"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mega protesto em Roma contra o governo Berlusconi

Centenas de milhares de pessoas protestaram em Roma contra o governo direitista de Silvio Berlusconi.

O Circus Maximus, no centro de Roma, foi ocupado pela manifestação organizada pelo Partido Democrata no último sábado. Walter Veltroni, líder da oposição qualificada pela imprensa burguesa internacional como sendo de “centro-esquerda” ao governo, assumiu a dianteira no ataque ao governo durante a manifestação, em um discurso no qual criticou a política do governo do social ao econômico.
A manifestação não se dirigia exclusivamente contra nenhuma política do governo. A oposição pretende descontar o revés obtido nas últimas eleições na qual foi esmagada pela maioria formada pela coalizão entre o partido de Berlusconi e os dois principais partidos da direita no Parlamento.
O eixo central da intervenção de Veltroni se dirigiu a criticar o caráter direitista do governo, que segundo o líder do Partido Democrata estaria transformando a Itália “mais fascista” sob o governo Berlusconi.
Veltroni criticou a política segregacionista do governo, que pretende expulsar imigrantes e discriminar as crianças estrangeiras nas escolas. “A Itália, senhor presidente do Conselho de Ministros, é um país antifascista", disse.
A política econômica do governo também foi escrutinizada pela liderança da oposição burguesa: “Há uma crise. Certamente chegará aos Estados Unidos, mas ninguém tem álibi nem desculpa. Principalmente a direita", a qual Veltroni condenou por que esta considera "qualquer regra um obstáculo". "O governo de Berlusconi é totalmente inadequado para enfrentar a crise econômica porque se ocupa apenas de dar conforto aos mais poderosos", disse (EFE, 25/10/2008).
A recente avalanche de medidas direitistas, que ressaltaram o caráter fascista e racista do imperialismo em crise, como as medidas contra a entrada de imigrantes no país, parece ter atingido uma barreira com a resistência da população organizada no protesto no último dia 25.
Reunindo pessoas vindas de todo o país, a oposição chegou a anunciar que teria trazido 2,5 milhões de pessoas. Estimativas da polícia local apontam que 200 mil pessoas teriam se reunido.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Camponeses são atacados por pistoleiros no Município de Redenção

Pistoleiros invadem, torturam e incendeiam barracos de trabalhadores da LCP

O ataque ocorreu no dia 16 de outubro, por volta das sete horas da manhã, quando dez homens encapuzados chegaram o Acampamento Sardinha, organizado na Fazenda Vaca Branca, conhecida também por Fazenda Santa Maria, no Município de Redenção Sul do Pará.
Oito deles entraram no acampamento armados, humilhando os trabalhadores com coronhadas e chutes, e ameaçando de morte os líderes do acampamento. Eles estavam encapuzados e fortemente armados, com pistolas, revolveres e espingardas, dispararam vários tiros, e incendiaram os barracos com tudo o que tinham dentro, inclusive mantimentos e expulsaram as 27 famílias ali presentes. Um dos barracos abrigava três crianças, a mais velha de quatro anos de idade, que foram tiradas às pressas de dentro antes que se queimassem.
Apavoradas, as famílias se refugiaram na cidade de Redenção, na casa de familiares e amigos.
O crime foi comunicado à DECA (Delegacia de Conflitos Agrários), que limitou-se a registrá-lo como ameaça, quando está configurado o porte ilegal de arma, disparos de arma de fogo, incêndio e formação de quadrilha ou bando.
Suspeita-se que o crime tenha sido encomendado pela a fazendeira Maria de Fátima Gomes Ferreira Marques, que já obteve na justiça uma decisão liminar de manutenção de posse, desde o dia 17 de setembro do ano passado.
O Acampamento é formado por aproximadamente 70 famílias que há mais de um ano ocupam a área e esperam por regularização das terras por parte do governo.

Mais trabalhadores enfrentando trabalhadores.

domingo, 19 de outubro de 2008

Fim da farsa - Brasil é um dos mais afetados pela crise financeira.

Ao contrário da "ilha da fantasia" criada pelo governo Lula que apresenta o Brasil a parte da crise financeira, uma pesquisa da BBC coloca o País entre os mais afetados pela crise mundial.

O Brasil não está nem um pouco imune aos efeitos da crise financeira mundial. Muito pelo contrário, é um dos mais afetados, segundo uma pesquisa divulgada pela rede de notícias BBC. Nesta pesquisa, são relacionados os principais países que estão sendo afetados pela hecatombe financeira que tomou conta do mundo há mais de um ano. O Brasil aparece ao lado dos imperialistas, Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Japão etc. A conclusão da pesquisa é óbvia, o Brasil está seriamente ligado às principais economias do mundo e possui um mercado financeiro bastante desenvolvido que não tem como ficar isolado da crise financeira que afeta primordialmente os Estados Unidos e a Europa.
Outros fatores devem ser levados em consideração. A economia brasileira se sustenta na venda de commodities, as quais serão profundamente afetadas pela recessão geral, como já se pode ver na queda dos preços do petróleo que os especuladores abandonam celeremente em busca de outras fontes de lucratividade.
A maioria das empresas e bancos brasileiros está envidada em dólar e, por isso, a escalada incontível do dólar elevará estas dívidas ao ponto de impossibilitar seu pagamento. A subida do dólar, que o governo Lula faz esforços frenéticos para conter, é o resultado inevitável da fuga do capital especulativo, mas também da fuga do capital das próprias empresas brasileiras, que buscam refúgio no exterior ou em outros ativos fora do mercado financeiro.
A situação social do Brasil, elogiada pelos governos, é de uma desigualdade social terrível, ou seja, extremamente vulnerável a qualquer abalo econômico, como, por exemplo, a inflação, tornando o país uma bomba relógio. Este dado também é uma herança dos anos anteriores da crise, onde o povo pagou para empresas falidas não falirem.A situação brasileira é, ao contrário do que apregoa o governo, extremante crítica e exige um programa de emergência para enfrentá-la.

Mercado financeiro

Diante do fato de o Brasil estar participando da crise, é fácil constatar como isso acontece. Um dos primeiros fatores a serem destacados deve ser o mercado financeiro do Brasil. A Bovespa, Bolsa de Valores de São Paulo, é a maior da América Latina e movimenta cerca de 70% de todos os negócios desta região. Com a crise financeira, as ações da Bovespa tiveram queda livre, algumas sendo desvalorizadas mais de 50%. A saída de dólares ultrapassou os US$ 3,5 bilhões até meados de setembro. Esta saída reflete diretamente no funcionamento da Bovespa, pois os recursos estrangeiros correspondem, em média, a 30% de tudo que a bolsa movimenta. Em setembro, por exemplo, os investidores estrangeiros foram responsáveis por 36,6% de tudo o que foi negociado na bolsa paulista.

Queda vertiginosa das commodities

Outro fator que está levando o Brasil para o furacão da crise econômica é a desvalorização dos preços das commodities ou matérias-primas. Isso porque a Bovespa tem um grande número de empresas que trabalham e especulam em torno de commodities. O índice da Bolsa de São Paulo, o Ibovespa, é formado por 48,37% de empresas de matérias-primas agrícolas e metálicas.
Sendo que as empresas de commodities metálicas compõem 42,89% do índice. É praticamente a metade de todos os negócios da Bovespa. Entre as principais, ou mesmo as mais importantes da bolsa brasileira, estão a Vale do Rio Doce, que trabalha, por exemplo, com o minério de ferro, matéria-prima largamente exportada, e a Petrobrás, com o petróleo. Com a desvalorização generalizada das ações destas empresas a bolsa registrou perdas gigantescas no último período, pois as ações da Vale e da Petrobrás correspondem a 33,29% de toda a movimentação do índice Ibovespa. Para se ter uma idéia dos efeitos da crise sobre estas ações, basta saber que nos nove primeiros meses deste ano, os títulos da Vale desvalorizaram 33,74% e os da Petrobrás, 34,45%. O baixo valor das commodites também está afetando a balança comercial do Brasil e que são uma das principais fontes de arrecadação de fundos feita pelo País. Desde o começo do ano, as exportações brasileiras estão em queda, mas apresentam resultados superiores às importações, pois o valor das matérias-primas teve cotação alta durante boa parte do ano. Agora, com a queda brusca dos preços e o agravamento da crise que está diminuindo a produção industrial dos países, como os Estados Unidos e a China, o Brasil exportará menos ainda, com o agravante de que o preço está bem menor.

Empréstimo de dólares

Apesar de não haver crise, como diz o governo Lula, várias medidas já foram tomadas para contê-la. Uma delas é a venda de dólares para o mercado financeiro a fim de impedir a supervalorização da moeda norte-americana que teve um aumento bastante expressivo nas últimas semanas, chegando a valer R$ 2,40. Lula já emprestou, em dólar, mais de US$ 3 bilhões para que o valor da moeda norte-americana baixasse frente ao real, pois assim não afetaria as importações e a alta da inflação. Estes efeitos sentidos estão afetando em cheio a economia brasileira, principalmente no mercado financeiro, mas os problemas também serão direcionados para a indústria, o comércio etc. afetando o desemprego, os aumentos salariais, a inflação, ou seja, o País inteiro.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Belinati (PP) e Hauly (PSDB) disputarão o segundo turno para a prefeitura em Londrina. A tendência das pessoas com quem tenho conversado, e cujas opiniões levo em consideração, é de votar em Hauly sob a alegação de que Belinati não pode ganhar (ou seja, porque ele não merece, porque seria um grande retrocesso político, porque ele é um político desonesto, porque ele é populista, por isso, por aquilo ...).
E Hauly merece ganhar a eleição?
Eu não vejo boas razões naqueles que criticam o voto nulo no segundo turno destas eleições municipais em Londrina.
Votar nulo, a meu ver, deve sempre ser uma escolha feita a partir de ponderações circunstanciais. Não julgo razoável a idéia de voto nulo por princípio. Mas também não acho nem um pouco razoável o repúdio por princípio do voto nulo. Quer dizer, tampouco me parece atraente a tese de que sempre se deve escolher o mal menor, pois do contrário estaríamos sendo coniventes com a eleição do mal maior. De fato, toda eleição permite uma possível escala de indesejabilidade dos candidatos. É possível fazer uma lista de defeitos, vamos supor de 15 defeitos, e perceber que o candidato A tem 14 defeitos, o B 12, o C 9. E, assim, deveríamos votar no candidato C.
O problema, evidentemente, está em saber como deve ser composta esta lista. Quais seriam os 15 defeitos listados? Também precisaríamos de gradações dos defeitos em casos de empate (mas isso poderia ser resolvido). Se a tese for de que sempre devo escolher o mal menor numa eleição, o voto nulo, necessariamente, não teria nenhuma procedência. Ora, eu penso que o voto nulo é procedente, pois ele pode significar a atitude de desprezo das supostas diferenças em benefício da tese de que elas não são realmente diferenças geradoras de um relevante desequilíbrio entre os candidatos. É justamente isso que penso de Hauly e Belinati. Há desequilíbrio entre os dois? Certamente. Hauly é um mal menor que Belinati. Já no primeiro turno acreditava que Hauly era um mal menor que todos os demais candidatos. Mas o que há de relevante nesse desequilíbrio? A meu ver, pouca coisa. Trata-se de dois candidatos que, comparados, não apresentam diferenças substantivas.
Se Belinati ganhar não sofreremos imensas dores, do mesmo modo que se Hauly ganhar, não gozaremos de intensos prazeres. Em outras (e menos hedonistas) palavras, os malefícios com Belinati não serão tão consideráveis e os benefícios com Hauly não serão tão expressivos. E notem que eu não me preocupo com coisas inexistentes como, por exemplo, "o bem de Londrina". Interessa-me os malefícios e benefícios à liberdade dos indivíduos. Hauly possui um grande defeito: ele flerta irresponsavelmente com teses hostis à idéia de um autêntico estado laico. Ele é um papa-hóstias e seu conservadorismo religioso é erva daninha na política.
Se, para a infelicidade geral da nação, Belinati e Hauly fossem candidatos à presidência da república, provavelmente votaria em Hauly. A razão é que nesse caso os danos de uma provável eleição de Belinati seriam muito mais sensíveis do que ele sendo eleito prefeito.

Eu votaria nulo até se os 2 tivessem disputando a presidência...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

"Consequências da modernidade"!


Hoje vi uma cena lastimável, produzida por essa sociedade "moderna" capitalista!!!
Uma mulher em frente de casa comendo macarrão que estava no lixo...
Isso já virou rotina faz tempo, mas a cada dia que vejo choca e isso não deve ser ignorado.
Até quando isso vai durar???
Até onde essa sociabilidade vai nos levar???
Estamos no fim!!!
A desgraça está feita!!!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Para compreender a crise financeira.

Mercados internacionais de crédito entraram em colapso e há risco real de uma corrida devastadora aos bancos. Por que o pacote de 700 bilhões de dólares, nos EUA, chegou tarde e é inadequado. Quais as causas da crise, e sua relação com o capitalismo financeirizado e as desigualdades. Há alternativas?


Depois de terem vivido uma segunda-feira de pânico, os mercados financeiros operam, hoje, em meio a muito nervosismo. A bolsa de valores de Tóquio caiu mais 3%, apesar de o Banco do Japão injetar mais 10 bilhões de dólares no sistema bancário. Na Europa, há pequena recuperação das bolsas, diante de rumores sobre uma redução coordenada das taxas de juros, pelos bancos centrais. Em contrapartida, anunciou-se que a situação do Royal Bank os Scotland (RBJ) pode ser crítica — e que outros bancos estariam sob forte pressão.

A crise iniciada há pouco mais de um ano, no setor de empréstimos hipotecários dos Estados Unidos, viveu dois repiques, nos últimos dias. Entre 15 e 16 de setembro, a falência de grandes instituições financeiras norte-americanas [1] deixou claro que a devastação não iria ficar restrita ao setor imobiliário. No início de outubro, começou a disseminar-se a sensação de que o pacote de 700 bilhões de dólares montado pela Casa Branca para tentar o resgate produziria efeitos muito limitados. Concebido segundo a lógica dos próprios mercados (o secretário do Tesouro, Henry Paulson, é um ex-executivo-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs), o conjunto de medidas socorre com dinheiro público as instituições financeiras mais afetadas, mas não assegura que os recursos irriguem a economia, muito menos protege as famílias endividadas.
Deu-se então um colapso nos mercados bancários, que perdura até o momento. Apavoradas com a onda de falências, as instituições financeiras bloquearam a concessão de empréstimos – inclusive entre si mesmas. Este movimento, por sua vez, multiplicou a sensação de insegurança, corroendo o próprio sentido da palavra crédito, base de todo o sistema. A crise alastrou-se dos Estados Unidos para a Europa. Em dois dias, cinco importantes bancos do Velho Continente naufragaram [2].

Muito rapidamente, o terremoto financeiro começou a atingir também a chamada “economia real”. Por falta de financiamento, as vendas de veículos caíram 27% (comparadas com o ano anterior) em setembro, recuando para o nível mais baixo nos últimos 15 anos. Em 3 de outubro, a General Motors brasileira colocou em férias compulsórias os trabalhadores de duas de suas fábricas (que produzem para exportação), num sinal dos enormes riscos de contágio internacional. Diante do risco de recessão profunda, até os preços do petróleo cederam, caindo neste 6/10 a 90 dólares por barril – uma baixa de 10% em apenas uma semana. A tempestade afeta também o setor público. Ao longo da semana, os governantes de diversos condados norte-americanos mostraram-se intranqüilos diante da falta de caixa. O governador da poderosa Califórnia, Arnold Schwazenegger, anunciou em 2 de outubro que não poderia fazer frente ao pagamento de policiais e bombeiros se não obtivesse, do governo federal, um empréstimo imediato de ao menos 7 bilhões de dólares.

Desconfiados da solidez dos bancos, os correntistas podem sacar seus depósitos, o que provocaria nova onda de quebras e devastaria a confiança na própria moeda. Em tempos de globalização, seria “a mãe de todas as corridas contra os bancos”.

Nos últimos dias, alastrou-se o pavor de algo nunca visto, desde 1929: desconfiados da solidez dos bancos, os correntistas poderiam sacar seus depósitos, o que provocaria nova onda de quebras e devastaria a confiança na própria moeda. Em tempos de globalização, seria “a mãe de todas as corridas contra os bancos”, segundo a descreveu o economista Nouriel Roubini, que se tornou conhecido por prever há meses, com notável precisão, todos os desdobramentos da crise atual.

Os primeiros sinais deste enorme desastre já estão visíveis. Em 2 de outubro, o Banco Central (BC) da Irlanda sentiu-se forçado a tranqüilizar o público, anunciando aumento no seguro estatal sobre 100% dos depósitos confiados a seis bancos. Na noite de domingo, foi a vez de o governo alemão tomar atitude semelhante. Mas as medidas foram tomadas de modo descoordenado, porque terminou sem resultados concretos, no fim-de-semana, uma reunião dos “quatro grandes” europeus [3], convocada pelo presidente francês, para buscar ações comuns contra a crise. Teme-se, por isso, que as iniciativas da Irlanda e Alemanha provoquem pressão contra os bancos dos demais países europeus, onde não há a mesma garantia. Além disso, suspeita-se que as autoridades estejam passando um cheque sem fundos. Na Irlanda, o valor total do seguro oferecido pelo BC equivale a mais do dobro do PIB do país...
Também neste caso, os riscos de contágio internacional são enormes. Roubini chama atenção, em especial, para as linhas de crédito no valor de quase 1 trilhão de dólares entre os bancos norte-americanos e instituições de outros países. É por meio deste canal, hoje bloqueado, que o risco de quebradeira bancária se espalha pelo mundo. Mesmo em países menos próximos do epicentro da crise, como o Brasil, as conseqüências já são sentidas. Na semana passada, o Banco Central viu-se obrigado a estimular os grandes bancos, por meio de duas resoluções sucessivas, a comprar as carteiras de crédito dos médios e pequenos – que já enfrentam dificuldades para captar recursos.
Em conseqüência de tantas tensões, as bolsas de valores da Ásia e Europa estão viveram, na segunda-feira (6/10) um dia de quedas abruptas. Na primeira sessão após a aprovação do pacote de resgate norte-americano, Tóquio perdeu 4,2% e Hong Kong, 3,4%. Quedas entre 7% e 9% ocorreram também em Londres, Paris e Frankfurt. Em Moscou, a bolsa despencou 19%. Em todos estes casos, as quedas foram puxadas pelo desabamento das ações de bancos importantes. Em São Paulo, os negócios foram interrompidos duas vezes, quando quedas drásticas acionaram as regras que mandam suspender os negócios em caso de instabilidade extrema. Apesar da intervenção do Banco Central, o dólar chegou a R$ 2,20.

Até o momento, tem prevalecido, entre os governos, uma postura um tanto curiosa: eles abandonam às pressas o discurso da excelência dos mercados, apenas para... desviar rios de dinheiro público às instituições dominantes destes mesmos mercados
A esta altura, todas as análises sérias coincidem em que não é possível prever nem a duração, nem a profundidade, nem as conseqüências da crise. Nos próximos meses, vai se abrir um período de fortes turbulências: econômicas, sociais e políticas. As montanhas de dinheiro despejadas pelos bancos centrais sepultaram, em poucas semanas, um dogma cultuado pelos teóricos neoliberais durante três décadas. Como argumentar, agora, que os mercados são capazes de se auto-regular, e que toda intervenção estatal sobre eles é contra-producente?
Mas, há uma imensa distância entre a queda do dogma e a construção de políticas de sentido inverso. Até o momento, tem prevalecido, entre os governos, uma postura um tanto curiosa: eles abandonam às pressas o discurso da excelência dos mercados, apenas para... desviar rios de dinheiro público às instituições dominantes destes mesmos mercados.

O pacote de 700 bilhões de dólares costurado pela Casa Branca é o exemplo mais acabado deste viés. Nouriel Roubini considerou-o não apenas “injusto”, mas também “ineficaz e ineficiente”. Injusto porque socializa prejuízos, oferecendo dinheiro às instituições financeiras (ao permitir que o Estado assuma seus “títulos podres”) sem assumir, em troca, parte de seu capital. Ineficaz porque, ao não oferecer ajuda às famílias endividadas — e ameaçadas de perder seus imóveis —, deixa intocada a causa do problema (o empobrecimento e perda de capacidade aquisitiva da população), atuando apenas sobre seus efeitos superficiais. Ineficiente porque nada assegura (como estão demonstrando os fatos dos últimos dias) que os bancos, recapitalizados em meio à crise, disponham-se a reabrir as torneiras de crédito que poderiam irrigar a economia. Num artigo para o Financial Times (reproduzido pela Folha de São Paulo), até mesmo o mega-investidor George Soros defendeu ponto-de-vista muito semelhantes, e chegou a desenhar as bases de um plano alternativo.

Outras análises vão além. Num texto publicado há alguns meses no Le Monde Diplomatique, o economista francês François Chesnais chama atenção para algo mais profundo por trás da financeirização e do culto à auto-suficiência dos mercados. Ele mostra que as décadas neoliberais foram marcadas por um enorme aumento na acumulação capitalista e nas desigualdades internacionais. Fenômenos como a automação, a deslocalização das empresas (para países e regiões onde os salários e direitos sociais são mais deprimidos) e a emergência da China e Índia como grandes centros produtivos rebaixaram o poder relativo de compra dos salários. O movimento aprofundou-se quando o mundo empresarial passou a ser regido pela chamada “ditadura dos acionistas”, que leva os administradores a perseguir taxas de lucros cada vez mais altas. O resultado é um enorme abismo entre a a capacidade de produção da economia e o poder de compra das sociedades. Na base da crise financeira estaria, portanto, uma crise de superprodução semelhante às que foram estudadas por Marx, no século retrasado. Ao liquidar os mecanismos de regulação dos mercados e redistribuição de renda introduzidos após a crise de 1929, o capitalismo neoliberal teria reinvocado o fantasma.
Wallerstein vê nos sistemas públicos de Saúde, Educação e Previdência algo que pode ser multiplicado, e que gera relações sociais anti-sistêmicas. Se todos tivermos direito a uma vida digna, quem se preocupará em acumular dinheiro?

Marx via nas crises financeiras os momentos dramáticos em que o proletariado reuniria forças para conquistar o poder e iniciar a construção do socialismo. Tal perspectiva parece distante, 125 anos após sua morte. A China, que se converteu na grande fábrica do mundo, é governada por um partido comunista*. Mas, longe de ameaçarem o capitalismo, tanto os dirigentes quanto o proletariado chinês empenham-se em conquistar um lugar ao sol, na luta por poder e riqueza que a lógica do sistema estimula permanentemente.

Ao invés de disputar poder e riqueza com os capitalistas, não será possível desafiar sua lógica? O sociólogo Immanuel Wallerstein, uma espécie de profeta do declínio norte-americano, defendeu esta hipótese corajosamente no Fórum Social Mundial de 2003 - quando George Bush preparava-se para invadir o Iraque e muitos acreditavam na perenidade do poder imperial dos EUA. Em outro artigo, publicado recentemente no Le Monde Diplomatique Brasil, Wallerstein sugere que a crise tornará o futuro imediato turbulento e perigoso. Mas destaca que certas conquistas sociais das últimas décadas criaram uma perspectiva de democracia ampliada, algo que pode servir de inspiração para caminhar politicamente em meio às tempestades. Refere-se à noção segundo a qual os direitos sociais são um valor mais importante que os lucros e a acumulação privada de riquezas. Vê nos sistemas públicos (e, em muitos países, igualitários) de Saúde, Educação e Previdência algo que pode ser multiplicado, e que gera relações sociais anti-sistêmicas. Se a lógica da garantia universal a uma vida digna puder ser ampliada incessantemente; se todos tivermos direito, por exemplo, a viajar pelo mundo, a sermos produtores culturais independentes e a terapias (anti-)psicanalíticas, quem se preocupará em acumular dinheiro?

O neoliberalismo foi possível porque, no pós-II Guerra, certos pensadores atreveram-se a desafiar os paradigmas reinantes e a pensar uma contra-utopia. Num tempo em que o capitalismo, sob ameaça, estava disposto a fazer grandes concessões, intelectuais como o austríaco Friederich Hayek articularam, na chamada Sociedade Mont Pelerin, a reafirmação dos valores do sistema [4]. Seus objetivos parecem hoje desprezíveis, mas sua coragem foi admirável. Eles demonstraram que há espaço, em todas as épocas, para enfrentar as certezas em vigor e pensar futuros alternativos. Não será o momento de construir um novo pós-capitalismo?*

[1] Em 12/9, o banco de investimentos Lehman Brothers quebrou, depois que as autoridades monetárias recusaram-se a resgatá-lo. No mesmo dia, o Merrill Lynch anunciou sua venda para o Bank of America. Em 15/9, a mega-seguradora AIG (a maior do mundo, até há alguns meses) anunciou que estava insolvente, sendo nacionalizada no dia seguinte com aporte estatal de US$ 85 bilhões
[
2] O Fortis foi semi-nacionalizado pelos governos da Holanda, Bélgica e Luxemburgo. O Dexia recebeu uma injeção de 6,4 bilhões de euros, patrocinada pelos governos da França e Bélgica. O Reino Unido nacionalizou o Bradford & Bingley (especialista em hipotecas), vendendo parte de seus ativos para o espanhol Santander. O Hypo Real Estate segundo maior banco hipotecário alemão entrou numa operação de resgate cujo custo podia chegar a 50 bilhões de euros, mas cujo sucesso ainda não estava assegurado, em 5/9. A Islândia nacionalizou o Glitnir, seu terceiro maior banco
[
3] Alemanha, França, Reino Unido e Itália, os membros europeus do G-8
[
4] Sobre a contra-utopia hayekiana, ler, no Le Monde Diplomatique, “Pensando o Impensável” , de Serge Halimi

*Partido Comunista o cacete!!! Se fosse comunista teria destruído o Estado chinês num processo gradual, pelo contrário, o fortaleceu, e se fosse pelo menos uma tentativa de ações comunistas não aceitaria jornadas de trabalho de 16 horas como acontece com a classe trabalhadora na China e outros problemas mais.

*Sociedade Pós-capitalista????? aiaiai!!
ai forçou!!!!
Ou se constrói outra sociabilidade econômica que não seja a do Capital, ou reforme essas relações econômicas??? Mas uma sociedade pós-capitalisa??? "ta de brincadeira!!!" Como diria um famoso locutor esportivo! rs...
Eu prefiro a primeira opção!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O presidente mais odiado da história dos EUA.


A cinco semanas das eleições, Bush terminará seu mandato com uma marca recorde. Será o presidente norte-americano mais impopular da história dos EUA. Nem mesmo o fracasso no Iraque foi capaz de tamanha revolta contra o governo.


Uma pesquisa realizada conjuntamente entre a rede de TV ABC e o jornal The Washington Post mostram que 70% dos entrevistados não acreditam no presidente, enquanto que apenas 26% o apóiam. Bush está na frente de Harry Truman (67% em 1952) e Richard Nixon (66% em 1974) em termos de rejeição.

Uma semana de crise financeira foi suficiente para derrubar os oito anos de Bush no poder. Nem mesmo o fracasso da ocupação do Iraque foi capaz de tamanho nível de rejeição, uma verdadeira insurgência da população norte-americana contra o pacote de resgate dos bancos falidos. Bush é o principal incentivador do uso do dinheiro público para salvar os maiores magnatas que a humanidade já conheceu. A proposta é tão impopular que causou uma divisão no próprio Partido Republicano, que rejeitou no começo da semana o pacote de US$ 700 bilhões que seriam injetados no mercado financeiro. O maior saque da história seria aplicado para salvar bancos que não têm mais nenhum valor.

O repúdio contra Bush não vêm só dos eleitores, mas também dos governos europeus. A União Européia (UE) defende "um novo New Deal a serviço do desenvolvimento, e não da especulação". O bloco exige também a punição aos responsáveis pelo colapso. "Os líderes mundiais envolvidos na crise têm de dar uma resposta: quem é responsável pelo desastre? E assumir as suas responsabilidades". Uma indireta para Bush? Com certeza.

O colapso financeiro expôs sem nenhum mistério o verdadeiro funcionamento do regime capitalista. Não precisa ser economista ou especialista em algum assunto financeiro para entender que os grandes banqueiros e investidores criaram um governo paralelo mais poderoso do que qualquer Força Militar. Além do mais, esta folia financeira está mergulhada em todo tipo de crime. O FBI (Federal Bureau of Investigation) disse estar investigando 26 bancos envolvidos com corrupção, dentre eles Fannie Mae, Freddie Mac, AIG e Lehman Brothers. Todos falidos.

A maior crise financeira desde a Grande Depressão está levando não só os maiores bancos de investimento à falência, mas o próprio regime político. Mais de três trilhões de dólares evaporaram em apenas uma semana de crise. Estima-se que o roubo causado pelo estouro da bolha financeira ultrapasse os US$ 14 trilhões. Bush quer que o contribuinte norte-americano salve uma corja de parasitas responsáveis pela quebra do capitalismo. Como classifica o economista Paul Krugman, o pacote significa "cash for trash" (dinheiro por lixo).

Bush é a personificação da crise do capitalismo. Seu fracasso é fruto de uma longa política voltada aos interesses das grandes companhias petrolíferas e dos banqueiros. Assim que o mercado caiu, Bush se espatifou junto com ele.