"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

domingo, 19 de agosto de 2012

Matança de grevistas na África do Sul


Não se tem ainda o número exato de mineiros sul-africanos que morreram em confronto com a polícia. Fontes oficiais estimam 34. A mina de platina em Marikana, próximo de Pretória, foi palco de uma violência contra trabalhadores grevistas que não se via desde 1994 com o fim do regime do apartheid. O sindicato dos mineiros confirma 36 que tombaram fulminados pela polícia.
Os jornais informam que os operários diziam dispostos a morrer pela greve. A polícia herdada do regime da burguesia branca colonizadora respondeu aos manifestantes com armas de guerra. Se os mineiros de Marikana estavam decididos a morrer pela greve, é porque já não suportavam as condições de existência e porque elevaram sua consciência revolucionária.
A matança de homens desarmados expõe a barbárie capitalista sem atenuantes.
A polícia justificou o banho de sangue com o argumento de que foram ameaçados com facões, quando dispersavam 3 mil mineiros. O absurdo do argumento é parte da barbárie.
A greve atinge os interesses da empresa britânica Lanmin. A polícia foi encarregada pelo Presidente Jacob Zuma de esmagar o movimento. A defesa do capital imperialista pelo governo negro à custa do sangue do proletariado negro mostra o quanto a África do Sul permanece na condição país colonizado.
Enfatizamos a cor negra porque desde 1910, quando foi fundada a União da África do Sul sob o domínio do imperialismo inglês, a burguesia branca – formada pelos colonizadores holandeses e alemães (africânderes ou bôeres) e por britânicos – impôs à maioria negra africana o regime de segregação racial (apartheid). As etnias colonizadas estavam proibidas de ter a propriedade da terra, não tinham quaisquer direitos políticos e moravam em zonas separadas da população branca ultraminoritária.
Em 1948, com o Partido Nacional (NP), a segregação e a violência contra os negros recrudesceram. A resistência à opressão de classe e racial, no entanto, levou à constituição do Congresso Nacional Africano (CNA), já em 1912. Na década de 50, o levante dos explorados ganhou amplitude. Em contrapartida, cresceu a violência da burguesia branca.
A morte de 67 negros em 1960 pela polícia, denominada de Massacre de Sharpeville, marcou o declínio do regime do apartheid e o avanço do movimento das massas oprimidas. A condenação do dirigente do CNA, Nelson Mandela, à prisão perpétua e a brutal repressão não quebraram a resistência, apenas retardaram a remoção do regime do apartheid, que ocorrerá em 1994. Mandela é eleito presidente.
A solução negociada entre o CNA e o governo de Frederik de Klerk permitiu que se mudasse o governo e que Mandela ocupasse o posto da presidência, mas também garantiu a permanência do poder da burguesia branca e dos interesses do imperialismo. Ao se conservar o poder econômico da classe capitalista e o funcionamento do Estado burguês, não foi possível eliminar as raízes do apartheid.
O governo do CNA passou a trabalhar para o enriquecimento da mesma classe que colonizou os africanos desde 1652, quando os holandeses estabeleceram na região a Companhia das Índias Orientais, constituindo uma feitoria. A maioria negra da população continua sem acesso às terras, o desemprego açoita milhões e a miséria predomina.
O CNA se corrompe sob a direção de Jacob Zuma, acusado de favorecer empresas de armamento. Mandela, completamente apodrecido no exercício do poder burguês, o apoia para a presidência, em 2009. Esse mesmo bandido da burguesia branca ordenou o massacre dos mineiros em 16 de agosto de 2012. Choroso, se diz chocado com “essa violência sem sentido”: “Instruí as forças da ordem a fazer tudo para manter a situação sob controle”. Essa violência tem sentido sim – serviu aos interesses do capital britânico e de toda burguesia que tem o proletariado em luta como inimigo mortal.
Os explorados sul-africanos foram traídos pelo CNA. A experiência histórica evidencia que uma organização pequeno-burguesa não conduz ao fim da opressão de classe e racial. O CNA com toda sua trajetória de luta e sacrifícios pelo fim do regime do apartheid concluiu como traidor justamente porque se submeteu ao poder econômico da burguesia interna e do imperialismo. Coube ao governo do CNA esmagar a greve dos mineiros de Marikana e derramar sangue dos operários negros. Esse é o fim do CNA, já desmoralizado perante os pobres e oprimidos.
A classe operária mundial deve denunciar esse bárbaro crime do governo Zuma, da burguesia sul-africana e do imperialismo inglês. O programa de combate à barbárie é o da expropriação revolucionária da propriedade privada dos meios de produção e sua transformação em propriedade social, coletiva. Para isso, é necessário construir o partido marxista-leninista-trotskista.
Quanta falta nos faz a IV Internacional! Quanta necessidade temos de levantar os explorados contra os ataques da minoria contra a maioria! O banho de sangue em Marikana espelha a brutal crise de direção. A brutalidade da burguesia contra grevistas desarmados, no entanto, forja nas massas a necessidade de pôr em pé o partido da revolução proletária e fortalece em sua vanguarda a compreensão de seu lugar no combate ao capitalismo.
Denunciamos mais esse crime dos capitalistas! Viva os mineiros sul-africanos! Lutemos pela revolução e ditadura do proletariado!

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