"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Imprensa capitalista defende política de extermínio da população


Nesse domingo, 25, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma matéria em que afirma que 43% dos paulistanos acha que um policial que mata “bandido” não deve receber punição.
A pesquisa é evidentemente mentirosa e manipulada e, como sempre, dirigida a conseguir esse resultado.
Ainda assim, e isso o jornal não destaca, a maioria ainda acredita que o policial deve sim receber alguma punição, seja a prisão (40%) ou a expulsão da corporação (11%).
Ou seja, mesmo a pesquisa mentirosa e manipulada demonstra que a maioria da população é contra a política estabelecida há décadas pelos governos do Estado, que deram, e dão, licença para a polícia matar a seu bel prazer.
Outros dados corroboram a manipulação. A mesma pesquisa mostra que a esmagadora maioria dos entrevistados creditam ao próprio governo ou à polícia a responsabilidade pela “onda de violência”. Para 17%, trata-se de um acerto de contas entre a polícia e os criminosos. Outros 18% acreditam que o próprio governo motivou os ataques por desleixo ou falta de controle e mais 18% apontam a corrupção policial como o principal motivo dos ataques.
Como pode ser que com tal falta de autoridade e credibilidade dessas instituições, 43% aceitem dar carta branca para a polícia matar?
Felizmente, o mundo real vai muito além de pesquisas fajutas. A eleição municipal, que aconteceu há menos de um mês mostra o quanto de realidade há nessa pesquisa. O principal impulsionador da política repressiva no Estado, o PSDB, encabeçado por José Serra, foi derrotado em São Paulo, seu principal reduto. A derrota e a crise em que se encontra esse partido é tão grande que a própria imprensa capitalista que o apoia está sendo obrigada a reconhecer e a discutir a questão. A oposição à política repressiva do PSDB também foi um dos principais motes do candidato eleito, Fenando Haddad (PT), que falou inúmeras vezes no horário eleitoral em política “humana”, criticou o cancelamento do sopão por Kassab e falou que “não basta só a repressão” para acabar com o crime. Uma política demagógica, mas que responde ao crescente descontentamento popular com a política de Serra e do PSDB. E foi justamente após a repressão brutal aos estudantes da USP, aos moradores do Pinheirinho e a intervenção em outras favelas que a crise dos tucanos se aprofundou de maneira irreversível.
É evidentente que a derrota do PSDB foi também a derrota da política de extermínio da população pobre e de repressão. Muitos podem ter a impressão que os percentuais seriam até mais altos do que mostra a pesquisa, em razão da histeria estimulada pela própria imprensa capitalista em torno dos crimes em São Paulo. Mas para que o resultado da pesquisa fosse como mostra a Folha de S. Paulo, seria preciso não apenas que a buguesia e a classe média da cidade apoiassem integralmente essa política, como seria necessário que também uma parte expressiva da população trabalhadora das periferias, ou seja, quem sofre na pele essa política de extermínio, desse o seu aval, o que é altamente improvável.
Deixando de lado os números e a manipulação, o artigo é verdadeiramente criminoso. Diante de uma das maiores operações de extermínio da população pobre pela polícia, a imprensa burguesa faz campanha aberta em sua defesa, procurando mostrar um respaldo popular a essa política.
É interessante ainda notar que enquanto faz uma campanha intensa por um suposto combate à corrupção, considera natural e inclusive positivo o simples assassinato de pessoas, que é o que a PM vem fazendo em São Paulo.
Segundo as denúncias vindas dos próprios órgãos policiais, as vítimas eram escolhidas, suas fichas consultadas e então elas eram executadas friamente, bem como todos que se encontrassem no local e que nenhuma relação tinham com o suposto criminoso.
A polícia se fez de juiz e executor em São Paulo, estabelecendo a pena de morte e órgãos de imprensa que se reivindicam democráticos fazem campanha em defesa dessa política criminosa. Um verdadeiro absurdo.
É preciso deixar claro que a verdadeira pergunta da pesquisa não é se os policiais devem ser punidos por matar “bandidos”, mas sim se eles devem ter carta branca para matar quem quer que seja, sem julgamento, de acordo apenas com o seu próprio julgamento e vontade. Assim, muito longe de matar “bandidos” estaria se instiucionalizando que o policial é um ser acima da lei, que pode com isso não apenas matar conhecidos criminosos, mas qualquer suspeito, qualquer cidadão que cruze seu caminho e inclusive fazer acertos de conta pessoais. É evidente que colocado assim, uma população que acredita, em sua maioria, que a polícia é corrupta, despreparada e que o governo é responsável pela violência, não daria jamais esse cheque em branco para os policiais preencherem como bem entenderem.
É preciso denunciar a política de extermínio da população promovida pelo governo do PSDB e exigir o fim desses assassinatos, que revelam a farsa que é a democracia brasileira.

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