"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

sábado, 30 de abril de 2011

Paraíba: professores da rede estadual decretam greve por tempo indeterminado


Os professores da rede estadual de ensino da Paraíba decidiram, durante uma assembléia geral realizada na tarde desta sexta-feira, (29), entrar em greve por tempo indeterminado.

A decisão foi tomada após inúmeras tentativas de negociação da categoria, todas fracassadas, com o governador Ricardo Coutinho (PSB). A intransigência do governador em negociar com os professores é mais uma demonstração da política criminosa que está sendo imposta pelos governos burgueses.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Paraíba (Sintep), Antônio Arruda, dentre os pontos levantados na pauta de reivindicação da categoria está o cumprimento da Lei do Piso Salarial Nacional dos professores, a realização de eleições diretas nas escolas públicas e o aumento na gratificação dos diretores, isso sem falar no reajuste salarial de 13,73%, o pagamento das gratificações dos servidores que não receberam em janeiro, a nomeação de professores concursados e a realização de novos concursos.

O que fica evidente com todas as greves e paralisações que estão sendo realizadas por inúmeras categorias é que na Paraíba o governo do PSB/DEM/PSDB está impondo um verdadeiro plano de austeridade, aumentando ainda mais a exploração contra a população trabalhadora.


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Um fogo que pode queimar a todos

Os ataques grosseiros contra o povo líbio que adquirem um caráter nazi-fascista podem ser utilizados contra qualquer povo do Terceiro Mundo


Pode-se ou não concordar com as ideias políticas de Khaddhafi, mas a existência da Líbia como Estado independente e membro das Nações Unidas ninguém tem direito a pôr em causa.

Ainda o mundo não chegou ao que, do meu ponto de vista, constitui uma questão elementar para a sobrevivência de nossa espécie: o acesso de todos os povos aos recursos materiais deste planeta. Não existe outro no Sistema Solar que possua as mais elementares condições da vida que conhecemos.

Os próprios Estados Unidos da América sempre tentaram ser um crisol de todas as raças, de todos os credos e de todas as nações: brancas, pretas, amarelas, indígenas e mestiças, sem outras diferenças que não fossem as de amos e escravos, ricos e pobres; mas tudo dentro dos limites da fronteira: ao norte, o Canadá; ao sul, o México; ao Leste, o Atlântico e a oeste, o Pacífico. Alasca, Porto Rico e Havaí eram simples acidentes históricos.

O complicado do assunto é que não se trata de uma nobre vontade dos que lutam por um mundo melhor, o qual é tão digno de respeito como as crenças religiosas dos povos. Bastariam alguns tipos de isótopos radiativos que emanassem do urânio enriquecido consumido pelas plantas termonucleares em quantidades relativamente pequenas ─ visto que não existem na natureza ─ para pôr término à frágil existência da nossa espécie. Manter esses resíduos em volume crescentes, sob sarcófagos de betão armado e aço, é um dos maiores desafios da tecnologia.

Fatos como o acidente de Chernóbil ou o terremoto do Japão têm evidenciado esses riscos mortais.

O tema que desejo abordar hoje não é esse, mas o espanto com que ontem [26] observei, através do programa Dossiê de Walter Martínez, na televisão venezuelana, as imagens fílmicas da reunião entre o chefe do Departamento de Defesa, Robert Gates, e o Ministro de Defesa do Reino Unido, Liam Fox, que visitou os Estados Unidos para discutir a criminosa guerra desatada pela NATO contra a Líbia. Era algo difícil de acreditar, o Ministro inglês ganhou o “Oscar”; era um molho de nervos, estava tenso, falava que nem louco, dava a impressão de que cuspia as palavras.

É claro que primeiro chegou à entrada do Pentágono onde Gates o esperava sorridente. As bandeiras de ambos os países, a do antigo império colonial britânico e a de seu afilhado, o império dos Estados Unidos, tremulavam no alto de ambos os lados enquanto eram entoados os hinos. A mão direita sobre o peito, a saudação militar rigorosa e solene da cerimônia do país hóspede. Foi o ato inicial. Depois penetraram os dois ministros no edifício norte-americano da Defesa. Supõe-se que falaram longamente, pelas imagens que vi quando regressavam cada um deles com um discurso em suas mãos, sem dúvida, previamente elaborado.

O contexto de todo esse cenário estava constituído pelo pessoal uniformizado. Do ângulo esquerdo via-se um jovem militar alto, magro, ao que parece rubro, cabeça rapada, boné com pala preta embutida quase até o pescoço, apresentando fuzil com baioneta, que não piscava nem se via respirar, como estampa de um soldado disposto a disparar uma bala do fuzil ou um míssil nuclear com a capacidade destruidora de 100 mil toneladas de TNT. Gates falou com o sorriso e a naturalidade de um dono. O inglês, no entanto, fê-lo da forma que expliquei.

Poucas vezes vi algo mais horrível; exibia ódio, frustração, fúria e uma linguagem ameaçadora contra o líder líbio, exigindo sua rendição incondicional. Via-se-lhe indignado porque os aviões da poderosa NATO não tinham conseguido dobrar em 72 horas a resistência líbia.

Só lhe restava exclamar: “lágrimas, suor e sangue”, como Winston Churchill quando calculava o preço a pagar por seu país na luta contra os aviões nazis. Neste caso o papel nazi-fascista o está fazendo a NATO com seus milhares de missões de bombardeamento com os aviões mais modernos que o mundo tem conhecido.

O cúmulo foi a decisão do Governo dos Estados Unidos autorizando o emprego dos aviões sem piloto para matar homens, mulheres e crianças líbios, como no Afeganistão, a milhares de quilômetros da Europa Ocidental, mas desta vez contra um povo árabe e africano, perante os olhos de centenas de milhões de europeus e nada menos do que em nome da Organização das Nações Unidas.

O Primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, declarou ontem que esses atos de guerra eram ilegais e ultrapassavam o marco dos acordos do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Os ataques grosseiros contra o povo líbio que adquirem um caráter nazi-fascista podem ser utilizados contra qualquer povo do Terceiro Mundo.

Realmente me espanta a resistência que a Líbia tem oferecido.

Agora essa belicosa organização depende de Khaddhafi. Se ele resistir e não acata suas exigências, passará à história como um dos grandes personagens dos países árabes.

A NATO atiça um fogo que pode queimar a todos!

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Segundo o FMI e o Banco Mundial, podemos estar à beira de uma crise capitalista ainda mais profunda

Ao final das reuniões de Primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que aconteceram no último domingo, em Washington, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, declarou que a economia global está a “apenas um choque de uma crise completa”, que poderia ser detonada pelo aumento dos preços dos alimentos, “a principal ameaça às nações mais pobres”. O director-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, afirmou que os elevados níveis de desemprego entre os jovens pode “se transformar numa sentença perpétua, havendo a possibilidade real de uma geração perdida”.

Na América Latina, a pressão inflacionária tem aumentado sensivelmente. Segundo relatório da semana passada do Banco HSBC, a Venezuela deverá ter uma inflação de 30,4% em 2011, a Argentina de 24,8% e o Uruguai de 9%. Em relação ao Brasil, a previsão é que o índice de preços ao consumidor (IPCA) fique acima dos 6%, e confirma a medição feita pelo governo em abril que previa uma inflação anual de 6,44%.


Segurança espanca cliente negro nas Lojas Americanas

No último sábado (23), o vigilante Márcio Antonio de Souza foi espancado por um segurança das Lojas Americanas, em Campo Grande (MS), acusado de furtar um ovo de chocolate, comprado em outra loja. Segundo relato da vítima ao site Midiamaxnews, o agressor não pediu a nota fiscal do produto e começou a agredi-lo depois de dizer “você é um ladrão e merece apanhar”.

Marcio garante ter sido alertado por outro segurança a correr, pois “o agressor era violento e lutador de Jiu-jitsu” e poderia matá-lo. As agressões provocaram uma fratura no nariz, ferimentos no olho, além de lesões nos lábios e no maxilar, conforme laudo do Instituto Médico Legal (IML). Marcio será submetido a uma cirurgia para reparar os ferimentos.

Em entrevista à agência de notícias Afropress, o irmão da vítima assegura que a agressão foi motivada por racismo. A unidade das Lojas Americanas não registrou nenhuma ocorrência de furto.

O caso será investigado pela Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário de Campo Grande, que deve instaurar inquérito para apurar os crimes de racismo, lesão corporal, tortura, ameaça e calúnia.

Em 2009, o vigilante Januário Alves de Santana foi torturado por seguranças depois de ser tomado por suspeito de roubo do seu próprio carro numa loja dos supermercados Carrefour, em Osasco (SP). A vítima foi indenizada por danos morais e materiais. Os agressores foram enquadrados pelo crime de tortura, motivada por discriminação racial, medida inédita no Brasil.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Jirau: quatro mil demissões com aval da burocracia sindical

Depois dos conflitos e conseqüente greve dos trabalhadores do canteiro de obras da construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, a maior obra em andamento no país, o consórcio responsável anunciou a demissão de mais de quatro mil operários da construção civil.

O STTICERO (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Rondônia) recebeu um comunicado oficial da construtora Camargo Corrêa anunciando as quatro mil demissões após os conflitos entre trabalhadores e empresa. Afirma ainda que não haverá a reconstrução dos alojamentos destruídos durante os conflitos em abril.

Com o conflito, o consórcio responsável paralisou todas as atividades e retirou todos os trabalhadores do canteiro de obras, na maior operação já realizada na retirada de trabalhadores por uma empresa privada. Os trabalhadores foram pulverizados nas cidades próximas a obra e a maioria foi enviada aos seus estados de origem tudo custeado pelas empreiteiras. Segundo o presidente da Camargo Corrêa foram gastos mais de 18 milhões de reais para evacuar o canteiro de obras e 300 funcionários da empreiteira. Em entrevista a Revista Isto É Dinheiro o Presidente da Camargo Corrêa, Antonio Miguel Marques contratou 300 ônibus da região e devido a escassez de mais ônibus houve contratações em Brasília, Goiânia e Cuiabá. 12 vôos foram fretados para enviar os trabalhadores a seus estados de origem. Tudo para evitar um agravamento do conflito.

Os trabalhadores foram enganados pela empreiteira, pois antes dos trabalhadores viajarem o consórcio afirmou que não seriam demitidos e retornariam as suas atividades quando retomadas as obras. Uma medida de cautela da empresa para não haver uma revolta ainda maior dos trabalhadores.

As demissões vão atingir quase um terço dos trabalhadores da empreiteira Camargo Corrêa que possui cerca de 16 mil trabalhadores no canteiro de obras, pois os 4 mil trabalhadores demitidos são funcionários desta.

Afirmam que as demissões ocorrem devido ao excesso de contratações realizadas pela Camargo Corrêa, andamento das obras que teriam uma redução natural de trabalhadores e, mais absurdo ainda, que após os conflitos muitos trabalhadores não querem retornar ao trabalho.

A retirada de todos os trabalhadores do canteiro de obras e o posterior envio destes a seus estados e cidades de origem, dispersando a luta e a organização, foi realizada de maneira consciente para posteriormente demitir os trabalhadores, principalmente os que vêm participando das manifestações e greves.


Demissões com aval da burocracia sindical


A burocracia sindical, controlada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) representada pelo STTICERO e CONTICOM (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira) e pela Força Sindical, tinha consciência das demissões e nada fez. O que ocorreu foi justamente o contrário, o cinismo foi tanto que houve afirmações que as demissões eram necessárias e que a empresa tem o direito de demitir.

"A estimativa que a empresa nos passou é que serão demitidos quatro mil. Como eles já tinham adiantado bastante a parte inicial da obra os desligamentos são até naturais", disse o coordenador da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira, Cláudio da Silva Gomes.

“O sindicato é contra qualquer tipo de demissão, mas é direito da empresa fazer essa redução”, afirmou o coordenador.

O STTICERO afirmou que aceitou as dispensas, porque a obra estava "muito inchada".

A burocracia sindical para garantir a continuidade das obras atua sistematicamente contra os trabalhadores em favor do governo e das empreiteiras.

Se depender da burocracia sindical as demissões vão ocorrer sem nenhuma luta e será enterrada toda a conquista dos trabalhadores durante esse período.

As demissões são uma manobra bem planejada entre empresa, governo e burocracia sindical para atacar os trabalhadores e reiniciar as obras da usina.

Não se deve ter nenhuma ilusão na burocracia que controla os sindicatos e que, utilizando as organizações dos trabalhadores para controlar e neutralizar a luta dos operários de Jirau, está atrelada ao governo do PT que está esfolando a classe operária para aumentar o lucro das empreiteiras.

Os trabalhadores devem se organizar de maneira independente da burocracia sindical e retornar ao canteiro de obras para continuar as manifestações contra as demissões e a conquista de suas reivindicações.

Não às demissões dos operários da construção civil de jirau. Pela ocupação do canteiro de obras pelos trabalhadores até o atendimento de todas as suas reivindicações.

terça-feira, 26 de abril de 2011

ONU acusa Brasil de desalojar pessoas à força por Copa e Olimpíada

A relatora especial da ONU para a Moradia Adequada, Raquel Rolnik, acusou nesta terça-feira as autoridades de várias cidades-sede da Copa do Mundo e do Rio de Janeiro, que receberá a Olimpíada de 2016, de praticar desalojamentos e deslocamentos forçados que poderiam constituir violações dos direitos humanos.

"Estou particularmente preocupada com o que parece ser um padrão de atuação, de falta de transparência e de consulta, de falta de diálogo, de falta de negociação justa e de participação das comunidades afetadas em processos de desalojamentos executados ou planejados em conexão com a Copa e os Jogos Olímpicos", avaliou.

Raquel destacou que os casos denunciados se produziram em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Natal e Fortaleza.

A relatora explicou que já foram feitos múltiplos despejos de inquilinos sem que se tenha dado às famílias tempo para propor e discutir alternativas.

"Foi dada insuficiente atenção ao acesso às infraestruturas, serviços e meios de subsistência nos lugares onde essas pessoas foram realojadas", afirmou Raquel.

"Também estou muito preocupada com a pouca compensação oferecida às comunidades afetadas, o que é ainda mais grave dado o aumento do valor dos terrenos nos lugares onde se construirá para estes eventos", acrescentou a relatora.

Raquel citou vários exemplos, como o de São Paulo, onde "milhares de famílias já foram evacuadas por conta do projeto conhecido como 'Água Espraiada', onde outras 10 mil estão enfrentando o mesmo destino".

"Com a atual falta de diálogo, negociação e participação genuína na elaboração e implementação dos projetos para a Copa e as Olimpíadas, as autoridades de todos os níveis deveriam parar os desalojamentos planejados até que o diálogo e a negociação possam ser assegurados".

Além disso, a relatora solicitou ao Governo Federal que adote um "Plano de Legado" para garantir que os eventos esportivos tenham um impacto social e ambiental positivo e que sejam evitadas as violações dos direitos humanos, incluindo o direito a um alojamento digno.

"Isto é um requerimento fundamental para garantir que estes dois megaeventos promovam o respeito pelos direitos humanos e deixam um legado positivo no Brasil", finalizou.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

FMI exige mais cortes aos países do BRIC

O FMI (Fundo Monetário Internacional) fez um novo “alerta” para os chamados países “emergentes”, os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), exigindo que os países não gastem mais que o necessário e orientando novos gastos públicos.

Segundo o relatório divulgado pelo FMI, “as economias emergentes devem resistir à tentação de aproveitar os ventos favoráveis no curto prazo para aumentar os gastos e optar por reconstituir suas reservas fiscais” (BBC, 12/4/2011). O FMI quer conter os gastos para que estes países aumentem os fundos que eventualmente possam ser usados para socorrer capitalistas e especuladores da crise econômica.

O fundo diz que mesmo com um certo alívio nos déficits fiscais das economias destes países os gastos devem ser evitados, ou seja, deve-se gastar menos e cortar mais. Ressalta ainda o fato de que os países do BRIC estão em uma posição melhor devido ao grande volume de exportações de commodities e os elevados preços desta categoria de produtos e também pela grande entrada de investimentos estrangeiros no País. Esta situação pode ser rapidamente revertida criando bolhas financeiras que afundariam as economias destes países.

Na China e no Brasil, por exemplo, a vasta disponibilidade de crédito para empréstimo nos bancos provocou um verdadeiro “boom” no mercado imobiliário destes países e criou as condições para o surgimento de uma bolha financeira neste setor. Prevendo o desenvolvimento desta bolha, o governo chinês já reduziu a disponibilidade de crédito e implantou outras medidas para evitar o aumento do consumo. No Brasil, o Ministério da Fazenda está adotando medidas semelhantes para inibir os empréstimos e frear a corrida ao crédito imobiliário. Estas medidas estão na verdade contendo a produção nestes países e levando estas economias à estagnação.

Cortes nos gastos públicos

Uma das recomendações do FMI é diminuir os gastos públicos para diminuir o endividamento dos países de capitalismo atrasado que compõem o BRIC. Para realizar estes cortes a indicação do FMI é diminuir os gastos principalmente com aposentadoria e na área da saúde.

Este é o verdadeiro sentido desta política apresentada pelo FMI, deixar que a crise seja paga pelos mais pobres, por países como o Brasil e China que já possuem os mais baixos salários de todo o mundo e que possuem um dos piores serviços públicos do mundo. Resumidamente, o recado do FMI é a imediata implantação de planos de austeridade nestes países.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Brasil e toda América Latina na mira da inflação


Não é só o Brasil que está passando por uma tendência inflacionária, mas a maioria dos países da América Latina. O FMI (Fundo Monetário Internacional) publicou um relatório que diz "as condições geralmente esperançosas estão associadas a uma inflação crescente na América do Sul e Central. Por outro lado, o México não está enfrentando pressão de superaquecimento desta vez" (EFE, 11/4/2011). As estimativas são de que média inflacionária nos países da América Latina e Caribe seja de 6,7% este ano.

Um dos causadores da inflação é o grande fluxo de investimentos estrangeiros que os países latino-americanos estão recebendo nos últimos anos. Estes estímulos têm causado uma oferta maior do crédito e conseqüentemente um consumo maior por parte dos trabalhadores o que está deixando o mercado superaquecido, o que significa maior demanda por produção.

Este movimento está fazendo a inflação subir gradativamente e preocupando o governo, pois com alta inflação a crise econômica e social tende a se agravar rapidamente.

Segundo o relatório, "por exemplo, o crescimento real de crédito no Brasil e na Colômbia está aumentando de 10% a 20% ao ano, de acordo com os dados mais recentes. Além disso, o crédito per capita no Brasil quase dobrou nos últimos cinco anos." (idem).

As medidas adotadas no Brasil pelo Banco Central brasileiro para conter o avanço da inflação também foram utilizadas pelos demais Bancos Centrais da América do Sul que têm elevado as taxas de juros nos últimos meses para combater as crescentes pressões de preços. Um exemplo é a a taxa básica de juros brasileira que está atualmente em 11,75%.

O aumento do crédito ao consumidor por meio de empréstimo cresceu tanto no Brasil que duplicou nos últimos cinco anos. Além do altíssimo volume de empréstimos realizados, o relatório acusa o aumento das commodities como o principal fator para elevação da inflação nos países sulamericanos, pois a exportação e a importação de matérias-primas nestes países são grandes. Na América do Sul os países com maior taxa de inflação, além do Brasil são o Paraguai, Bolívia e Chile.

Depois dos tempos de “fartura”, com muito dinheiro disponível para empréstimos e gastos diversos, agora os governos latino-americanos estão fechando o cerco e estrangulando as economias para não irem à bancarrota total.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Militares querem que novela sobre ditadura no Brasil saia do ar

A novela “Amor e Revolução”, que estreou na última terça-feira (05) no SBT, é alvo de abaixo-assinado promovido por militares que são contra sua exibição. O programa tem o período da ditadura militar no Brasil (1964-1985) em sua trama central e mostra cenas de tortura e perseguição aos militantes políticos da época.

A manifestação contrária à novela foi organizada através de um portal dos militares na internet (www.militar.com.br). No texto do abaixo-assinado aparece a acusação de que o Governo Federal participa de um acordo com o dono do SBT, Sílvio Santos, para exibir a novela. Em troca, o empresário teria a quitação das dívidas do “Banco Panamericano”, que é de sua posse.

Segundo a integrante da diretoria do Grupo Tortura Nunca Mais, Elizabeth Silveira Silva, ações como esta demonstram a tentativa de impedir a busca pela verdade desse período.

“Na realidade eles não querem que tenha divulgação de nada. Assim como eles não abrem os arquivos, exatamente para que essa história não seja contada, eles ficam tentando que essa história verdadeira não venha a público. Mesmo que seja uma novela, que não é um documento, mas apenas um folhetim que aborda essa questão”.

O abaixo-assinado foi proposto por um membro da diretoria da Associação Beneficente dos Militares Inativos da Aeronáutica (ABMIGAer). Ele se destina a procuradores da República do Distrito Federal, solicitando deferimento em caráter urgentíssimo.

O autor da novela, Tiago Santiago, deu declarações sobre a iniciativa, que em sua opinião é “despropositada”. Ele também disse que se recusa a mudar a história do programa em favor de “criminosos, torturadores e assassinos”.

Correios franceses demitiram mais de 11 mil trabalhadores em 2010

Assim como no Brasil, o governo francês está modificando os correios do país (La Poste), o que resultou, somente em 2010, em 11.694 postos de trabalho suprimidos. Em decorrência disso, os trabalhadores dos correios franceses realizaram uma paralisação no último dia 29 de março.

Em um ano, os correios franceses tiveram uma baixa de 4,7% no quando de funcionários. Dados do jornal Le Monde apontam que desde 2006, a La Poste perdeu 12,9% de seu efetivo. A empresa tinha 271.887 funcionários e em 2010, esse número caiu para 236.593. Os cortes de funcionários estão em todas as áreas: distribuição, encomendas, atendimento, banco postal, administração etc.

Segundo os cálculos dos sindicatos da categoria, em 2011, a La Poste deve perder ainda mais trabalhadores, cerca de 10 mil.

A greve que ocorreu na última semana de março paralisou a empresa para protestar contra os cotes dos postos de trabalho e contra as péssimas condições de trabalho nos setores. Os trabalhadores reclamam que, com a que no número de funcionários, as condições de trabalho no setor estão ainda piores.

O problema enfrentado pelos trabalhadores franceses é o mesmo que enfrentam os trabalhadores brasileiros. A falta de funcionários está causando um enorme excesso de serviço para carteiros, OTTs (Operadores de Triagem e Transbordo), atendentes e em grande parte das funções administrativas.

Os trabalhadores da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) têm um agravante. Os Correios têm apenas 107 mil funcionários. O Brasil é um país muito maior do que a França e com uma população muito maior. O Brasil tem mais de 190 milhões de habitantes, enquanto que a França tem 65 milhões. Mesmo com as demissões, os correios franceses empregam mais do que o dobro de funcionários da ECT. Se a situação dos trabalhadores dos correios da França não está boa, o que dizer em relação à dos brasileiros?

No Brasil, nos últimos anos, PDVs (Programas de Demissão Voluntária) eliminaram cerca de nove mil postos de trabalho. A situação nos setores, que já era grave, se tornou ainda mais insuportável. A abertura do novo concurso, com 9 mil vagas, deve, na melhor das hipóteses, suprir os funcionários perdidos com os PDVs. No entanto, o problema nos setores não deve ser resolvido nem minimamente, para se ter uma idéia, a reivindicação dos trabalhadores é a contratação imediata de 30 mil funcionários apenas para começar.

As demissões na La Poste fazem parte dos planos de privatizar os correios franceses. Os governos de vários países estão fazendo o mesmo, inclusive os projetos de modificação nas empresas, que na Europa são chamados de “liberalização”, são muito semelhantes em vários países e não passam de modificações para entregar essas empresas para a iniciativa privada.

As mudanças estatutárias nos Correios brasileiros seguem exatamente a mesma lógica. A diferença é que o governo brasileiro e a direção da ECT escondem dos trabalhadores a privatização, o que não ocorre nos países europeus, onde a palavra “privatizar” é dita abertamente.

A luta dos trabalhadores franceses é a mesma que a dos brasileiros. Os capitalistas internacionais em crise estão de olho nos lucros das empresas de correios nos países onde essas empresas são uma das últimas que ainda não foram privatizadas. Para se recuperar da crise, os capitalistas precisam roubar a população dos países e aumentar a exploração dos trabalhadores, por isso demitem em massa e terceirizam os postos de trabalho.


Rádio Conexión Latina (Português)

Rádio Conexión Latina (Português)

Um pouco de cultura latino-americana...

domingo, 10 de abril de 2011

Índios sofrem atentado no Mato Grosso do Sul após ocupar fazenda

O estado do Mato Grosso do Sul está se tornando palco de intensas lutas dos povos indígenas e também um centro de torturas e assassinatos contras esses povos.

A luta dos índios terenas, na região de Miranda no Mato Grosso do Sul, pela demarcação de suas terras em meio a latifúndios está incomodando muito os políticos e latifundiários da região.

Já houve casos de torturas com participação da polícia e da Funai, desocupações sem mandato da Justiça e até mesmo desocupações feitas pelos próprios jagunços contratados pelos latifundiários, onde não houve nenhuma reação das autoridades competentes para investigar os casos. Os índios também foram despejados violentamente em 2010 pela polícia com bombas de gás e balas de borracha nessa mesma fazenda ocupada.

Para forçar a demarcação de suas terras, os terenas iniciaram uma onda de ocupações de fazendas que estão localizadas dentro de suas terras, mas que por força da Justiça não foram desapropriadas, pois são propriedades de pessoas influentes no meio político.

Nesta semana os índios ocuparam duas fazendas, Charqueada e Petrópolis, essa última de propriedade do ex-governador do Estado Pedro Pedrossian (dono de uma longa lista de partidos burgueses pelos quais passou: PSD, ARENA, PDS, PTB, PDT, PST, PMDB e atualmente PMN). Os conflitos na fazenda Petrópolis estão cada vez mais intensos. Os indígenas vinham denunciando que havia jagunços armados ameaçando os índios da ocupação. No início da noite de terça-feira, dia 5, o acampamento sofreu ataques de um grupo fortemente armado que realizou disparos em direção aos acampados. Ameaçados pelos jagunços e pela polícia os terenas se retiraram da fazenda temendo que as coisas piorassem.

Os índios lutam contra os latifundiários, o Estado burguês e até mesmo os órgão criados para seu benefício como a Funai.

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, conhecido latifundiário mato-grossense e radicalmente contrário aos movimentos de luta pela terra, suspendeu o processo administrativo de demarcação das terras indígenas para beneficiar os latifundiários da região e, em especial, o ex-governador do Estado Pedro Pedrossian.

As entidades sindicais, organizações operárias e populares da cidade e do campo devem apoiar não somente com denúncias ou manifestos os índios, mas também contribuir materialmente com a autodefesa dos índios ameaçados.

É preciso denunciar o massacre e a tortura contra os indígenas no Mato Grosso do Sul promovidos com o apoio e subserviência dos governos estaduais e federal.

Todo apoio à luta dos índios e pela imediata implementação de sua reserva indígena com expropriação do latifúndio.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Movimentos sociais se movem muito devagar

Alguma coisa mudou radicalmente no âmbito dos movimentos sociais, no Brasil, a partir do ano de 2003. Aquele era o ano em que assumia o governo uma figura muito esperada por parte da esquerda: Luis Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores. Em todo o país, na quarta tentativa de Lula para assumir a presidência, o lema era de que a esperança havia, enfim, vencido o medo, e grande parte das gentes esperava significativas mudanças na vida daqueles que durante anos a fio haviam lutado para garantir um governo de esquerda no Brasil. Essa esperança trazia no seu bojo o desejo de transformações que dessem vazão a demanda popular construída ao longo dos governos de Sarney, Collor, Itamar, e FHC. Mas, com poucos meses de governo, o presidente Luis Inácio deu início a um processo de divisão e desagregação dos movimentos sociais que, hoje, passados oito anos, se configura num quadro de completa desmobilização, apatia e cooptação. Ao iniciar o terceiro mandato petista, em 2011, o que se tem de movimento social combativo no Brasil não passa de lutas pontuais, sem maiores articulações e quase sem chance de vitória.

Tudo isso não aconteceu por acaso, foi cirurgicamente constituído pelo governo hegemonizado pelo PT. Ou seja, Luis Inácio, sendo da esquerda, conseguiu fazer o que ninguém antes havia logrado: praticamente esfacelar o movimento popular. Um dos primeiros atos do governo Lula foi a realização do que ficou conhecido como a “contra-reforma da Previdência”. Apesar de, durante o mandato de Fernando Henrique, o PT ter sido o partido mais importante na luta contra as medidas de mudança na Previdência, foi Lula quem conseguiu colocar em prática quase tudo o que as grandes corporações de previdência privada desejavam há tempos. A proposta de reforma tinha no seu conteúdo o aumento da idade para aposentadoria, o fim da aposentadoria por tempo de serviço, o fim da aposentadoria integral e entrada da previdência privada na vida dos brasileiros como única forma de garantir um salário viável quando chegasse a hora de se aposentar. No geral, isso significava um duro golpe nos trabalhadores.

Foi aí que começou a divisão. Parte dos sindicatos e partidos de esquerda decidiu apoiar o governo as sua proposta de mudança na Previdência. Alguns deles de boa fé, acreditando que seria impossível ao PT apresentar qualquer proposta que viesse trazer prejuízo aos trabalhadores. Outra parte já estava cooptada com cargos no governo, servindo como espaço de abafamento das lutas. Apenas uma pequena parte do mundo sindical decidiu se insurgir contra a medida. Foi, então, deflagrada uma greve, que teve a participação da maioria dos trabalhadores do serviço público, naquela contra-reforma os mais atingidos. Mas, mesmo dentro das entidades dos trabalhadores do serviço público houve divisão, o que acabou enfraquecendo o movimento. Tudo isso mostrou o quanto o movimento sindical estava fraco, despreparado, incapaz de dar respostas eficazes ao ataque governista.

A greve contra a reforma previdenciária durou três meses e terminou com um saldo melancólico. O governo do PT, nascido das lutas sindicais e populares, sabia muito bem como fazer para destruir a unidade dos trabalhadores e decidiu oferecer ganhos salariais separadamente para as categorias em luta. O resultado foi a completa desagregação.

Algumas lideranças insistiam em defender a proposta governamental, acreditando que era o melhor para o Brasil, e outras aproveitaram para garantir melhorias financeiras para suas bases. Assim, ao final da luta, a reforma passou e algumas categorias de trabalhadores conseguiram aumentos significativos. Durante esse processo muitas lideranças sindicais não conseguiram informar com clareza que a reforma proposta aniquilaria esses aumentos quando a aposentadoria chegasse. Todo esse despreparo juntou-se ao desinteresse da maioria dos trabalhadores para um tema que consideravam muito longínquo, como a aposentadoria. Boa parte deles preferiu render-se ao aceno de ganhos salariais e a greve que iniciara como uma luta contra a reforma acabou com a apresentação de tabelas de reajustes financeiros.

Não bastasse isso, a reforma garantiu a entrada definitiva dos fundos de pensão, obrigando os trabalhadores que ganhavam mais de 2.300 reais a optar por esta alternativa de risco. Sim, de risco, porque os fundos de pensão recolhem dinheiro dos trabalhadores e jogam com ele na bolsa de valores, o que significa que ao final de uma vida de trabalho a pessoa pode tanto ter o seu dinheiro, como não ter. Esse risco nunca foi bem trabalhado por parte das lideranças sindicais, um pouco pelo já citado despreparo, e outro pouco pela cooptação como se pode observar na declaração da diretora executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Denise Motta, durante uma plenária de servidores federais em Brasília: "Uma greve pela retirada da reforma tem poucas chances de ser vitoriosa".

Mais tarde, em 2005, toda essa operação de aprovação da reforma da Previdência estourou como o escândalo do “mensalão”, no qual ficou comprovado que o governo havia comprado o voto de boa parte dos parlamentares para que fossem favoráveis à reforma. Também mais tarde foram os parceiros político de Lula os que assumiram o comando das empresas de fundo de pensão, como denuncia o jornalista Ranier Bragon: “O DNA político dos 43 dirigentes dos grandes fundos de pensão estatais brasileiros mostra uma forte relação com partidos políticos, notadamente o PT, sendo que um dos elementos dessa ligação pode ser medido objetivamente: 56% desses diretores fizeram doações financeiras a candidatos nas últimas quatro eleições. O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, foi o destinatário de quase um terço delas. Sete dos dez diretores dos maiores fundos são do PT” (http://www.conjur.com.br/2009-mar-08/pt-diretores-10-maiores-fundos-pens...).

Logo, estava tudo muito claro. A batalha da Previdência inaugurava um novo tempo no Brasil, no qual a esquerda haveria de se ver bastante despreparada para agir. Em praticamente todos os sindicatos e movimentos populares a reforma da Previdência cobrou seu preço. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, um dos mais importantes e fortes espaços de luta do país, não tomou partido, mantendo-se neutro nesse debate. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) preferiu apoiar o governo, os trabalhadores das empresas privadas foram instados a ficar contra os trabalhadores públicos, numa batalha intraclasse e a pequena parcela da esquerda combativa que conduziu a greve de 2003 teve de conviver com as acusações de que estava fazendo o jogo da direito, que lutava por privilégios, que estava tentando desestabilizar o governo popular.

Ainda assim, as entidades que atuaram na greve contra a reforma da Previdência entenderam que era preciso encontrar uma forma de articulação nacional para dar vazão às lutas que se anunciavam. A CUT estava cooptada e mais tarde, em 2007, isso se concretizou com a indicação do seu presidente, Luis Marinho, para assumir o Ministério do Trabalho e Emprego. Então começou um processo de construção do que ficou conhecido como Coordenação Nacional de Lutas, a CONLUTAS. Esta coordenação realizou encontros nacionais e apontou novas estratégias para a defesa dos trabalhadores. Durante a greve, tudo funcionou muito bem, mas, tão logo o movimento paredista acabou, mesmo esta coordenação começou a dar sinais de esfacelamento, o que também denotou o despreparo teórico e político por parte das lideranças sindicais. A direção, hegemonizada pelo Partido Socialista dos Trabalhadores do Brasil (PSTU), encontrava franca oposição por parte de outras forças e mesmo dentro deste incipiente espaço de luta criado com a greve, a divisão igualmente se formou. O final do ano de 2003 foi profundamente confuso para os trabalhadores e não havia sindicato ou movimento combativo que não estivesse tremendamente cindido.

O governo atacou com mais um golpe certeiro a luta sindical. Criou, ainda em 2003, o Fórum Nacional do Trabalho e Emprego, um espaço que se dispôs a reunir trabalhadores, governo e patrões, no melhor estilo da conciliação de classe. A idéia era discutir conjuntamente as estratégias para uma convivência pacífica entre capital e trabalho, forçando a criação de uma reforma sindical. Mais uma porta para a cooptação, uma vez que os representantes dos trabalhadores foram indicados pelo governo. Não bastasse isso, ainda havia as diárias e ajudas de custo, que tornavam o Fórum muito mais atrativo, fazendo com que os membros representantes dos trabalhadores não abrissem mão da participação. Além disso, a proposta de reforma que foi sendo gestada no FNTE acabou atrelando fortemente o mundo sindical ao Estado, a ponto de as Centrais Sindicais serem legalizadas, tendo de cumprir uma série de requisitos para garantir a representação dos trabalhadores. Ou seja, o Estado e os patrões definiram juntos as regras para a organização dos trabalhadores, coisa que em governos anteriores teria posto o movimento sindical inteiro na rua. Mas, no governo Lula, apenas algumas entidades ligadas a CONLUTAS bradaram contra isso.

A reforma sindical também provocou mudanças radicais na vida dos trabalhadores. De repente, a luta sindical combativa, que era quase uma muralha homogênea articulada pela CUT, cindiu-se em várias centrais. Cada partido decidiu criar a sua central e em poucos anos o Partido dos Trabalhadores hegemonizava a CUT, o Partido Comunista do Brasil, a CTB, o Partido Socialista dos Trabalhadores Brasileiros, a Conlutas e o Partido do Socialismo e da Liberdade, junto com algumas tendências do PT atuava na Intersindical, isso sem contar as centrais atreladas a partidos de direita, que, nesta conjuntura atuaram também apoiando o governo de Luis Inácio. Em 2010, Conlutas e Intersindical ainda tentaram um congresso que unificasse as forças mais à esquerda, mas tudo acabou em nada, com mais uma tremenda divisão num congresso melancólico.

Ainda no bojo das reformas, ou contra-reformas, o governo decidiu atacar a universidade e, com isso, acertar de morte um dos movimentos mais fortes no país: o dos docentes e dos técnico-administrativos, todos trabalhadores das universidades. A proposta de reforma era o desmonte da educação superior pública, com a privatização avançando pela beiradas. Criou também o Programa Universidade para Todos (Prouni), uma proposta que garantia renúncia fiscal para as universidades privadas, caso elas oferecessem bolsas de estudo a jovens oriundos do ensino público. Essa política serviu como uma grande alavanca de propaganda do governo que ganhou a mente das famílias empobrecidas que agora poderiam ter um filho na faculdade. Mas, para se ter uma idéia, só no ano de 2010, segundo o Ministério da Educação, o Prouni concedeu 241.273 bolsas de estudos para estudantes empobrecidos, e apenas metade delas foram integrais, o que significa que mais de 100 mil estudantes ainda tiveram que encontrar formas de viabilizar o pagamento das mensalidades.

Com estas bolsas o governo deixou de arrecadar em impostos (renúncia fiscal das universidades privadas) apenas 105 milhões de reais, “um custo muito baixo”, segundo os administradores do programa. Por outro lado, com as verbas disponibilizadas para a iniciativa privada, as universidades públicas poderiam suprir uma demanda de mais de 400 mil vagas, todas públicas, verdadeiramente sem custos para os estudantes. Mas, essa reivindicação não conseguiu se concretizar. Assim, o governo enfraqueceu as Instituições Federais de Ensino e salvou da ruína as universidades privadas que estavam em grave crise. A proposta de garantir educação de segunda classe para os pobres venceu, com a manutenção da lógica de desmonte nas universidades públicas. Coisa que pareceria impensável num governo do PT. A destruição que isso provocou no movimento dos trabalhadores se refletiu no sindicato nacional dos professores, que acabou dividido em duas instituições distintas, e o dos técnico-administrativos gravemente esfacelado no seu interior, a ponto de entre os trabalhadores nascer a cisão entre os governistas e os não-governistas. Um massacre na luta. As disputas internas paralisaram o movimento e muito pouco se conseguiu avançar no campo geral das lutas.

No campo popular esta divisão também acabou se explicitando. O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, por exemplo, ficou no silêncio por um longo tempo, em apoio ao governo Lula. Durante as primeiras reformas, que arrasaram a vida sindical e a educação, não houve muito apoio, a não ser de algumas lideranças isoladas. Só bem mais tarde, já no segundo mandato petista que o MST começou a fazer críticas, até porque o governo de Luis Inácio avançou muito pouco na questão da reforma agrária. Em contrapartida, a ligação com o agronegócio se fez de forma muito sólida e se consolidou na liberação dos transgênicos, reivindicação antiga dos mega fazendeiros. Já no campo das desapropriações de terra para os trabalhadores os números foram bem menores do que os do governo de FHC. O governo diz em seus relatórios que aumentou em 120% as desapropriações de terra, mas, conforme estudo do geógrafo Ariovaldo Umbelino de Oliveira, professor da Universidade de São Paulo (http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/50480_INCRA+INFLA+NUMEROS+DE+RE... ), desse total, 26,6% já estava nas mãos de famílias que produziam, só não tinham o título, 38,6% era de terrenos abandonados, ocupados por famílias. Assim, apenas um terço deste total seria de assentamentos novos. Ainda observando os números vê-se que seguiu de forma sistemática a violência no campo, outra grande demanda do movimento. Segundo a CPT, as tentativas de assassinato passaram de 44, em 2008, para 62, em 2009; as ameaças de morte, de 90, foram para 143; o número de presos nos conflitos de terra aumentou de 168 para 204. O ano de 2008 registrou 9.077 famílias despejadas, subindo para 12.388 em 2009. Também aumentou o número de famílias ameaçadas por pistoleiros, de 6.963 para 9.031. Esses dados fizeram o MST começar a esboçar uma reação, mas nada muito contundente.

Assim, ao longo dos oito anos do governo Lula, conseguiu-se o que a direita brasileira não lograra em décadas: dividir e enfraquecer a luta popular. As demais batalhas que se viram no país, como a que exigia a não transposição do Rio São Francisco, ou a construção da Barragem de Belo Monte, foram e seguem sendo lutas quase isoladas, muito pouco divulgadas e sem uma articulação nacional. Como as centrais sindicais estão esfaceladas e, na maioria, atreladas ao governo, não há um movimento que informe e organize a resistência em todos os estados do país. As lutas acabam sendo pontuais e envolvendo apenas as pessoas que circulam na região onde acontecem os fatos. Tudo fica desagregado, logo, sem força.

No norte do país, o movimento indígena também tenta desesperadamente avançar nas suas demandas, contra a usina de Belo Monte, pela demarcação de terras, contra a invasão de terras já demarcadas, mas, igualmente, acaba fazendo uma luta isolada, sem ressonância nas demais categorias. As lutas populares acontecem premidas pela conjuntura e sem encontrar uma articulação nacional que provoque a solidariedade de classe.

Outras importantes lutas também aconteceram, com destaque nacional. Em lugares como São Paulo o movimento de famílias sem-teto foi bastante forte durante o governo de Lula, com muitas ações e grande resistência. Também o movimento pelo transporte público mobilizou grandes multidões em Florianópolis, Salvador e São Paulo. Mas, como lutas conjunturais e isoladas, não conseguiram articulação necessária para incendiar o país inteiro, ainda que o temas como transporte e moradia sejam muito sensíveis na população.

A Central de Movimentos Populares, que também teve importância capital na articulação das lutas durante o governo de FHC, e que, junto com o Jubileu Sul, organizou nacionalmente a luta contra a dívida externa, arrefeceu, e tampouco conseguiu juntar os movimentos em lutas nacionais durante o governo Lula. Hoje, o governo federal fala em fim da dívida externa e até chegou a emprestar dinheiro para o FMI. Por outro lado, conforme relatório do Ministério da Fazenda (http://www.tesouro.fazenda.gov.br/hp/relatorios_divida_publica.asp), o país tem uma dívida interna de um trilhão e 628 bilhões de reais por conta de praticar as mais altas taxas de juros do mundo. Poucas são as entidades que falam sobre isso e propõem lutas contra essa sangria da economia nacional. Tampouco se consegue atingir a opinião pública com essas informações, que no geral só circulam em fóruns particularizados. Atualmente, no Brasil, dentro deste universo de dívida, os Bancos detêm 35,4%, num total de 536 bilhões, sendo os fundos de pensão os que vêm logo atrás com 31,3%. Uma bola de neve que cresce dia-a-dia, sem que os movimentos consigam eficácia na denúncia dos malefícios que advém desta situação.

Uma olhada no boletim da dívida produzido pela Auditoria Cidadã da Dívida deixa muito claro o que causa ao país esta política: do orçamento geral da União executado em 2009, num total de 1,068 trilhão de reais, 35,57% foram para pagamento de juros e amortização da dívida, logo dinheiro praticamente morto. Se considerarmos que outros 25,91% vão para a Previdência e 11,06% seguem para Estados e municípios, o que sobra é muito pouco para investimento real.

Agora, em 2011, a presidenta Dilma Roussef, também do PT, inicia seu mandato com a reestruturação ortodoxa de todo o pessoal da área econômica. As mesmas figuras que atuaram na política conservadora, as mesmas propostas de juros altos e superávit a custa do sacrifício popular. Não bastasse isso já anunciou para este ano um corte de 50 bilhões no orçamento do país e todos sabem onde isso vai bater: cortes na saúde, na educação, na segurança, na política de moradia, na cultura, na ciência e tecnologia. Ou seja, de novo, os mais pobres seguirão pagando a conta para que os mais ricos sigam tendo lucros astronômicos. Projetos como o Bolsa Família, que garante renda mínima (140 reais) a quase 12 milhões de famílias, são importantes, mas não passam de paliativos. Não há, no governo petista, qualquer proposta de emancipação real dos mais pobres. Ainda assim, no início deste ano, com tantas medidas de recessão, ainda são poucos os movimentos de luta. Se algo se move no Brasil, são pequenos e pontuais movimentos que ainda não conseguiram uma articulação capaz de dar conta de uma luta unificada neste país continente de mais de 8.511.965 km2 de comprimento.

Para alguns analistas como o professor de Economia da UFSC, Nildo Ouriques, será preciso que a crise se instale com mais concretude para que os movimentos sociais iniciem um processo unificado de luta efetiva nas ruas. Mas, mesmo que isso aconteça, sem uma proposta nacional e revolucionária que possa organizar essas lutas, as ações seguirão sendo pontuais e inócuas do ponto de vista da transformação. Por enquanto ainda não se vislumbra no horizonte a possibilidade de uma ação coordenada nacionalmente. Falta preparo aos dirigentes e falta um projeto unificador para que os trabalhadores do Brasil, os movimentos sociais e os sindicatos possam entrar finalmente no rol das grandes transformações que já se constroem em outros países da América Latina.

Condecorada pelos golpistas - Dilma e militares fazem acordo para não abrir os arquivos da ditadura

Poucos dias depois do aniversário de 47 anos do golpe de Estado de 1964, Dilma Rousseff foi condecorada pelos militares. A presidenta recebeu a insígnia de Grã-mestra da Ordem do Mérito da Defesa, com as ordens do mérito militar - a mais elevada condecoração do Exército. A homenagem dos militares à presidenta ocorreu em Brasília, no dia 5 de abril, durante uma solenidade de promoção de oficiais das Forças Armadas.

Nos dias que antecederam a data do golpe militar, 31 de março, uma nova discussão veio à tona entre os militares e o governo. O aniversário do golpe que derrubou João Goulart foi retirado das datas comemorativas das Forças Armadas Brasileiras. Um dos eventos que foram cancelados em razão disto foi a palestra do ex-diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia, o general do Exército Augusto Heleno. O tema da palestra era “A contrarevolução que salvou o Brasil”, uma clara manifestação de apoio ao golpe de 1964.

O fato de Dilma ter sido presa durante o regime militar e a possível instalação da Comissão da Verdade para apurar os crimes cometidos contra os opositores da ditadura, já ocorreram este ano várias crises entre os militares e o governo. Por isso, a condecoração de Dilma Rousseff foi assinalada pela imprensa capitalista como uma forma de conciliação entre o governo e os militares.

A condecoração que Dilma Rousseff recebeu dos militares deve ser visto com uma atitude política, e não como uma mera formalidade entre o chefe do executivo e as Forças Armadas.

Por isso, esta condecoração mostra sem sombra de dúvidas que há um acordo entre o governo do PT e os militares. Neste momento, um dos temas mais relevantes para a cúpula das Forças Armadas é a questão da abertura dos arquivos da ditadura. O que incomoda os militares é que se os documentos se tornarem públicos, a população passará a exigir a punição dos torturadores e assassinos daquele período, a revisão da Lei da Anistia etc. Tudo isso impulsionaria ainda mais a tendência já existente dos trabalhadores e da juventude de entrar em luta contra o atual regime político.

Neste sentido, a conciliação do PT com os militares mostra que há um pacto para preservar os interesses das Forças Armadas e indica que não faltarão esforços das duas partes para impedir que a abertura dos arquivos e a punição dos militares aconteçam.

Este acordo significa a manutenção do status quo atual, ou seja, a perpetuação de um regime de aparência democrática, mas que mantém fundamentalmente as mesmas estruturas e características fundamentais da ditadura.

A insígnia de Grã-mestra da Ordem do Mérito da Defesa é entregue para aquelas pessoas que prestaram relevantes serviços às Forças Armadas. O grande serviço Dilma Rousseff tem prestado é a manutenção dos militares de extrema-direita em postos chaves do Estado capitalista, escondendo seus crimes contra o povo brasileiro.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Após recordes de lucros - Bancos demitem trabalhadores

O dinheiro da população distribuído para os banqueiros durante a crise foi enorme e chegou à casa dos bilhões com a criação em 2008 do chamado Fundo Soberano para salvar os bancos falidos, enquanto outros setores da economia e de assistência social da população estavam sendo reduzidos a patamares muito baixos.

Nesse sentido, os bancos nunca lucraram tanto como nesse último período. A política de distribuição de dinheiro da população aos banqueiros e alta taxas de juros, garantiram recordes de lucratividades dos bancos.
Enquanto os bancos lucram, os trabalhadores sofrem cada vez mais com o arrocho salarial, aumento da carga de trabalho, assédio moral e, agora, demissões.

Segundo os sindicatos ligados aos trabalhadores bancários as demissões começam a atingir patamares preocupantes e deixam de ser um número estável e comum. Os bancos estão demitindo mais que o normal e quando verificados revelam que os bancos de menor porte já demitiram 890 trabalhadores.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro os bancos de investimento demitiram 500 pessoas no UBS Pactual, no Crédit Suisse, no Citibank, no Itaú BBA, no Goldman Sachs, no Société Générale, no Merrill Lynch e no JPMorgan.
O HSBC fechou um centro administrativo no Rio com 200 pessoas e outras 60 demissões ocorreram no HSBC em São Paulo.

Os maiores bancos do país também estão no mesmo caminho das demissões. Após a compra do Banco Real, o Santander demitiu mais de 400 trabalhadores. O caso do Santander é o mais graves entre os bancos, pois há denúncias dos trabalhadores de um plano para demitir milhares de bancários em 2011, para reduzir os gastos e manter a taxa de lucro.

Depois de explorarem ao máximo os trabalhadores, e com o aprofundamento da crise o setor começam as demissões para manterem seus lucros.
Os bancos contam com o apoio irrestrito dos governos de FHC a Lula, situação essa que impulsionou a lucratividade dos bancos de maneira nunca antes vista no país.

Com a evolução e agravamento da crise capitalista, a farra dos bancos revela o esgotamento desse modelo parasitário. Com a crise do crédito, o fantasma da inflação e da desaceleração das economias mundiais o setor começa a demitir para continuar lucrando.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

WikiLeaks revela - A imprensa burguesa foi financiada pelo imperialismo para difamar o governo do Irã


Alguns dias atrás publicamos neste jornal o artigo "Imprensa brasileira ou agência noticiosa do imperialismo norte americano?", onde mostramos que as notícias publicadas pelos principais jornais, revistas e canais de televisão brasileiros não passavam de releases do Departamento de Estado Norte-Americano. Uma das denúncias feitas foi sobre o posicionamento da imprensa quanto ao voto do governo Dilma na ONU contra o Irã.
O artigo dizia: “São milhares os exemplos, mas recentemente dois fatos se destacaram: a visita de Obama ao Brasil e o voto do governo Dilma na ONU contra o Irã (...)

“O mesmo se deu com o recente caso do Irã. O representante brasileiro na ONU votou, sabidamente por acordo com os Estados Unidos, por enviar um relator para observar a situação dos direitos humanos no Irã. Quanto cinismo! Justamente o país que montou a maior rede de violação dos direitos humanos, com um sistema internacional de tortura, que já existiu.
“Em todas as situações, a imprensa se coloca incondicionalmente a favor dos Estados Unidos, assim como critica implacavelmente todos os seus opositores, mesmo os mais frouxos, como Hugo Chávez” (Causa Operária Online, 28/3/2011).

O último documento secreto que o WikiLeaks revelou sobre o Brasil mostra que nossa análise estava correta, em particular sobre o caso do Irã. De fato, a imprensa não só estava encobrindo as intenções do imperialismo, como é o próprio imperialismo quem articula a publicação destas matérias.

O caso da lei de “Difamação de Religiões”

Para pressionar e intervir no Irã, o governo dos Estados Unidos, com a ajuda do Egito, na época dirigido pelo ditador Hosni Mubarak, consegui aprovar uma resolução na ONU sobre a “Difamação de Religiões”. O objetivo era punir as instituições, sobretudo os governos que difamassem alguma religião.

O intuito do imperialismo não era proteger nenhuma religião, mas criar um pretexto para acusar o Irã de violar os direitos humanos pelos ataques que o governo de Mahmoud Ahmadinejad faz à oposição sunita financiada pela Casa Branca.

No documento do WikiLeaks, a embaixada dos EUA em Brasília revela claramente que comprou matérias nos principais órgãos de imprensa com este fim.

No telegrama pode ser lido o seguinte: “Até agora, nenhum grupo religioso no Brasil assumiu a defesa da [resolução da ONU sobre a] difamação de religiões. Mas o Brasil é uma sociedade multirreligiosa e multiétnica, que valoriza a liberdade de religião. Um esforço para difundir a consciência sobre os danos que podem advir de se proibir a difamação das religiões pode render bons dividendos. Grandes veículos de imprensa, como O Estado de S. Paulo e O Globo, além da revista Veja, podem dedicar-se a informar sobre os riscos que podem advir de punir-se quem difame religiões, sobretudo entre a elite do país.

Essa embaixada tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos EUA e intelectuais respeitados. Visitas ao Brasil, de altos funcionários do governo dos EUA seriam excelente oportunidade para pautar a questão para a imprensa brasileira”. [grifo nosso]

A campanha orquestrada pelo imperialismo

Ao observarmos as revelações feitas pelo WikiLeaks e o noticiário da época em que a ONU aprovou a resolução em questão, dezembro de 2010, veremos que a conclusão que a imprensa nacional está sob as ordens do imperialismo é verdadeira. Em uma matéria que está no site da revista Veja pode ser encontrada uma matéria que segue passo a passo as instruções do embaixador os Estados Unidos de como a imprensa brasileira deve manipular a opinião pública.

Primeiro, a matéria busca respaldo de “intelectuais respeitados”, assim como determina o imperialismo. No texto, Veja se refere à resolução de Difamação de Religiões como “blasfêmia”. No artigo "Leis contra a blasfêmia se tornam instrumento político em países islâmicos", podemos ler o seguinte: “as penas mais severas e a instrumentalização da lei para fins políticos, para aniquilar minorias religiosas e até para justificar ataques terroristas, ocorrem com mais frequência em países islâmicos. “As atuais leis da blasfêmia parecem ser produto das ansiedades modernas sobre o lugar do Islã no mundo e da preocupação dos governos com a insegurança política e a falta de legitimidade”, diz Khaled Abou El Fadl, professor de Direito Islâmico, na Universidade da California, Los Angeles (Ucla) e uma das maiores autoridades do mundo no que se refere à legislação islâmica. “Estas leis são sempre aplicadas em uma perspectiva política contra oponentes políticos. Elas se tornaram claramente ferramentas para o abuso de poder”, completa o especialista...” (Veja.com, 20/2/2011).

O telegrama secreto da embaixada dos Estados Unidos disse que “tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos Estados Unidos e intelectuais respeitados” para que estes defendam a política do governo norte-americano. Este é um exemplo do sucesso do controle do imperialismo sobre aquilo que os brasileiros lêem.

Críticas ao Irã

A matéria também critica abertamente o Irã e usa novamente um “especialista” para tentar convencer a opinião publica do que a revista Veja, ou melhor, o imperialismo defende.

“O Irã tem um Código Penal com uma série de leis abrangentes e vagas. Nele, insultar a religião islâmica pode levar à prisão e até à pena de morte. De acordo com Payan Akhavan, iraniano e professor de Direito Internacional na Universidade McGill no Canadá, o conceito também é instrumentalizado e usado contra minorias religiosas e oponentes do regime.

“O que o governo diz é: ‘nós somos a República Islâmica, nós representamos o Islã e se você nos criticar, estará criticando o Islã. Portanto, estará insultando Deus”, afirma o especialista, que foi um dos primeiros promotores do Tribunal Penal Internacional da ONU, em Haia, e atuou em grandes casos, como o do ex-presidente da Iugoslávia, Slobodan Milosevic. “Insultar Deus e o Islã pode levar à pena de morte. Então, se você criticar o supremo líder por corrupção, também estará criticando Deus e pode ser sentenciado à morte. Este é o tipo de construção ideológica.”

Finalmente, temos neste trecho, a odiosa revista Veja fazendo tudo que o governo dos Estados Unidos determinou. Usar um especialista para atacar o Irã por “violar os direitos humanos” e atacar opositores.

O governo Dilma votou na ONU a favor de que o imperialismo possa intervir no Irã. A desculpa é a violação dos direitos humanos. O que é no mínimo ridículo, pois os Estados Unidos são os principais responsáveis pela violação dos direitos fundamentais dos cidadãos, seja com o financiamento de ditaduras, a organização de golpes de militares de direita ou com as torturas praticadas em prisões da CIA espalhadas pelo mundo, como em Guantánamo e Abu Ghraib.

Agora, depois do documento publicado pelo WikiLeaks, fica revelado que matérias com esta da revista Veja servem para dar respaldo à política do imperialismo, enganado a opinião pública.

A defesa dos “direitos humanos” feita pela Veja e suas denúncias contra o governo iraniano não passam de uma propaganda do imperialismo que tem como objetivo intervir no país islâmico para controlá-lo política e economicamente.

É preciso denunciar a imprensa brasileira e mostrar que esta não passa de uma agência noticiosa do imperialismo norte-americano.