"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Por quê o endividamento e a inadimplência batem recordes?

O “modelo de crescimento Lula”, que na verdade foi imposto pelo imperialismo, se esgotou. O sistema financeiro encontra-se fragilizado. Resgates em larga escala conduzem à hiperinflação e à bancarrota do Brasil 


De acordo com últimos dados publicados pelo BC (Banco Central), a inadimplência se manteve em 5,9%, em outubro, pelo quarto mês consecutivo. Para as pessoas físicas, a inadimplência atingiu 7,9%.
Segundo a recente Peic (Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), publicada mensalmente pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), os brasileiros continuam se endividando. Em torno de 59% dos 18 mil entrevistados declararam ter algum tipo de dívida. O percentual deverá continuar aumentando, pois "existe uma série de incentivos dados pelo governo para estimular a contratação de empréstimos”.
As políticas públicas têm sido as responsáveis pelo aumento do crédito, principalmente, nos setores automobilístico, imobiliário e linha branca. Aos repasses de recursos por meio dos bancos públicos, têm se somado a redução do compulsório dos bancos, da Selic e do IPI (Imposto sobre os Produtos Industrializados).
O número de famílias inadimplentes, com dívidas atrasadas há mais de 90 dias, aumentou em 0,5% no último mês e 1% neste ano, para um total de 21%.
”Recorde na quitação das dívidas”?
A imprensa burguesa tem apresentado nos últimos dias os resultados dos dados, divulgados pela Serasa Experian, recentemente, sobre “o recorde na quitação de dívidas”. Mais de 16 milhões de pessoas que renegociaram as dívidas e limparam o nome nos 10 primeiros meses deste ano, um aumento de 16,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Com o objetivo de camuflar a verdadeira gravidade da situação, é mantido nas entrelinhas o outro dado publicado - apesar das reduções dos juros, entraram na base de inadimplentes 21,5 milhões de pessoas, com uma média de cinco dívidas em atraso, ou seja o saldo foi de nada menos que 5,5 milhões de novos devedores inadimplentes.
Segundo a Serasa Experian, o indicador de inadimplência aumentou 5% em outubro na comparação com setembro e 15,3% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os protestos e os cheques aumentaram em 51,8% e 19,7%, respectivamente. A inadimplência bancaria aumentou 3,5% e a não bancária (cartões de crédito, financeiras, lojas e prestadoras de serviços públicos) em 2,2%.
De acordo com a Boa Vista Serviços, que administra o SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), o registro de inadimplentes aumentou 3,4% no mês de outubro, na comparação com o mês anterior, e 1,3% na comparação com o mesmo mês de 2011. O percentual, nos últimos 12 meses, teria aumentado em 7,1%.
O aumento da exposição ao endividamento e à inadimplência entre as pessoas com menos renda, que usam basicamente boletos como sistema de crédito, fica evidente pela disparada do número de títulos protestados, que subiu 33,9% em outubro, na comparação
com o mesmo mês de 2011, de acordo com os dados da Boa Vista Serviços. O aumento foi de 22,7% entre as pessoas físicas e 40,9% entre as empresas. Na comparação de outubro com setembro, o aumento tinha sido de 53,5% - 53,1% para as empresas e 54,3% para as pessoas físicas.
O colapso do “modelo de crescimento Lula”
Os níveis de inadimplência refletem o fracasso do governo em manter a economia de pé em cima do fomento artificial ao consumo, sustentado por meio de recursos públicos repassados para o sistema financeiro. A partir do colapso capitalista de 2007-2008, o governo injetou bilhões dos cofres públicos no sistema financeiro com o objetivo de manter os lucros dos especuladores e atender às crescentes pressões imperialistas que desviaram boa parte da crise dos países desenvolvidos para os países atrasados.
O plano imposto pelo imperialismo para a economia brasileira, e implementado a partir do segundo governo Lula, levou ao rápido crescimento do comprometimento da renda dos trabalhadores brasileiros para pagar dívidas. O esgotamento começou a ser sentido a partir do segundo semestre do ano passado, e com particular intensidade a partir do segundo trimestre deste ano, devido ao novo aprofundamento da crise capitalista provocado pelo fracasso dos mecanismos de contenção.
A perspectiva para o próximo período é de aumento da inadimplência, provocado pelo contínuo incentivo ao crédito – após ter registrado redução de 16,5% em setembro, aumentou 17,2% em outubro, e 18,2% na faixa de renda entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, segundo o Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito.
A concessão de crédito à pessoa física subiu 18%, em 12 meses, até setembro. No acumulado dos 10 primeiros meses do ano, a procura por crédito diminuiu 4,3%, mas entre as pessoas com renda mensal de até R$ 500 aumentou em 3,9%.
Enquanto em janeiro de 2005, 4,6% da renda mensal dos brasileiros era gasta com o pagamento de juros aos bancos, em setembro de 2012, o percentual avançou para 7,6%, apesar da Selic ter caído de 18,25% para 7,25%. Por esse motivo, os brasileiros estão muito mais endividados agora. No mesmo período, o endividamento total anual das famílias, em relação à renda de 12 meses, saiu de 18,3% para 44,3%.
A queda dos juros não tem provocado o aumento dos investimentos que poderiam melhorar a criação de empregos, da renda dos trabalhadores e o crescimento do PIB. Os investimentos estão literalmente dependentes dos recursos injetados a partir dos bancos públicos, principalmente o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento). Na prática, o objetivo não é promover qualquer crescimento que se sustente pelo menos a médio prazo. Trata-se de operações que têm como finalidade salvar os lucros dos capitalistas a qualquer custo.
Quando todos os indicadores contradizem os mitos difundidos pelo governo, tais como o crescimento da renda, o fortalecimento do mercado de trabalho, a queda do desemprego e o aumento da formalização, se trata do esgotamento da capacidade de compra das massas trabalhadoras, por causa das dívidas que não foram pagas, e que têm se transformado num dos fatores principais da quebra do “modelo de crescimento” imposto pelo imperialismo e implementado pelos governos do PT. Os novos estímulos fiscais, que tentam, a todo custo, ressuscitar o consumo, estão fadados ao fracasso devido ao crescente desemprego industrial e à queda da massa salarial. O que realmente esses “estímulos” conseguirão será continuar garantindo, de maneira, cada vez mais, precária, as taxas de lucro dos capitalistas às custas do aumento da inadimplência, o que deverá conduzir ao estouro das bolhas financeiras, tais como a bolha imobiliária e do crédito, levando o sistema financeiro à bancarrota. A fragilidade do sistema financeiro ficou exposta, de maneira muito clara, nas recentes bancarrotas dos bancos Panamericano e Cruzeiro do Sul, entre outros.

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