"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

domingo, 7 de dezembro de 2008

Ocupar as fábricas!

Correios, montadoras, autopeças, siderúrgicas...

As demissões já fazem parte definitivamente da vida dos trabalhadores brasileiros, demissões em massa foram anunciadas. Para combater o ataque dos patrões, ocupação das fábricas, controle operário da produção

O governo negou, os patrões negaram, a burocracia negou, mas agora não é mais possível. Os capitalistas demitiram milhares nas últimas semanas e dizem que vem mais por aí, o governo anuncia números alarmantes e desemprego em massa para o ano que vem e a burocracia sindical prepara sua demagogia com os trabalhadores. No mês de outubro foram 10 mil desempregados apenas na cidade de São Paulo.
O governo anunciou que está fazendo um estudo para avaliar a possibilidade de aumento do seguro desemprego. O Ministro do trabalho e Emprego, Carlos Lupi, declarou à Folha de São Paulo que "O primeiro trimestre [de 2009] será brabo” (14/12/08). O tom da declaração nada mais tem a ver com o falso otimismo que o governo e o próprio ministro vinham alardeando.

Metalúrgicas

O primeiro sinal mais claro de que as demissões eram uma questão de tempo no Brasil foram os constantes anúncios de férias coletivas nas montadoras em todo o País. Primeiro foi a GM, depois Fiat, Volks, até que todas as montadoras em todas as regiões estão passando por um fim de ano de diminuição do ritmo e até paralisação da produção. Para se ter uma idéia, a fábrica da GM em Gravataí (RS) funcionou por apenas um dia no mês de novembro, os trabalhadores retornaram essa semana à fábrica, mas na semana que já estão programadas novas férias coletivas até 2 de janeiro. No total, 50 mil metalúrgicos foram atingidos pelas férias coletivas em todo o Brasil.
Na GM de São José dos Campos, os operários enfrentaram dois PDVs nos dois últimos meses, com a conivência do PSTU/Conlutas, que anunciava no site do sindicato da região os “benefícios” oferecidos pela empresa para quem aderisse.
Foi em decorrência das férias coletivas que a corda já estourou do lado mais fraco da categoria. As fábricas das autopeças anunciaram essa semana a previsão de cortar 8.200 postos de trabalho até o fim do ano. O setor já iniciou uma série de demissões e até dezembro deve contar com 223,7 mil trabalhadores, contra 231,9 mil que empregava no mês de setembro.
As férias coletivas são um prenúncio das montadoras, que passam por enorme crise de mercado, para começarem a demitir. Estão preparando o terreno, pois sabem que, apesar de contar com o apoio amigo de toda a burocracia sindical (PT/CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Conlutas, Intersindical etc.) a categoria metalúrgica não vai aceitar as demissões.
A Volvo do Brasil, que fabrica caminhões é a primeira montadora a demitir, suas duas unidades, uma em Pederneiras, no interior de São Paulo e outra em Curitiba. Na fábrica paulista, que contava com 700 funcionários, 102 trabalhadores serão demitidos. Em Curitiba, a unidade, com 2.840 operários, vai demitir 430 funcionários. Não é coincidência que nos dois casos os sindicatos dos metalúrgicos sejam dominados pela “central” patronal Força Sindical, que não se preocupou sequer em fazer falatório demagógico sobre o ocorrido.
Ainda entre os metalúrgicos, o setor de eletro-eletrônicos também deu férias coletivas nas principais empresas na Zona Franca de Manaus e outras localidades. Agora, a unidade de Taubaté da LG Eletronics vai demitir 300 trabalhadores. O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, que é dominado pela Articulação PT/CUT limitou-se a pedir uma boa “justificativa” à empresa.

Siderurgia

Maior exportadora brasileira, a Vale do Rio Doce confirmou, na última quarta-feira (3), a demissão de 1.300 trabalhadores e colocou outros 5.500 em férias coletivas. A maior parte das demissões acontecem em Minas Gerais, 20% dos demitidos e 80% dos que entraram em férias coletivas. No Espírito Santo, no porto de Tubarão, 500 funcionários foram dispensados e na sede da empresa, no Rio de Janeiro, departamentos administrativos inteiros estão sendo extintos.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração do Ferro e Metais Básicos (Metabase) de Itabira (MG) e região afirma que a Vale tem programados mais cortes, que devem chegar a 10 mil trabalhadores.
Outra siderúrgica, a ArcelorMittal, a maior do mundo no ramo, anunciou que vai demitir 9.000 em todo o mundo, o Brasil está nos planos. A ArcelorMittal Brasil é uma das maiores siderúrgicas da América Latina e conta, ao todo, com 16.200 funcionários.

Bancários

Nos últimos três meses, mais de mil bancários foram dispensados somente na região de São Paulo e Osasco. Inicialmente, as demissões começaram pelos bancos pequenos, com dispensa de funcionários temporários. No entanto, o próprio sindicato afirma que, nas últimas semanas, alguns bancos maiores iniciaram demissões.
O Banco Safra, nono do País, demitiu 200 funcionários. No período de setembro a novembro as demissões nos bancários representaram um aumento de 133% em relação ao mesmo período do ano passado. A região de abrangência do sindicato da região atinge 120 mil bancários.

Correios

Na ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) anunciou, na semana passada, o regulamento do PDV com a previsão oficial de demitir quase 6 mil funcionários. No entanto, esse primeiro anúncio de demissões é apenas uma preparação para ataques mais profundos contra a categoria.
Quer se livrar desses trabalhadores como peso morto, deixando para trás todo o serviço prestado à empresa e as doenças acumuladas no serviço. Tudo isso para economizar na folha de pagamento, aumentando a carga de trabalho daqueles que irão permanecer. O objetivo central da empresa, no entanto, é institucionalizar a terceirização, acabando de vez com os direitos dos trabalhadores.
A idéia é botar no olho da rua trabalhadores com tempo de trabalho próximo à aposentadoria e com salários mais altos. Segundo a própria empresa, os principais objetivos são: a redução de despesas com pessoal e redução do perfil etário, “considerando o aumento de doenças ocupacionais e queda de produtividade”.
O Bando dos Quatro (PT-PcdoB-PSTU-Psol) que domina a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores do Correios) simplesmente escondem o anúncio da empresa para os trabalhadores, com o objetivo de não ter que fazer absolutamente nada sobre o caso, já que estão em total acordo com a direção da empresa em todos os ataques desferidos por esta.

Construção Civil

O Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo) publicou um cálculo que aponta que serão 100 mil funcionários do setor que devem perder o emprego até o fim desse ano. As construtoras e outras empresas do ramo empregavam, até outubro, 2,1 milhões de pessoas. Em 2008, o setor foi o que mais empregou no País.

Ocupar as fábricas!

Todas as categorias devem se organizar para lutar contra as demissões. Uma campanha sistemática de “nenhuma demissão!” deve ser feita entre os trabalhadores. Nos casos em que a empresa vem com o “disfarce” do PDV, como nos Correios, a campanha deve ser de Boicote ao PDV! O PDV serve para desarmar os trabalhadores para a luta contra as demissões, impedindo que se organizem e se unifiquem contra o dos patrões.
Por isso, a Corrente de Oposição Nacional nos Correios do PCO, Ecetistas em Luta, está lançando desde já uma campanha contra o PDV e chama os trabalhadores a não aceitarem a chantagem da empresa. O chamado deve ser estendido a todas as categorias.
A luta contra as demissões está colocada em primeiro plano nesse momento. Os patrões querem utilizar a crise para explorar ainda mais os trabalhadores, que devem se preparar para enfrentar esses ataques.
A luta virá de maneira completamente independente de toda a burocracia sindical, Nem CUT, nem Conlutas, nem Força Sindical estão comprometidos com os trabalhadores e sim com os patrões, como está provado pelo histórico de traições.
A única maneira de enfrentar as demissões em massa que virão é o controle da produção pelos trabalhadores. Os verdadeiros interessados na produção e na riqueza do País são os trabalhadores, que são roubados diariamente pelos patrões. Diante de qualquer ameaça de demissão os trabalhadores devem ocupar as fábricas e locais de trabalho. Se os patrões não dão conta da empresa, esta deve ser controlada pelos trabalhadores, todos têm o direito de trabalhar!

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