"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Jirau: quatro mil demissões com aval da burocracia sindical

Depois dos conflitos e conseqüente greve dos trabalhadores do canteiro de obras da construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, a maior obra em andamento no país, o consórcio responsável anunciou a demissão de mais de quatro mil operários da construção civil.

O STTICERO (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Rondônia) recebeu um comunicado oficial da construtora Camargo Corrêa anunciando as quatro mil demissões após os conflitos entre trabalhadores e empresa. Afirma ainda que não haverá a reconstrução dos alojamentos destruídos durante os conflitos em abril.

Com o conflito, o consórcio responsável paralisou todas as atividades e retirou todos os trabalhadores do canteiro de obras, na maior operação já realizada na retirada de trabalhadores por uma empresa privada. Os trabalhadores foram pulverizados nas cidades próximas a obra e a maioria foi enviada aos seus estados de origem tudo custeado pelas empreiteiras. Segundo o presidente da Camargo Corrêa foram gastos mais de 18 milhões de reais para evacuar o canteiro de obras e 300 funcionários da empreiteira. Em entrevista a Revista Isto É Dinheiro o Presidente da Camargo Corrêa, Antonio Miguel Marques contratou 300 ônibus da região e devido a escassez de mais ônibus houve contratações em Brasília, Goiânia e Cuiabá. 12 vôos foram fretados para enviar os trabalhadores a seus estados de origem. Tudo para evitar um agravamento do conflito.

Os trabalhadores foram enganados pela empreiteira, pois antes dos trabalhadores viajarem o consórcio afirmou que não seriam demitidos e retornariam as suas atividades quando retomadas as obras. Uma medida de cautela da empresa para não haver uma revolta ainda maior dos trabalhadores.

As demissões vão atingir quase um terço dos trabalhadores da empreiteira Camargo Corrêa que possui cerca de 16 mil trabalhadores no canteiro de obras, pois os 4 mil trabalhadores demitidos são funcionários desta.

Afirmam que as demissões ocorrem devido ao excesso de contratações realizadas pela Camargo Corrêa, andamento das obras que teriam uma redução natural de trabalhadores e, mais absurdo ainda, que após os conflitos muitos trabalhadores não querem retornar ao trabalho.

A retirada de todos os trabalhadores do canteiro de obras e o posterior envio destes a seus estados e cidades de origem, dispersando a luta e a organização, foi realizada de maneira consciente para posteriormente demitir os trabalhadores, principalmente os que vêm participando das manifestações e greves.


Demissões com aval da burocracia sindical


A burocracia sindical, controlada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) representada pelo STTICERO e CONTICOM (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira) e pela Força Sindical, tinha consciência das demissões e nada fez. O que ocorreu foi justamente o contrário, o cinismo foi tanto que houve afirmações que as demissões eram necessárias e que a empresa tem o direito de demitir.

"A estimativa que a empresa nos passou é que serão demitidos quatro mil. Como eles já tinham adiantado bastante a parte inicial da obra os desligamentos são até naturais", disse o coordenador da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira, Cláudio da Silva Gomes.

“O sindicato é contra qualquer tipo de demissão, mas é direito da empresa fazer essa redução”, afirmou o coordenador.

O STTICERO afirmou que aceitou as dispensas, porque a obra estava "muito inchada".

A burocracia sindical para garantir a continuidade das obras atua sistematicamente contra os trabalhadores em favor do governo e das empreiteiras.

Se depender da burocracia sindical as demissões vão ocorrer sem nenhuma luta e será enterrada toda a conquista dos trabalhadores durante esse período.

As demissões são uma manobra bem planejada entre empresa, governo e burocracia sindical para atacar os trabalhadores e reiniciar as obras da usina.

Não se deve ter nenhuma ilusão na burocracia que controla os sindicatos e que, utilizando as organizações dos trabalhadores para controlar e neutralizar a luta dos operários de Jirau, está atrelada ao governo do PT que está esfolando a classe operária para aumentar o lucro das empreiteiras.

Os trabalhadores devem se organizar de maneira independente da burocracia sindical e retornar ao canteiro de obras para continuar as manifestações contra as demissões e a conquista de suas reivindicações.

Não às demissões dos operários da construção civil de jirau. Pela ocupação do canteiro de obras pelos trabalhadores até o atendimento de todas as suas reivindicações.

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