"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

domingo, 28 de junho de 2009

Quando o PT começou a reprimir os trabalhadores


Em março de 1991, o Causa Operária acompanhou todo o processo que se iniciou com a greve dos condutores em São Paulo que expôs e manifestou claramente a verdadeira política antioperária do PT que sob o comando de Luíza Erundina, então prefeita de São Paulo pelo partido, reprimiu os trabalhadores em greve, contratou fura-greves e deu início a um processo amplo de repressão contra os trabalhadores que perdura até hoje, contribuindo decisivamente para consolidar a implmentação da lei antigreve


No dia 20 de março de 1991, os trabalhadores de transporte coletivo da cidade de São Paulo decidiram em assembléia geral entrar em greve pela reposição salarial de 50,57% e pelo pagamento do acordo coletivo realizado um ano antes e que não havia sido cumprido.
Esta foi uma das maiores, se não a maior greve de condutores da história de São Paulo. Em poucos dias de greve, a paralisação era de quase 100% da categoria e afetou mais de sete milhões de paulistanos provando ser realmente uma greve forte e combativa.
A prefeitura de São Paulo na época era do PT e estava sob o comando de Luíza Erundina que não atendeu nenhuma reivindicação dos trabalhadores e partiu para cima do movimento reprimindo a greve com a Justiça, ameaças de demissões, fura-greves etc.

Reprimindo os trabalhadores

A greve de condutores naquele ano foi crucial para que o PT iniciasse uma onda repressiva contra todo o movimento operário. Foi a partir desta greve que dezenas de outras greves foram reprimidas em todo o País.
Assim que a greve teve início, a prefeita Erundina não quis negociar de forma alguma com os condutores e deixou para a Justiça burguesa julgar a legitimidade da greve. O ataque aos trabalhadores foi feito por meio de dois julgamentos que ficaram a cargo do TRT (Tribunal Regional do Trabalho). No primeiro deles, a justiça burguesa obrigou que cerca de 30% de toda a categoria voltasse ao trabalho. Uma aberração para o movimento operário, pois não faz sentido algum fazer uma greve onde a produção e os serviços continuam funcionando. Mas os trabalhadores passaram completamente por cima da decisão judicial e continuaram a greve ignorando a medida repressiva da justiça. Não satisfeitos, prefeitura e TRT atacaram novamente a greve dos condutores com outro julgamento. Neste, a greve foi considerada abusiva, pois atingia um setor essencial para a população. Um absurdo visto que mediante este argumento, qual seria a greve que não atinge um setor essencial? A justiça ainda exigiu que todos os dias parados fossem descontados.
A prefeitura de São Paulo foi além da medida judicial. A própria prefeita, chegou a declarar que iria demitir os trabalhadores em greve e que iria contratar trabalhadores concursados que iriam atuar como fura-greves para impedir a greve dos condutores.

É este o governo do PT?

Na edição do Causa Operária, nº 123, Ano XXII de 29 de março a 4 de abril de 1991, estava estampada na capa a seguinte manchete “Erundina contra os condutores – É este o governo do PT?”, onde foi denunciado a traição do governo petista. Depois do ataque da Justiça, a prefeita foi em rede de televisão fazer um pronunciamento para que a greve fosse liquidada de uma vez.
Nesta declaração, Erundina disse que iria contratar trabalhadores concursados para substituírem os trabalhadores em greve e que estes seriam demitidos, “(...) Nós não vamos tolerar que esse serviço continue paralisado. Vamos contratar novos trabalhadores e para isso convido aqueles que já fizeram concurso na CMTC e os que quiserem se inscrever para uma vaga na CMTC, que compareçam à sede da empresa. A partir de amanhã, estaremos fazendo a substituição daqueles trabalhadores que insistam em não voltar ao trabalho (...)” (pronunciamento realizado em 25/3/1991).
A prefeita foi capaz de anunciar publicamente que contrataria fura-greves para acabar com o movimento grevista e os trabalhadores em greve seriam demitidos por justa causa por estarem participando da greve que foi decretada como ilegal e abusiva. Em poucos dias, a prefeitura iniciou a seleção dos novos condutores e a direção pelega do sindicato, em acordo com a prefeitura, acabou com a greve sem sequer negociar nenhum benefício para a categoria dos condutores.
Argumentos para o fim do direito de greve
Com esta política que acabou com a greve dos condutores de São Paulo, o PT abriu caminho para uma ofensiva em nível nacional para atacar dezenas de greves e categorias fazendo com que a burguesia durante toda a década de 1990 deixasse o movimento operário completamente refém dos ataques contra os seus direitos.
O ataque do PT à greve dos condutores não ocorreu somente com as medidas judiciais e até de violência que foram implantadas contra os trabalhadores em greve, mas também com argumentos elaborados especialmente para acabar com a greve.
Vale lembrar que naquela época Erundina era assessorada na prefeitura pela “grande filósofa” do PT, Marilena Chauí que elaborou toda uma tese para dar argumentos para que a greve fosse atacada por todos os flancos. Chauí argumentou dizendo que a greve feria o direito do consumidor de ônibus e dessa forma se tornava automaticamente uma greve “antidemocrática” e “anti-social”, pois os 100 mil condutores em greve seriam uma minoria diante dos mais de sete milhões de usuários de ônibus. Uma tese digna dos Três Patetas”, pois onde é que uma greve não vai prejudicar o serviço ou a produção ou mesmo qual categoria é maior que o número de consumidores para que a greve não seja abusiva ou antidemocrática. Com esta filosofia dos direitos, acabaria o direito de greve ou qualquer direito que se oponha um outro direito da maioria mesmo que seja insignificante ou sem importância alguma.
Bastou que essa tese de jardim de infância fosse proferida pela renomada filósofa petista para que se tornasse o argumento preferido de toda a direita nacional, do PSDB ao PFL, de todos os tribunais da burguesia para atacar praticamente todas as greves do setor público que ocorreram na década de 1990 e ainda hoje fossem consideradas ilegais, abusivas etc.
O PT deu o aval e cobertura para que o PSDB e toda a corja direitista do País implementasse uma política de ataques sem precedentes às condições de vida de toda a classe operária brasileira. Foi a partir daí que a política de privatizações que já tinha se iniciado no governo Collor teve força total nos oito anos do governo FHC.
Estes ataques também se estenderam para o movimento sindical onde o PT, por meio da CUT (Central Única dos Trabalhadores), com a mesma política de contenção das lutas implementou uma série de medidas contra conquistas históricas dos trabalhadores e implantou sem cerimônia, cortes de benefícios provocando dezenas de perdas. Foi também o período em que foram implantados o abono, o banco de horas, contrato temporário de trabalho etc.
Este acontecimento, relatado em diversas edições do Causa Operária comprova que Lula e o PT são um instrumento utilizado pela burguesia para realizar os piores ataques contra a classe operária. O que está mais que comprovado agora no governo Lula.


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