"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

sábado, 13 de dezembro de 2008

Grécia - Uma semana de protestos contra o governo

No seu sétimo dia, o levante popular grego demonstra mais força. Ao mesmo tempo, o governo recrudesce a repressão e agora pede apoio das polícias de Israel e da Alemanha

Novos confrontos entre manifestantes e policiais foram registrados em Atenas nesta sexta-feira (12), em uma semana de protestos iniciado após o assassinato do jovem de 15 anos, Alexis Grigoropoulos, vítima de um tiro no tórax disparado por um policial. Desde então, manifestações se espalharam por todo o país e agora ameaçam o governo direitista e corrupto do primeiro-ministro Costas Karamanlis. Estas já são consideradas as maiores mobilizações na Grécia desde a queda do regime militar em 1974.
Pelo sétimo dia seguido, novamente jovens lançaram paus, pedras e coquetéis molotov contra a Guarda Especial da Polícia. Os manifestantes traziam faixas com os dizeres "o Estado mata" e "o governo é culpado de homicídio". Centenas de pessoas foram feridas e presas desde o início dos protestos e o prejuízo causado para o governo já soma centenas de milhões de euros.
Os confrontos são tão intensos que a polícia começa a ter problemas de estoque de bombas de gás lacrimogêneo, a principal arma usada contra os manifestantes, apesar dos policiais estarem usando também armas de verdade para dispersar a multidão. Cerca de cinco mil bombas deste tipo foram usadas contra jovens e adolescentes, homens e mulheres. O governo grego pediu ainda ajuda da polícia de Israel e da Alemanha para reprimir o maior levante popular em pelo menos 35 anos.
Várias faculdades e colégios estão ocupados contra o corte de verba do ensino público. Instituições bancárias e veículos são apedrejados e incendiados. Os manifestantes reivindicam também a renúncia do premiê e a libertação de todos os militantes presos.
A crise na Grécia, país localizado na pobre e conturbada região dos Bálcãs, teve como estopim o assassinato de um adolescente, mas o levante é muito mais que isso, é fruto de um acúmulo das contradições de um capitalismo que só trouxe crescimento para os banqueiros e grandes empresários, enquanto que para o povo - sobretudo para a juventude - a perspectiva de crescimento foi zero.
Afogado em escândalos de corrupção, o premiê Costas Karamanlis (do partido pró-imperialista Nova Democracia) está cada vez mais isolado. A própria burguesia parece estar articulando a sua queda, uma manobra estratégica para levar, provavelmente, a frente popular ao poder. O pseudo Partido Socialista, que sempre fez uma oposição oficialista, se prepara para assumir as rédeas da crise e conter qualquer demonstração de mobilizações independentes e revolucionárias contra o regime capitalista. Querem levar as manifestações pela via institucional e, principalmente, impedir que estas mobilizações contaminem toda a classe operária grega.

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