"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

sábado, 15 de maio de 2010

Estelionato eleitoral - O pacote econômico da burguesia contra a população


Um novo anúncio feito por articuladores da candidatura de José Serra (PSDB) de que por trás de sua candidatura está um “pacotaço” contra os trabalhadores, joga luz novamente sobre quais são os planos da burguesia contra os trabalhadores diante da crise



No dia 26 de abril a agência Reuters noticiou algo que até então permanecia oculto ou tratava-se apenas de especulação de analistas políticos da imprensa burguesa.

Interlocutores do candidato à presidência da República pelo PSDB, José Serra, revelaram que este possui um pacote econômico para as eleições. Estas medidas seriam colocadas em prática assim que assumisse a presidência.

"Ele vai entrar com medidas fiscais e até renegociação de alguns contratos. As despesas da máquina pública estão sob um controle muito frouxo (...) "chegou a dizer um destes interlocutores, sem se identificar, à agência.

Os representantes de Serra disseram também que o papel dos bancos públicos seria “relativizado”, pois “a decisão de fortalecer essas instituições financeiras funcionou naquele período. Agora, porém, contribuem para aumentar a pressão inflacionária ao aquecer em demasia a atividade”.

Segundo a agência “há simpatia na equipe de Serra para que Banco do Brasil, Banco Central e Tesouro Nacional (visando compor o Fundo Soberano) comprem dólares além do fluxo excedente para evitar uma apreciação expressiva do real”

"Ele amaria ser o pai da reforma tributária, mas só tentaria se tivesse controle total do processo."

As medidas imediatas deste governo, segundo os interlocutores seriam “desonerar investimento e folha de pagamento”.

Essas medidas anunciadas significam mais ataques às condições de vida da população trabalhadora.

Estelionato eleitoral tucano

Segundo os próprios articuladores da campanha de José Serra está em marcha um estelionato eleitoral do PSDB. O verdadeiro programa de José Serra, que este procura omitir de toda a população é a volta, na mesma medida, dos ataques contra a classe trabalhadora que o governo FHC desferiu durante seus dois mandatos.

A desoneração na folha de pagamento, ou seja, cortes salariais, e a redução da intervenção dos bancos estatais, que teriam que ser substituídas pelo aumento acordos financeiros com bancos internacionais com o FMI, além do aumento dos impostos, chamados de medidas fiscais pelos correligionários de Serra, são escondidos da população, pois estas medidas impopulares foram rejeitadas completamente pela população na derrota eleitoral do PSDB.

O governo de FHC se aproveitou do refluxo da classe operária no final dos anos 80 e na década de 1990 para atacar os trabalhadores e para investir na maior onda de privatizações da história do País.

Da parte de Serra este é um estelionato eleitoral, porque os eleitores votam totalmente iludidos, uma questão gravíssima nas eleições. Trata-se da volta do estelionato eleitoral de governos que foram profundamente rejeitados pela população, como de José Sarney e Fernando Collor. Estes realizaram verdadeiros golpes contra o povo iludindo as massas de que seriam governos que trariam melhorias à população.

Uma eleição de Serra se assemelharia à eleição do governo do PMDB de José Sarney em 1988 (que ganhou as eleições em todos os estados do país exceto no Rio Grande do Sul). Naquele governo, depois do auge do Plano Cruzado criado em 1986, em 1989 a inflação foi a mais alta da história do Brasil.

O Plano Cruzado adotou como medidas o congelamento da taxa de câmbio, a reforma monetária, o congelamento dos salários pela média de seu valor dos últimos seis meses. O Plano Cruzado II, os Planos Bresser e Verão, lançados em seguida, levaram o país a um colapso. Entre fevereiro de 1989 e março de 1990, a inflação chegou a atingir nada menos que 2.751%.

Depois destas medidas o PMDB não se recuperaria até então de sua impopularidade, e foi um governo marcado por inúmeras greves.

Dilma também tem um pacotaço?

O “pacotaço” secreto de Serra teria como objetivo imediato esfriar a economia. O pacote mostra que a burguesia investe em medidas de ataque aos trabalhadores para prevenir-se de um colapso econômico capitalista.

O objetivo seria o de prevenir a crise como a que ocorre em países como Espanha, Portugal e Grécia, com medidas que estes estados procuram adotar contra a classe trabalhadora, impondo retrocessos trabalhistas e de condições de vida da população sem precedentes.

No entanto, resta a pergunta: se José Serra tem este pacote secreto, Dilma Rousseff, candidata do PT, teria seu próprio pacote?

São lançados às vésperas destas eleições e ao final do mandato de Lula diversos ataques, como o anúncio de novas privatizações (Correios, hidrelétricas, portos e aeroportos) e de um acordo militar do Brasil com os EUA. Os candidatos do PT e PSDB declararam juntos que não haverá nem mesmo diálogo com os sem-terra, anunciando que ambos os candidatos irão intensificar ainda mais a ofensiva contra os trabalhadores do campo. Em um evento dos latifundiários, considerada a maior feira agropecuária do País, no início de maio, Dilma Rousseff e José Serra compareceram e receberam uma lista de reivindicações da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), conhecida como a líder dos latifundiários no Congresso Nacional. Na lista está o apoio a medidas em favor dos latifundiários que está sendo votada para a implantação de um novo Código Florestal.

Lula dá o primeiro passo para que os governos continuem tais medidas. Assim, anunciou o que é uma garantia à burguesia de que esta política deverá ser seguida por qualquer um dos candidatos que se elegerem, tanto do PSDB como do PT.

Se ambos os governos anunciam que irão atacar os trabalhadores, Dilma Rousseff também oculta de todos os trabalhadores, que possui um pacote “anticrise” para receber o apoio de uma parcela da burguesia que impulsiona sua candidatura.

Trata-se de um estelionato eleitoral do partido que diz defender os trabalhadores para defender os patrões de um colapso. Este fato deve ser debatido e denunciado a toda a classe trabalhadora, que será a primeira a pagar. Será a classe trabalhadora a ser esfolada ainda mais com estes pacotes econômicos em favor dos capitalistas.

Contra estes ataques, a classe trabalhadora deve levantar seu próprio programa contra a crise e contra os ataques dos governos dos patrões. Nestas eleições e em todos os locais de trabalho, nas universidades e nos bairros deve ser realizada uma ampla campanha contra os governos dos patrões, contra as privatizações, contra os cortes salariais e que tenha em seu centro um programa de necessidades básicas da população. Entre estas devem estar a redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais, sem redução dos salários. Não às privatizações! Estatização das empresas entregues aos capitalistas durante os últimos governos; reforma agrária já; punição aos assassinos dos sem-terra!

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