"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

domingo, 15 de maio de 2011

Professores SP - Um “acordo” quadrianual e um reajuste miserável elogiado por uma burocracia vendida e traidora


“Bebel” e diretoria da Apeoesp aplaudem golpe do reajuste anunciado pelo governo do PSDB, parcelado em quatro anos, mostrando claramente que está do lado dos tucanos contra os professores

Cumprindo seu papel de carrasco dos professores e do ensino público, o governador Geraldo Alckmin anunciou nesta quarta, mais um duro golpe contra os educadores. Depois de seis anos de salários congelados e perdas acumuladas de mais de 70% do poder de compra dos trabalhadores da Educação, foi encaminhada à Assembléia Legislativa uma proposta de reposição parcial das perdas salariais ao longo dos próximos quatro anos, sendo o primeiro deles um reajuste miserável de pouco mais de 8%, a ser pago apenas em agosto (no salário de julho) se for aprovado pelos deputados.

Na propaganda enganosa do governo e dos meios de comunicação anunciar-se que o primeiro reajuste seria de 13,8%, no entanto, de acordo com o informativo do próprio Sindicato que se colocou de acordo com a medida “neste reajuste está embutida a incorporação da Gratificação Geral no salário-base” que é de 5% (Fax Urgente, nº. 37, 11/05/2011). Deste modo, o reajuste de julho não chega a 8,5%.

Isso depois que, apenas nos 12 últimos meses a alta dos alimentos alcançou 19,9% e quando o aumento do custo de vida está atingindo os mais altos patamares dos últimos anos.

O golpe é um dos maiores dos últimos tempos, sem paralelo em qualquer outra categoria sindical do País. O governo concede parte do que já roubou em quatro parcelas anuais e espera com isso estabelecer, de fato, um acordo quadrianual, deixando o salário – de fato – sem reposição do aumento do custo de vida nos próximos quatro anos.

Diante de uma expectativa inflacionária de mais de dois dígitos ao ano, o governo propõe que aceitemos esperar para 12% de reajuste daqui a 15 meses, 7% em 27 meses e 6% em 39 meses. Isso se ainda sobrar algum professor vivo com o salário ainda mais miserável que estaremos recebendo.

Se a inflação anual chegar à casa dos 10% ano, com esta proposta os professores perderiam cerca de 50% do valor atual do poder de compra dos seus salários nos próximos anos.

8,5% sobre “nada”

Como vai ficar o piso salarial

Professores

Como é hoje salário-base + gratificação

Como fica (julho/2011)

Diferença

PEB I (nível I, 24h)

R$ 862

R$ 934

+ R$ 72

PEB II (nível I, 24h)

R$ 998

R$ 1.082

+ R$ 84


O governo do Estado mais rico da federação, que paga o 15º. pior salário aos educadores do País, atrás de estados pobres como Roraima e Tocantins, e que em três décadas fez o poder de compra dos salários dos professores cair mais de 70% (segundo o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócios Econômicos) ainda pretende expedir um “diploma de otário” para os professores ao apresentar esta proposta como sendo uma “política de recuperação dos salários”.

Com o reajuste, o valor da hora/aula do professor com curso superior completo (PEB II) passará de R$ 7,53 para R$ R$ 8,57, em julho, ou seja, pouco mais de R$ 1 de reajuste, para hora/aula que já valeu o equivalente a R$ 20.

Com esta medida o governo – que viu a revolta dos professores na greve do ano passado, na consulta fraudulenta que promoveu neste início de ano – quer tentar conter a mobilização dos professores que poderia levantar todo o funcionalismo e aprofundar a enorme crise política em que se encontra (esfacelamento do DEM, crise aguda do PSDB) e garantir a política de arrocho salarial que lhe garante os recursos que distribui para os banqueiros, grandes empresas capitalistas em crise e máfias políticas que controlam a ALESP e compõem o Congresso Nacional mensalão – que no início deste ano aprovaram aumentos imediatos de 66% em seu próprios vencimentos.

Vendidos e traidores aceitaram acordo quadrianual com o governo

Logo após o anúncio da medida, em um evidente ‘”jogo de cartas marcadas”, a presidente da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Maria Isabel de Azevedo Noronha, a “Bebel”, saiu na defesa da proposta do governo, aplaudindo-a como “um bom início de conversa” e dizendo se tratar do “esperado reajuste salarial para o magistério”, que o mesmo “responde a uma luta de muitos anos da nossa categoria” e ainda que “a proposta reconhece e incorpora os estudos da APEOESP”.

(Veja aqui a nota de “Bebel”: http://www.chapa1daapeoesp.com.br/noticia/15/apeoesp-comenta-proposta-de-reajuste-aos-professores)

Nada poderia ser mais falso e criminoso.

Se este reajuste miserável é uma “boa conversa”, só pode ser para a burocracia que dirige o sindicato (no caso do grupo de “Bebel” – o PT/Articulação – há 30 anos) e que não vive mais nas mesmas condições da maioria do professorado. Um reajuste de 8,5% de um salário que vale menos de um quarto do que valia quando eles entraram na direção do Sindicato é nada, e representa mais uma tentativa do governo de golpear a categoria. Mais o pior de tudo é que este acordo quadrianual tucano coma burocracia representa estimadamente a aceitação da redução dos salários dos professores pela metade nos próximos quatro anos.

No seu comunicado oficial “Bebel” dá a questão por encerrada e diz que se trata, agora, apenas de discutir a questão da data-base com o governo. A mesma data-base que ela e toda a burocracia anunciou – anos atrás –que teria sido conquistada para 1º. de março por um ex-deputado do PT e ex-presidente do Sindicato, Roberto Felício, em um dos muitos golpes da burocracia contra a categoria.

Para a burocracia, e para o governo tucano, está tudo bem tudo resolvido. Mas para os cerca de 300 mil professores e funcionários a situação é outra.

Satisfeita com o reajuste, a burocracia, que desfruta de mordomias e vantagens à custa dos mais de R$ 50 milhões que arrecada da categoria, bate palmas para Alckmin e se recusa a mexer uma palha contra tal proposta, nas reuniões de representantes de escola desta quarta-feira (11/05) se opuseram a convocação de uma assembléia com passeata na Avenida Paulista para demonstrar a insatisfação da categoria. Com a nota de “Bebel” (publicada depois das reuniões) fica claro que eles estão satisfeitos.

Derrotar o governo e a burocracia

O acordo que a burocracia da Apeoesp é o pior de todos os tempos, de todas as categorias dos trabalhadores do País. Mostra claramente que “Bebel” e toda a burocracia que estão disputando um novo mandato à frente do sindicato nas eleições que se realizam no próximo mês estão dispostos a ficar os próximos anos assistindo o governo roubar metade ou mais do poder de compra dos salários dos professores sem fazer absolutamente nada, porque desde já estão aceitando e aplaudindo a medida.

Depois de um série de traições e golpes mascarados, a burocracia chegou ao limite de aprovar publicamente um pacote de medidas de expropriação dos salários dos trabalhadores da educação.

É a categoria, que tem que viver com o salário miserável pelo governo que tem de se levantar. Passar por cima da satisfação de “Bebel” e da ditadura da burocracia que dirige a APEOESP e sair às ruas para derrotar esta proposta miserável e conquistar com sua mobilização a reposição integral de sua perdas salariais e demais reivindicações.

Esta é tarefa: denunciar o golpe do governo e da burocracia nas escolas e mobilizar para a assembléia marcada para o próximo dia 20, na Praça da República. Deixar evidente que para derrotar o governo em crise é preciso superar a política de colaboração e traição da direção da APEOESP.

Isso só será possível por meio da mobilização independente do professorado, a partir dos locais de trabalho, impulsionada por comandos de base e outras organizações criadas pelos próprios professores para impulsionar a sua luta, de caráter estadual, para unificar a categoria,como um poderoso movimento de oposição, para que esta se levante com toda sua força e ponha abaixo a política de fome e miséria dos governos inimigos da Educação apoiada pela ditadura de “Bebel” e toda a burocracia na Apeoesp.


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