"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

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Henry Ward Beecher

domingo, 12 de setembro de 2010

Haiti - Exploração capitalista da miséria

Empresas como a Monsanto buscam por todos os meios explorar o país sobre o pretexto da reconstrução e da ajuda "humanitária"

Uma série de pactos e negociatas entre governos e grandes capitalistas tem sido articulada em torno da “reconstrução” do Haiti. O Governo norte-americano e brasileiro tem se dedicado a levar “ajuda” para o país. Porém, como de costume em tais ações, a única finalidade dessas “ajudas humanitárias” é obter lucro em cima da tragédia que vive o povo negro haitiano desde o terremoto que matou 220 mil pessoas.

A última cartada foi da Monsanto, que, a título de ajuda humanitária, em maio deste ano, distribuiu cerca de 60 toneladas de sementes ao governo haitiano para serem entregues, gratuitamente, às lojas administradas pelas associações de agricultores, que podem vender a um valor reduzido para os camponeses. A Monsanto produz 90% dos transgênicos plantados no mundo e é líder no mercado de sementes.

Esta ajuda nasceu da iniciativa do Fórum Econômico Mundial de Davos num sugestivo debate chamado “o que poderiam fazer para ajudar o Haiti”. Após a decisão, diversas empresas sanguessugas internacionais se engajaram para efetivar a “ajuda”, além da Monsanto, a multinacional UPS que se encarregou da logística e o programa WINNER, financiado pela Usaid, que ficou com o trabalho de distribuição e oferta de serviços técnicos para conseguir “aumentar a produtividade agrícola”.

Tal “doação” da Monsanto está sendo recebida com muito protesto pelos camponeses do país. Há poucos dias, trabalhadores do campo se uniram para denunciar as estratégias da empresa e a tentativa de viciar a produção rural haitiana em suas sementes híbridas. Membros do Movimento Campesino Papaye (MPP, em francês), denunciaram a tentativa da Monsanto de causar uma dependência em suas sementes híbridas.

Essa é a crítica geral sobre a Monsanto, posto que as sementes distribuídas pela multinacional não podem ser reutilizadas e para continuar plantando os produtores rurais são sempre obrigados a comprá-las da Monsanto. Da mesma forma e da mesma empresa, é necessário adquirir para estas sementes produtos como pesticidas e fertilizantes.

Segundo Chavannes Jean-Baptiste, do MPP, a falta de sementes é uma realidade no Haiti, já que muitas famílias do campo utilizaram as sementes de milho para alimentar refugiados. No entanto, a situação não justifica o fato de o governo haitiano estar se aproveitando do terremoto “para vender o país para as multinacionais”.

Dessa forma, camponeses já realizaram diversas marchas e mobilizações. Em manifestações realizadas no mês passado, na região de Papay, no departamento Central do Haiti, milhares de camponeses marcharam gritando: “Abaixo a Monsanto. Abaixo as sementes transgênicas e híbridas. Viva as Sementes Nativas Crioulas!” O militante camponês, Jean-Baptiste, denunciou que as doações “são um ataque contra a agricultura camponesa e a biodiversidade” e afirmou que a Monsanto “se aproveitou do terremoto para entrar no mercado de sementes do Haiti”. Ao tempo em que no Haiti, 20 mil campesinos marcharam para demonstrar que não querem as sementes híbridas em seu país.

O descontentamento com o governo do atual Presidente Rene Preval também está aumentando rapidamente. Jean Bertrand Aristide, antigo presidente eleito em 2000 foi salvo pelos EUA e hoje está exilado na África do Sul. Em seu lugar foi posto René Préval, considerado uma marionete dos EUA e que tem feito o que manda a cartilha do FMI. Além de entregar o país para os capitalistas internacionais arrancarem tudo que há, o governo também permite a ilegítima e violenta ocupação militar levada a cabo há seis anos pelas tropas da Minustah (Missão de Estabilização das Nações Unidas), liderada pelo exército brasileiro, que atua como cão de guarda dos EUA no país.

Eleições presidenciais

Com esse cenário, serão realizadas eleições presidenciais daqui a três meses. O comando da Minustah apelou esta semana para que as leis eleitorais no país sejam respeitadas pelos candidatos e também pelos eleitores. Esse apelo deve ser entendido como uma ameaça caso algum interesse internacional seja ferido.

“A Minustah apela a todos os candidatos e partidos políticos, que participam nas eleições presidenciais e legislativas, que respeitem as leis e promovam entre seus membros os valores que permitam que essas eleições sejam realizadas num ambiente calmo e de respeito para os eleitores”, diz a ameaça oficial.

A Comissão Eleitoral do Haiti divulgou no último fim de semana uma lista dos nomes dos 19 candidatos elegíveis para participar da corrida presidencial. Do total de 34 postulantes, 15 foram excluídos por não cumprir todos os requisitos.

Devido à destruição do País, o que resta então ao povo negro haitiano é a radicalização cada vez maior frente à situação deplorável e sem esperanças em que se encontram. Os militares da Minustah e do imperialismo estão no país justamente para isso, para impedir que haja uma radicalização das massas que possa levar o país a uma situação revolucionária, momento que está muito próximo de acontecer.

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