"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Enfrentar a repressão patronal Pela readmissão dos grevistas da Abreu e Lima


Os operários que constroem a Refinaria Abreu e Lima, na região portuária de Suape, próximo de Recife, Pernambuco, reagiram duramente contra a posição do Sintepav-PE (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Pesada) que aceitou a proposta patrona de reajuste salarial de 10,5%, quando a reivindicação era de 15%. No dia 27 de julho, ocorreu a última rodada de negociação em que a patronal rebaixou as exigências dos trabalhadores. No dia 1º , iniciou-se a greve.
A direção do Sintepav, vinculada à Força Sindical, decidiu por conta própria fechar o acordo. Ao apresentar a contraproposta de 10,5%, vale alimentação de R$ 260 e equiparação salarial entre funcionários com atividades semelhantes nas diferentes empresas que tocam a obra, os burocratas se depararam com o profundo descontentamento dos trabalhadores. O patronato receoso de que poderia haver uma greve aceitou a reivindicação de trabalho igual, salário igual. Com isso esperava dividir os operários, que formam um contingente de 44 mil homens. Mas os 10,5% eram insuficientes diante de tamanha exploração.
A assembléia não aceitou passivamente, como é comum nas categorias em que a burocracia domesticou os trabalhadores, e decidiu pela greve. A direção do Sintepav ficou surpresa. Achou que seria levada no ombro pelos peões de obra. Os 10,5% lhe pareceu grande coisa e a equiparação de ganho para trabalho igual foi apresentada como vitória. Ocorre que o custo de vida está acima da inflação oficial. O regime de trabalho é brutal. E a equiparação tão-somente foi um reconhecimento pelos 16 consórcios empresariais de que vinham abusando dos operários. Assim, a burocracia forcista teve de engolir o NÃO da assembléia radicalizada.
No dia 8, os presentes à assembleia receberam a notícia de que a justiça do trabalho, no dia 6, havia decretado a greve ilegal e abusiva. Tem sido comum em várias situações, a burocracia convencer os grevistas a voltar ao trabalho para que o sindicato não seja punido com gigantescas multas e para que não haja demissões com justa causa. No entanto, essa regra não funcionou para os trabalhadores enfurecidos com os dirigentes colaboracionistas, sabotadores das reivindicações, e com a arbitrariedade da justiça burguesa. Foi então que a greve se transformou em revolta coletiva. Os operários se lançaram contra os ônibus, apedrejando e incendiando alguns deles.
Acusados de violência contra o patrimônio público, Jhormett da Cunha Moura e Raimundo Ita de Amorim Filho foram presos. O Sinteprev e a Força Sindical condenaram o levante e justificaram perante a justiça que também foram vítimas do vandalismo e que por isso não poderiam ser responsabilizados. Não teria de pagar a multa de R$ 5 mil diária, porque afinal o sindicato aceitou o acordo e a greve foi contra a sua vontade. O Sintepav procurou negociar os dias parados, para que não houvesse descontos. Mas a patronal não aceitou, o que tirou um trunfo da burocracia para convencer os trabalhadores a voltarem à obra.
Miguel Torres, que ocupa transitoriamente a presidência da Força, substituindo Paulo Pereira (Paulinho), no momento em campanha eleitoral à prefeitura de São Paulo, recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), para apoiar o Sintepav na tarefa de fazer os operários acabarem com a greve. Os burocratas justificaram que 70% queriam o retorno da normalidade e que havia infiltrados insuflando a continuidade por meio da violência.
A saída para quebrar a revolta era reprimir com a força policial. O sindicato patronal (Sinicon) exigiu reforço da repressão.
Surpreendentemente, os operários que constroem o estádio Arena da Copa, no município de São Lourenço da Mata, decidiram parar as obras. Mostraram sua desaprovação à direção do Sintepav. Em dezembro de 2011, haviam suspendido a greve sob pressão da burocracia traidora. Está mais do que claro que há uma rejeição dos peões da construção civil à direção burocrática e conciliadora da Força Sindical.
A revolta do dia 8 expressou o ódio profundo dos explorados. Objetivamente expôs as dificuldades da burocracia em submetê-los e domesticá-los, como exigem os patrões, a justiça e o governo. O acordo do dia 27 no TRT, a sua defesa pelo Sintepav no dia 1º e a decretação da ilegalidade no dia 8 exasperaram o ânimo coletivo. Foram as ações patronais que compareceram como violência aos que vivem sob a batuta diária do poderoso consórcio contratado pelo governo. Se diz das águas que tudo arrastam, violentas, mas não se diz violentas as margem as comprimem. Essa imagem serve bem nesse caso.
Refluída a greve e as manifestações, os capitalistas anunciaram a demissão de 500 operários – estima-se que pode chegar 1.000. A burocracia se congratulará com a patronal e o governo. É por essa via e outras mais violentas que se procura dobrar a classe operária. Ataca-se a vanguarda das lutas: os mais aguerridos e os mais conscientes.
Desgraçadamente, a maioria dos sindicatos está controlada por dirigentes acomodados, corrompidos e comprometidos com os interesses capitalistas. Está aí o perigo de os operários do complexo de Suape ficarem isolados e não reagirem aos facões patronais, que lhes começam a cortar as cabeças mais altivas e mais lúcidas da greve.
O movimento sindical vem colhendo há tempo as decisões da justiça que impõe a caracterização de abusividade, que expede multas milionárias e que decreta o fim das greves. Juízes completamente alheios à brutalidade sofrida pelos trabalhadores e à penúria de suas famílias acatam o chamado dos capitalistas para que sejam protegidos contra as greves, um dos recursos mais importantes que os assalariados têm para se defenderem.
Mas é pela experiência com a opressão burguesa que a classe operária forjará sua direção revolucionária, libertará os sindicatos dos traidores e recorrerá à construção de seu partido marxista-leninista-trotskysta. O POR em construção está inteiramente do lado dos operários. Coloca-se pela campanha nacional contra as punições e as demissões na Refinaria Abreu e Lima. Denunciamos a responsabilidade de Dilma Rousseff e do PT. Levantamos a bandeira de fim da lei antigreve.Fim da indústria das multas anti-sindicais! Nenhuma prisão de grevista! Nenhum processo aos lutadores! Nenhuma demissão!
Viva a revolta dos operários contra a burocracia vendida, os patrões e o governo!

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