"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Número de americanos abaixo da linha da pobreza chega a 46 milhões


O número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza nos EUA alcançou a cifra recorde de 46,2 milhões em 2010, num momento em que a economia dos Estados Unidos tentava sair da recessão, informou o governo federal nesta terça-feira. A divulgação do número deve aumentar ainda mais a pressão sobre o presidente americano, Barack Obama.
O montante é equivalente à população da Espanha, que tem aproximadamente 46 milhões de habitantes.
Embora os dados sejam impactantes --sobretudo para a maior potência do planeta e especialmente num momento pré-eleitoral e de recuperação ainda muito lenta da crise-- se comparada à realidade brasileira a taxa que define quem é pobre nos EUA é muito generosa.
Segundo o governo americano, em 2010 uma família foi considerada pobre quando os rendimentos da residência totalizavam menos do que US$ 22.113 anuais (R$ 37.952 anuais). Dividindo o valor por 13 (considerando os doze salários mensais mais um décimo terceiro, nos padrões empregatícios do Brasil), os rendimentos mensais da família americana pobre ficam em US$ 1.701 (R$ 2.920).
Para se ter uma ideia, a linha de pobreza utilizada pelo governo brasileiro é de cerca de R$ 140 mensais. Dados do IBGE divulgados em maio revelam que, em 2010, uma em cada sete famílias brasileiras vivia com renda abaixo de R$ 130, equivalente a 25% do salário mínimo da época (R$ 510).
O Bolsa Família entende como pobres no Brasil quem tem renda per capita menor que R$ 140. Em 2010, o programa oferecia uma bolsa-auxílio a 1,1 milhão de famílias.
Já a linha de pobreza extrema no Brasil é de menos de R$ 70 mensais por família. Em maio deste ano, o IBGE revelou que 16,2 milhões de brasileiros vivem com menos do que esse valor por mês, por residência.
O padrão utilizado pelo Brasil se assemelha ao empregado pelo Banco Mundial, de US$ 1,25 por dia, o que totaliza US$ 45 mensais (R$ 77 mensais).
AUMENTO PREOCUPA
O Escritório do Censo dos EUA afirmou que a taxa nacional de pobreza subiu pelo terceiro ano consecutivo. O aumento foi de 0,8 %, passando a 15,1% da população. Em 2009, eram 43,6 milhões vivendo na pobreza.
O relatório diz que o número de pobres no país é o maior desde que o órgão federal começou a publicar estimativas sobre a pobreza, há 52 anos. A taxa de empobrecimento é a maior desde 1993.
Segundo o "New York Times", os números divulgados, que avaliam o estado da economia americana um ano depois da saída da recessão, foram mais desanimadores do que a maioria dos economistas previa.
"Esta é mais uma má notícia sobre a economia, e será mais uma cruz a ser carregada pelo governo", disse Ron Haskins, codiretor do Centro de Crianças e Famílias do Instituto Brookings.
DESEMPREGO
Os analistas ouvidos pelo jornal americano reforçam o que os eleitores vêm indicando em debates e o que Obama está tentando reverter com seu plano de geração de empregos e recuperação econômica: a classe média americana ainda não sentiu melhora alguma em suas condições de vida pós-crise de 2008.
"Um ano inteiro após a recuperação, não houve sinais de efeito sobre o bem estar da típica família americana. Até o fim de 2010, a economia esteve 'morta e afundada', e foi ali que ela permaneceu", disse Lawrence Katz, professor de economia da universidade de Harvard.
Segundo o "Times", o principal motor por trás do chocante aumento de americanos vivendo abaixo da linha da pobreza é o desemprego. No ano passado, cerca de 86 milhões de pessoas em idade produtiva não trabalharam sequer uma semana. Em 2009, este número havia ficado em 83 milhões.
"Uma vez que você não trabalha por muito tempo, torna-se muito difícil retomar o curso normal [das finanças familiares]", diz Katz.
O PLANO DE OBAMA
Na semana passada Obama apresentou ao Congresso seu plano para acelerar a recuperação da economia e gerar empregos, no valor de US$ 447 bilhões.
Leia a cobertura do discurso, minuto a minuto
Em seu quinto pronunciamento a uma sessão conjunta do Congresso, reunindo deputados e senadores, Obama apresentou detalhes de seu plano para acelerar a retomada do crescimento da economia americana, que ainda patina após a crise, com a atual taxa de desemprego em 9,1%.
Quando assumiu o poder, em 2008, Obama encontrou um país em recessão no período da crise financeira internacional, e desde então os índices econômicos americanos não tomaram uma rota estável de recuperação. A recessão de 2007 a 2009 durou 18 meses, a mais longa desde a Grande Depressão.
A recuperação econômica é crucial para Obama, que disputa a reeleição em 2012, e analistas relembram que desde Franklin Roosevelt, nenhum presidente americano conseguiu se reeleger com uma taxa de desemprego acima de 7,2%.
Obama, cujo sucesso eleitoral depende de sua habilidade de reduzir a taxa de desemprego, propôs estender o seguro-desemprego a um custo de US$ 49 bilhões, modernizar escolas com gasto de US$ 30 bilhões e investir mais US$ 50 bilhões em infraestutura de transporte.

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