"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou" Henry Ward Beecher

"Quando os jovens de uma nação são conservadores, o sino de seu funeral já tocou"
Henry Ward Beecher

domingo, 26 de setembro de 2010

Quinta greve geral francesa - Trabalhadores se levantam contra os cortes

Na última semana, trabalhadores franceses voltaram a se manifestar contra o plano de Reforma da Previdência implantada pelo governo Sarkozy.

No inicio do mês de setembro, dia sete,já havia ocorrido uma greve geral de trabalhadores franceses que reuniu mais de 2,5 milhões em mais de 200 localidades por toda a França.

A greve do último dia 23, convocada pelos sindicatos franceses, reuniu quase três milhões de pessoas, segundo organizações sindicais, que marcharam ao longo de Paris e de dezenas de outras cidadesdo país. Foram cerca de 230 protestos espalhados por toda a França contra o aumento da idade para a aposentadoria que hoje é de 62 anos. Esta foi a quinta greve geral francesa somente este ano e a segunda em menos de quinze dias.

O governo quis enfraquecer a greve dizendo que esta manifestação foi muito menor que a anterior, não chegando nem mesmo a reunir um milhão de pessoas. Segundo o ministério do Interior da França, a manifestação tinha pouco mais de 400 mil pessoas. Nem mesmo a polícia foi tão a fundo na intenção de deturpar os fatos. Segundo os órgãos de repressão franceses a greve reuniu 1,1 milhão de pessoas.

A intenção do governo Sarkozy é clara, impedir que estas manifestações se tornem cada vez maiores. Vale lembrar que em 2002, manifestações muito semelhantes a estas impediram a aprovação de um plano de reforma da previdência praticamente idêntico ao atual.

Sarkozy fez declarações de que não irá voltar atrás no plano de austeridade, dizendo cinicamente que as manifestações não são expressão da vontade da maioria dos franceses. E que, portanto, a maioria dos franceses estaria a favor das medidas.

A mentira do governo é tão evidente que somente em Paris foram mais de 300 mil pessoas nas ruas.

Segundo um trabalhador francês: "Aos meus 55 anos não tenho vergonha de estar na rua porque o governo da França não nos escuta. Os jovens e os empregados ainda não fizeram nada. Espero que o governo reaja diante das pensões que estão ameaçadas ou condenadas. Contra grande manifestação. A França está zangada" (EFE, 23/9/2010).

O principal setor mobilizado foi o de transportes. Foram 49% dos ferroviários que aderiram à paralisação. Ficaram paralisados também os metroviários, os aeroportos, os professores e todo o funcionalismo que trabalha nas escolas.

Os trabalhadores das refinarias de petróleo também aderiram à greve, quase que 100%.

O governo Sarkozy está aplicando uma política sem freios contra os trabalhadores. Atacando diretamente a aposentadoria e cortes em direitos trabalhistas seu governo já está enfrentando resistência que deve se intensificar nas próximas semanas. Estas manifestações também levantaram outras questões sobre a política do governo francês, como a expulsão dos ciganos turcos.

Os sindicatos já anunciaram duas novas datas para colocar ainda mais pessoas nas ruas contra Sarkozy. As duas datas são no dia dois de outubro, onde serão realizadas manifestações diversas por todo o País e no dia 12 de outubro, data da nova greve geral.

A resistência dos trabalhadores franceses, um exemplo para o restante dos trabalhadores europeus e também os de todo o mundo, não tem data para acabar. Essas mobilizações são um sinal da guinada à esquerda que os trabalhadores em todo o mundo estão dando. Na Europa, em particular, esta ascensão vai reunir milhões de trabalhadores de diversas nacionalidades e impulsionar a luta contra o colonialismo francês em regiões como a América Latina.

Burguesia dividida com o “Ficha Limpa”

Também no dia 23, mas agora no Brasil, outro acontecimento político demonstrou a instabilidade da burguesia nas eleições. Uma votação no STF (Superior Tribunal Federal) a respeito da validade ou não do “Ficha Limpa”, principal projeto da burguesia utilizado para “moralizar” as eleições acabou em empate.

A votação se estendeu além da meia-noite quando a sessão foi suspensa devido o resultado de cinco votos a favor e cinco votos contrários.

A votação se dividiu da seguinte forma, favoráveis à validade da Lei, e pelo impedimento da candidatura de Joaquim Roriz (PSC) ao governo do Distrito Federal, o relator do processo no STF Ayres Britto, o presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, Cármem Lúcia, Joaquim Barbosa e Ellen Gracie. Já contrários à aplicação da Lei foram Cezar Peluso, presidente do Supremo, Gilmar Mendes, Celso de Mello, Marco Aurélio e Dias Toffoli. Defenderam a aplicação da lei em 2010, porque estaria ferindo o princípio da retroatividade, e até mesmo porque a lei não cumpriu todo tramite legislativo, já que foi alterada no Senado e voltou para a Câmara Federal para ser referendada.

O empate foi minimamente proposital para evitar o pior, ou seja, revelar a enorme crise que existe no judiciário a respeito desta lei que já foi amplamente criticada, sendo este jornal pioneiro nessa crítica,feita também por uma série de juristas e especialistas da área que acusam a Lei “Ficha Limpa” de inconstitucional.

O adiamento da votação só está prorrogando a decisão que pode ser favorável ao cancelamento da lei, pois o desempate seria do presidente do STF, Cesar Peluzo que já votou individualmente contrário à aplicação da Lei. Há ainda a possibilidade de esperar que Lula indique novo juiz para o STF depois da saída de Eros Grau e que este vote desempatando, ou então o STF poderia adotar a decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que foi contrário ao pedido do recurso de invalidação da Lei “Ficha Limpa”.

Este é mais um sinal da falência do regime político brasileiro que está caindo de podre. Este empate no STF na validação ou não do “Ficha Limpa” revela que há uma divisão interna na própria burguesia, que se atrita cada vez mais acentuadamente frente o agravamento da crise capitalista.

Debate entre a esquerda nas eleições

Na última semana também ocorreu outro grande acontecimento relacionado com as eleições. No dia 21, terça-feira, aconteceu o debate entre os presidenciáveis de esquerda. O debate foi realizado com os candidatos à Presidência do PCO, Rui Costa Pimenta, do PCB, Ivan Pinheiro e PSTU, Zé Maria. Foi mediado por Nilton Viana, editor-chefe do jornal Brasil de Fato e foi transmitido ao vivo pela internet pelas páginas dos partidos e do jornal na internet. Houve também a transmissão por meio de dezenas de rádios comunitárias e independentes

O debate foi um êxito tanto do ponto de vista político como do ponto de vista de público. Foram mais de 2, 5 mil acessos simultâneos e mais de 7 mil visitas que chegaram a congestionar a transmissão impossibilitando algumas pessoas de assistirem. O chat organizado para receber comentários e perguntas de internautas recebeu cerca de 5, 5 mil visitas no pico e em diversas universidades e sindicatos foram organizados grupos para assistir o debate em tv’s e telões. Extima-se que o acesso à transmissão do debate nos sites dos partidos e do JornalBrasil de Fato tenha ultrapassado 20 mil visitas.

Houve também a participação de jornalistas, inclusive de órgãos internacionais, que fizeram perguntas aos candidatos.

Do ponto de vista político a atividade foi extremamente bem sucedida. O objetivo de denunciar o sistema eleitoral totalmente antidemocrático foi alcançado. Foi um debate unitário dos partidos que atuam nos movimentos operários, estudantis e sociais. A atividade colocou em discussão a necessidade e as tendências deunidade daesquerda diante das necessidades da luta dos explorados.

Outro ponto que este debate colocou em pauta foi a necessidade de criação de sistema alternativo de comunicação para se contrapor ao monopólio dos grandes meios de comunicação que está a serviço dos capitalistas, dos latifundiários, dos políticos burgueses. Estes meios de comunicação só mostram os três principais candidatos, escondendo da população os demais partidos e candidatos. Para que governem sempre os mesmos.

Manifestação e repressão

Ainda na última semana , na quinta-feira , dia 23, os estudantes da Universidade Católica de Brasília (UCB) foram reprimidos pela polícia Federal por protestarem contra a direção da faculdade.

O protesto foi organizado contra o debate presidencial que a direção da faculdade, juntamente com a CNBB (Confederação dos Bispos do Brasil) e o canal de televisão, Rede Vida iriam realizar na faculdade. Os estudantes com o DCE (Diretório Central dos Estudantes) tinham organizado um debate paralelo bem próximo ao debate “oficial”.

Mas mesmo antes do início dos debates, a direção da UCB acionou a polícia federal que chegou reprimindo os estudantes que estavam organizando o debate paralelo. A polícia sitiou a faculdade e permitiu apenas a entrada de estudantes devidamente identificados. A polícia inclusive fechou o DCE para impedir o acesso dos estudantes ao próprio espaço estudantil.

O fato marca a crescente ditadura das reitorias das universidades e a defesa, neste caso, da igreja, das instituições políticas da burguesia para manter a mesma estrutura política retrógrada, antidemocrática e antipopular de opressão da maioria da população.


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