"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Trabalhadores intensificam mobilizações

Os dados do PIB revelam que a economia brasileira se expandiu 8,9% no primeiro semestre de 2010 em relação ao mesmo período do ano passado, puxada, sobretudo, pelo crescimento da indústria, da agropecuária e dos gastos do governo. Este crescimento no semestre projeta um crescimento do PIB acima de 7% em 2010, uma das taxas mais elevadas do mundo, só abaixo das projeções de crescimento para as economias de China e Índia.

Diante destes resultados, importantes categorias estão em plena campanha salarial neste segundo semestre. Ao todo, são mais de cem categorias, entre as quais, metalúrgicos, químicos, comerciários, petroleiros e bancários. Estas campanhas são praticamente unificadas, uma vez que as pautas convergem em diversos pontos, inclusive o percentual de aumento real, acima da reposição da inflação, que está sendo reivindicada. Os bancários se organizam já há alguns anos num comando unificando nacional, que negocia com os representantes dos bancos. Os petroleiros negociam praticamente com uma única empresa, a Petrobras, e também fazem uma campanha unificada.

Este ano, algumas categorias estão se aproximando para reforçarem suas jornadas reivindicatórias. É o caso da Força Sindical e da União Geral dos Trabalhadores (UGT), cujas Federações e sindicatos filiados – dos setores da indústria, comércio e serviços no Estado de São Paulo – realizaram manifestações unitárias para a entrega das pautas de reivindicação à Fiesp (Federação das Indústrias) e à Fecomercio (Federação patronal do comércio). As dezenas de Sindicatos envolvidos representam cerca de 2 milhões de trabalhadores no setor metalúrgico, indústria alimentícia, químico, padeiros, aeroviários, gráficos, de laticínios, têxteis e do comércio da Capital e várias regiões do Interior. Os dirigentes sindicais manifestaram que irão atuar conjuntamente nas negociações de cada categoria, o que inclui apoio para realização de greves.

Os percentuais reivindicados para aumento dos salários também se elevaram. No ano passado, a maioria das categorias obteve aumentos entre 1,5% e 2% acima da inflação. As reivindicações este ano partem de 5% e muitas chegam a 11% de aumento real. Os petroleiros, por exemplo, reivindicam aumento real de 10%. Já os bancários, que haviam obtido pouco mais de 1% em 2009, reivindicam 5% além da reposição da inflação.

Para subsidiar as ações unitárias das Centrais Sindicais, o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) elaborou estudo destacando, além da conjuntura favorável às negociações coletivas, desafios que o Movimento Sindical pode buscar enfrentar com sucesso em tempos de crescimento econômico. No centro da disputa, a redução da desigualdade de renda e o aumento da participação dos salários na renda nacional.

Segundo dados apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas Contas Nacionais, a participação da parcela salarial na renda nacional em 2008 era estimada em apenas 43,6%, enquanto nos países centrais do capitalismo estava acima dos 60% (68,1% nos EUA; 75,9% na Coréia do Sul; 64,9% na Alemanha).

A disputa pela renda nacional se desenrola em diversos planos. Na esfera do Estado, a reforma tributária e a redução das taxas de juros fixadas pelo Governo através do Banco Central são necessárias para diminuir as vantagens do capital em relação aos trabalhadores. Destaca-se também a necessidade de manter a valorização do salário mínimo. Segundo o DIEESE, em agosto, o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 2.023,89, ou seja, 3,97 vezes o mínimo em vigor, de R$ 510,00.

No plano das negociações coletivas, as principais reivindicações concentram-se na redução da jornada de trabalho para 40 horas; na elevação dos pisos salariais das categorias, contribuindo para elevar a taxa mínima de exploração e elevar a pirâmide salarial no país; e na incorporação dos ganhos de produtividade aos salários – nos últimos 10 anos, os níveis de produção da indústria brasileira acumularam elevação de 26,4%. Enquanto isso, o volume de horas pagas mostrou crescimento bem mais modesto (2,9%) e o Custo Unitário do Trabalho, que indica o crescimento do custo salarial em relação aos ganhos de produtividade, ficou praticamente estável (-0,1%) para o mesmo período. Como resultado desta diferença entre o aumento da produção e das horas pagas entre 2001 e 2010, verifica-se que a produtividade física na indústria cresceu nada menos que 22,8%. Ou seja, existe muita riqueza gerada pelos trabalhadores que está sendo apropriada exclusivamente pelo capital.


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