"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Mulher negra recebe 50% menos que homem branco


Se a situação no mercado de trabalho e na sociedade em geral e de enfrentar cotidianamente a discriminação e o preconceito, essa realidade é ainda mais cruel para a mulher negra.
Por ocasião do 20 de novembro, dia de luta do povo negro, diversas pesquisas foram realizadas para avaliar a situação dessa população no Brasil.
Os números não deixam dúvida e mostram a luta de Zumbi não terminou. No caso das mulheres negras é ainda mais necessária.
Em 2011, 124 anos após a Lei Áurea, e a determinação do fim da escravidão, as mulheres negras recebem até 58,3% do salário pago a um homem branco.
O levantamento realizado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) foi feito em sete regiões metropolitanas do país: Belo Horizonte, Distrito Federal, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. Em todas elas existe uma diferença salarial superior aos 40%.
Além dos menores salários as mulheres negras representam o maior número entre os desempregados. "A proporção de negros entre os desempregados é sempre superior à parcela de negros entre os ocupados e no conjunto da População Economicamente Ativa (PEA)", diz o Dieese.
No Recife, a taxa de desemprego entre as mulheres negras foi de 18,1%. Índice duas vezes maior que o de homens brancos, 9%.
Tudo isso enquanto o governo procura demonstrar que foi reduzida a diferença entre brancos e negros no mercado de trabalho.
Mas os números indicam os fatos. Homens negros estão no serviço pesado, como a construção civil. As mulheres negras em sua grande maioria estão ocupadas do trabalho domestico.
Até hoje as mulheres negras não foram libertas da Casa Grande. A diferença é que agora elas não têm a senzala. Ou estão no quartinho da empregada, ou na periferia. Onde depois de cuidar dos filhos das patroas ainda se dedicam aos cuidados com seus próprios filhos e netos. Uma situação que se perpetua há mais de um século.
Estão à margem da margem da legislação trabalhista, recebem salários miseráveis, e quando acessam benefícios sociais ainda são acusadas pela direita liberal por dependerem do Estado.
Mas o Estado brasileiro tem uma dívida gigantesca com essa população e tem obrigação de buscar meios para pagar essa dívida e reverter essa realidade.
Como registram os próprios especialistas que realizaram a pesquisa, estão em profissões de menor status e menor remuneração. O que, segundo eles, pode ser superado pela qualificação e acesso à educação. “Além do debate sobre o papel e o lugar dos negros no mercado de trabalho”.
A população negra representa 2/3 da população economicamente ativa. Ou seja, a maior parte da classe trabalhadora.
Então, por que abandonar políticas específicas para a população negra, como a cota racial para ingresso nas universidades? A decisão de aprovar a cota social, em detrimento da racial, demonstra que o governo não está dedicado a superar a discriminação.
Porque além das cotas, os homens, e principalmente, as mulheres negras, precisam de creches, acesso à educação, saúde, cursos técnicos e profissionalizantes.
No entanto, o que há é a perpetuação de uma situação desfavorável, que se iniciou com o fim da escravidão sem a inserção social dos negros. Que saíram das fazendas diretamente para as favelas, onde se encontram até hoje. Tendo de enfrentar os maiores desafios para ingressar no mercado de trabalho, para conseguir estudar e sobreviver, inclusive à violência do Estado, que agora conta com a Polícia, atual capitão do mato do Estado capitalista.

Proporção dos rendimentos médios reais por hora
Região
Homens não Negros
Mulheres não Negras
Homens Negros
Mulheres Negras
*Dieese
Belo Horizonte
100
84,1
57,4
51,2
Distrito Federal
100
76,2
63,8
49,5
Fortaleza
100
79,1
72.9
58,6
Porto Alegre
100
82,6
71,2
58,3
Recife
100
82
64,6
51,6
Salvador
100
83,3
61,3
51
São Paulo
100
76
60,1
47,8

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