"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Mobilização estudantil na Inglaterra, crise em Mianmar e no Iraque

Sábado, 6 de novembro: catástrofe no Haiti

No sábado, dia seis, um dos principais fatos que marcaram o dia foi mais uma catástrofe que assolou a população haitiana. De acordo com as autoridades haitianas, a passagem do Furacão Tomas provocou a morte de pelo menos 20 pessoas, 36 feridas e cerca de 6 mil famílias desabrigadas.
Segundo a Defesa Civil, a região Sudeste do Haiti, localizada no departamento de Grand’Anse, foi a mais atingida, registrando a morte de sete pessoas e o desaparecimento de outras sete pessoas. Ao todo 857 casas foram destruídas e outras cinco mil ficaram danificadas. Entre os desabrigados, há pelo menos seis mil famílias que estão sem lugar para onde ir.
A força do Furacão fez com que várias cidades ficassem bloqueadas durante a semana devido às inundações a aos constantes deslizamentos de terra. Depois de devastar o Haiti, o furacão foi dissipado no Oceano Atlântico.
Os estragos do furacão vão agravar a situação de calamidade pública do País. Uma das conseqüências imediatas dos estragos causados pela passagem do furaçcão é o agravamento da epidemia de cólera devido, a doença já matou mais de 700 pessoas. O furacão aumentou o número de desabrigados no País, que já era muito alto por causa do terremoto que atingiu o Haiti no início do ano. Desta forma, a situação da população haitiana, a mais pobre da América Latina, fica ainda mais grave.

Domingo, 7 de novembro: abrindo caminho para o plano de austeridade

No domingo, dia sete, teve início a visita do papa Joseph Ratzinger na Espanha para pregar contra direitos democráticos, a exemplo do que fez na Inglaterra.
A visita do papa faz parte da jornada internacional de luta contra o direito ao aborto e o casamento gay. Não é por acaso que a visita do papa aconteceu em meio à crise capitalista que abrange toda a Europa e em especial a Espanha. O papa aproveitou para se posicionar contra as recentes leis aprovadas pelo governo espanhol que garantem o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A lei do aborto, por exemplo, foi aprovada na Espanha há menos de seis meses. E reação da direita espanhola ligada à Igreja Católica foi imediata.
A visita do papa também é estratégica para o governo Zapatero conseguir implementar o plano de austeridade com os drásticos cortes no orçamento público. A Igreja Católica é um instrumento fundamental para a aplicação dessa política contra os trabalhadores e a população espanhola. A autoridade da Igreja para conter a crise e a reação popular é fundamental, mais de 70% da população espanhola se declara católica.

Segunda-feira, 8 de novembro: fugindo da ditadura

Na segunda-feira, dia oito, foi anunciado pelas autoridades tailandesas que dezenas de milhares de pessoas saindo de Mianmar cruzaram a fronteira para fugir do país. O motivo da evacuação se deve aos conflitos entre as duas principais alas do regime político birmanês devido às inúmeras denúncias de fraude nas últimas eleições que ocorreram nos dias seis e sete. O resultado das eleições deu mais de 80% das cadeiras parlamentares ao partido da ditadura.
Os conflitos tiveram início com a invasão de um posto de votação em uma delegacia de polícia na cidade de Myawaddy. A invasão foi realizada por uma ala oposicionista do regime atual, a Liga Nacional para a Democracia (LND), que alega fraude nas eleições para manter no poder o partido da ditadura militar.
A pressão popular em Mianmar obrigou este partido a realizar eleições e iniciar um processo de abertura democrática, pois há mais de 20 anos que uma eleição não era realizada no País.
A crise em Mianmar é tanta que o imperialismo se declarou contrário ao atual governo e contra as eleições. O regime político é apoiado pelos chineses e o imperialismo apóia a ala de oposição. Barack Obama chegou a dizer que as eleições “não atenderam aos padrões reconhecidos internacionalmente”. Aparentemente, a política do imperialismo é apoiar o movimento democrático para assim conseguir alguma influência sobre Mianmar.
A demonstração maior de apoio do imperialismo ao movimento democrático birmanês foi a nomeação de Aung San Suu Kyi, líder oposicionista, ao prêmio Nobel da Paz, que está em prisão domiciliar.
Devido à total desmoralização da ditadura birmanesa, o atual partido no poder não consegue mais sustentar o regime político.
Já a China se posicionou favorável ao partido que ganhou as eleições declarando que “Este é um passo fundamental para Mianmar na implementação do cronograma de sete passos na transição para um governo eleito, e portanto é bem-vindo”. A ditadura birmanesa é uma aliada de longa data da w.
Mas, desde as crises em Mianmar em 2007, vem se aprofundando a crise em todo o continente asiático que está sob a influência da China.

Terça-feira, 9 de novembro: crise bancária chega ao Brasil

Na última terça-feira, dia nove, o Banco Central (BC) informou ter encontrado indícios de fraude nas operações com cartões de crédito no banco PanAmericano, por meio de uma subsidiária do banco.
A fraude teria acontecido porque a instituição não repassou às administradoras o pagamento das faturas feitas pelos portadores dos cartões. Dessa operação surgiu um rombo de R$ 2,5 bilhões no banco que faz parte do Grupo Silvio Santos. A parte referente aos cartões soma R$ 400 milhões de rombo.
Os R$ 2,1 bilhões restantes são provenientes das carteiras de financiamento do banco, ou seja, de títulos vendidos que continuaram sendo contabilizados e vendidos a mais de uma instituição.
Após ser denunciada a fraude, o rombo foi coberto com um empréstimo de R$ 2,5 bilhões feito pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) ao Grupo Silvio Santos.
O Ministério Público Federal declarou que vai averiguar a fraude e tentar incriminar responsáveis. O presidente do Banco Central brasileiro, Henrique Meirelles, já indicou ao Silvio Santos vender o PanAmericano para poder pagar as dívidas com o FGC. Mas talvez não seja somente o banco que tenha que ser vendido, mas boa parte do patrimônio do apresentador, entre eles até mesmo o canal de TV SBT.
O rombo no Panamericano, envolvendo títulos do banco é um prenúncio da crise que deve se abater no País, assim como aconteceu nos Estados Unidos com a crise imobiliária. O governo Lula se vangloriou por ter contido de imediato o rombo, por meio do FGC, pois não foi utilizado dinheiro público, já que o fundo é mantido com dinheiro privado. No entanto, à medida que estes casos se multiplicarem os cofres públicos serão os primeiros a serem utilizados.

Quarta-feira, 10 de novembro: luta contra o ensino privado

Na quarta-feira, dia 10, foi a vez dos estudantes ingleses protestarem contra o plano de austeridade inglês e os ataques à educação. Cerca de 50 mil estudantes universitários protestaram nas ruas de Londres contra projeto de aumento das mensalidades no Reino Unido.
A manifestação foi extremamente radicalizada, os estudantes ocuparam a sede do Partido Conservador em protesto à propaganda feita pelo partido, durante as últimas eleições, em que prometeu que as mensalidades não seriam aumentadas.
Os estudantes entraram na sede do partido, expulsaram os mais de 200 funcionários e iniciaram uma série de fogueiras no interior do prédio.
Este foi o maior protesto realizado no Reino Unido contra os planos de austeridades que foram anunciados há algumas semanas. O governo britânico pretende triplicar o valor das mensalidades cobradas aos estudantes.
Com o protesto, os estudantes aproveitaram a ocasião para destacar que o primeiro-ministro David Cameron e outros membros do governo estudaram nas universidades como Oxford e Cambridge, na época em que a educação universitária era gratuita no País. A cobrança de mensalidades foi introduzida pelo primeiro-ministro Tony Blair em 1997 logo após sua eleição.

Quinta-feira, 11 de novembro: governo frágil

Na quinta-feira, dia 11, Nouri Maliki foi indicado ao cargo de primeiro-ministro do Iraque por Jalal Talabani, atual presidente eleito em março.
A escolha foi feita após meses de impasse das inúmeras divergências existentes entre os partido no Parlamento iraquiano. Para conseguir entrar em um acordo, o novo governo teve que fazer inúmeras promessas para as facções que compõem a câmara legislativa iraquiana.
O Iraque vive um estado de crise constante por meio das pressões exercidas pelo Irã que tem maioria xiita e pela maioria sunita da Arábia Saudita, ou seja, apesar das tentativas de unificação do país há uma forte tendência de desagregação, de divisão que existe desde a invasão norte-americana.
Com a indicação de Maliki para o cargo de primeiro-ministro, o Irã será favorecido, pois o governo tem maioria xiita. Com esta situação, o imperialismo tem seus planos de estabilização do regime iraquiano comprometidos, pois o impasse político no Iraque permanece, ainda mais agora com este governo que está mais próximo do Irã.

Sexta-feira, 12 de novembro: acordo prévio

A reunião com os líderes do G20 que se estendeu durante quase toda a semana passada para discutir a questão cambial entre os países imperialistas e os países atrasados, que compõem o chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), terminou na última sexta-feira, dia 12, sem nada muito concreto.
Foi realizado um acordo prévio em torno de um compromisso para que os países fiquem em estado de alerta e evitem dar sinais para investidores de que a crise é maior do que parece.
Os detalhes do acordo não foram estabelecidos, isso somente ocorrerá na próxima reunião da cúpula do G-20 que acontecerá no primeiro semestre de 2011.
O principal assunto tratado no encontro, sem dúvida, foi o mega pacote que o governo dos Estados Unidos despejou no mercado financeiro norte-americano. A bolha imobiliária na Irlanda que produziu uma dívida de 159 bilhões de dólares também foi um dos assuntos mais comentados.
A respeito das taxas de câmbio dos países, foi acordado que os países irão evitar desvalorizações que sejam utilizadas com fins competitivos, como acontece com o câmbio chinês, que está extremamente desvalorizado afetando as exportações de diversos países, em especial dos Estados Unidos.
A respeito das taxas de cambio chinesas, Barack Obama declarou que, “As taxas de câmbio precisam refletir realidades econômicas. As economias emergentes precisam permitir que suas moedas sejam conduzidas pelo mercado”.
Por fim, não houve nenhum avanço na regulação das taxas de câmbio, ficando apenas a cargo do “bom senso” dos países em regularizar a situação, mas pelo visto não haverá nenhuma mudança do quadro atual.


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