"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Tailândia - A crise está encerrada?


Uma complexa operação foi montada na Tailândia para acabar com a crise revolucionária que tomou conta do país


Nesta segunda-feira o governo do primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva fez uma proposta para acabar com os conflitos que se seguiam na Tailândia há quase dois meses. O acordo proposto pelo governo possuía cinco pontos: O respeito à monarquia; Reforma nacional que resolva as injustiças sociais e econômicas; Garantia de uma comunicação social livre, mas “responsável”; Investigação sobre os incidentes do dia 10 de abril e da invasão do Hospital de Chulalongkorn e Revisão da Constituição de modo a que seja aceite por todas as partes

Os lideres dos “camisas vermelhas” que fazem parte da UDD (Frente Unida para a Democracia contra a Ditadura) assinaram positivamente a favor do governo, apenas com algumas ressalvas que compõem mais quatro pontos:A definição da data das eleições e a dissolução do parlamento; Prova real da sinceridade do governo em querer acabar com todas as ameaças; Nenhuma anistia no que respeita as acusações de que os seus líderes são terroristas e promovem um movimento anti-monarquia, pois querem fazer a sua defesa em tribunal; O Governo deve parar de envolver a monarquia em questões políticas.

Comparando as duas reivindicações de trégua, é visível a capitulação dos líderes da UDD, que tem uma proposta mais rebaixada que a primeira. O acordo aceito pela UDD e colocam todos os trabalhadores que aderiram ao movimento nas mãos do governo para serem julgados.

O movimento não foi derrotado nos enfretamentos com a polícia e o exército. Aceitar as acusações de terrorismo por parte do governo é uma traição sem tamanho contra o movimento.

Aceitar a negociação com o governo de Abhisit já é uma capitulação. Pois este estava para ser derrubado pela mobilização, que desencadeou uma crise em todo aparelho governamental que ia do exército a aliados do próprio governo.

Os trabalhadores foram traídos vergonhosamente, e a direção da UDD pode pagar caro por isso.

Apesar de a UDD entregar a mobilização, ouve uma crise interna muito grande dentro do exército.

A intenção de Abhisit não era negociar. Para ele, o exército usaria de todo o poder militar para acabar com os “camisas vermelhas”. Seu desejo era promover o confronto e esmagar as manifestações.

O general Anupong, chefe do exército, resistiu às ordens de Abhisit de atacar os “camisas vermelhas” naquelas circunstâncias. Muitos dos soldados, vindo de regiões pobres, poderiam aderir o movimento dos “camisas vermelhas”. No geral, o corpo militar, em sua maioria, concordava com Anupong, procurando promover um acordo político para solucionar a crise.

Sem força no exército, e com a pressão dos “camisas vermelhas”, Abhisit foi obrigado e fazer a proposta para a UDD. O primeiro ponto da proposta da UDD foi atendido: as eleições serão no dia 14 de novembro, e a dissolução do parlamento em setembro. Mas esta era também uma intenção do exército, e não houve nenhuma polêmica quanto a esse ponto.

As duas alas da burguesia em disputa se enfraqueceram, mas evitaram a revolução.

Resta saber se a crise da Tailândia, que já dura anos, será encerrada facilmente. O acordo ainda não superou a crise que existe. Apaziguou, por hora, o conflito, mas a miséria real dos camponeses, e suas reivindicações que não foram atendidas podem levar a uma retomada das mobilizações e à reabertura da crise revolucionária no país.

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