"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Estudantes rejeitam proposta do governo e mantêm mobilizações

Os estudantes lutam pelo fim das mensalidades e do sistema pago de educação. Eles exigem um sistema educacional gratuito, administrado pelo Estado e não por empresários, como atualmente

Os estudantes chilenos realizaram novas mobilizações na segunda e terça-feira dessa semana.
Na terça-feira, dia 2, eles interromperam o trânsito das ruas de Santiago com barricadas. Às 7h da manhã, policiais reprimiram os protestos na Avenida 5 de Abril.
Os protestos foram iniciados por um grupo de estudantes de um dos colégios de secundaristas como reação à repressão que havia se instalado durante a madrugada do mesmo dia em frente às sedes de algumas universidades.
Na segunda-feira, 1, 15 estudantes foram presos após as mobilizações de rua, nas quais ergueram barricadas com pneus em chamas em seis vias da capital chilena. A polícia usou blindados com jatos d’água e bombas de gás lacrimogêneo.
No fim de junho, um dos protestos chegou a reunir 400 mil pessoas, entre estudantes e professores. Alguns estudantes secundaristas chegaram a fazer greve de fome.
Os estudantes reivindicam o fim da Lei Orgânica Constitucional de Ensino (Loce), que foi publicada em 10 de março de 1990, último dia da ditadura de Augusto Pinochet. A lei entrega a administração das universidades e escolas a entes privados e limita a ação do Estado.
Após os violentos protestos por um sistema de educação pública, o presidente Sebastián Piñera apresentou um plano intitulado “Políticas e propostas de ação para o desenvolvimento da educação chilena", aos estudantes na noite de segunda-feira, 1.
Um dos problemas enfrentados pelos estudantes é o endividamento crescente com o ensino. A educação chilena é totalmente privatizada. As mensalidades variam de US$ 1 mil a US$ 2 mil nas principais universidades públicas e particulares do país.
No plano apresentado pelo governo não consta qualquer proposta de estatização da educação ou a abolição das mensalidades, mas um aumento de bolsas de estudo e um plano para renegociar as dívidas estudantis, ou seja, não atende nem minimamente às reivindicações do movimento estudantil. 
Uma das frases declaradas pelo ministro da educação ao jornal chileno Nación resume o conteúdo do plano: “E acima de tudo assegurar que, em uma combinação saudável de empréstimos e bolsas de estudo, as famílias e todos os estudantes possam aplicar essa possibilidade de acesso ao ensino superior”.
A Confederação dos Estudantes do Chile (Confech) decidiu na noite de terça-feira rejeitar as propostas do governo para conter as mobilizações estudantis.
Eles convocaram nova manifestação para esta quinta-feira à noite e outra na terça-feira que vem.
Os protestos já duram três meses e diante da sua radicalização, o governo decidiu por “negociar” com os estudantes para conter novas mobilizações.
O Chile passou por duas reformas educacionais que destruíram o sistema de educação do país.
Na década de 80, Pinochet aplicou todo o receituário neoliberal da Escola de Chicago no país, privatizando várias estatais, incluindo universidades e escolas.
Sob a crença de que o mercado regularia o sistema de educação, a privatização aprofundou o abismo social entre ricos e pobres.
A gratuidade nas universidades foi abolida e aos pobres, o governo passou a conceder bolsas de estudos financiando os empresários da educação. Qualquer empresário pode criar empresas de ensino, ou seja, escolas, de baixíssima qualidade.
O sistema educacional chileno divide a educação entre escolas para mais pobres e escolas para os mais ricos. São pagas mensalidades nas universidades pelos estudantes “ricos”, que seriam de classe média e aos estudantes pobres são concedidas bolsas. 

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