"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Burguesia imperialista tenta impor mais políticas neoliberais

No último dia 20 de fevereiro, 11 países da UE (União Europeia) elaboraram uma carta, que foi enviada aos presidentes do Conselho Europeu, Herman Von Rompuy, e ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, com o objetivo de que a reunião cume da UE, prevista para os próximos dias 1 e 2 de março, discuta a adoção de uma série de medidas neoliberais com o suposto objetivo de “dar um forte estímulo com indicações concretas e operativas para o crescimento europeu”. A carta foi divulgada na Bolsa de Milão pelo representante dos especuladores financeiros, Mario Monti, que foi imposto como primeiro ministro na Itália.
As medidas contemplam a desregulamentação do setor de energia, já em 2014, e o setor de serviços. A criação de um mercado digital integrado em 2015 e a liberalização dos mercados globais através de acordos de livre comércio, minimizando a regulamentação europeia e atacando ainda mais as leis trabalhistas. Mas o objetivo principal, a ser implementado como a “cereja do bolo” das demais reformas, é a “reforma financeira”. Apesar da demagogia por trás de frases como “garantias implícitas para sempre resgatar os bancos, o que distorce o mercado único, devem ser reduzidas”, o verdadeiro objetivo é a criação de um “setor de serviços financeiros competitivo” nos moldes do setor financeiro britânico e norte-americano que dominam o mercado mundial. Dito em outras palavras, a UE deveria derrubar a regulamentação do setor financeiro e facilitar a especulação. Esta política facilita os lucros dos especuladores imperialistas britânicos, norte-americanos e europeus, mas, ao mesmo tempo, acirrará a concorrência entre eles, além de aprofundar a crise capitalista e disparar o endividamento como o demonstram os exemplos dos EUA, da Grã Bretanha e do Japão.
A escalada do parasitismo entre as multinacionais imperialistas
O distanciamento das atividades produtivas fica cada vez mais patente na economia capitalista parasitária. Nos últimos dias, multinacionais do setor automobilístico, a alemã Volkswagen e a francesa Peugeot-Citroen, anunciaram que recorrerão aos recursos que o BCE (Banco Central Europeu) liberará, no próximo dia 29 de fevereiro, dentro do programa LTRO (Operações de Refinanciamento a Longo Prazo), através dos seus respectivos bancos. Trata-se da segunda rodada, que na primeira liberou € 489 bilhões a taxas de 1% ao ano com vencimento a três anos, na qual os especuladores financeiros esperam que sejam liberados em torno de € 1 trilhão. Outras multinacionais estão seguindo o mesmo caminho.
As multinacionais imperialistas têm enormes dificuldades para extrair lucros da produção, devido ao esgotamento histórico do capitalismo, e, cada vez mais, precisam recorrer aos recursos públicos para funcionarem. Mas, no contexto do aprofundamento da crise capitalista, no qual a maioria dos países está caminhando a passos largos para a recessão, o fomento ao consumo mediante a novas linhas de crédito continuará alimentando a bolha de crédito, que deverá estourar no próximo período e levar a economia capitalista mundial à depressão. Conforme as medidas recessivas dos recorrentes “planos de austeridade” continuarem aumentando o desemprego e a qualidade de vida dos trabalhadores, a inadimplência deverá disparar.
As medidas neoliberais propostas não são nenhuma novidade. Após o colapso capitalista de 2008, grande multinacionais foram resgatadas com recursos públicos. Nos EUA, o setor automobilístico, entre outros, colapsou. Fortes investimentos do governo norte-americano e linhas de crédito, como o programa TARP, injetaram bilhões de dólares em multinacionais como a GM para impedir a sua bancarrota.
Em 2011, a Peugeot, por exemplo, foi fortemente afetada pela crise na Europa, sofreu perdas de € 1,6 bilhões, além do aumento do aumento do seu endividamento em € 2,2 bilhões.
Ao mesmo tempo, a forte contração do mercado mundial deverá levar a que as multinacionais não financeiras também apliquem a maior parte dos recursos obtidos do LTRO nos mercados especulativos. O próprio funcionamento do mercado capitalista parasitário leva a isso: recursos obtidos a 1% podem ser aplicados em títulos da dívida pública e renderem entre 4% a 7% sem esforço produtivo algum! Ou também podem ser aplicados em derivativos do setor de commodities, ou mesmo nos derivativos de títulos podres reativados recentemente, por instituições respeitáveis como o Deutsche Bank, e que rendem acima de 7%. Os especuladores financeiros contam com a política TBTF (Muito Grande Para Falir) para garantir que as grandes empresas que falirem na ciranda especulativa serão resgatadas com recursos públicos.
O aprofundamento da recessão na Europa conduz à depressão econômica mundial
As políticas recessivas dos planos de austeridade não conseguem promover nenhum crescimento e nem mesmo colocar em ordem as finanças públicas. O governo espanhol acabou de aprovar o corte de € 15 bilhões do seu orçamento, e precisaria de € 25 bilhões adicionais para, em tese, reduzir o seu déficit de 8% do PIB em 2011 (a meta era de 6%) para 4,4%, mas já anunciou que dificilmente conseguirá diminui-lo abaixo de 5,5%. A mesma situação acontece nos demais países imperialistas e a tendência do déficit público é de aumento acelerado.
No caso do elo mais fraco da corrente europeia, a Grécia, a agência qualificadora de riscos Fitch, rebaixou ainda mais a sua nota, de CCC para C, o que significa a pior nota possível além do não pagamento. Tanto a Fitch quanto a S&P (Standard & Poor’s) anunciaram que mesmo os novos bônus recentemente trocados deverão ser rebaixados para a categoria D, e portanto qualificados como de não pagamento. Essas agências, assim com a outra grande do setor, a Moody’s, são controladas diretamente pelos imperialistas anglo norte-americanos e pressionam o imperialismo alemão, que domina na Europa e controla o BCE, para que acelere a monetização da dívida pública europeia através do aumento das emissões de papel moeda, nos mesmos moldes que tem sido feito nos EUA, na Grã Bretanha e no Japão.
A Comissão Europeia atualizou recentemente as suas previsões para 2012 de 0,5% de crescimento para 0,3% de contração. Para a economia da Grécia a expectativa de contração é de 4,4%, para Portugal 3,3%, Itália 1,3% e Espanha 1%. Para a França é previsto um crescimento de 0,4% e para a Alemanha de 0,6% apesar da economia ter estancado no terceiro trimestre do ano passado e ter caído em 0,2% no quarto trimestre.
A maior entrega das empresas públicas e o aumento da especulação financeira só podem ser sustentadas com recursos públicos. E como esses recursos são cada vez mais escassos devido ao aprofundamento da crise capitalista mundial, eles são gerados pela impressão de papel moeda sem lastro produtivo. Essa política tem se generalizado em todos os países. A China, “a locomotiva do desenvolvimento mundial”, rebaixou nos últimos dias o compulsório dos bancos para injetar na economia quase € 48 bilhões devido à queda das exportações e à aceleração das bolhas imobiliárias e das obras de infraestrutura. No Brasil, o governo do PT, através do BC (Banco Central), continua aumentando as compras de bônus emitidos pelo Tesouro Nacional; esses recursos são repassados para o BNDES que tem aumentado as suas operações de repasse de recursos para os grandes capitalistas e, principalmente, financiando as privatizações, incorporações de empresas entre outras manobras especulativas.
O aprofundamento da recessão na Europa conduz à depressão econômica mundial que, por sua vez, é o combustível que tem acentuado os protestos das massas trabalhadoras na Grécia e em vários outros países.

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