"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

domingo, 20 de novembro de 2011

20 de novembro - Abaixo a ditadura contra a população pobre e negra

O 20 de novembro, Dia de Luta do Povo Negro, no qual milhões de negros exaltam e memória de grandes heróis, como Zumbi, Luís Gama, João Cândido e tantos outros que dedicaram suas vidas à causa da luta dos negros contra a escravidão e a opressão no Brasil, realiza-se neste ano em meio a uma situação de brutal ofensiva da burguesia e dos seus governos contra a o povo negro e toda a população explorada de nosso País; da mesma forma que o imperialismo mundial intensifica seus ataques contra os povos negros seja dos países capitalistas desenvolvidos (como os EUA), seja das regiões mais pobres do planeta, como nossos irmãos africanos.
No Brasil: uma ditadura contra os negros
Neste momento, centenas de milhares de negros e demais explorados do Rio de Janeiro, encontram-se sob um verdadeiro estado de sítio, vivendo como prisioneiros em suas casas e bairros. Usando como pretexto o combate ao narcotráfico (um negócio de bilhões de dólares controlado por grandes capitalistas, poderosas máfias políticas e oficiais das forças militares) e amparado por uma enorme campanha enganosa dos poderosos monopólios da comunicação (como a arquiinimiga das lutas populares, a Rede Globo), os governos do Rio de Janeiro e da União (PT – PMDB etc.) estão ocupando militarmente as comunidades operárias – de esmagadora maioria negra – como o Complexo do Alemão, Rocinha etc., impondo um verdadeiro regime de exceção contra a população dessas regiões.
Muito além do que mostra a TV, casas são invadidas sem ordem judicial; mulheres, crianças e homens trabalhadores desrespeitados, ameaçados, agredidos, roubados e até submetidos a torturas, como vêm denunciando moradores e organizações populares do Complexo do Alemão (invadido há um ano pela tropas) e de outras comunidades. Casas estão sendo desapropriadas sem qualquer consulta popular. ≈
A Globo e os governos ocultam que toda esta violência contra a população operária e negra dessas comunidades está destinada a garantir os interesses de um punhado de grandes capitalistas interessados em lucrar milhões com a especulação imobiliária e os grandes negócios que estão sendo realizados com dinheiro público para garantir bilhões de lucros para méis dúzia de monopólios em eventos como a Copa do Mundo (2014) e as Olímpiadas (2016), que serão realizadas à custa do trabalho semi-escravo do povo brasileiro que deles não poderá participar. Está em marcha um amplo confisco das comunidades negras em favor dos negócios bilionários da Copa do Mundo.
A propaganda global e os discursos de governantes e políticos à serviço dos capitalistas escondem também que toda essa repressão contra a população visa tentar impedir as evidentes tendências do povo negro e trabalhador de se rebelar contra a situação de miséria e opressão em que vivemos, diante de um regime político e social em que cerca de 40% das bilionárias somas de impostos arrecadados da população trabalhadora são desviados para os cofres dos banqueiros sanguessugas para pagamento de juros, ao mesmo tempo em que se cortam gastos públicos com serviços essenciais como moradia, saneamento, saúde, educação, transporte público etc.
A violência contra a população pobre e negra estende-se a todo o País, na repressão à luta dos sem terra e sem-teto (de maioria negra), no assassinato pelas Polícias Militares (e outras) de milhares de jovens e trabalhadores negros, executados sem nenhum tipo de julgamento (quando os verdadeiros ladrões e criminosos desfilam em ricos ternos por luxuosos escritórios e pelos “palácios” governamentais. Está em marcha um recrudescimento da repressão que lembra os anos sinistros do regime militar a e a população negra encontra-se na primeira linha das vítimas desta ofensiva.
A violência e o regime de verdadeiro apartheid social contra o povo negro é visível (ainda que de forma distorcida) nos próprios números oficiais. De acordo com dados do IBGE do censo 2010, divulgados na última semana, os negros representam 70,6% dos desempregados e mais da metade da população negra trabalhando está inserida no mercado como autônomos (27,7%), em cargos secundários no setor público (7,2%) ou trabalhando como empregados domésticos (9,4%). Mesmo no setor público, há 30% a mais de negros do que brancos trabalhando sem carteira assinada.
O salário dos negros brasileiros é em média 40% menor do que o salários dos brancos. De acordo com o PED do IBGE, o salário médio de um trabalhador negro no Brasil foi em 2010 de R$ 778, enquanto a média entre os brancos chegou a R$ 1.100.
Todos os projetos governamentais divulgados como sendo feitos para atender às necessidades da população negra, são usados para garantir os lucros milionários de tubarões capitalistas de maioria branca, como é o caso da distribuição de bolsas em cursos superiores (Prouni), que visa garantir os lucros de universidades privadas (“fábricas de diploma”), ao mesmo tempo em que se cortam verbas para o ensino público e se reprime a luta dos estudantes e professores contra a privatização das universidades públicas e pelo fim do vestibular para garantir o livre acesso da população negra e trabalhadora às universidades públicas.
O caso da USP é um exemplo para a juventude e toda a população negra
A cassação dos direitos da população negra e trabalhadora é uma ampla realidade em todo o País. Além do estado de sítio nas comunidades negras do Rio e em outras capitais, há a tentativa de cassar o direito às greves em diversas categorias operárias (como no caso dos correios) e a violenta repressão contra os movimentos de luta como os sem terra e sem teto, que procuram organizar uma parcela expressiva da população negra que desde a escravidão dos negros africanos e seus descendentes, são a base da riqueza de uma minoria de capitalistas no Brasil.
A operação de guerra da Tropa de Choque do governo tucano de São Paulo contra os estudantes que ocupara a reitoria da USP há poucas semanas são um sinal de alerta para todos os explorados e, em particular, para a população negra, do regime de terror que a burguesia e seus governos tentam impor contra a maioria da população.
Se para desalojar e prender algumas centenas de jovens que integram a elite intelectual do País e que estão em luta contra a destruição da universidade pública e que apóiam a luta da população negra (defendem o fim da PM, o fim do vestibular, verbas públicas apenas para o ensino público etc.), o governo do PSDB - com o apoio de todos os partidos burgueses – usou de um verdadeiro aparato de guerra e de uma enorme selvageria, o que não estão dispostos a fazer para conter a rebelião negra e operária contra o regime de fome e miséria que eles querem manter e aprofundar em nosso País?
Estes e muitos outros casos, mostram a necessidade da aliança na luta de todos os setores explorados da população, operários, negros, jovens e mulheres para por fim ao regime de dominação da burguesia de maioria branca, opressora e parasitária que, diante do colapso capitalista, resolveu impor em todo o mundo um regime de terror e repressão contra as massas que se levantam para não terem que continuar pagando pelo colapso capitalista.
Os banqueiros e grandes monopólios tem uma “saída”: reprimir e matar de fome milhões de negros e pobres para conter sua crise
Em todo o mundo o capitalismo, em meio à sua decadência histórica, está entrando em colapso. Os capitalistas já não conseguem sequer manter as condições de exploração de seus escravos: a classe operária, a maioria pobre, os povos negros de todo o mundo etc.
Nestas condições, a “saída” dos governos imperialistas para manter os lucros dos banqueiros e grandes monopólios que parasitam bilhões de seres humanos é levar à uma miséria crescente e até mesmo à morte milhões de pessoas.
A fome e miséria extrema dominam partes inteiras do planeta, como os países mais pobres da África negra. No Norte da África, populações inteiras se rebelam contra ditaduras pró-imperialistas que sustentaram por décadas regimes de expropriação da maioria da população em favor dos grandes monopólios. Diante dessa situação, os regimes “democráticos” dos banqueiros não vacilam em bombardear e destruir países inteiros e apoiar a divisão e guerras que levem à morte centenas de milhares de negros.
Nos países capitalistas, os imigrantes negros e de outras etnias são os primeiros a sofrerem com o crescimento do desemprego e misérias advindas das políticas de “austeridade” adotadas pelos governos contra a população.
Nos Estados Unidos, a população negra e explorada, junto com toda a classe operária e a juventude dá sinais de que está a caminho de uma ampla revolta contra o regime dominação branco que – em todo o mundo – tenta impor uma ditadura para defender os interesses de um punhado de banqueiros e afortunados diante do colapso capitalista.
O levante das massas exploradas em todo o mundo, coloca o planeta a caminho de uma situação revolucionária em larga escala, na qual os escravos modernos vão se levantar (e já estão se levantando) contra o regime de dominação vigente e colocar por terra a escravidão imposta pelo capitalismo.
A alternativa dos negros: um programa e uma organização revolucionária para luta por suas reivindicações e pelo governo dos trabalhadores
O Coletivo de Negros João Cândido (Negros do Partido da Causa Operária) se coloca, ao lado dos negros e de toda a população explorada, contra qualquer restrição e censura na liberdade de expressão, contra todo tipo de repressão e cerceamento dos direitos democráticos que a burguesia e seus governos tenta impor contra a população negra e explorada no Brasil e em todo o mundo e apóia – incondicionalmente – toda a luta levada adiante, “pelos meios que forem necessários” (como assinalou Malcom X) contra esse regime de dominação.
Defendemos desde as reivindicações mais imediatas e limitadas das organizações do movimento negro e dos explorados em geral (como as cotas nas universidades públicas atacadas pela direita racista) e apontamos a necessidade da luta unificada de todos os explorados, com base em um programa independente da burguesia e de suas organizações, em defesa das reivindicações fundamentais do povo negro e trabalhador, dentre as quais a necessidade da luta por um governo próprio dos explorados, um governos das organizações operárias, camponesas e populares, por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo, um governo de maioria negra, erguido por meio da luta revolucionária do nosso povo contra o regime de opressão dos banqueiros, grandes capitalistas, latifundiários assassinos e todos os escravocratas do povo brasileiro.
A experiência recente demonstrou o fracasso de tentar uma solução para a situação de miséria e opressão do povo negro por meio da adesão aos governos capitalistas brancos de “esquerda” e de direita que usam a situação de opressão do negro para fazer demagogia e para tentar corromper uma pequena parcela do ativismo negro para atuarem como “capitães do mato”, defensores da política de perseguição e repressão contra a população negra. Esta política está esgotada. Para o movimento negro, e para o movimento da classe trabalhadora em geral, está colocada a tarefa da construção de um partido revolucionário que lute contra os interesses da burguesia racista brasileira, que defenda um governo próprio da classe operária, de maioria negra em nosso País.

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