"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Grécia - A ponta do iceberg da crise capitalista mundial

No centro das atenções da crise capitalista mundial encontra-se, neste momento, a tentativa do acordo para manter a continuidade do pagamento dos serviços da dívida pública grega no contexto de um rombo de enormes proporções. O novo “resgate” significaria na liberação de pelo menos € 150 de bilhões, apesar dos especuladores abrirem mão de 70% dos seus títulos.
As políticas imperialistas têm levado à bancarrota do País, que entrou no seu quinto ano consecutivo em recessão, e ao aumento da espoliação das massas trabalhadoras através de novas medidas ainda mais recessivas: entrega de empresas estatais, demissões em massa de funcionários públicos, reduções de salários e aposentadorias e aumento generalizado dos impostos. Portugal é o próximo da lista.
Os protestos populares são massivos e cada vez mais frequentes. No dia 7 de fevereiro, mais de 20.000 gregos, segundo informações da polícia, participaram de mais uma greve geral, convocada pelas duas centrais sindicais, para se oporem contra as medidas do governo “tecnocrata” imposto pelo imperialismo mundial e apoiado pelos principais partidos burgueses.
Os manifestantes carregavam faixas com os dizeres: "não vamos pagar seus impostos, suas dívidas".
Existe uma grande preocupação do imperialismo em relação ao controle das próximas eleições gerais previstas para o próximo mês de abril.
Entre as medidas que os especuladores financeiros querem impor, e que o governo grego deveria ter implementado até o dia 7 de fevereiro, está o corte de 20% no salário mínimo e para as aposentadorias superiores a € 1.000, e a demissão de 15.000 funcionários públicos neste ano. Dos € 3 bilhões dos cortes dos gastos públicos, € 1,1 bilhões relacionam-se com o sistema de saúde pública.
A Grécia tornou-se um modelo para a burguesia mundial em relação aos pacotes de austeridade. Até na Suécia, um dos bastião do estado burguês do “bem-estar social”, o primeiro ministro direitista Fredrik Reinfeldt pediu que a idade mínima para a aposentadoria passe dos atuais 61 a 67 anos para 75 anos.
O aumento das pressões dos especuladores financeiros para manterem as suas taxas de lucro acirram as contradições interimperialistas
A tentativa do imperialismo alemão de impor um “comissário europeu” para controlar diretamente as finanças gregas, que seria usado como um piloto para aumentar o seu domínio na Europa, acirrou as contradições interimperialistas na Europa. Aumentaram as pressões dos especuladores financeiros anglo norte-americanos para acelerar a monetização da zona do euro, através do aumento das emissões de papel moeda, com o intuito de salvar os lucros do setor financeiro e das multinacionais imperialistas no seu conjunto na zona do euro e na Grécia, onde a política que está sendo implementada pelo imperialismo alemão os está levando a perderem € 100 bilhões relacionados à dívida pública e € 200 bilhões à dívida privada. Entre os ataques dos especuladores estão os rebaixamentos em massa das notas das dívidas públicas dos países europeus pelas agências qualificadoras de risco, o aumento das pressões do FMI (Fundo Monetário Internacional) e o aumento dos ataques diretos através dos CDS (credit default swaps), e outros mecanismos, que levaram à disparada dos juros. Esta política também tem acirrado as contradições interimperialistas a nível mundial e a aceleração do parasitismo em todos os níveis da sociedade burguesa.
Os “generosos” € 489 bilhões que foram liberados, no mês de dezembro, à ridícula taxa de juros de 1% ao ano pelo BCE (Banco Central Europeu), que é controlado pelo imperialismo alemão estão sendo aplicados em títulos dos países mais endividados a taxas muito mais altas, na especulação com títulos imobiliários nos EUA (que continua mais forte do que nunca!) e em derivativos financeiros no geral. Esses empréstimos deverão ser pagos (serão mesmo pagos?!) em três anos. Além disso, o BCE usou € 250 bilhões para a compra de títulos públicos dos chamados países PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e a Espanha) nos mercados secundários.
Mas para os especuladores financeiros todo repasse de recursos é sempre pouco, pois eles somente conseguem manter as suas obscenas taxas de lucros através da especulação parasitária em cima de recursos públicos, tanto para garantir os pagamentos dos títulos públicos e das hipotecas e a valorização das commodities, outro dos pilares da especulação, e os repasses de recursos fáceis, que é feito através da impressão de papel moeda, sem lastro produtivo, com o objetivo de jogar o peso da crise capitalista para os trabalhadores, quanto para resgatar os especuladores que quebrarem em cima da nefasta política TBTF (Muito Grande Para Quebrar). Adicionalmente, vemos o aumento da agressividade militar, principalmente contra os países onde as políticas nacionalistas representam um papel importante, com o objetivo de disputar o controle das fontes de matérias primas, as obras de infraestrutura e o comércio de commodities, principalmente o do petróleo. Os casos de trabalho escravo têm disparado nos últimos três anos. Um verdadeiro e macabro casino financeiro!
O aprofundamento da crise capitalista na Europa aumenta a crise política na Alemanha
A crise política aumenta na Alemanha, a principal potência imperialista europeia, devido à deterioração da sua economia que estancou no segundo semestre do ano passado. O principal mecanismo para a arrecadação de recursos passou, cada vez mais, a centrar-se na especulação financeira, principalmente, mediante as emissões de títulos da dívida pública a taxas de juros próximas a 0% e a sua capitalização aplicando esses recursos em títulos dos países mais endividados que pagam taxas de juros muito maiores. Obviamente que esta política é extremamente frágil e muito impactada pelo aprofundamento da crise capitalista na Europa, mas as alternativas para o imperialismo alemão são muito limitadas.
A coalisão direitista que está no governo, a CDU (União Democrata Cristão) da chanceler Angela Merkel e o seu sócio minoritário a FDP, sofreu esmagadora derrota nas eleições municipais de 2011. Para as próximas eleições gerais, previstas para 2013, o FDP ficaria fora do Parlamento alemão, o PSD (Partido Socialdemocrata), que sofreu arrasadora derrota nas eleições de 2009 e que teve três dos seus membros como ministros de Merkel entre 2005 e 2009, não conseguiria alcançar a vitória nem mesmo aliado ao Partido Verde. O Partido dos Piratas, que é a favor da anulação das leis de propriedade intelectual, tem 5% das intenções de votos, o que pode ser considerado como um aumento do voto de protesto. A CDU continua liderando as pesquisas, principalmente porque tem conseguido repassar o peso da crise para os demais países da Europa, mas encontra-se em decadência; a questão colocada é se o domínio da direita conseguirá manter-se perante a previsão da continuidade do estancamento econômico e a sua provável entrada em recessão até 2013, e, ao mesmo tempo, se o PSD conseguirá conter o avanço das massas trabalhadoras.

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