"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

sábado, 28 de maio de 2011

Troca de favores - Para 'perdoar' a corrupção de Palocci, a direita exige o perdão das dívidas dos latifundiários

As denúncias de corrupção, embora sejam verdadeiras, e transformaram em um instrumento para que as reivindicações dos latifundiários sejam atendidas

As denúncias de corrupção de uma ala da burguesia contra outra são usadas para impor uma determinada política. Por trás da “moralidade” e da campanha “ética” promovida pela imprensa capitalista sempre se escondem interesses de determinados setores. Assim funciona boa parte das negociações no parlamento.  Foram os casos do “mensalão”, das denúncias contra José Sarney e, mais recentemente, das denúncias contra o atual chefe da Casa Civil, Antônio Palocci.
A corrupção do governo Dilma Rousseff, seu envolvimento com os capitalistas e o enriquecimento ilícito dos dirigentes do PT têm se tornado uma arma para a direita impor uma série de acordos, principalmente na questão do Código Florestal. O plano da oposição é instalar uma CPI exclusiva do Senado, enfraquecer o governo e não permitir que Dilma vete a anistia das dívidas dos latifundiários que cometeram crimes ambientais até julho de 2008. Embora o PT tenha colaborado com os latifundiários para aprovar o texto-base do Relatório de Aldo Rebelo (PCdoB), há uma importante divergência neste ponto. Fato que faz da aprovação do Código um motivo de crise para Dilma Rousseff.
Em declarações recentes, Dilma tem afirmado que usará seu poder para vetar a anistia às multas aplicadas a crimes ambientais dos latifundiários. “Eu tenho a prerrogativa do veto. Se eu julgar que qualquer coisa prejudica o país, eu vetarei. A Câmara pode derrubar o veto, não é? Você tem ainda as instâncias judiciais” (O Globo, 26/5/2011).    
Até o surgimento das denúncias, Palocci era a pessoa indicada do governo para conduzir as negociações sobre o novo Código Florestal. Diferentemente de outros projetos havia divergência dentro do próprio governo sobre a proposta, principalmente entre o PT e o PMDB. As denúncias contra Palocci, embora este de fato seja um corrupto, tem como objetivo forçar um acordo favorável às reivindicações dos latifundiários. Tais reivindicações estão melhor representadas por partidos como o PMDB, DEM e PSDB.  
Em troca da “absolvição” de Palocci, o senador Luís Henrique (PMDB), um dos dissidentes do PMDB que fez campanha para Serra em 2010, assumiria o cargo de relator do novo Código no Senado, em particular na Comissão de Agricultura.
 Caso o governo não aceite o acordo, a oposição ameaça tornar novas denúncias contra Palocci e até mesmo derrubar Palocci. Uma declaração do presidente da Força Sindical e deputado federal pelo PDT mostra isso. “O Palocci não se sustenta no cargo. Se ele insistir em permanecer no governo, outras denúncias devem aparecer. Palocci tem de sair” (O Estado de S. Paulo, 26/5/2011).
Aqui cabe um questionamento. A direita faz campanha na imprensa em defesa da “ética na política” e denúncia os corruptos do PT com o pretexto de combate a corrupção. Se isto é verdade, por que as novas denúncias se tornarão públicas apenas se não for firmado um acordo sobre a votação de pontos polêmicos sobre o novo Código Florestal?
Fica provado que não há nenhuma campanha ética da direita e da imprensa capitalista. Pelo contrário, está em marcha uma campanha para aprovar um projeto repudiado por praticamente toda a população brasileira. O novo Código representa um retrocesso de todos os pontos de vista, seja na defesa do meio-ambiente ou por fortalecer o latifúndio.
Neste sentido, é preciso repudiar a campanha “ética” da direita e da imprensa capitalista, porta-voz oficial da Casa Branca.  Por outro lado, também é necessário lutar contra a direita mantendo independência em relação ao PT e seu governo. Porque assim como está ocorrendo na votação do novo Código Florestal, onde o PT recuou em várias questões e aceitou a proposta dos latifundiários, ele tende a capitular em todos os pontos diante da ofensiva da direita.
A única política capaz de derrotar o novo Código Florestal dos latifundiários é aquela baseada na aliança e na luta entre os camponeses e a classe operária.


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