"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

quarta-feira, 6 de abril de 2011

WikiLeaks revela - A imprensa burguesa foi financiada pelo imperialismo para difamar o governo do Irã


Alguns dias atrás publicamos neste jornal o artigo "Imprensa brasileira ou agência noticiosa do imperialismo norte americano?", onde mostramos que as notícias publicadas pelos principais jornais, revistas e canais de televisão brasileiros não passavam de releases do Departamento de Estado Norte-Americano. Uma das denúncias feitas foi sobre o posicionamento da imprensa quanto ao voto do governo Dilma na ONU contra o Irã.
O artigo dizia: “São milhares os exemplos, mas recentemente dois fatos se destacaram: a visita de Obama ao Brasil e o voto do governo Dilma na ONU contra o Irã (...)

“O mesmo se deu com o recente caso do Irã. O representante brasileiro na ONU votou, sabidamente por acordo com os Estados Unidos, por enviar um relator para observar a situação dos direitos humanos no Irã. Quanto cinismo! Justamente o país que montou a maior rede de violação dos direitos humanos, com um sistema internacional de tortura, que já existiu.
“Em todas as situações, a imprensa se coloca incondicionalmente a favor dos Estados Unidos, assim como critica implacavelmente todos os seus opositores, mesmo os mais frouxos, como Hugo Chávez” (Causa Operária Online, 28/3/2011).

O último documento secreto que o WikiLeaks revelou sobre o Brasil mostra que nossa análise estava correta, em particular sobre o caso do Irã. De fato, a imprensa não só estava encobrindo as intenções do imperialismo, como é o próprio imperialismo quem articula a publicação destas matérias.

O caso da lei de “Difamação de Religiões”

Para pressionar e intervir no Irã, o governo dos Estados Unidos, com a ajuda do Egito, na época dirigido pelo ditador Hosni Mubarak, consegui aprovar uma resolução na ONU sobre a “Difamação de Religiões”. O objetivo era punir as instituições, sobretudo os governos que difamassem alguma religião.

O intuito do imperialismo não era proteger nenhuma religião, mas criar um pretexto para acusar o Irã de violar os direitos humanos pelos ataques que o governo de Mahmoud Ahmadinejad faz à oposição sunita financiada pela Casa Branca.

No documento do WikiLeaks, a embaixada dos EUA em Brasília revela claramente que comprou matérias nos principais órgãos de imprensa com este fim.

No telegrama pode ser lido o seguinte: “Até agora, nenhum grupo religioso no Brasil assumiu a defesa da [resolução da ONU sobre a] difamação de religiões. Mas o Brasil é uma sociedade multirreligiosa e multiétnica, que valoriza a liberdade de religião. Um esforço para difundir a consciência sobre os danos que podem advir de se proibir a difamação das religiões pode render bons dividendos. Grandes veículos de imprensa, como O Estado de S. Paulo e O Globo, além da revista Veja, podem dedicar-se a informar sobre os riscos que podem advir de punir-se quem difame religiões, sobretudo entre a elite do país.

Essa embaixada tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos EUA e intelectuais respeitados. Visitas ao Brasil, de altos funcionários do governo dos EUA seriam excelente oportunidade para pautar a questão para a imprensa brasileira”. [grifo nosso]

A campanha orquestrada pelo imperialismo

Ao observarmos as revelações feitas pelo WikiLeaks e o noticiário da época em que a ONU aprovou a resolução em questão, dezembro de 2010, veremos que a conclusão que a imprensa nacional está sob as ordens do imperialismo é verdadeira. Em uma matéria que está no site da revista Veja pode ser encontrada uma matéria que segue passo a passo as instruções do embaixador os Estados Unidos de como a imprensa brasileira deve manipular a opinião pública.

Primeiro, a matéria busca respaldo de “intelectuais respeitados”, assim como determina o imperialismo. No texto, Veja se refere à resolução de Difamação de Religiões como “blasfêmia”. No artigo "Leis contra a blasfêmia se tornam instrumento político em países islâmicos", podemos ler o seguinte: “as penas mais severas e a instrumentalização da lei para fins políticos, para aniquilar minorias religiosas e até para justificar ataques terroristas, ocorrem com mais frequência em países islâmicos. “As atuais leis da blasfêmia parecem ser produto das ansiedades modernas sobre o lugar do Islã no mundo e da preocupação dos governos com a insegurança política e a falta de legitimidade”, diz Khaled Abou El Fadl, professor de Direito Islâmico, na Universidade da California, Los Angeles (Ucla) e uma das maiores autoridades do mundo no que se refere à legislação islâmica. “Estas leis são sempre aplicadas em uma perspectiva política contra oponentes políticos. Elas se tornaram claramente ferramentas para o abuso de poder”, completa o especialista...” (Veja.com, 20/2/2011).

O telegrama secreto da embaixada dos Estados Unidos disse que “tem obtido significativo sucesso em implantar entrevistas encomendadas a jornalistas, com altos funcionários do governo dos Estados Unidos e intelectuais respeitados” para que estes defendam a política do governo norte-americano. Este é um exemplo do sucesso do controle do imperialismo sobre aquilo que os brasileiros lêem.

Críticas ao Irã

A matéria também critica abertamente o Irã e usa novamente um “especialista” para tentar convencer a opinião publica do que a revista Veja, ou melhor, o imperialismo defende.

“O Irã tem um Código Penal com uma série de leis abrangentes e vagas. Nele, insultar a religião islâmica pode levar à prisão e até à pena de morte. De acordo com Payan Akhavan, iraniano e professor de Direito Internacional na Universidade McGill no Canadá, o conceito também é instrumentalizado e usado contra minorias religiosas e oponentes do regime.

“O que o governo diz é: ‘nós somos a República Islâmica, nós representamos o Islã e se você nos criticar, estará criticando o Islã. Portanto, estará insultando Deus”, afirma o especialista, que foi um dos primeiros promotores do Tribunal Penal Internacional da ONU, em Haia, e atuou em grandes casos, como o do ex-presidente da Iugoslávia, Slobodan Milosevic. “Insultar Deus e o Islã pode levar à pena de morte. Então, se você criticar o supremo líder por corrupção, também estará criticando Deus e pode ser sentenciado à morte. Este é o tipo de construção ideológica.”

Finalmente, temos neste trecho, a odiosa revista Veja fazendo tudo que o governo dos Estados Unidos determinou. Usar um especialista para atacar o Irã por “violar os direitos humanos” e atacar opositores.

O governo Dilma votou na ONU a favor de que o imperialismo possa intervir no Irã. A desculpa é a violação dos direitos humanos. O que é no mínimo ridículo, pois os Estados Unidos são os principais responsáveis pela violação dos direitos fundamentais dos cidadãos, seja com o financiamento de ditaduras, a organização de golpes de militares de direita ou com as torturas praticadas em prisões da CIA espalhadas pelo mundo, como em Guantánamo e Abu Ghraib.

Agora, depois do documento publicado pelo WikiLeaks, fica revelado que matérias com esta da revista Veja servem para dar respaldo à política do imperialismo, enganado a opinião pública.

A defesa dos “direitos humanos” feita pela Veja e suas denúncias contra o governo iraniano não passam de uma propaganda do imperialismo que tem como objetivo intervir no país islâmico para controlá-lo política e economicamente.

É preciso denunciar a imprensa brasileira e mostrar que esta não passa de uma agência noticiosa do imperialismo norte-americano.

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