"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

As diferentes faces dos ‘planos de austeridade’ na Europa

A corrida para promover cortes no orçamento dos 16 países da zona do euro está marcada por um objetivo comum a todos eles: reduzir o déficit orçamentário a 3% do PIB até 2013.
França
O governo Sarkozy pretende reduzir em 45 bilhões de euros os gastos dos próximos três anos com medidas de ajuste fiscal e a retirada de fundos destinados ao “estímulo” da economia. As reformas da previdência e tributária são duas das principais medidas tomadas, com a elevação da idade mínima para aposentadoria de 60 para 62 anos e maior tempo de trabalho para a conceção do benefício.
Os sindicatos realizaram duas ondas de greve nacionais em setembro, tendo envolvido pelo menos 1,1 milhão de pessoas na primeira delas.

Espanha
O governo Zapatero aprovou um orçamento de austeridade para 2011 que inclui o aumento de impostos sobre os mais ricos e cortes de 8% dos gastos públicos. O aumento de impostos, no entanto, dificilmente atingirá mais de 200 mil pessoas. O governo espanhol anunciou que pretende reduzir o déficit de 11,1% para 6% até o próximo ano.
Os funcionários públicos já enfrentam um corte de 5% em seus salários e passarão o próximo ano sem reajuste. Outros ataques, como a suspensão do pagamento de auxílio-maternidade, no valor de 2,5 mil euros, foram desferidos contra a população trabalhadora. O desemprego beira os 20%, tendo mais que dobrado desde 2007.
Grécia
Os trabalhadores do serviço público grego também estão na mira dos cortes do orçamento estatal planejados para reduzir o déficit de 13,6% do PIB. O governo espera cortar 30 bilhões de euros do orçamento em três anos com a suspensão do pagamento de bônus e o congelamento de salários e aposentadorias dos funcionários públicos por pelo menos três anos. O aumento de impostos sobre o consumo (de 19% para 23%) e sobre os combustíveis, álcool e tabaco (em 10%) também fazem parte do pacote.
Na Grécia, as medidas já desencadearam um onda de greves e conflitos entre manifestantes e a polícia nas ruas de Atenas, no que foi um prenúncio das mobilizações deste mês em todo o continente.
Romênia
A medida proposta pelo governo romeno foi um corte radical de 25% nos salários e 15% nas aposentadorias em julho, para reduzir o déficit orçamentário nacional.
A economia encolheu mais de 7% no ano passado e precisou da ajuda do FMI para conseguir liquidar sua folha de pagamento.
Tendo se tornado dependente do estímulo financeiro dado pelo FMI, o governo anunciou que pretende implementar novas medidas de “austeridade” para se tornar apto a receber a próxima parcela de 20 bilhões de euros do empréstimo feito pelo FMI.
Os protestos forçaram o ministro do Interior, Vasile Blaga, a renunciar depois de uma greve massiva de funcionários públicos e policiais contra o corte de 25% em seus salários.
Itália
O pacote de austeridade do governo Berlusconi consiste da redução de 24 bilhões de euros do orçamento entre 2011 e 2012 - cerca de 1,6% do PIB italiano.
Apenas os gastos destinados às municipalidades e governos regionais foram reduzidos em 13 bilhões de euros.
O governo já prometeu, inclusive, suspender qualquer reajuste salarial para o setor público nos próximos três anos, bem como reduzir as contratações para uma média de um novo contratado para cada cinco demitidos.
Os trabalhadores que atingirem a idade mínima para aposentadoria em 2011 terão de esperar pelo menos seis meses para poder gozar de seus benefícios.
Reino Unido
O plano de austeridade do novo governo de coalizão britânico pretende economizar 7,2 bilhões de euros do orçamento em 2010-2011, como um primeiro passo para reduzir os mais de 180,9 bilhões de euros em déficit, mais de 11% do PIB.
O governo Cameron espera conseguir uma grande economia, num primeiro momento, atrasando ou suspendendo contratos e projetos do governo envolvendo consultorias e empreiteiras, bem como a redução de gastos com viagens de empregados do setor público.
Ainda que num primeiro momento esteja procurando uma rota alternativa, o plano de austeridade conduzirá ao choque inevitável entre o governo e o poderoso movimento operário britânico.
Alemanha
O governo Merkel propôs um plano para reduzir o déficit orçamentário em 80 bilhões de euros, equivalentes a 3% do PIB, até 2014. O crescimento do déficit projetado para este ano o levaria a 5%. A economia, como nos demais países, será feita sobre a base da retirada de benefícios pagos a famílias trabalhadoras, o fechamento de 10 mil postos de trabalho no setor público nos próximos quatro anos e a sobretaxação da energia nuclear.
República da Irlanda
Recordista no número de planos de austeridade apresentados no último ano - três - o governo irlandês começou reduzindo os gastos previstos para 2010 em 4 bilhões de euros e cortando os pagamentos de todos os funcionários públicos em 5%, além de reduzir os benefícios sociais em 760 milhões de euros.
A taxação das emissões de gás carbônico foi adotada e estabelecida em 15 euros por tonelada de CO2 produzido.
Com um déficit de 12% do PIB, o governo irlandês espera controlá-lo por etapas até chegar a 2,9% em 2014.
As medidas de austeridade já levaram ao encolhimento da economia no segundo trimestre deste ano. O PIB caiu de 1,2%.
Portugal
O governo Sócrates anunciou a intenção de reduzir o déficit orçamentário para 7,3% neste ano e 4,6% em 2011.
Também adotou o corte de 5% dos salários de funcionários públicos e o aumento de impostos sobre os cidadãos com renda superior a 150 mil euros, que devem enfrentar uma taxação de 45% até 2013.
Outras medidas incluem o corte de gastos militares em 40% até 2013 e o adiamento da instalação de duas linhas de trem de alta velocidade ligando a capital, Lisboa, à Cidade do Porto.
Holanda
O governo anunciou um corte de 3,2 bilhões de euros para 2011, dando a entender, no entanto, que a cifra final pode ser muito maior ainda.
Os principais cortes se concentram nos serviços prestados à população, como a assistência médica, e na redução do número de funcionários públicos. A crise econômica desencadeou uma crise política no país que aguarda a definição sobre a composição do governo há meses.

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