"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

segunda-feira, 14 de março de 2011

Documento revela articulação pró-imperialista do PSDB e da Folha de S. Paulo


Há poucos dias atrás, o site Wikileaks revelou um telegrama de Arturo Valenzuela, subsecretário do governo-norte-americano para assuntos do Hemisfério Norte, onde ele relatava conversas que teve com José Serra. Segundo relatos de Valenzuela, Serra se comprometeu a ter uma política externa alinhada com o imperialismo caso ganhasse a eleição presidencial. O encontro entre Serra e Valenzuela ocorreu no final de 2009 em São Paulo.

Mais recentemente, outro telegrama do subsecretário enviado a embaixada norte-americana tornou-se público. Novamente o tema era a política externa dos EUA. Desta vez, além do PSDB, o jornal Folha de S. Paulo também está envolvido.

Em reunião promovida por Valenzuela, estiveram presentes uma série de pessoas ligadas ao PSDB e oombudsman do jornal Folha de S. Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva. O PSDB estava representado por figuras como Celso Lafer e José Goldemberg, dois ex-ministros do governo Fernando Henrique Cardoso. Também estava na reunião o cientista político Bolivar Lamounier.

O principal tema da conversa foi a política externa de Lula, que na época se aproximou do governo iraniano de Mahmoud Ahmadinejad. A posição do governo provocou, ainda que de forma limitada, um atrito entre a política externa brasileira e o imperialismo. Na época, o Brasil se opôs a chantagem do governo Obama e as sanções contra o Irã defendidas pelos Estados Unidos e outros países por causa do programa nuclear do país muçulmano.

Conforme relata Valenzuela em seu telegrama datado de 29 de dezembro, todos os presentes, sem exceção, se posicionaram contra a política externa do governo brasileiro e defenderam que o correto seria uma postura de alinhamento com Obama. Vale destacar, que um dos participantes, José Goldemberg, foi um dos principais críticos da defesa brasileira do governo de Teerã.

Esta reunião ocorreu apenas alguns dias depois de Hillary Clinton dar um ultimato ao Brasil e a todos os países latino-americanos sobre as conseqüências do apoio a Ahmadinejad.

Manipulação da imprensa e a campanha da direita

A importância do documento está em que ele revela como são articuladas as campanhas em defesa do imperialismo. Políticos, especialista em determinados assuntos e a imprensa agem de acordo com as ordens e interesses da Casa Branca. Bastou o governo brasileiro adotar uma postura que não estava completamente alinhada ao governo dos EUA para que fosse feita toda uma articulação contrária.

Este é o sentido destas reuniões extra-oficiais de Valenzuela com diversos membros da oposição e da imprensa brasileira. Foi esta mesma articulação que apoiou abertamente a campanha de José Serra à presidência em 2010, com destaque para a cooperação do jornal Folha de São Paulo ao candidato tucano.

Da mesma forma, a Folha de S. Paulo foi um dos principais porta-vozes de Serra e do PSDB na campanha que estes fizeram contra o Irã e a favor das sanções imperialistas. Um exemplo foi uma matéria intitulada “Serra chama Ahmadinejad de ditador e o compara a Hitler e Stálin”. Nela, podemos ler o seguinte: “O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, classificou como "ditador" o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, durante entrevista coletiva após sabatina com empresários na CNI (Confederação Nacional da Indústria).

“Para o tucano, o iraniano faz parte do "grupo de ditadores da década de 30, como Hitler e Stalin” “(Folha.com 25/5/2010).

Em outra oportunidade, Serra aparece atacando as posições do governo brasileiro em relação ao Irã. A matéria que tem o título “Serra afirma que “troglodita de direita” é quem apóia o presidente do Irã, podemos ler: "Acho troglodita de direita quem apoia [Mahmoud] Ahmadinejad [presidente do Irã], um sistema que mata mulheres, uma ditadura que prende jornalistas, enforca opositores", disse o tucano, em sabatina no R7” (Folha.com, 29/7/2010).

Neste momento, Dilma Rousseff procura uma reaproximação do governo com as posições do imperialismo e já dá sinais evidentes que vai se alinhar com Obama nas tentativas dele de submeter o Irã a sua política. Assim como aconteceu com o PSDB, a nova posição do governo também é fruto da sua subserviência ao imperialismo. Na última segunda-feira, dia 8 de março, o governo brasileiro prestou uma homenagem a uma dissidente do regime iraniano, a opositora ligada ao imperialismo, Shirin Ebadi. A homenagem é uma demonstração clara de que o governo tende a apoiar as chantagens contra o programa nuclear iraniano.

É preciso denunciar e divulgar todos estes documentos que estão se tornando públicos por causa do siteWikileaks. A importância deles é, entre outras coisas, revelar como são promovidas as propagandas em defesa do imperialismo, além dos interesses que existem por detrás de cada medida promovida pelo governo dos EUA e os que se submetem a sua política.


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