100nm de escala, servindo à fabricação de nanosuperfícies (uma dimensão); de nanotubos (duas dimensões) e de nanopartículas construídas (três dimensões). Distingue-se também as nanopartículas fabricadas de vida curta ou de vida longa como, por exemplo, as drogas.

Uma breve revisão das informações disponíveis chama a atenção para produtos residuais não intencionados (partículas liberadas por combustão) e nanopartículas “livres” que penetram o corpo humano, sedimentando-se em alguns órgãos. Nanopartículas entram no corpo humano via os aparelhos digestivo, respiratório ou pela derme. Uma vez no organismo, as NPs se deslocam por órgãos e tecidos distantes do ponto de entrada e podem transpor as barreiras da circulação do sangue, entrar no cérebro e criar riscos para a saúde (como, exemplo, os vapores de polímeros que causam danos aos pulmões). Por isso, as pesquisas técnicas devem ser acompanhadas por investigações sobre os impactos na sociedade, no meio ambiente e as percepções da sociedade civil sobre os potenciais benefícios e riscos da nova tecnologia.

Hipóteses levantadas sobre as características inéditas da nanotecnologia e que exigiriam medidas de controle e de responsabilidade redobradas, apontam para a INVISIBILIDADE e suas implicações para atividades secretas e bélicas; a MICRO-LOCOMOÇÃO e suas potencialidades para invadir ou superar barreiras, muros e outros obstáculos, inclusive a pele humana e a AUTO-REPLICAÇÃO – o aspecto mais problemático e perigoso que evoca o espectro do “aprendiz feiticeiro”.Essas três características colocam em evidência os desafios de monitoramento, apropriação e propriedade e o controle social da tecnologia.

Quanto ao monitoramento, é de se prever que os dispositivos invisíveis, móveis e autoreplicadores representarão desafios inéditos para a sociedade, questionando-se sobre “o que controlar e por quem devem ser exercidos os controles”. O cidadão comum não será mais capaz de observar todas as atividades relevantes ao seu redor, enquanto as autoridades serão pressionadas de prover assistência e orientação quanto à proteção contra a invasão da privacidade por parte dos produtores ou proprietários da tecnologia.

Aspectos éticos relacionados com processos, e substâncias

Os riscos inerentes na introdução de novas tecnologias exigem um diálogo constante com a sociedade civil – os “stakeholders” que sofrem os riscos, mas nem sempre os benefícios da NT. Outros atores, industriais, cientistas e administradores devem ouvir o público, num sistema de comunicação em duas vias. Entre os diversos problemas nessa área destacam-se as decisões sobre alocação de recursos para P&D e a avaliação de projetos e seu monitoramento. Isto exige a promoção e a explicitação de diálogo sobre a escala de valores e as diferentes opções sociais. Serão exigidos acordos sobre princípios éticos sobre a dignidade humana, autonomia, a obrigação de não ferir e fazer o bem, particularmente nas áreas de saúde e segurança no trabalho, privacidade e preservação do meio ambiente.

Prioritária é a necessidade de avaliar os riscos para aqueles que já estão expostos as NPs e no local onde estão sendo produzidas. A administração dos riscos e suas conseqüências sociais, econômicas e políticas, deve estar estreitamente relacionada com políticas de saúde pública. Haverá necessidade de regulamentação de padrões de exposição, prevenção e intervenção, exigindo medições biomédicas e de engenharia sanitária. Essas seriam as funções de um observatório de nanotecnologia, para orientar as intervenções reguladoras. A adoção do princípio de precaução em face de evidências incompletas e de incerteza quanto aos riscos de conhecimentos científicos incompletos impõe-se para a segurança da população até que se crie um processo compreensivo de regulação da NT.

Face à mobilidade e habilidade de NPs migrar no meio ambiente durante o ciclo de vida e a exposição de seres humanos nos locais de trabalho e no meio ambiente em geral, formulam-se as seguintes recomendações:

Elaborar uma nomenclatura e manuais de serviço para a engenharia de NPs, com testes de toxicologia e aprofundar os conhecimentos científicos, com coleta de dados sobre o tempo de exposição e a resposta necessária;

Estudos toxicológicos e eco-toxicológicos sobre a persistência de NPs livres no meio ambiente e seus impactos no organismo e no cérebro;

Desenvolver instrumentos de medição e métodos de avaliação padronizados; e desenvolver boas práticas referentes à avaliação de riscos para a saúde e o meio ambiente humano;

Criar instituições de monitoramento do desenvolvimento de NT;

Estabelecer um diálogo com o público e a indústria para tomarem parte nos processos decisórios;

Desenvolver diretrizes e padrões para avaliação de riscos da produção e manuseio de NTs e revisão de regulamentação já existente quanto ao registro de produtos de NT e suas propriedades;

Maximizar a contenção de NTs livres, até elaborar uma matriz e procurar eliminar ou minimizar a produção ou liberação de NPs;

O que está em questão?

As principais polêmicas versam sobre o direito da sociedade civil de exercer o controle (governança) da mudança e das inovações tecnológicas; a necessidade de institucionalizar o aprendizado social e a avaliação dos riscos e das oportunidades ao operar em condições de incerteza.

É fundamental a avaliação permanente do papel da nova tecnologia na melhora ou piora da situação social, diminuindo ou aumentando as desigualdades, a exclusão e a degradação do meio ambiente.

Há uma ênfase exagerada, devido a interesses e objetivos comerciais, nos impactos supostamente revolucionários das novas tecnologias, enquanto, na realidade ocorrem avanços apenas incrementais, baseados em áreas solidamente estabelecidas como: semicondutores, ciência coloidal, novos materiais, etc. O que torna necessário estabelecer uma distinção entre ficção científica e extrapolação da evolução provável e possível.

Neste contexto, importa frisar que possíveis avanços viriam juntos com progressos da biotecnologia e da tecnologia da informação, de forma sinérgica e não isoladamente.

Inovação Tecnológica e Desenvolvimento

Analisadas em retrospectiva histórica, ciência e tecnologia constituem apenas meios e instrumentos e não alvos em si mesmas. Sua aplicação e destino, portanto, devem ser objeto de diálogo, comunicação e de interação social permanentes.

Indubitavelmente, uma das funções da ciência é racionalizar o desconhecido. Mas, se neste processo ela for utilizada para impedir a liberdade dos outros, os cientistas sacrificarão a sua própria criatividade, perdendo a visão de conjunto do processo social. Com isso, a autonomia da pesquisa e o potencial libertador inerente aos conhecimentos científicos e tecnológicos também se perdem. Contrariamente às proclamações dos vendedores de processos e equipamentos, a nanotecnologia e suas múltiplas aplicações não são revolucionárias em si. Somente na medida em que forem acompanhadas por mudanças nas relações sociais e culturais poderá a sociedade, como um todo, beneficiar-se das inovações.

Nas últimas décadas, inúmeras inovações tecnológicas foram lançadas nos mercados: microeletrônica, engenharia genética, raio laser, novos materiais, energia fotovoltaica, fibras ópticas e outras, contribuindo para transformar produtos, processos e as atividades econômicas e administrativas. As conseqüências de sua utilização em escala global têm constituído tema de reuniões científicas, debates parlamentares e de decisões políticas. Emprego – desemprego; qualificação – desqualificação da mão de obra; racionalização total – alienação completa dos processos de trabalho; eficiência máxima na administração privada e pública – invasão da privacidade constituem alguns dos aspectos contraditórios e desafiantes das novas tecnologias.

Qual a posição crítica que devemos adotar e transmitir, na medida em que os problemas da política científica e tecnológica se tornem cada vez mais prementes? Não é possível resistir à penetração de inovações tecnológicas na vida moderna sem cair no papel dos Ludditas do início do século XIX. Recusar as mensagens dos mercadores da nanotecnologia não deve conduzir a críticas negativas apenas. Mas, advogar indiscriminadamente a incorporação da nova tecnologia na vida cotidiana não significaria cair na lógica do discurso de seus vendedores? Implícita em suas manifestações está a premissa da inevitabilidade do progresso técnico e de seus benefícios que automaticamente decorreriam para toda a sociedade.

Contrariamente aos tecnocratas embevecidos com as maravilhas das tecnologias de ponta, postulamos que nenhuma posição ou interpretação da realidade é totalmente neutra, se não considerar seus efeitos de exclusão do cidadão comum que a elas não tem acesso. Os homens de negócios e os tecnocratas estão preocupados com a produtividade, o PIB, a balança comercial, a taxa de lucro, que abstraem dos aspectos e características sociais das inovações e de seu contexto. A visão alternativa, preocupada com a solução dos problemas humanos de nossa sociedade destaca o conteúdo do esforço científico–tecnológico e a natureza qualitativa do desenvolvimento. Por isso, indaga sobre os impactos das inovações, além da economia e do comércio internacional, questionando para que serve essa tecnologia? A quem serve e beneficia? E quais os problemas humanos que sua introdução causará ou, possivelmente, intensificará?

Essas perguntas podem parecer ingênuas porque mesmo nos países desenvolvidos as novas tecnologias, inclusive a nanotecnologia, surgiram sem que houvesse decisões democráticas sobre sua introdução, o que permite inferir sobre poderosos interesses econômicos e políticos associados às inovações.

Na análise sobre as relações entre países desenvolvidos e “emergentes”, estas são configuradas em termos de “gap” (fosso) tecnológico que caberia aos retardatários a superar, caso contrário, estariam condenados ao eterno atraso.

A maioria dos analistas, em seu entusiasmo pela nanotecnologia, se limita à apologia dos novos produtos, ignorando os problemas não-técnicos associados à sua introdução nos diversos setores da vida social e econômica. Advogando a inevitabilidade da inovação, infere-se sobre um determinismo tecnológico que reduz o desenvolvimento ao progresso técnico e à estratégia dos negócios. Em vão procuraremos pronunciamentos sobre as relações sociais geradas ou deterioradas pela nova tecnologia. Muitas das tecnologias de ponta surgiram em projetos militares ou em laboratórios de P&D altamente especializados, de propriedade de grandes empresas, o que revela um dos aspectos, raramente comentados das inovações tecnológicas, ou seja, sua estreita associação com grupos de poder.

Embora a maioria dos estudos sobre inovações tecnológicas seja realizada por economistas, é inegável que seus maiores impactos são de natureza social. Mesmo quando alguma menção é feita sobre os impactos na relação emprego – desemprego, esta se concentra nos termos quantitativos, abstraindo das condições de trabalho, dos impactos sobre as emoções e sentimentos dos trabalhadores, enfim, o próprio “sentido” do trabalho para a vida humana.

Abstraindo dos problemas do poder, das relações sociais e das condições de trabalho, a inovação tecnológica passa a ser encarada como elemento preponderante na luta pelos mercados travada pelas grandes corporações que operam no espaço econômico transnacional e no mundo político irreversível. Seguindo esse raciocínio, chega-se à conclusão de nossa impotência diante a inevitabilidade do destino: a tecnologia, as oportunidades e as diretrizes são dadas, as opções foram feitas e seguir na trilha da nova tecnologia seria imperioso e inevitável, sob pena de cairmos ainda mais no abismo do subdesenvolvimento.

Não se pretende impedir o progresso científico e tecnológico, mas cumpre-nos zelar dos riscos à saúde da população e das ameaças ao precário equilíbrio do meio ambiente. Para isso, é preciso deslocar a discussão de princípios abstratos, a favor ou contra, para a análise dos atores sociais e econômicos, comprometidos institucionalmente com a legislação que exige o licenciamento ambiental (EIA/RIMA) para todas as atividades econômicas, sujeitas à análise e avaliação por parte do SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente.

Inovações tecnológicas devem ser não somente tecnicamente possíveis, mas também ambiental e biologicamente seguras, economicamente vantajosas, socialmente benéficas e eticamente aceitáveis. Tudo isso legalmente regulamentado.

Portanto, as boas normas da pesquisa científica e suas aplicações tecnológicas rejeitam os privilégios de poucos e não admitem aberrações jurídicas, visando proteger interesses de minorias econômicas ou acadêmicas das obrigações que regulem a vida de todos os cidadãos. A Lei de Biosegurança deve garantir previsibilidade jurídica e isonomia, ambas condições básicas da ordem jurídica e do Estado democrático.

Ciência e tecnologia não são politicamente neutras; ao contrário, equipamentos e processos de trabalho e a organização dos mesmos estão inextricavelmente ligado às relações sociais de produção.

Em cada contexto histórico, espacial e socialmente determinado, as formas concretas da tecnologia representam determinada combinação de níveis de poder econômico e político centralizado nas mãos dos detentores dos meios de produção e, por outro lado, as aspirações ao poder dos trabalhadores e suas reivindicações, por melhor remuneração, mais autonomia e autogestão. Por isso, práticas tecnológicas refletem as contradições políticas entre a dinâmica da economia (acumulação e concentração do capital) e as tendências opostas do sistema social e político, em direção à democracia e autogestão. Essa tensão dialética estabelece os limites de ciência e tecnologia como instrumentos de mudança social. P&D e a incorporação de seus resultados ao sistema produtivo obedecem primeiramente a critérios econômicos e políticos. Em última análise, o desenvolvimento hipotético da nanotecnologia dependerá não somente do volume de recursos financeiros postos a sua disposição, mas de quem os controla e usa, com que objetivos e valores.

Outro desafio será a definição dos direitos de propriedade, à semelhança do que está acontecendo na área de biotecnologia e da biodiversidade. A introdução de nanomecanismos abrirá uma ampla discussão sobre responsabilidade e controle. Quem será responsável pelo “espaço aberto” e o “território fechado” na escala da nanotecnologia? Além de impor a obrigação de estudar os impactos da nanotecnologia sobre a sociedade, caberia aos cientistas sociais a tarefa de estudar os impactos da sociedade sobre a tecnologia e as normas, instituições, grupos de “stake holders”e seus valores, para definir seus rumos e limites, embora nossa experiência com a energia nuclear, a engenharia genética e o internet não acena com resultados promissores.

Em princípio, as decisões sobre alocação de recursos, investimentos em P&D e desenvolvimento de processos e produtos seriam da alçada da sociedade civil, dos sujeitos potencialmente beneficiários ou em situação de risco. A adoção do “Princípio de Precaução” face às incertezas e riscos decorrentes da aplicação de conhecimentos incompletos seria ditada por um acordo básico sobre os princípios éticos, tais como a preservação da dignidade humana, a autonomia e a obrigação de não ferir e fazer o bem, particularmente nas áreas de saúde e segurança de trabalho e na preservação do meio ambiente. Conforme já explicitado, não podemos subscrever à tese da neutralidade ética das tecnologias e de seus inventores, defendida, entre outros, por J. Mosterín, do Instituto de Filosofia, CSIC, de Madrid. Ao discutir ética e padrões racionais, Mosterín confunde moral e ética, tratando-as como sinônimos. A moral de qualquer sociedade muda e evolui ao longo da historia, mas não os valores éticos comuns a toda a humanidade, tão sagrados como a própria vida. Mesmo os cientistas mais renomados não conseguiram escapar do contexto social e dos valores dominantes em sua época.



Referências Bibliográficas
ANISA Mnyusiwalla et al. Mind the gap: science and ethics in namotechnology in IOP Publishing, U.K. 2003.
FRIEDRICHS, G.; SCHAFF, A. (Org.) Microelectronics and society: for better or for worse - a report to the Club of Rome. Oxford; New York: Pergamon Press, 1982.
Rada, J. The Impact of Microelectronics. Genebra: ILO, 1980.
RATTNER, H. Previsão tecnológica numa era de incerteza. São Paulo: EAESP/FGV, 1984. /Mimeografado/
RATTNER, H. Tecnologia e Sociedade. São Paulo: Brasiliense, 1980.
ETC Group – News Release, 30/06/2004. www.etcgroup.org
MOSTERIN, J. Ethical Implications of Nanotechnology. Madrid: Instituto de Filosofia, 2004. (ETC Group News Release, 30/06/2004)
European Comission – Community Health and Consumer Protection – Nanotechnologies: A Preliminary Risk Analisys on the Basis of a Workshop organized in Brussels, March 1-2, 2004, by the Health and Consumor Directorate of the European Comission.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

África do Sul

Trabalhadores ameaçam fazer greve durante a Copa do Mundo





Os trabalhadores sul-africanos que realizaram importantes greves dias antes do início da Copa do Mundo, comunicaram nesta quinta-feira que pode acontecer uma greve durante o torneio.
Em relação às reivindicações salariais não atendidas, as organizações sindicais do país, publicaram um comunicado que afirma: “É muito lamentável que na véspera de um Mundial as negociações tenham retrocedido a tal ponto que não há mais opção que o combate”(Dgabc, 10/6/2010).
Em relação ao CNA (Congresso Nacional Africano), que rejeitou formalmente a ameaça de uma greve nacional durante a Copa do Mundo, as organizações sindicais afirmaram: “Nós negamos que nos façam chantagem por causa do Mundial”(idem).
As organizações sindicais do país representam 1,3 milhões de funcionários públicos e ameaçam a entrar de greve durante a Copa do Mundo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Limpeza do óleo vai levar anos, diz Guarda Costeira dos EUA


O governo dos EUA afirmou ontem que o trabalho de mitigação dos efeitos do vazamento de óleo na natureza do golfo do México pode levar anos. Como a mancha de petróleo está se desintegrando em muitos pedaços, o óleo ganha a capacidade de se espalhar por uma área maior.

Thad Allen, chefe da Guarda Costeira, resumiu o problema ao dizer que o maior desafio agora é lidar com "a abrangência e a complexidade da desagregação do óleo".

Mesmo que o vazamento de petróleo seja contido em poucas semanas, disse, os trabalhos de retenção da mancha de óleo à deriva no Golfo do México podem durar até o início de dezembro.

A estimativa pessimista foi anunciada num estágio em que a BP já consegue estancar parte do vazamento, canalizando o óleo para navios-tanques através de um sifão instalado na saída do poço.

Como a empresa não dá conta de manejar todo o óleo captado, foi obrigada a deixar brechas no aparato de captação e deixar mais óleo sair. Ontem, cerca de 11 mil barris de petróleo estavam sendo capturados, enquanto algo entre 12 mil e 25 mil barris seguiam vazando.

Allen disse que a única solução definitiva para deter o vazamento são os chamados "furos de alívio" -poços secundários que estão sendo escavados para interceptar e selar o poço vazante.


A BP afirmou ontem que vai substituir a estrutura que está sendo usada agora para capturar o óleo na saída do poço. No início de julho, a empresa deve tentar instalar um aparato mais ajustado para vedar a saída do óleo.

Viúvas de dois dos 11 funcionários da BP buscaram a imprensa ontem para criticar a decisão do presidente Barack Obama de impor um embargo à exploração de petróleo em águas profundas.

"Meu marido tinha grande orgulho de seu emprego, (...) mas o mais importante era ele saber que o trabalho em alto-mar dava a seu filho a vida que ele queria", disse Natalie Roshto, acompanhada de Courtey Kemp, para quem o embargo não pune os verdadeiros responsáveis.

"Peço ao sr. que por favor considere punições mais duras para empresas que escolhem ignorar os padrões de segurança antes que outras famílias sejam destruídas."

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O massacre às portas da Faixa de Gaza - Até onde pode ir a carnificina imperialista?


Mesmo sob a condenação internacional, de governos aliados e adversários, o Estado sionista anunciou que deve atacar um novo comboio alegando que “não permitirá que se rompa o bloqueio à Faixa de Gaza”


Um navio irlandês, previsto para chegar à Faixa de Gaza entre esta terça-feira (dia 1º) e quarta-feira (dia 2), pode ser o novo alvo das forças armadas israelenses.

Segundo o jornal espanhol El País noticiou, um membro do comando militar israelense, Matan Vilnaí, assegurou que o país “não permitirá que se rompa o bloqueio à Gaza” e deve repetir a ação amplamente condenada desta segunda-feira, quando tropas israelenses abordaram um comboio de barcos que carregavam doações de diversos paíes para a região.

Pelo menos 10 pessoas foram mortas (19, segundo outras fontes) e outras 40 ficaram feridas no ataque promovido nesta segunda-feira. Os seis navios que partiram do Chipre foram abordados em águas internacionais. Soldados desceram de helicópteros no maior navio da frota e entraram em combate contra os ativistas dos direitos humanos que acompanhavam o comboio. Os militares começaram a atirar assim que chegaram ao deque do navio, segundo os sobreviventes. Os ativistas procuraram se defender com porretes e o que tinham à mão e foram covardemente assassinados.

A Faixa de Gaza, mantida sob um bloqueio ainda mais intenso desde 2007, quando o Hamas assumiu o poder através das eleições, recebe apenas cerca de 25% dos suprimentos que costumava obter antes. Os navios carregavam cerca de 10 mil toneladas de mercadorias, incluindo material escolar, materiais de construção e dois geradores de eletricidade de grande porte.

A organização Free Gaza (Libertem Gaza), composta de grupos espalhados em diversos países, organizou o envio do comboio por considerar o bloqueio imposto por Israel “ilegal sob a legislação internacional”.

O governo israelense abordou os navios sob o pretexto de impedir que armas e materiais que possam ser utilizados para a fabricação de foguetes caseiros fossem entregues. Israel ofereceu ao comboio a possibilidade de desembarcar em um porto em seu território e entregar os mantimentos que passassem por uma avaliação minuciosa de seus agentes.

O navio irlandês Rachel Corrie, esperado na Faixa de Gaza tanto pelos palestinos quanto pelo governo israelense, que já afirmou estar “preparado” para tratar o novo comboio da mesma forma que o anterior, está levando alimentos, medicamentos, papel e outros gêneros de primeira necessidade.

O imperialismo mundial mostra que não há limites ou escrúpulos no tratamento dispensado ao povo palestino oprimido. O ataque israelense às organizações humanitárias não é motivo de surpresa. Trata-se do desenvolvimento lógico da sua política com relação aos próprios palestinos, tratados como verdadeiros prisioneiros em um campo de concentração.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Praia da Armação, em Florianópolis (SC), está desaparecendo

Praia da Armação, em Florianópolis (SC), está desaparecendo


Atração turística de Florianópolis (SC), a praia da Armação do Pântano Sul está desaparecendo. A faixa de areia, que chegava a 50 metros há dez anos, agora tem menos de oito metros.

A conclusão é de um estudo de Rodrigo Sato, presidente da Associação dos Geólogos de Santa Catarina.

Nas últimas semanas, nem esses oito metros de areia puderam ser vistos. A praia foi completamente coberta com as ressacas, o que expôs as casas de veraneio --comuns na Armação-- à fúria do mar.

Cinco delas foram destruídas e outras 30 sofreram danos, segundo a Defesa Civil.
Sato diz que a origem do problema está na ação humana: a construção de um molhe (barreira de pedras que divide o mar) na foz de um rio da região para proporcionar acesso a uma ilha.

De acordo com o geólogo, desde que a construção foi expandida, há sete anos, a faixa de areia foi desaparecendo num ritmo veloz.

Na praia vizinha, Matadeiro, onde o rio passou a depositar os sedimentos após a construção do molhe, ocorreu o contrário: a faixa está crescendo. "A prefeitura foi avisada sobre a situação, mas nada foi feito", diz Sato.

Ele afirma que a mesma situação começa a ocorrer na praia da Barra da Lagoa, no norte da ilha de Santa Catarina, onde fica Florianópolis: nove construções foram destruídas nas últimas ressacas. Lá, também existe um molhe e a faixa de areia encolheu 50 metros nos últimos 16 anos.

O estudo de Sato se baseou na análise de mapas e fotos da praia da Armação dos últimos 70 anos. A pesquisa foi entregue à Defesa Civil.

Para Sato, o desaparecimento da faixa de areia não se deve às ressacas. "Não é o mar que avança, é a areia da praia que está sumindo", diz.

OUTRO LADO

O secretário de Obras de Florianópolis, José Nilton Alexandre, discorda. "Ele [o molhe] está lá há muitos anos. Ouvimos vários engenheiros que afirmaram coisas diferentes." A prefeitura não sabe quem fez o molhe.

A prioridade, diz, é evitar que a lagoa do Peri, no interior da Armação e que abastece de água 110 mil habitantes, seja contaminada por sal devido ao avanço do mar.

A prefeitura já começou a erguer um muro com 1.750 m de extensão para proteger as casas das ondas. O uso de dragas para engordar a faixa de areia também é cogitado.